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Brasília-DF. Inovação e ProPrIedade Intelectual: da legIslação às Patentes Elaboração Paulo César de Camargo Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4 ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7 UNIDADE I INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS ......................................................................................................... 9 CAPÍTULO 1 O CENÁRIO DA INOVAÇÃO NO BRASIL .................................................................................... 9 CAPÍTULO 2 CAPITAL INTELECTUAL E PROPRIEDADE INTELECTUAL ................................................................ 22 UNIDADE II ASPECTOS PRÁTICOS DA INOVAÇÃO E DA PROTEÇÃO À PROPRIEDADE INTELECTUAL ........................... 37 CAPÍTULO 3 A LEI DE INOVAÇÃO BRASILEIRA E PRIORIDADES NACIONAIS PARA INOVAÇÃO ........................ 37 CAPÍTULO 4 OS CAMINHOS DA PROPRIEDADE INTELECTUAL E DA INOVAÇÃO ............................................ 43 CAPÍTULO 5 DA PROPRIEDADE INTELECTUAL À ECONOMIA DO CONHECIMENTO POR LADISLAU DOWBOR .. 50 PARA (NÃO) FINALIZAR ..................................................................................................................... 80 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 82 4 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 5 Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para refl exão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao fi nal, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fi m de que o aluno faça uma pausa e refl ita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifi que seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As refl exões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, fi lmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. 6 Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Exercício de � xação Atividades que buscam reforçar a assimilação e fi xação dos períodos que o autor/ conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não há registro de menção). Avaliação Final Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso, que visam verifi car a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber se pode ou não receber a certifi cação. Para (não) � nalizar Texto integrador, ao fi nal do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 7 Introdução Vivemos em um tempo de crises econômicas globais, de eventos de alcance mundial, da realidade do amplo acesso à informação e do compartilhamento do conhecimento. Para o bem e para o mal, a internet criou o novo paradigma da informação disponível e da construção compartilhada, com as diversas formas de wikis, como Wikipédia, que é a mais completa enciclopédia aberta para qualquer um contribuir, dos conceitos de Wikinomics (DON TAPSCOTT, 2000) que é a Economia compartilhada de forma semelhante à Wikipédia. Nesse contexto, os conceitos de Propriedade Intelectual e da legislação para proteger esta propriedade tornam-se especialmente complexos. Reunimos neste caderno alguns parâmetros para mostrar a realidade atual do ponto de vista das políticas públicas no Brasil, com as principais agências de alcance nacional para o incentivo ao desenvolvimento dos mecanismos de valoração do conhecimento em diversas formas. Aproveitamos intensamente os materiais disponíveis no Instituto Nacional de Propriedade Industrial-INPI, porém procurando deixar claro que nas questões de Propriedade Intelectual é fundamental estar atento à visão apresentada por Ladislau Dowbor em seu artigo transcrito e comentado no capítulo 5 da Unidade II, ao final deste caderno. Da Propriedade Intelectual à Economia do Conhecimento foi publicado em novembro de 2009: concordando com a visão do artigo “É importante deixar claro desde o início que não vivemos tempos normais do business as usual. Vivemos o tempo do caos climático, da exclusão efetiva de quatro bilhões de pessoas do que o Banco Mundial chama simpaticamente de “benefícios da globalização”, da fase final do petróleo e da necessidade de mudança do paradigma energético-produtivo, de uma injustiça planetária que se foi acumulando e agravando – um bilhão de pessoas com fome, um terço da população mundial ainda cozinhando com lenha, dez milhões de crianças morrendo a cada ano de fome, de falta de acesso à água limpa e semelhantes; de meio milhão de mães que morrem anualmente de parto quando técnicas baratas e elementares são conhecidas, de 25 milhões de pessoas que já morreram de AIDS enquanto as corporações discutem as vantagens das patentes, isto só para mencionar alguns dos nossos dramas – e que as soluções não pertencem ao passado bucólico, mas ao futuro denso em conhecimento e tecnologias que temos pela frente. As tecnologias e o conhecimento em geral devem servir antes de tudo a construir respostas a esses desafios.” O Brasil ainda tem dificuldade culturais básicas para agregar valor ao conhecimento e nossa lei federal de inovação tecnológica, publicada aproximadamente 8 40 anos após a lei equivalente nos Estados Unidos, ainda não é uminstrumento bem estabelecido, pois ainda estamos discutindo como viabilizar os instrumentos desta lei. É nesse contexto, de dificuldades que devem ser olhadas como oportunidades, que elaboramos este caderno e que estamos aqui para colaborar com seu aprendizado. Vamos lhe apresentar uma série de informações, mas quem vai processá-las e transformá-las em conhecimento, de fato, é você! Portanto, dedique-se ao longo dessas páginas, leia jornais, revistas, assuntos sobre ciências e sobre o mundo. Afinal conhecimento é o maior poder que podemos obter em nossas vidas e sendo intangível quanto mais se distribui mais se multiplica, ao contrário dos bens materiais. Bons estudos! Objetivos » Familiarizar o aluno com conceitos de Sociedade do Conhecimento, o significado de Capital Intelectual e de Propriedade Intelectual. » Introduzir a linguagem da Proteção da Propriedade Intelectual no contexto da Inovação tecnológica. » Apresentar o estágio atual dos incentivos à Inovação Tecnológica no Brasil. » Associar aspectos legais com as novidades que geram inovações tecnológicas. » Compreender a organização do sistema de proteção da propriedade intelectual e como está associada ao momento atual. » Conhecer a estrutura das patentes e outros mecanismos de proteção da Propriedade Intelectual e os caminhos que estes percorrem. 9 UNIDADE IINOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS CAPÍTULO 1 O cenário da inovação no Brasil As ideias e a cultura da Inovação Tecnológica no Brasil são muito recentes. O Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação - MCTI <http://www.mcti.gov.br/> teve o termo inovação incluído em seu nome somente em agosto de 2011 e a chamada Lei de Inovação Tecnológica Brasileira foi aprovada somente em 2008, 40 anos após os Estados Unidos da América aprovarem lei equivalente. A simples alteração de nome segue uma tendência que resultou de planejamento iniciado em 1998. Considerando a importância da Inovação Tecnológica e buscando incentivar avanços na competitividade nacional foram criados os Fundos Setoriais, como o Fundo Setorial de CT-BIOTECNOLOGIA (ver <www.mcti.gov.br>). Em decorrência disto, o decreto 2007 no 6.041/2007 instituiu a Política de Desenvolvimento da Biotecnologia. A principal referência, de natureza pública, para os interessados nas ideias de inovação tecnológica, fontes de recursos, projetos em andamento e novidades estão organizadas e acessíveis nos portais do MCTI e da Financiadora de Projetos - FINEP <http://www. finep.gov.br/> do Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação - MCTI. A Biotecnologia e a Nanotecnologia são consideradas prioritárias e fronteiras para a inovação tecnológica no documento Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2012-2015 e Balanço das Atividades Estruturantes (2011), disponível na página eletrônica do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia - IBICT <http://livroaberto.ibict.br/docs/218981.pdf> (acesso em: maio 2014), disponível no Portal da internet do MCTI. Abaixo estão relacionados os principais aspectos das prioridades nacionais para inovação tecnológica. 