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INTRODUÇÃO Este trabalho tem por finalidade sistematizar informações que contribuam para a conscientização dos educadores acerca das possibilidades de utilizar a prática lúdica, com ênfase em um processo de ensino e de aprendizagem que faça uso da ludicidade em seu desenvolvimento. A falta da ação de brincar (o lúdico) na educação é preocupante, pois, de acordo com Freire (1997), existem vários jogos e brincadeiras existentes na infância e na fantasia das crianças, mas que nem sempre são valorizadas pelas escolas. Acredita-se ser necessário conduzir a uma reflexão sobre a falta de seriedade em torno da brincadeira e poder desmistificar a irreverência da brincadeira e ponderar sobre sua dignidade no processo de aprendizagem. A alfabetização é uma etapa indispensável na formação intelectual do aluno. Segundo Soares (2002, p. 31), “[...] alfabetização é a ação de alfabetizar” e alfabetizar, por sua vez, “é tornar o indivíduo capaz de ler e escrever”. Durante muito tempo, pensou-se que codificar e decodificar o código era o suficiente para caracterizar um indivíduo como “alfabetizado”, e que o educador era o único responsável por transmitir para o aluno o conhecimento sobre o código alfabético. No entanto, atualmente, entende-se que o aprendizado deve acontecer na relação entre professor e aluno, na qual o professor é o mediador do conhecimento e os alunos não são apenas meros aprendizes, mas indivíduos com informações e conhecimentos que precisam ser levados em consideração no contexto escolar. Acredita-se, também, que o processo de alfabetização deve ultrapassar a codificação e a decodificação. Sabe-se, ainda, que o educando não aprende apenas na escola. Ao iniciar sua vida escolar o aluno já possui um conhecimento de leitura de mundo, que são conhecidos como conhecimentos prévios. Para Ausubel, Novak e Hanesian (1980), a interação entre novas informações e conhecimentos prévios pressupõe que os conceitos subsunçores constituam-se enquanto tais e potencializem a aprendizagem, apresentando como características a capacidade de discriminalidade, abrangência, disponibilidade, estabilidade e clareza, e efetiva-se no ambiente escolar, sobretudo por meio da aprendizagem de conceitos e de proposições (NOVAK, 1981). É com base nessa perspectiva que o professor tem a função de mediador desse conhecimento, através de práticas de alfabetização que estimulem a leitura e a escrita, de maneira que aconteça a aprendizagem efetiva na a vida dos alunos. A prática docente deve estar respaldada na vivência escolar, voltada para o desenvolvimento e preparação dos estudantes, segundo as exigências da sociedade e as condições reais predominantes na realidade. Neste sentido, Medeiros et al. (2012) menciona que as diferentes teorias e práticas do ato de ensinar articulam as finalidades individuais de educação e do homem, a um modelo de sociedade, por meio de atividade de quem vai ensinar, quem vai aprender, como vai ensinar, dos meios utilizados para ensinar, que contribuem para um ensino-aprendizagem dos alunos mediante as práticas e recursos pedagógicos utilizados para esse ensino. Nessa perspectiva, mediante estudos recentes, pode-se citar o lúdico como recurso pedagógico disponível para dar apoio nas dimensões reflexivas e estéticas. Rau (2007, p. 85) elenca o lúdico como contributo a aprendizagem em várias áreas do desenvolvimento. A autora lega que: O lúdico como recurso pedagógico direcionado às áreas do desenvolvimento e aprendizagem pode ser muito significativo no sentido de encorajar as crianças a tomar consciência dos conhecimentos sociais que são desenvolvidos durante o jogo, os quais podem ser usados para ajuda-los no desenvolvimento de uma compreensão positiva da sociedade e na aquisição de habilidades. É primordial que o educador seja como um agente facilitador no processo de ensino e de aprendizagem, para que a criança desenvolva a aprendizagem de forma prazerosa. Na atualidade, os docentes passam por uma fase desafiadora diante das novas tecnologias, necessita estar em constante formação e ir além de sua própria atualização na área, assim como buscar atividades de pesquisa, formação pessoal como ser humano e desenvolvimento global, conhecimento de políticas educacionais e de mundo. O trabalho pedagógico é um dos aspectos mais importantes do uso do lúdico como recurso