10 UNIDADE I │ INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS Biotecnologia A moderna biotecnologia é um dos alicerces da economia baseada no conhecimento e uma das tecnologias-chave do século XXI, com vasto campo de aplicações no desenvolvimento de produtos e processos de interesse para os setores da saúde, energia, agronegócios e cosméticos. A tão comentada sustentabilidade passa necessariamente por profundo conhecimento das diversas formas de vida, de seus processos e de um setor produtivo que saiba inovar sabendo imitar processos naturais. Produtos, processos e serviços para a melhoria da qualidade de vida, levando em conta a sustentabilidade, consistem na principal contribuição da Biotecnologia. Estima-se que até 2015 praticamente todos os novos medicamentos, cerca de metade da produção mundial das principais colheitas e um número crescente de produtos serão produzidos por meio da Biotecnologia (OCDE, 2009). Diante dos efeitos das mudanças climáticas no uso do solo, na produção de alimentos e na saúde humana, o mesmo estudo internacional recomenda intensificar investimentos em Biotecnologia. Os recursos públicos e privados, aplicados de forma contínua e crescente, desde a pesquisa básica até a transferência de tecnologia ao setor produtivo são vitais e prementes. No ano de 2009, o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, em parceria com a UFSC, promoveu um importante curso a distância sobre o tema Introdução à Propriedade Intelectual e Inovação para o Agronegócio. (PIMENTEL, 2009). Esta foi uma das referências de base da discussão a seguir. O Brasil é privilegiado, pois sua biodiversidade é uma imensa (não inesgotável, como no texto original) fonte de novas moléculas e compostos, que podem ser utilizados, aperfeiçoados ou servir de modelo para o desenvolvimento de novos fármacos, cosméticos, alimentos, biocombustíveis ou defensivos agrícolas. O país vem implementando iniciativas no sentido de fortalecer a base científica e tecnológica em Biotecnologia, investindo na formação e capacitação de pessoas e na implantação e modernização da infraestrutura. Há, entretanto, que se avançar na revisão do marco legal de coleta e acesso a recursos genéticos e na implementação de uma política nacional de resultados de inovação. O país carece de pessoas com conhecimento suficiente para discernir com clareza os interesses pessoais daqueles interesses da nação. A área de Biotecnologia está na fronteira do conhecimento e o principal papel dos governos é promover e estimular investimentos públicos e privados, contínuos e crescentes, para que a indústria possa traduzir as descobertas científicas em produtos úteis e aumentar sua capacidade de competir nacional e internacionalmente. Assim, o 11 INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS │ UNIDADE I objetivo principal é o desenvolvimento de produtos, processos e serviços a partir do uso sustentável da biodiversidade brasileira e da integração de novas tecnologias. O objetivo é desenvolver tecnologias inovadoras que agreguem valor, promovam o uso sustentável da biodiversidade e integrem novas tecnologias. Principais estratégias propostas pela FINEP: 1. apoio ao aumento do número de empresas com base biotecnológica, especialmente as que agregam valor à biodiversidade; 2. implantação de plataformas de semiescalonamento industrial de produtos biológicos; 3. implantação de um Observatório de Inovação em Biotecnologia, que poderá prospectar as oportunidades e desafios do setor; 4. criação e consolidação de uma Rede de Centros de Recursos Biológicos e consolidação do Centro Brasileiro de Materiais Biológicos; 5. criação da Rede Biosul e fortalecimento das redes de pesquisa existentes. *De acordo com publicação The Bioeconomyto 2030: Designing a Policy Agenda, da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), 2009. Os avanços da GENÔMICA na AMÉRICA LATINA Vários países da América Latina contam com projetos em andamento (Argentina, Brasil, Chile e México). De um modo geral, estes envolvem parcerias entre instituições públicas e privadas, sendo beneficiados por acordos internacionais com países desenvolvidos (Estados Unidos, França, Alemanha) ou por redes de cooperação inter-regionais (Brasil, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai). Um rico inventário incluindo Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai está disponível no documento: Inventário diagnóstico das biotecnologias no MERCOSUL e comparação com a União Europeia / BIOTECH ALA-2005-017-350-C2 <http://docs.biotecsur.org/informes/pt/inventario/7_financiamiento_ms.pdf> (acesso em maio/2014). Pioneiro na ciência genômica, o Brasil alcança resultados significativos em diversas áreas: » Saúde humana: Sequenciamento de Schistosoma mansoni (um protozoário causador da esquistossomose), de Leischmaniachagasi (um protozoário causador do calazar), de Paracoccidioides brasiliensis(um 12 UNIDADE I │ INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS fungo causador de micose), de Trypanosoma cruzi (um protozoário causador da doença de Chagas), de Anophelesdarlingi (um mosquito transmissor da malária) de Leptospirainterrogans (uma bactéria transmitida pela urina do rato e que afeta o homem). Também se desenvolvem importantes estudos sobre o Genoma Humano do Câncer e o Genoma Clínico. » Saúde animal: Sequenciamento de Mycoplasmasynoviae (um vírus que afeta os bovinos) e Mycoplasmahyopneumoniae (um vírus que afeta os suínos). » Pecuária: Mapeamento de Bosindicus (gado Nelore adaptado ao Brasil), estudos sobre o genoma funcional do boi, do frango, da abelha. » Agricultura: Sequenciamento de Xylella fastidiosa (causadora da praga do amarelinho das videiras), de Xanthomonas (uma bactéria causadora do cancro cítrico ou tristeza), de Leifsoniaxyli (bactéria que ataca a cana de açúcar), de Crinipellis perniciosa (um fungo causador da vassoura de bruxa, que ataca o cacau), de Baculovirusanticarsia (um vírus que ataca a lagarta da soja), de Mycosphaerellafijiensis (que causa a sigatoka negra da banana) de Gluconacetobacterdiazotrophicuse de Herbaspirillumseropedicae (bactérias fixadoras de nitrogênio). » Indústria: Sequenciamento de Chromobacteriumviolaceum (uma bactéria que pode originar compostos de interesse farmacológico) e de várias plantas industriais (guaraná, café, cana de açúcar, eucalipto, além de leguminosas como soja, feijão, feijão-caupi e amendoim). Essas realizações foram possíveis graças ao envolvimento pioneiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - FAPESP e à criação de Rede Nacional de Sequenciamento do Programa Genoma Brasileiro (CNPq, Ministério de Ciência e Tecnologia), com 25 laboratórios regionais e um laboratório de bioinformática (Laboratório Nacional de Computação Científica), a participação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária –Embrapa e várias universidades que deram a infraestrutura necessária e possibilitaram a capacitação profissional. A criação de empresas novas com fundo de capital de risco visa desenvolver produtos biotecnológicos que gerem e comercializem patentes na área da genômica aplicada. Assim espera-se que o Brasil, em breve tenha uma participação mais relevante no mundo dos negócios da Biotecnologia. 13 INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS │ UNIDADE I A Biotecnologia é uma das áreas do conhecimento com maiores possibilidades de gerar Inovação tecnológica. De forma simples e objetiva para a fi nalidade deste curso, classifi caremos Inovações como a agregação de conhecimento a produtos ou a processo produtivo, criando novas possibilidades para o mercado. Seguindo o Manual de Oslo, disponível no portal do MCT <http://www.mct.gov.br/upd_blob/0026/26032.pdf>, podem-se classifi car as inovações em radicais e incrementais. As inovações radicais sendo aquelas com impacto signifi cativo no mercado e na atividade econômica das empresas, podendo criar novos mercados e transformar processos e produtos existentes em obsoletos (este foi o caso da produção de insulina para o tratamento de diabetes) e de vários medicamentos convencionais substituídos por outros que usam a biologia molecular. Exemplos de Inovações radicais. Explique em que aspecto(s) o processo de produção de insulina humana, utilizando Biologia Molecular, consiste em inovação radical, segundo o conceito apresentado acima. Busque informações sobre outros exemplos de inovação radical. Desse ponto de vista, a Biotecnologia vem gerando inovações radicais, principalmente com as novas possibilidades decorrentes da Engenharia Genética com a descoberta da transcriptase reversa, em 1970, e com a obtenção do DNA recombinante, em 1972. Esses métodos permitem a transferência efi ciente de genes de interesse entre diferentes organismos, utilizando-se metodologias radicalmente novas. Paralelamente às atividades de pesquisa e implementação de tecnologias, surge um grande desafi o que é a proteção e valoração do conhecimento. Somente em 2004 foi aprovada a chamada Lei de Inovação Tecnológica em âmbito das instituições federais de pesquisa, criando as chamadas Instituições Científi cas e Tecnológicas – ICTs que estão qualifi cadas a receber incentivo fi nanceiro pela lei de Inovação federal. A maioria dos estados brasileiros já aprovou leis regulamentando instituições estaduais para o incentivo à inovação tecnológica, porém na prática ainda temos difi culdades para vencer o desconhecimento e as barreiras culturais e de crenças sem fundamentação científi ca. Nesse contexto foi instituído o conceito de Núcleo de Inovação Tecnológica - NIT com 6 competências mínimas: estabelecer políticas de proteção das criações, inovações e transferência de tecnologia; avaliar e classifi car resultados, atividades e projetos de pesquisa; promover a proteção das criações e criadores; dar parecer sobre a pertinência de Proteção Intelectual - PI à criações; acompanhar processos, pedidos e manutenção de títulos de PI; adotar invenção de inventor independente, com base na Lei no 10.973/2004. 14 UNIDADE I │ INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS Precisamos desenvolver rapidamente a cultura da Proteção e Valoração da Propriedade Intelectual. Já existem diversos exemplos de empreendedores brasileiros de sucesso que utilizam Biotecnologia como o caso da produção de insulina recombinante da Biobras, empresa criada em 1971, pelo professor Marcos Luis dos Mares Guia da UFMG. As Universidades e instituições brasileiras de pesquisa, como a Fundação Osvaldo Cruz e a Embrapa, têm gerado um número significativo de avanços nesta área. Estes avanços podem ser verificados diretamente no portal da CTNBio, mesmo antes da liberação para comercialização. Outra fonte importante de informações tecnológicas são os bancos de patentes como do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual - INPI <http://www.inpi.gov.br> que é a instituição brasileira de apoio e referência para a proteção da propriedade intelectual, e outras como <http://www.wipo.com>, conforme analisaremos neste capítulo. Ainda existem barreiras culturais para nosso país incorporar de forma sistêmica o processo de conversão de novos conhecimentos em negócios. Temos uma ciência que avança de forma consistente, porém a cultura de conversão de conhecimento em riqueza ainda esta muito aquém das necessidades do País. Existem grupos que se opõem sistematicamente às iniciativas voltadas à Inovação Tecnológica, ignorando que as facilidades que hoje dispomos para nos comunicar, tratar doenças e monitorar e preservar o meio ambiente e a saúde, dependem criticamente de inovações como o monitoramento via satélite, internet veloz e confiável, métodos diagnósticos e de tratamento com base na nanotecnologia e na biotecnologia molecular. Tem sido divulgado na imprensa nacional e mesmo internacional o contraste da boa atuação da ciência brasileira com publicações científicas e o baixo número de patentes geradas. No entanto, o caminho para a conversão de conhecimento em riqueza passa por questões de gestão do capital intelectual e do conhecimento, tomando decisões sistemáticas e de longo prazo, em relação à forma de proteção do conhecimento, seja patenteando, guardando segredo, licenciando, fazendo parcerias, seja divulgando amplamente para estimular a geração de novas aplicações. Os casos da Biotecnologia e da Nanotecnologia são exemplares na complexidade que estas decisões exigem, haja vista os exemplos marcantes: as plantas transgênicas, os animais transgênicos, novos medicamentos e métodos diagnósticos resultantes da engenharia genética, o uso de células-tronco etc. A seguir descrevemos um exemplo de destaque da Biotecnologia nacional e da cooperação internacional. 15 INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS │ UNIDADE I A ciência brasileira na competição A notícia do sequenciamento da bactéria conhecida como Xylella fastidiosa – causadora de uma praga agrícola conhecida como amarelinho,que destrói os laranjais, foi notícia de capa da importante revista Nature (Figura 1). Figura 1 – Capa da conceituada revista científica Nature, 13/7/2000 vol.406. <http://www.nature.com/nature/journal/v406/n6792/abs/406151a0.html>. O texto completo da notícia com comentários pode ser lido em: <http://www.comciencia.br/reportagens/genoma/genoma11.htm> (acesso em maio 2014). Os achados científi cos originais da equipe de pesquisadores do Brasil, responsáveis pelo sequenciamento genético da bactéria Xylella fastidiosa, tanto quanto o signifi cado cultural e político, para o país, do sucesso desse projeto mundialmente pioneiro de genoma de um micro-organismo repercutiram em âmbito internacional.Inicialmente o problema era que ninguém sabia fazer a cultura in vitro da Xylella com efi ciência. Ela é fastidiosa exatamente porque cresce muito lentamente, também dentro da própria planta. Depois de inoculada, ela demora muito tempo para gerar sintomas e in vitro tampouco alguém tinha um protocolo para fazer o crescimento de forma efi ciente. No entanto, um grupo de pesquisa de Bordeux (França), liderado pelo professor Josef Bové, sabia como fazer crescer a cultura da bactéria e, mais do que isso, propunha que alguém fosse para Bordeaux para aprender. Fazer cultura de bactéria é como receita culinária, é preciso ir lá e fazer. E ele se ofereceu para ensinar. Essa era uma oportunidade extraordinária. Convenceu a equipe brasileira de que seria importante cientifi camente porque seria o primeiro genoma de um patógeno vegetal. A seguir apresentamos os principais conceitos, instituições e procedimentos que precisam ser considerados na gestão do conhecimento, segundo a Universidade de Stanford na Califórnia, USA: 16 UNIDADE I │ INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS 1. Intensidade em conhecimento – Fomentar o incentivo à pesquisa, através das universidades e dos institutos de ciência e tecnologia. 2. Universidades e institutos de pesquisa que interagem efetivamente com o setor produtivo – Transferência de conhecimento e tecnologia para o mercado com proteção da propriedade intelectual. 3. Políticas públicas favoráveis – O governo deve utilizar ferramentas de incentivo à inovação, facilitando o acesso de empresas a novas tecnologias. 4. Estímulo à meritocracia – Reconhecer o mérito de boas iniciativas e incentivá-las. 5. Flexibilidade e mobilidade de recursos humanos – Recursos humanos adaptáveis e flexíveis, que atuem em redes sociais de trabalho. 6. Ambiente que incentiva atitudes de risco e tolera falhas – Capacidade de encarar o erro como parte do processo de aprendizado para empreender. 7. Capital de risco inteligente – Promoção da cultura do venture capital e do investimento consciente. 8. Ambiente de livre mercado – Desenvolvimento de um ambiente competitivo, aberto tanto a intervenções externas quanto locais. 9. Colaboração entre empresas, governo e ONGs – Manter uma relação colaborativa entre todos os envolvidos no fomento do ambiente inovador. 10. Serviço especializado para a infraestrutura dos negócios: advogados, contadores etc. – Investir em áreas que demandem a expertise de profissionais especializados. 11. Alta qualidade de vida – Promover processos e produtos que promovam o bem-estar social. 12. Contatos globais – Articulação e interação com redes de trabalho globais. 13. Capacidade de abrigar multiclusters – Criação de um ambiente capaz de trabalhar com setores variados. 14. Liderança para transformar – Criação de um ambiente propício ao nascimento de líderes, com foco na transformação econômica e social. 17 INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS │ UNIDADE I Iniciativas privadas para inovação e empreendedorismo Existem organizações privadas que atuam incentivando e apoiando financeiramente as boas ideias. Uma certeza do empreendedor é que dinheiro não é problema para implementar suas ideias que devem ser tão boas e bem elaboradas que não faltarão interessados em apoiar financeiramente. A Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras - ANPEI <http://www.anpei.org.br> atua junto a instâncias de governo, ao setor produtivo e aos formadores de opinião, disseminando a importância da inovação tecnológica para a competitividade das empresas e o desenvolvimento do Brasil. A entidade é constituída por empresas que investem continuamente em pesquisa, desenvolvimento e inovação, de diversos portes e setores, sendo marcante o seu caráter multissetorial. Também é formada por entidades do Sistema Nacional de Inovação - SNI que dão suporte às atividades de inovação, como universidades, institutos de pesquisa públicos e privados, federações de indústria e órgãos de governo como secretarias de governo de ciência, tecnologia e inovação e fundações de amparo à pesquisa dos Estados. Há, ainda, os sócios individuais, pessoas físicas que atuam ou têm interesse nas áreas de política e gestão de inovação. A Anpei promove a integração e a parceira entre os diversos atores do SNI em prol da inovação tecnológica. Encerrou o ano de 2012 com 250 associados, que representam R$ 10 bilhões em investimento em P,D&I no País. A Associação participa ativamente do esforço de construção do SNI, e tem papel importante nos debates que nortearam a criação dos incentivos fiscais à inovação e a Lei de Inovação, na luta contra o contingenciamento dos recursos para a área de ciência, tecnologia e inovação, na formatação da proposta do substitutivo ao projeto de lei que institui o Novo Código de Ciência, Tecnologia e Inovação, no aprimoramento do sistema de proteção intelectual brasileiro e na necessidade de reforçar o Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI, entre outros temas relevantes na agenda de C,T&I nacional. Além da atuação política, a Associação promove a difusão da cultura da inovação. Uma de suas principais ações nesse sentido é Conferência Anpei de Inovação Tecnológica, o maior evento anual sobre inovação no País. No evento, especialistas em inovação nacionais e internacionais, representantes de governo, das empresas e de instituições de ensino e pesquisa discutem os assuntos mais relevantes relacionados à inovação tecnológica. A Anpei também atua na capacitação de recursos humanos para inovação, por meio do programa EducAnpei, com cursos organizados em dez rotas de formação: Ciclo 18 UNIDADE I │ INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS Introdutório; Gestão da Inovação; Gestão de Projetos de Inovação; Recursos para Inovação; Gestão da Propriedade Intelectual; Inovação nas Pequenas e Microempresas; Inovação Baseada em Mercado (Market Pull); Inovação Baseada em Tecnologia; Negócios Inovadores; Inovação Aberta. Outra iniciativa importante da Anpei são os Comitês Temáticos, que se reúnem mensalmente para debates e troca de experiência. Atualmente, três comitês estão ativos: Promoção da Interação ICT - Empresa; de Gestão da Propriedade Intelectual; e de Alta Performance na Gestão de Centros de P&D. Um dos resultados práticos do trabalho dos Comitês é o “Guia de Boas Práticas para Interação ICT – Empresa”, lançado na XII Conferência Anpei, no ano de 2012, em Joinville (SC). Outra destas organizações é a Endeavor <http://www.endeavor.org.br/>. Assim definida em seu sitio da organização na internet: “Empreendedores que sonham grande e novas gerações de empreendedores precisam de um ambiente de negócios favorável, inspiração, capacitação e networking.” Foi nesse contexto que nasceu a Endeavor, organização de fomento ao empreendedorismo que “bota pra fazer” e, com excelência na mobilização de organizações públicas e privadas e no compartilhamento do conhecimento prático e exemplos de sua rede, fortalece a cultura empreendedora do Brasil. Acreditamos que um