pedagógico, que consegue transmitir um ensino e aprendizagem em todas as etapas do contexto educacional, desde a Educação Infantil até o Ensino Superior e contínuo. Valle (2011) menciona que o termo lúdico significa aquilo que se refere a jogos e brincadeiras, o qual se origina da palavra ludus, que significa jogo em latim. Dessa forma, nota- se que o lúdico e os jogos são palavras de significados muito próximo. No entanto, por várias razões os educadores recorrem aos jogos como um recurso no processo de ensino e de aprendizagem, pois o lúdico contribui de forma significativa para o desenvolvimento do ser humano, seja de qualquer idade, auxiliando na aprendizagem, no desenvolvimento social, pessoal e cultural, facilitando no processo de socialização, comunicação, expressão e construção do pensamento. Kishimoto (2006) ainda menciona que o lúdico como proposta metodológica no Ensino Superior se torna eficaz para a fixação de conteúdos e aprendizagem e até mesmo como modelo para futura práxis pedagógicas em sala de aula. [...] o jogo como função de aprendizagem desempenha duas funções: a lúdica e a educativa. Como função lúdica entende-se aquela que propicia a diversão, prazer e até o desprazer. Já a função educativa, faz com que o lúdico auxilie o aluno a completar seus saberes, seu ensino aprendizagem como futuro educador e suas apreensões de mundo (KISHIMOTO, 2006, p. 37). A ludicidade permite abranger aspectos significativos de aprendizagem e expandem a forma de construir o saber, de forma participativa e interativa, alinhando os conhecimentos prévios, formais e a serem adquiridos. Tendo em vista a importância da aplicação, em sala de aula, de atividades lúdicas, jogos e brincadeiras, como sustentado por diversos autores, percebe- se a necessidade de desenvolver um material didático que auxilie o professor a inseri-los em sua prática pedagógica. Portanto, almeja-se, nesta obra, apresentar recursos que possibilitem ao mediador suportes teoricamente embasados e que lhe permitam uma reflexão acerca da prática pedagógica adotada. Esperamos que o resultado deste trabalho seja de grande valia para os professores, mediadores, tutores, sempre em busca de novos conhecimentos de ensino e de aprendizagem. A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA VISÃO LUDOPEDAGÓGICA Por que brincar? Porque brincar é divertido, prazeroso e faz com que a criança sorria e se mobilize a querer aprender. Para o professor, há uma intenção pedagógica por trás de cada brincadeira. O brincar desenvolve os aspectos físico, moral e cognitivo, entre outros, mas necessita da orientação e mediação do adulto para que esse desenvolvimento ocorra. Durante as brincadeiras, a criança aprende a refletir e experimentar situações novas ou mesmo do seu cotidiano, sendo a ação de brincar um estímulo para que expresse suas emoções. Ao usar a imaginação e manusear os objetos existentes na brincadeira e nos jogos, a criança pode identificar o significado das palavras por meio do próprio objeto concreto. Através da brincadeira, a criança, embora não possua linguagem gramatical, consegue internalizar a definição funcional de objetos, e passa a relacionar as palavras a algo concreto. O ato de brincar estimula a imaginação que, ao entrar em ação, amplia a criatividade. A brincadeira se relaciona com o aparecimento gradativo dos processos da linguagem que, ao reorganizarem a vivência emocional, eleva a criança a um novo nível de processos psíquicos. A ludicidade (prática) é um fatorimportante para o desenvolvimento humano, sendo por meio da situação imaginária, entre outras coisas, que a criança pode se desenvolver gradativamente em um mundo social, cheio de regras. Portanto, ocorrem transformações durante o desenvolvimento da criança em consequência do brinquedo, sendo de suma importância a intervenção do professor, visando uma nova relação entre o campo do significado e o campo da percepção visual, ou seja, entre as situações do pensamento e as reais, para que a criança possa criar sua identidade. ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO ALFABETIZAÇÃO A alfabetização é definida como o processo de aprendizagem durante o qual se desenvolve a habilidade de ler e escrever de maneira adequada, e a utilizar esta habilidade como um código de comunicação com o seu meio. Ressalta-se a importância do desenvolvimento das atividades de alfabetização, que envolvem o aprendizado do alfabeto e dos números, a coordenação motora e a formação de palavras, sílabas e pequenas frases. A alfabetização consegue desenvolver também a capacidade de socialização do aluno, uma vez que proporciona novas trocas simbólicas com a sociedade, além de possibilitar o acesso a bens culturais e outras facilidades das instituições sociais. Por meio das atividades, o aluno consegue adquirir a habilidade de leitura, de compreensão de textos e da linguagem de maneira geral, incluindo a operação de números, que são competências necessárias para avançar aos níveis escolares seguintes. A incapacidade de adquirir a habilidade da leitura e da escrita é chamada de analfabetismo ou iliteracia. Existe também a incapacidade de compreensão de textos simples, que é chamada de analfabetismo funcional ou semianalfabetismo. LETRAMENTO Quando falamos em letramento, lembramos logo da palavra "letrado", que significa aquela pessoa erudita, conhecedora de língua e de literatura. Porém, atualmente o termo letramento tem outra conotação, que não se limita a essa definição. Originalmente, a palavra letramento é uma tradução para o português da palavra literacy, que vem do latim littera (letra), e com o sufixo -cy denota estado de quem aprende a ler e a escrever. O termo foi introduzido primeiramente por Mary Kato, em 1986, para atribuir um nome a um novo fenômeno começado a ser discutido no Campo das Ciências Linguísticas, com o objetivo de delimitar o impacto social da escrita dos estudos sobre alfabetização. Segundo Kleiman (1995), pode-se definir letramento como um conjunto de práticas sociais que se usam a escrita, enquanto sistema simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos e para objetivos específicos. Logo, pode-se afirmar que nem todos os adultos alfabetizados são letrados, isso porque o processo de alfabetização é algo contínuo que não se esgota. No entanto, os programas de alfabetização focam a ação de ensinar a aprender a ler e a escrever, sem que os alfabetizados incorporem práticas de leitura no dia a dia e sem adquirirem competências para usar essas habilidades nas diversas situações exigidas: ler livros, jornais, revistas, escrever bilhetes, cartas, ofícios, declarações, preencher formulários, encontrar informações em bulas de remédio, em listas telefônicas, em contas de água, de luz e de telefone. Por outro lado, uma pessoa adulta pode ser analfabeta, mas ser letrada, visto que mesmo sem saber ler e escrever, conhece as funções da leitura e da escrita na sociedade. Verifica-se isso quando analfabetos pegam ônibus corretamente, interpretam manuais de instrução de acordo com as figuras representadas, vendem produtos, compram, passam troco, dão medicamentos corretamente a pessoas enfermas, manuseiam aparelhos celulares e até conseguem identificar números de outros aparelhos celulares no ato das chamadas. Pode-se afirmar que uma criança que ainda não frequentou a escola é letrada, ou possui um certo grau de letramento, pois, por conviver em um contexto de prática social da escrita, ela vê pessoas lendo, ouve histórias, manuseia livros, jornais, revistas e, muitas vezes é comum essas crianças simularem que estão lendo ou que representam as letras impressas no papel ou escrevendo, mesmo sem serem alfabetizadas. Logo, tem se tornado necessário não apenas saber ler e escrever; é preciso saber fazer o uso dessas competências para as exigências impostas pela sociedade no dia a dia. Cabe à escola proporcionar situações em que o processo de alfabetização seja ampliado continuamente, e com acesso a livros, revistas, biblioteca, internet etc., com o intuito de ter pessoas alfabetizadas e também letradas. Como afirma Soares (2004), [...] o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse ao mesmo tempo alfabetizado e letrado. Assim, a relação ensino- aprendizagem a partir de uma perspectiva de letramento busca as questões culturais, as diversas situações comunicativas e a necessidade de interação entre o conhecimento que o aluno traz e o conhecimento escolar e a partir disso, aprende-se a ler o mundo. Mapa Mental sobre Fundamentos Teóricos do Processo de Aquisição da Leitura e da Escrita E aí, gostou do e-book?! O conteúdo dele foi retirado do livro Alfabetização e Letramento! Se quiser adquirir o livro é só clicar aqui! 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