país com mais empreendedores que sonham grande, inovam, quebram paradigmas e colocam paixão em tudo o que fazem é um país melhor para todos. Por isso, trabalhamos para transformar o Brasil em uma das grandes referências em empreendedorismo no mundo e assimmelhorar a vida de milhões de brasileiros. A organização Endeavor tem estrutura e material de fundamental importância para quem acredita nas próprias ideias e na capacidade competitiva nacional. Uma das importantes referências iniciais para o empreendedor está em reconhecer as oportunidades, sistematizando critérios para identificá-las. A seguir transcrevemos o texto de André Rezende, publicado na primeira página da página da internet da Endeavor: O primeiro passo para sistematizar o processo de inovação é identificar onde a oportunidade deve ser buscada. Descubra 7 fontes de oportunidades para tornar sua empresa mais inovadora. Eu e muitos outros bem mais sábios do que eu, a começar pelo Jim Collins, consideramos Peter Drucker como o grande mestre da gestão de todos os tempos. Em 1985 ele escreveu e publicou um livro com o título traduzido para o português de “Inovação e Espírito Empreendedor”. Quase trinta anos depois provavelmente uma tradução melhor seria “Inovação e 19 INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS │ UNIDADE I Empreendedorismo”. De fato, o mestre considerava a inovação como o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio, um produto ou um serviço diferente. A inovação deliberada e sistemática pode ser apresentada como uma disciplina, pode ser aprendida e praticada, não é um acidente de percurso ou resultado de um lampejo de genialidade. Os empreendedores precisam buscar ativamente as fontes de inovação, as mudanças que indicam oportunidades para uma inovação de sucesso. São sete as Fontes de Oportunidade Inovadora, sendo as quatro primeiras visíveis dentro da instituição ou do seu setor de atuação: 1. O inesperado – o sucesso inesperado, o fracasso inesperado ou o evento externo inesperado. Tenho um exemplo na minha própria empresa para apresentar: a Prática fabrica equipamentos para cozinhas profissionais e, de um certo tempo para cá, vimos percebendo uma venda cada vez maior para residências de alto padrão. Este fato foi identificado como oportunidade e agora cuidamos de adaptar produtos, serviços e canais de distribuição para esse novo grupo de clientes alvo. O fracasso inesperado da instituição, ou de preferência do concorrente, é um motivador para ir ao mercado, escutar e buscar entender se há aí uma oportunidade escondida. O sucesso das megalivrarias no Brasil, considerado um país de poucos leitores, é um evento inesperado – será que estamos fazendo as suposições certas sobre o nosso mercado e nossos clientes? 2. A incongruência – entre a realidade como ela é de fato e a realidade como se presume ser ou como “deveria ser”. Exemplo: teoricamente o ensino médio profissionalizante deveria qualificar as pessoas para as atividades profissionais, tanto administrativas como técnicas. A realidade no Brasil não confirma esta suposição e isto criou a oportunidade para o surgimento dos cursos de tecnólogos, de curta duração e que complementam o ensino médio, qualificando o jovem para o mercado de trabalho. 3. A inovação baseada na necessidade do processo. Este é o tipo de inovação que frequentemente vem de quem está imerso nos processos, da própria instituição ou de seus clientes. A busca de ganhos de produtividade ou de processos mais capazes de atender as especificações dos clientes cria um sem número de oportunidades de pequenas ou grandes inovações. Um exemplo recente: as pessoas precisam apanhar táxis e os taxis precisam encontrar seus passageiros – usar a internet e os smartphones para promover este encontro é uma proposta de negócio já com milhões de usuários, conquistados rapidamente. 20 UNIDADE I │ INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS 4. Mudanças na estrutura do setor industrial ou na estrutura do mercado. Exemplo: na época da inflação mais acelerada no Brasil, apresentou-se como preponderante a lógica de as famílias fazerem compras para o mês todo, criando o mercado para os hipermercados e para os freezers em cada residência. Com o declínio da inflação e maior dificuldade na mobilidade urbana ressurgiu a lógica das lojas de vizinhança, que se tornaram objeto de investimento mesmo para os grandes varejistas. As fontes de oportunidades, resultado de mudanças fora da empresa ou do setor de atuação, são as seguintes: 5. Mudanças demográficas ou populacionais. No Brasil existe um sem número de oportunidades (e também ameaças) ligado às mudanças demográficas: envelhecimento da população, crescimento da classe média, aumento do número de pessoas com altíssimo poder aquisitivo, insegurança urbana, modificação no papel da mulher, diminuição das famílias, dificuldade na mobilidade urbana, adiamento do casamento e do primeiro filho, entre muitos outros. 6. Mudanças em percepção, disposição e significado. Exemplo: a mudança da percepção das pessoas em relação à própria saúde e aparência criou uma quantidade enorme de oportunidades de negócios que nem existiam anos atrás: Spas, academias, restaurantes de comida saudável, alimentos especiais. Em cada segmento de mercado podemos encontrar oportunidades. O que dá status, qual o valor dado à educação, como as pessoas se divertem, como garantem o seu futuro? Tudo isto tem mudado e estas mudanças trazem oportunidades. 7. Conhecimento novo, tanto científico como não científico. A inovação baseada em conhecimento é a mais difícil de controlar e imprevisível. É bem frequente que o criador da nova tecnologia não seja quem vai aproveitar a oportunidade de negócio. Os requisitos fundamentais para que um inovador em conhecimento atinja o sucesso são o conhecimento claro das condições de implementar a inovação como coisa negociável, o posicionamento estratégico da inovação e a prática da administração empreendedora, um conjunto de atividades que dá disciplina ao processo, evitando as múltiplas armadilhas. Talvez tenha ficado claro para o leitor que não há fronteira clara entre as Fontes de Oportunidade Inovadora. Muitos exemplos podem ser incluídos em uma categoria ou 21 INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS │ UNIDADE I outra, isto não é importante. O que é relevante é a noção de que o processo de inovação pode ser sistematizado, e o primeiro passo para isto é identifi car onde a oportunidade de inovação deve ser buscada. André Rezende é fundador e presidente da Prática Fornos e Empreendedor Endeavor desde 2008. Começar pequeno, mas sonhar grande parece ser a regra de ouro do sucesso da inovação. Uma pesquisa da Endeavor mostra que a maioria dos empreendedores de sucesso começou localmente, mas planejou em escala global. Entre os melhores empreendedores entrevistados – aqueles cujas empresas cresceram em média 20% ou mais nos últimos três anos – 74% focaram em ter sucesso localmente no começo, para conseguirem aperfeiçoar os aspectos mais fundamentais dos seus modelos de negócios. Mas aspiravam tornar suas empresas globais e desenharam seus negócios de uma forma que fosse possível expandir globalmente no futuro. Vale a pena conferir a página de notícias da Unidade de Pesquisa e Tecnologia da Informação da CNPTIA da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa. <http : / /w w w.agencia .cnpt ia .embrapa.br/Agencia4/AG01/ar vore/ AG01_118_131120039558.html> <http://www.agricultura.gov.br/vegetal/registros-autorizacoes/protecao- cultivares> Ver também o documento do Serviço Nacional de Proteção de Cultivares. <http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/INFORMACOES_AOS_ USUARIOS_SNPC_nov2010.pdf> Empreendedorismo e oportunidades para inovar: <http://www.endeavor.org.br/artigos/estrategia-crescimento/inovacao- reconhecendo-a-inovacao/as-7-fontes-de-oportunidade-para-inovar> Página da empresa do autor do artigo “Reconhecendo a Inovação. As 7 Fontes de Oportunidades para Inovar” <http://www.praticafornos.com.br/> Opinião de um empresário inovador da empresa Angelus de Londrina no Paraná. <http://www.endeavor.org.br/artigos/estrategia-crescimento/inovacao-reconhecendo-a-inovacao/fomentos-a-inovacao-e-a-vaquinha-empurrada-do- precipicio> 22 CAPÍTULO 2 Capital intelectual e propriedade intelectual No momento atual da evolução da humanidade, estamos em um processo de rápidas mudanças. O processo produtivo precisa considerar a opção de produção em larga escala e a competição internacional. Neste cenário a gestão do conhecimento tem papel essencial e surge o conceito de Capital Intelectual, ou seja, as competências em saber como fazer (know-how), além do saber fazer. Para sermos protagonistas da inovação ainda é necessário fazer, comercializar e competir. Isto leva a necessidade de atuação em rede que agregue conhecimentos e habilidades de diversas pessoas (know-who) e frequentemente de outras empresas e avaliar as oportunidades do momento (know-when). Para facilitar a memorização dos diversos aspectos é conveniente lembrar a terminologia para tomada de decisões conhecida como (Figura 2): 5W2H, que significa What (o Quê), Why (Por quê), Where (Onde), Who (Quem), When (Quando), How (Como) e How Much (Quanto). Figura 2: Comentários retirados do artigo A Técnica dos 5 Ws e 2 Hs Parte I de 11/7/2008 - 20h12 publicada em Monitor Investimentos visualizado em 19/maio/2014 <http://www. monitorinvestimentos.com.br/ver_artigo.php?id_artigo=74> Conhecimento do perfil de formação e conhecimento das pessoas, juntamente com uma boa documentação e mecanismos de acesso ao conhecimento de forma sistemática e sistêmica, passam a ser essenciais para a sobrevivência dos negócios. Nesse cenário a Biotecnologia e a Nanotecnologia são casos exemplares, em que não basta saber fazer, sendo essencial também saber como fazer, adaptar, modificar, desenvolver, produzir, comercializar e competir. Além disto, é fundamental atender a rigorosos e complexos testes que garantam qualidade e padrões atendendo aos conceitos 23 INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS │ UNIDADE I de melhores práticas. Novamente é preciso estar consciente de que as dificuldades, para quem não conhece, implicam oportunidade para aqueles que têm o conhecimento e sabem como valorizá-lo. As publicações em periódicos científicos são elementos fundamentais, porém, para a competitividade e avanço, é necessário bem mais do que as publicações. O conhecimento técnico-científico é somente uma parcela inicial e fundamental, mas irrelevante se os outros passos não forem dados. Proteger a propriedade do conhecimento desenvolvido é mais importante e bem mais complexo do que garantir a propriedade de um bem tangível, móvel ou imóvel. O registro de imóveis é um documento bem estabelecido e não há dificuldades de interpretação. Por outro lado, o equivalente ao Registro de Imóveis de um bem intangível, como é o conhecimento, requer boa documentação técnica e jurídica com sólidos argumentos nada triviais. O titular de uma patente pode ter seu patrimônio aumentado com base na valoração deste bem, que consiste em ativo intangível das empresas. De posse do registro da Patente, o proprietário poderá produzir ou então simplesmente limitar atos dos concorrentes. No Brasil a maioria das patentes tem caráter somente defensivo, com raras exceções onde ocorre a produção e a comercialização. Nos países com leis de incentivo financeiro para a inovação tecnológica, as empresas detentoras de patentes comercializáveis são as maiores beneficiadas. O termo Propriedade Intelectual muitas vezes utilizado como sinônimo de Propriedade Industrial - PI está diretamente associado a Patente, pela simples razão que os requisitos de patenteabilidade, segundo a Lei no 9.279/1996, art. 8o e 9o são: 1. deve constituir novidade (não faz parte do estado da técnica); 2. envolve atividade inventiva (não é obviedade do estado da técnica); 3. tem Aplicabilidade Industrial (aplica-se ao processo produtivo). A atividade inventiva pode ser a simples melhoria de detalhes produtivos, como um novo meio de cultura, condições especiais das variáveis envolvidas na produção com ganho econômico. Neste ponto, é importante ao estudante entender que a proteção da propriedade intelectual com o patenteamento passa por uma série de passos, a seguir transcritos de forma simplificada e de fácil compreensão, elaborados pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial - INPI <http://www.inpi.gov.br>: 24 UNIDADE I │ INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS Etapa 1. Busca de anterioridade. Mapeamento do estado da técnica para caracterizar a novidade e a não obviedade, mostrando claramente o diferencial daquilo que se propõe. Além da base de patentes do INPI <http://www.inpi.gov.br>, a pesquisa deve incluir outras bases, como a base americana: <http://www.uspto.gov> e a europeia <http:// www.espacenet.com> Existem bases pagas como a Derwent <http://www.derwent.com> e a Dialog <http:// www.dialog.com> O INPI, os NIT das ICTs e escritórios de patentes também podem efetuar as buscas de anterioridade. Essas buscas têm custos que estão detalhados na página do INPI na internet. É preciso estar atento para a importância dessa busca, tanto no aspecto da abrangência quanto em conteúdo, sem a qual a redação da patente pode conter pontos fracos que depreciam seu valor para um licenciamento por exemplo. Etapa 2. Redação do pedido. É importante que o redator do pedido de patente conheça os aspectos técnicos e principalmente as reivindicações (claims em inglês). As reivindicações podem ser independentes ou dependentes e consistem no principal instrumento de garantia contra imitações. A redação da patente é uma arte que envolve a percepção do possível mercado das aplicações da invenção. A princípio uma patente redigida com qualidade revela todos os parâmetros necessários para a verificação desta. Neste aspecto patentear implica em revelar todos os detalhes para o competidor, que não poderá copiar por força da lei. Assim, em casos de alto valor agregado, algumas empresas preferem dividir aquilo que seria uma patente em várias patentes com cuidadosas reivindicações de proteção a cada etapa. Etapa 3. Depósito do pedido junto ao INPI. As instruções sempre atualizadas estão no portal do INPI. Etapa 4. Pedido de exame em até 36 meses da data do depósito. Os pedidos de patente permanecem em sigilo durante 18 meses, quando são publicados na Revista de Propriedade Intelectual - RPI <http://revistas.inpi.gov.br/rpi/>. As Etapas 5 e 6 e expedição da Carta Patente devem ser verificadas no portal do INPI, mas cabe alertar que em 2007 foram expedidas 1.855 cartas patente em tempo médio de espera de sete (7) anos. 25 INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS │ UNIDADE I Uma das metas do INPI é diminuir este período de espera. Ações já foram tomadas, porém o treinamento de pessoal é demorado e essencial. Embora os investimentos em treinamento de pessoal em Propriedade Intelectual tenham sido intensos, esse é um processo lento e de baixa efi cácia, havendo assim grande carência de pessoal técnico. Além do portal do INPI, os vários Núcleos de Inovação Tecnológica - NITs estaduais, como o NITPAR e as Agências de Inovação Tecnológica instaladas nas universidades e em Centros de Pesquisa fornecem informações completas sobre os procedimentos de patenteamento. Frequentemente o INPI promove cursos gratuitos, especializados, de busca de Patentes em áreas específi cas, que são divulgados na página da internet do INPI. A proteção de cultivares é um assunto à parte no setor de proteção da propriedade intelectual. Os requisitos necessários para a Proteção de Propriedade de Cultivares são quatro (4): » Novidade: relacionada à comercialização. » Distinguibilidade: a cultivar deve ser distinta de qualquer outra conhecida. » Homogeneidade: considera-se a biologia reprodutiva (autofecundação ou fecundação cruzada) e tipo de propagação (por sementes ou vegetativa). » Estabilidade: estável em sucessivas gerações de cultivo. Os requisitos Distinguibilidade, Homogeneidade e Estabilidade são verifi cados pelo teste conhecido como DHE e descritopara uma diversidade de produtos em <http:// www.agricultura.gov.br/arq_editor/fi le/INFORMACOES_AOS_USUARIOS_SNPC_ nov2010.pdf> Denominação própria. Nome do cultivar. Um importante híbrido nacional é o mamão tipo formosa, com peso médio de 1,2 kg e cerca de 20% mais doce do que o mamão formosa comum. Uma visão geral e atual da situação da proteção de cultivares no Brasil pode ser encontrada em <http://www.sbmp.org.br/6congresso/wp-content/ uploads/2011/08/1.-Daniela-Aviani-Panorama-Atual-no-Brasil.pdf>, na qual é mostrado que em 2010, no Brasil existiam aproximadamente 1.500 variedades protegidas e 26.000 em domínio público. 26 UNIDADE I │ INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS Uma visão geral e atual da situação da proteção de cultivares no Brasil pode ser encontrada em <http://www.sbmp.org.br/wpcontent/uploads/2010/09/ Apresentacao_Registro_Prot_Cultivares.pdf>, onde é mostrado que, em 2010, no Brasil existiam aproximadamente 1.500 variedades protegidas e 26.000 em domínio público. Para o melhoramento genético de uma espécie, deve-se considerar três elementos: as plantas, o ambiente e as técnicas de seleção. Normalmente o processo exige pelo menos sete gerações a partir do cruzamento inicial. Considerando-se que o processo inventivo é de longo prazo a melhoria genética exige a manutenção de segredo, pois uma vez reveladas as etapas, os procedimentos podem ser copiados. Os testes DHE servem para Identificação de variedades e utilizam Marcadores de DNA, extremamente potentes na identificação e discriminação e por isso atendem com perfeição os requerimentos do teste de Distinguibilidade, Homogeneidade e Estabilidade - DHE. O teste DHE é o procedimento técnico de comprovação de que a nova cultivar ou a cultivar essencialmente derivada são distinguíveis de outras conhecidas, homogêneas quanto às suas características em cada ciclo reprodutivo e estáveis quanto à repetição das mesmas características ao longo de gerações sucessivas. A natureza analítica dos marcadores se baseia na detecção direta da sequência de DNA, sendo possível verificar que os marcadores apresentam características convergentes com os requerimentos legais para a proteção de um cultivar. Lembrando o caderno da disciplina de Melhoramento Genético deste curso, os marcadores de DNA se caracterizam pela: a. Unicidade: cada indivíduo tem um perfil de DNA único com exceção de clones de uma planta ou gêmeos univitelinos no caso de animais. b. Imutabilidade: ou mutabilidade extremamente baixa (da ordem de 10-4 a 10-6/geração); o DNA de um indivíduo é o mesmo em todas as células e este é estável ao longo de sua vida. c. Estabilidade física: moléculas de DNA podem ser recuperadas, purificadas e analisadas com sucesso a partir de praticamente todo e qualquer material biológico da planta, independentemente do tecido, idade, condição fisiológica ou mesmo em degradação. d. Variabilidade: apesar do fato de que a maior parte do genoma é muito conservada entre indivíduos, algumas regiões genômicas específicas são 27 INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS │ UNIDADE I altamente variáveis, permitindo uma discriminação altamente precisa, quantifi cável e reproduzível com alta precisão entre laboratórios distintos. As informações contidas em patentes são valiosas porque: 1. Seguem padrão bem defi nido com descrição técnica e valor jurídico, consistem em novidade, atividade inventiva e aplicação industrial. 2. São ferramentas estratégicas podendo ser utilizadas para avaliar a tecnologia e as tendências dos negócios das empresas. 3. São ferramentas auxiliares no diagnóstico do sucesso ou fracasso de novos produtos ou processos, tendências de novos desenvolvimentos. 4. Permitem mapear as tendências de mudança tecnológica e o ciclo de vida da tecnologia. Este aspecto é da maior relevância nos casos da Biotecnologia e na Nanotecnologia. Você já teve a oportunidade de estudar os detalhes de uma patente ou proteção de cultivar em assunto de seu interesse? De fato, o processo produtivo pode ser artesanal e mesmo de serviço sem necessariamente envolver uma planta física industrial. Nesse aspecto o leitor deve lembrar que grandes empresas atualmente geram a produção, terceirizando todas as etapas e detendo o conhecimento. Este é o caso, por exemplo, de boa parte das empresas fundamentadas na microeletrônica, em que a produção internacional é centralizada e distribuída aos interessados na montagem de seus produtos. Assim, são vários os exemplos de empresas que consistem simplesmente na Marca sem estrutura física produtiva própria. A proteção da Marca é outro assunto importante na valoração das empresas e também pode ser estudado no portal do INPI. Não podemos deixar de mencionar a chamada Indicação Geográfi ca - IG, como fator de valoração de produtos e processos no contexto da Biotecnologia. Note o leitor que principalmente produtos alimentícios podem ter sabor e outras características dependentes da biodiversidade e clima locais. Esse é o caso típico de certas vinícolas e produção de queijos e outros produtos com características regionais. Essas características quando bem estabelecidas podem gerar o registro e certifi cação do produto regional identifi cando e agregando valor. 28 UNIDADE I │ INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS A legislação e tratados vigentes de Propriedade Intelectual podem ser encontrados no sitio da internet do INPI, ou mesmo dos ministérios da Agricultura e Abastecimento - MAPA e Ministério de Ciência Tecnologia e Inovação - MCTI. Um excelente sistema internacional que trata da Propriedade intelectual é o World Intellectual Property Organization - WIPO. Um excelente sistema internacional que trata da Propriedade intelectual, como já informado, é o World Intellectual Property Organization <http://www.wipo.int/portal/ en/index.html> e para buscas ver <http://www.wipo.int/patentscope/en/> Legislação de propriedade industrial dos países da Organização Mundial da Propriedade Intelectual - OMPI A seguir a discussão se concentrará em aspectos conceituais da Propriedade Intelectual com ênfase na Biotecnologia. O processo de patenteamento é demorado, carrega detalhes muitas vezes com características que não se deseja revelar e requer o pagamento de taxas para agências dos países onde se quer proteger a patente. Manter segredo é um processo que tem custo e risco altos. Ainda mais, os detalhes de uma patente não podem ser revelados antes de seu registro, difi cultando muitas vezes negócios e mesmo o avanço do conhecimento. Assim, é preciso que se proceda à análise daquilo que vale a pena proteger e aquilo que vale a pena divulgar para parceiros que venham a benefi ciar indiretamente os negócios da empresa. No Brasil as principais empresas que se benefi ciam de patentes ainda o fazem principalmente na forma defensiva, ou seja, para limitar a concorrência, difi cilmente negociando ou licenciando tecnologia por meio de patentes. As tecnologias que agregam conhecimentos recentes como a Nanotecnologia e a Biotecnologia têm características únicas e devem ser olhadas de forma diferenciada (LES-2006). Os principais diferenciais dessas tecnologias são: 1. Nos estágios iniciais do desenvolvimento, não existe certeza de se chegar a um novo produto ou processo e nem do prazo necessário para se alcançar um resultado comercializável. 29 INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS │ UNIDADE I 2. Mesmo de posse de uma patente que garanta a propriedade, existe um grande risco de fracasso, pois a tecnologia pode não servir para produção em escala, pode não ser eficaz, pode ser uma brilhante ideia, porém inviável econômica ou tecnologicamente. 3. Diferentemente dos produtos mecânicos que podem ser desmontados e montados novamente, os processos que envolvem células vivas não permitem a reconstrução em todos os detalhes. 4. Frequentemente os produtos da Biotecnologia são identificados por características da ação, atividade ou resultado e não por detalhes construtivos. 5.As plataformas tecnológicas dos produtos da Biotecnologia podem ter até centenas de aplicações diferentes (revindicações - claims). Assim, além das Patentes requererem muitas reivindicações, é preciso reconhecer os possíveis interesses em parcerias, preservando a possibilidade de ganho destes. Recomenda-se assim que os acordos para desenvolvimento e/ou licenciamento dessas tecnologias devam ser flexíveis, contendo cláusulas que permitam a criatividade, mas que ao mesmo tempo garantam a produtividade no sentido comercial. Normalmente o pesquisador tem foco na descoberta, deixando de lado o objetivo comercial. De outro lado, o setor comercial pode se tornar tão imediatista que o estágio de desenvolvimento fique comprometido. A situação de equilíbrio para o resultado comercial otimizado será uma busca constante. As diferenças entre a legislação dos países é outro fator que torna a valoração e a proteção da propriedade intelectual complexa. No Brasil não são patenteáveis: 1. o todo ou parte de seres vivos naturais e materiais biológicos encontrados na natureza, ou ainda dela isolados, inclusive o genoma ou germoplasma de qualquer ser vivo natural e os processos biológicos naturais; 2. técnicas e métodos operatórios, bem como métodos terapêuticos ou de diagnóstico, para aplicação no corpo humano ou animal; 3. descobertas, teorias científicas e métodos matemáticos; 4. concepções puramente abstratas;esquemas, planos, princípios ou métodos comerciais, contábeis, financeiros, educativos, publicitários, de sorteio e de fiscalização; 30 UNIDADE I │ INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS 5. obras literárias, arquitetônicas, artísticas e científicas ou qualquer criação estética; 6. programas de computador. Esses, segundo a lei no 9.609/1998, têm regime de Direito autora l- autoria do código - fonte; 7. apresentação de informações; 8. regras de jogo. Nos Estados Unidos da América do Norte, os itens 1, 2 e 3 anteriores são patenteáveis. Especificamente os itens não contemplados no Brasil e que são contemplados nos Estados Unidos são: descoberta, material isolado da natureza (o Brasil protege o uso e não a molécula), micro-organismo transgênico, célula humana, célula animal (não humana), variedade animal (não humana), animal transgênico (não humano), célula vegetal, planta transgênica, variedade vegetal e método terapêutico. Uma detalhada descrição da patenteabilidade em Biotecnologia no Brasil pode ser encontrada na cópia do seminário apresentado no TECPAR pela funcionária do INPI Fabiane Ramos; <http://www.tecpar.br/appi/intermediario2009/FABIANE%20RAMOS2.pdf> ou diretamente no portal do INPI nas diretrizes da revista RPI no 1648 de 6/8/2002. Contratos de confidencialidade Os contratos de confidencialidade são essenciais em duas situações: estágio inicial das negociações de pesquisa e desenvolvimento com objetivos comerciais, quando ainda não se tem o registro da patente, quando não é interessante patentear, ou para questões não patenteáveis, mantendo-se assim o sigilo inclusive de ideias. Mantendo-se segredo, não há como reivindicar a propriedade, no entanto, existem acordos de confidencialidade que podem ser utilizados no momento necessário. Vários exemplos podem ser encontrado na documentação da CTNBio, inclusive nas memórias de reuniões da CTNBio, que podem ser encontradas no sitio da internet da CTNBio, como por exemplo <http://www.ctnbio.gov.br/upd_blob/0001/1883.pdf> Para ilustrar a complexidade na comercialização de processos ou produtos que envolvem a vida, transcrevemos, a seguir, a primeira das 37 páginas da ata da 172a Reunião Ordinária da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio (acesso em maio de 2014), para que o aluno tenha ideias claras de como esta comissão conduz os trabalhos e mostrando a complexidade de termos técnicos e jurídicos envolvidos. Um exercício instrutivo é ler este texto, identificando os termos desconhecidos do leitor. O 31 INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS │ UNIDADE I leitor deve notar que esse texto é de grande responsabilidade e que os responsáveis estão claramente identificados. A ata contém os nomes dos relatores e assessores que contribuíram nos pareceres e também todas as datas importantes. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação - MCTI Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio Secretaria Executiva Última atualização: 2/5/2014 17:14 172a Reunião Ordinária da CTNBio - MAIO/2014 Página 1 de 37e 172a REUNIÃO ORDINÁRIA DA COMISSÃO TÉCNICA NACIONAL DE BIOSSEGURANÇA CTNBio Data: 8 de maio de 2014 Horário: 9h às 17h Local: Setor Policial - Área 5, Quadra 3 - Bloco A, Térreo - Auditório da AEB / Brasília – DF. Agenda Proposta A. Abertura da Reunião. B. Aprovação da Agenda. C. Aprovação da Ata da 171a Reunião Ordinária da CTNBio. D. Itens em conjunto com as quatro Subcomissões Setoriais Permanentes (SSP): 1. Liberação Comercial 1.1. Bayer S.A. Processo no 01200.003609/2011-16. (Com informação Confidencial) Liberação Comercial de soja geneticamente modificada denominada “FG72” tolerante a herbicidas à base de glifosato e isoxaflutole; Protocolado em 4/10/2011; Próton 39417/11; Extrato Prévio: 3040/2011, publicado em 12/12/2011; Relatores: SSP Humana/Animal (APROVADO EM MAIO/2012): Dr. Mário Hiroyuki Hirata e Dr. Paulo Lee Ho; Relatores SSP Vegetal/Ambiental (DILIGÊNCIA EM ABRIL/2013): Dr. Jesus Ferro e 32 UNIDADE I │ INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS Dra. Maria José Vilaça de Vasconcelos; Assessoria: Allan Edver (Hum/Ani) e Gutemberg Sousa (Veg/Amb); 1.2. Dow AgroSciences Sementes & Biotecnologia Brasil Ltda. Processo no 01200.000123/2012-07. Liberação comercial da soja geneticamente modificada que confere tolerância aos herbicida 2,4-D e glufosinato de amônio DAS-68416-4; Protocolado em 13/1/2012; Próton 1506/12; Extrato Prévio: 3166/2012, publicado em 26/4/2012; Relatores SSP Humana/Animal (APROVADO EM OUTUBRO/2012): Drs. Francisco Gorgônio da Nóbrega e Nance Beyer Nardi, Relatores SSP Vegetal/Ambiental: Dra. Fernanda Antinolfi Lovato e Dr. Galdino Andrade Filho; Assessoria: Rubens José (Hum/Ani) e Gutemberg Sousa (Veg/Amb); 1.3. Dow AgroSciences Sementes & Biotecnologia Brasil Ltda. Processo no 01200.000124/2012-43. Liberação comercial de milho geneticamente modificado que confere tolerância ao herbicida 2,4-D e a determinados inibidores da acetil coenzima DAS-40278-9; Protocolado em: 13/1/2012; Próton 1507/12; Extrato Prévio: 3190/2012, publicado em 21/5/2012; Relatores SSP Humana/Animal (APROVADO EM ABRIL/2013): Drs. Heidge Fukumasu e Mário Hiroyuki Hirata; Relatores SSP Vegetal/Ambiental: Dra Maria Helena Zanettini, Dr. Leonardo Melgarejo, Dr. Jesus Ferro e Dr. Galdino Andrade Filho. Assessoria: Marcos Bertozo (Veg/Amb) e Rubens José (Hum/Ani); 1.4. Dow AgroSciences Sementes & Biotecnologia Brasil Ltda. Processo no 01200.003948/2012-75. Liberação Comercial de soja geneticamente modificada tolerante aos herbicidas 2,4D, glifosato e glufosinato de amônio (DAS-44406-6); Protocolado em: 25/9/2012; Próton 39408/12; Extrato Prévio: 3408/2012, publicado em 31/10/2012. Relatores SSP Humana/ Animal (APROVADO EM MAIO/2013): Drs. Francisco Gorgônio da Nóbrega e Marcos Dornelas Ribeiro; Relatores SSP Vegetal/Ambiental: Dras. Márcia Margis e Maria José Vasconcelos. Assessoria: Norma Paes (Veg/Amb) e Rubens José (Hum/Ani); 1.5. Syngenta Seeds Ltda. Processo no 01200.004553/2012-90. Liberação Comercial de milho geneticamente modificado MIR604 e do milho Bt11xMIR162xMIR604xGA21; Protocolado em 09/11/2012; Próton 46894/12; Extrato Prévio: 3430/2012, publicado em 26/11/2012. Relatores SSP Humana/ Animal (APROVADO EM 33 INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS │ UNIDADE I AGOSTO/2013): Drs. Paulo Lee Ho e Evanguedes Kalapothakis; Relatores SSP Vegetal/Ambiental (DILIGÊNCIA): Dra. Fernanda Antinolfi Lovato, Dr. Edivaldo Domingues Velini, Dra. Márcia Margis e Dr. Jesus Ferro. Assessoria Marcos Bertozo (Veg/ Amb) e Rubens José (Hum/Ani); 1.6. Du Pont do BrasilS.A – Divisão Pioneer Sementes. Processo 01200.000778/2013-58. Liberação Comercial de Milho geneticamente modificado resistente a insetos e tolerante a herbicidas obtido por cruzamento convencional entre os eventos DAS-01507-1 (TC1507), MON-00810-6 (MON810), SYN-IR162-4 (MIR162) e MON- 00603-6 (NK603) com vistas ao livre uso no meio ambiente, registro, consumo humano ou animal, comércio ou uso industrial e qualquer outro uso ou atividade relacionada ao este evento combinado ou seus subprodutos e para fim único e exclusivo de atividades relacionadas a produção e multiplicação de sementes das suas respectivas subcombinações DAS-01507-1 (TC1507) x SYN-IR162-4 (MIR162) x MON- 00603-6 (NK603), DAS-01507-1 (TC1507) x SYN-IR162-4 (MIR162), SYN- IR162-4 (MIR162) x MON-00603-6 (NK603) e MON-00810-6 (MON810) x SYN-IR162-4 (MIR162). Protocolado em 13/3/2013. Próton 7305/13. Extrato Prévio 3526/13, O conteúdo destas atas é uma rica fonte de informação confiável daquilo que acontece nos novos negócios e inovações decorrentes da Biotecnologia no Brasil. Para o leitor interessado naquilo que acontece em termos de inovação tecnológica e nossos vizinhos da América Latina, um interessante documento de referência foi publicado em 2005, sob o título: Inventário diagnóstico das biotecnologias no MERCOSUL e comparação com a União Europeia / BIOTECH ALA-2005-017-350-C2. Informamos abaixo os nomes e email dos membros da equipe conforme divulgado na internet, de forma a permitir que os estudantes consultem seus autores. Este trabalho, sob direção de Mario Albornoz (albornoz@ricyt.org), teve a Coordenação técnica de Felipe Vismara (fvismara@ricyt.org) e tratou os seguintes temas: Componente 1: Capacidades Coordenador: Lucas Luchilo luchilo@ricyt.org 34 UNIDADE I │ INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS Consultores: Isabel Bortagaray ib24@prism.gatech.edu Sergio Duarte gestec@conacyt.gov.py Mariano de Matos Macedo mariano@tecpar.br Victor Romanowski vromanowski@gmail.com Federico Villarreal fv@agro.uba.ar Marcos Bilen mbilen@unq.edu.ar Mario Moreira m.moreira@tecpar.br Componente 2: Legislação Coordenador: Juan Carlos Carullo jcarullo@fibertel.com.ar Consultores: Fabiana Arzuaga fabianaarzuaga@fibertel.com.ar Katya Evaristo de Jesús- Hitzschky katiaregi@gmail.com Daniel Pagliano dpagliano@gmail.com Componente 3: Instrumentos de Financiamento Coordenador: Ricardo Ferraro rferraro@fibertel.com.ar Consultores: Mariano de Matos Macedo mariano@tecpar.br Thomas Otter tho@tigo.com.py Silvia Peluffo apeluffo@csic.edu.uy Verônica Beyreuther vbeyreut@fibertel.com.ar Componente 4: Patentes Coordenador: Rodolfo Barrere rbarrere@ricyt.org 35 INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS │ UNIDADE I Consultores: Claudio Giacuzzo cgiacuzzo@gmail.com Sergio Duarte gestec@conacyt.gov.py Isabel Bortagaray ib24@prism.gatech.edu Componente 5: Bases de dados Rodolfo Barrere rbarrere@ricyt.org Lautaro Matas lmatas@ricyt.org Entre outros assuntos o documento trata de: Linhas públicas de financiamento para promover a biotecnologia nas empresas. Diagnóstico de instrumentos públicos de financiamento para empresas biotecnológicas. Capital semente, anjos e capital de risco e finaliza com Catálogos Nacionais de Instrumentos de Financiamento para a Biotecnologia, para a Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. <http://docs.biotecsur.org/informes/pt/inventario/7_financiamiento_ ms.pdf> (acesso em: maio/2014). Segundo a Lei de Inovação nacional brasileira, a União, as ICTs e as agências de fomento promoverão e incentivarão o desenvolvimento de produtos e processos inovadores em empresas nacionais e nas entidades nacionais de direito privado sem fins lucrativos voltadas para atividades de pesquisa, mediante a concessão de recursos financeiros, humanos, materiais ou de infraestrutura, a serem ajustados em convênios ou contratos específicos, destinados a apoiar atividades de pesquisa e desenvolvimento, para atender às prioridades da política industrial e tecnológica nacional. A concessão de recursos financeiros, sob a forma de subvenção econômica, financiamento ou participação societária, visando ao desenvolvimento de produtos ou processos inovadores, será precedida de aprovação de projeto pelo órgão ou entidade concedente. A concessão da subvenção econômica requer, obrigatoriamente, a contrapartida pela empresa beneficiária, na forma estabelecida em instrumentos de ajuste específicos. Em 2014 podemos avaliar que a lei de Inovação brasileira não teve nem a evolução nem o impacto necessários, principalmente por causa dos entraves burocráticos e protecionistas da cultura nacional. A dificuldade da transferência de recursos públicos para a iniciativa privada foi parcialmente solucionada, porém os resultados são pífios. 36 UNIDADE I │ INOVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS Em decorrência destes fracos resultados, está em tramitação, no Congresso Nacional, o chamado código de CT&I decorrente do Projeto de Lei no 2.177/2011. O Código para Ciência Tecnologia e Inovação busca regulamentar de forma mais adequada o sistema brasileiro de fi nanciamento público para inovação tecnológica. Por outro lado, recomenda-se aos estudantes que procurem acompanhar os relatórios de entidades internacionais em parceria com empresas nacionais como é o caso das entidades ABVCAP <http://www.abvcap.com.br/> e KPMG <https://www.kpmg.com/ br/pt/paginas/default.aspx> do Brasil. Nesses relatórios estão indicadas as tendências de investimento e evolução das indústrias nas diversas áreas. Uma Introdução à Propriedade Intelectual por Denis Borges Barbosa: <http://www.denisbarbosa.addr.com/arquivos/livros/umaintro2.pdf> (acesso em maio/2014) 37 UNIDADE II ASPECTOS PRÁTICOS DA INOVAÇÃO E DA PROTEÇÃO À PROPRIEDADE INTELECTUAL CAPÍTULO 1 A Lei de Inovação Brasileira e Prioridades Nacionais para Inovação A lei federal que cria as bases jurídicas para o uso de recursos públicos para inovação nas empresas é a Lei de Inovação no 10.973 de 2/12/2004. A principal financiadora de projetos de inovação tecnológica é a FINEP e o Manual Operacional de Inovação para o período 2012-2014 encontra-se disponível em <http:// download.finep.gov.br/politicaOperacional/politicaoperacionalcompleta.pdf> Para empresas adequadas estruturalmente, foi criado o sistema Projeto Inovar que se propõe a promover a inovação com as prioridades descritas abaixo na chamada Política Operacional que considera os seguintes setores econômicos e áreas de conhecimento como prioritárias: Tecnologias da Informação e Comunicação; Defesa; Aeroespacial; Petróleo & Gás; Energias Renováveis; Tecnologias Limpas; Complexo da Saúde; Desenvolvimento Social e Tecnologia Assistiva; Aeronáutico; Biotecnologia; Nanotecnologia; Novos Materiais. Embora a Biotecnologia seja mencionada especificamente, ela é transversal às outras áreas, englobando os setores Petróleo&Gas, Energias Renováveis, Tecnologias Limpas, Complexo da Saúde e integra as nanotecnologias. A FINEP <http://www.finep.gov.br> propõe-se a atuar: » revertendo a vulnerabilidade externa nos segmentos intensivos em tecnologia; 38 UNIDADE II │ ASPECTOS PRÁTICOS DA INOVAÇÃO E DA PROTEÇÃO À PROPRIEDADE INTELECTUAL » estimulando a implantação de atividades contínuas de P&D nas empresas; » elevando a competitividade da empresa brasileira; » apoiando a inserção de empresas inovadoras em mercados globais; » estimulando a participação do capital privado em inovação; » estruturando competências para lideranças futuras; e » estimulando a adoção de procedimentos que promovam a sustentabilidade. A seguir, está transcrito o texto disponível no sitio da internet da FINEP e que apresenta os financiamentos reembolsáveis e não reembolsáveis e as respectivas abrangências. “A Finep concede financiamentos reembolsáveis e não reembolsáveis. O apoio da Finep abrange todas as etapas e dimensões do ciclo de desenvolvimento científico e tecnológico: pesquisa básica, pesquisa aplicada, inovaçõese desenvolvimento de produtos, serviços e processos. A Finep apoia, ainda, a incubação de empresas de base tecnológica, a implantação de parques tecnológicos, a estruturação e consolidação dos processos de pesquisa, o desenvolvimento e a inovação em empresas já estabelecidas, e o desenvolvimento de mercados. Além disso, a partir de 2012 a Finep também passou a oferecer apoio para a implementação de uma primeira unidade industrial e também incorporações, fusões e joint ventures”. Os financiamentos reembolsáveis são realizados com recursos próprios ou provenientes de repasses de outras fontes. As empresas e outras organizações interessadas em obter crédito podem apresentar seus Planos Estratégicos de Inovação à Finep a qualquer tempo. A partir de 3 de setembro de 2013, elas devem acessar o hotsite em <http://finep. gov.br/> 30 dias, onde estão todas as informações necessárias para a obtenção de financiamento para investimento em inovação sob a forma de crédito, assim como o acesso a Portal da empresa em <http:// inovaempresa.finep.gov.br> destinado ao cadastro da empresa e de seu Plano Estratégico de Inovação para análise da Finep. Os financiamentos não reembolsáveis são feitos com recursos do Fundo Nacional de Ciência e Tecnologia - FNDCT, atualmente formado preponderantemente pelos Fundos Setoriais de C,T&I. Eles são destinados a instituições sem fins lucrativos, em programas e áreas determinadas pelos comitês gestores dos Fundos. As propostas de financiamento devem ser apresentadas em resposta a chamadas públicas ou encomendas especiais. As chamadas públicas em geral atendem a demandas da sociedade e as encomendas especiais seguem prioridades entendidas como estratégicas pelos dirigentes das instituições. 39 ASPECTOS PRÁTICOS DA INOVAÇÃO E DA PROTEÇÃO À PROPRIEDADE INTELECTUAL │ UNIDADE II A Finep também oferece apoio fi nanceiro para a realização de encontros, seminários e congressos de C,T&I e feiras tecnológicas, mas hoje o CNPq <http://www.cnpq.br> é o responsável pela seleção, avaliação e contratação das operações. A Finep também atua de forma cada vez mais intensa no apoio a empresas de base tecnológica. Desde 2000 desenvolve o Projeto Inovar, <http://capitalderisco.gov.br> que envolve amplo, estruturado e transparente conjunto de ações de estímulo a novas empresas, por meio de um leque de instrumentos, incluindo o aporte de capital de risco, indiretamente via fundos de capital de risco. Saiba mais sobre o assunto em questão, consultando a Política Operacional 2013-2014 <http://download.finep.gov.br/politicaoperacional/politicaoperacionalcompleta. pdf> da Finep (atualizada em 21/1/2014): <http://www.fi nep.gov.br/pagina. asp?pag=inovar> O Projeto Inovar contempla as seguintes iniciativas: Fórum Brasil Capital de Risco: Os Venture Foruns são rodadas de negócios entre empreendedores, em busca de capital de risco, e investidores, interessados em oportunidades de investimento. Os empreendedores participantes desses Fóruns apresentam e negociam seus planos com os gestores de fundos de capital de risco e investidores corporativos, a exemplo de “anjos”, bancos de investimento e fundos de pensão. As empresas recebem apoio da FINEP para elaboração de seus planos de negócios e assessoria em seus aspectos organizacionais, estratégico, fi nanceiro e jurídico; Incubadora de Fundos Inovar: Essa iniciativa tem por objetivo estimular a criação de novos fundos de capital de risco voltados para as empresas nascentes e emergentes de base tecnológica e atrair os investidores institucionais, especialmente os fundos de pensão. Conta com 2 Programas. Um, o Inovar Semente, que, criado em 2005, tem visado à estruturação de fundos de capital de risco voltados para empreendimentos em um estágio pré-operacional, muitas vezes ainda dentro de incubadoras e universidades. Na composição desse Programa, a FINEP entra com 40% dos recursos. Outros 40% são aplicados por um agente local e 20% por um investidor privado. Para atrair esse investidor, a FINEP garante que, caso os investimentos não alcancem o sucesso esperado, o valor nominal por ele aportado será devolvido. 40 UNIDADE II │ ASPECTOS PRÁTICOS DA INOVAÇÃO E DA PROTEÇÃO À PROPRIEDADE INTELECTUAL O outro Programa se refere a convites públicos para apresentação de propostas de capitalização de fundos de venture capital com foco em empresas nascentes e emergentes de base tecnológica. Essa iniciativa é promovida pela FINEP, em parceria com o Fundo Multilateral de Investimento do Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID/ Fumin, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae, o Fundo de Pensão dos Funcionários da Petrobras – Petros, a Bolsa de Valores de São Paulo – Bovespa, o Fundo de Pensão dos Funcionários da Caixa Econômica Federal – Funcef, o BB Banco de Investimentos S.A. – BB-BI e a Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil – PREVI. Segundo a FINEP, alguns resultados importantes podem ser contabilizados ao longo de 7 chamadas já realizadas, desde 2001: 79 propostas foram recebidas e 7 fundos privados foram aprovados, capitalizados e estão em operação (GP Tecnologia, StratusVC, SPTec, Rio Bravo Investech II, Novarum, CRP Venture VI e StratusVCIII); e 4 outros fundos foram aprovados e estão em fase de captação (JBVC I, FIPAC, Fundotech II e RB Nordeste. Até o início de 2014, a FINEP já tinha comprometido aproximadamente R$ 90 milhões em fundos de capital de risco. Desses fundos merecem destaques o StratusVC e Rio Bravo Investech II. O primeiro apoia projetos ambientalmente sustentáveis, nas áreas de ciências da vida, agronegócio e biotecnologia. As oportunidades de investimento vão desde a utilização crescente de materiais recicláveis em substituição aos derivados de petróleo, passando por nichos na área de energia e serviços de proteção ou recuperação do meio ambiente. O patrimônio total do fundo é de R$ 60 milhões. O segundo, o Rio Bravo Investech II, com um patrimônio inicial de R$ 20 milhões, está voltado para empresas dos setores de tecnologia da informação, telecomunicações, ciências da vida e meio ambiente. Fórum Brasil de Inovação: Visa atrair Instituições de Ensino Superior e/ou de Pesquisa para a execução de projetos de inovação tecnológica cujos resultados apresentem potencial de aplicação no mercado. Esse Fórum atua em três etapas do ciclo de inovação: pré-incubação, incubação e transferência de tecnologia dos projetos para as empresas. Portal Capital de Risco Brasil: Portal específico, estruturado pela FINEP, visando criar uma “comunidade de venture capital” entre empreendedores e investidores. 41 ASPECTOS PRÁTICOS DA INOVAÇÃO E DA PROTEÇÃO À PROPRIEDADE INTELECTUAL │ UNIDADE II Rede INOVAR de Prospecção e Desenvolvimento de Negócios: O objetivo dessa Rede é identifi car e apoiar oportunidades de investimento, de forma a aumentar o fl uxo de criação de empresas de base tecnológica com potencial de captação de capital de risco. Além da prospecção de empreendimentos nascentes, a Rede Inovar apoia o desenvolvimento de planos de negócios e presta serviços de consultoria a empresas de base tecnológica e gestores de fundos. Essa Rede é uma ação cooperada entre a FINEP, Sebrae, Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores - Anprotec, Sociedade Softex, CNPq e IEL- em nível nacional. Atua por meio de agentes regionais de desenvolvimento, que incluem as incubadoras de empresas de base tecnológica, Sebraes regionais, Núcleos Softex, Federações Estaduais de Indústrias, IEL estaduais, fundações de amparo à pesquisa e fundações universitárias. Desenvolvimento de programas de capacitação e treinamento de agentes de capital de risco, profi ssional com exigências técnicas específi cas relacionadas à área de P, D&I e ainda escassos no mercado. Pretendeu-se, no período, 2005-2011, apoiar cerca de 300 empreendimentos inovadores, com investimentos variando entre R$ 500 mil
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