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História Antiga Ocidental 02 1. A Civilização Grega 4 Partindo da Pré-História 4 Primórdios da Civilização Grega 5 Período Micênico 7 Período Arcaico 8 Atenas 9 Esparta 13 Período Clássico 15 Guerras Médicas 15 Guerra do Peloponeso 18 Período Helenístico 18 Cultura Grega 21 Religião Grega 24 Arte Grega 25 2. A Civilização Romana 28 A Origem de Roma 28 Monarquia 29 República 30 Império 33 Queda do Império Romano 34 3. Referências Bibliográficas 36 03 4 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL 1. A Civilização Grega Fonte: Antiguidade Clássica1 Partindo da Pré-História omumente vemos em materiais didáticos, periódicos e informativos a divisão entre pré- história e história. Por pré-história entende-se todo o período de interação humana anterior ao desenvolvimento da escrita, ou seja, povos ágrafos. Embora o homem primitivo fosse um ser histórico, os registros por ele produzidos eram ainda em forma de desenhos ou pinturas rupestres que 1 Retirado em: https://portaldahistoriaonline.wordpress.com/ representavam seus trunfos e derrotas, servindo como uma espécie de diário que mantinha vivas suas memórias. Pinturas Rupestres Fonte: R7 C 5 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL Porém, conforme BRAICK e MOTA essa definição é escassa e preconceituosa, pois: O conceito de pré-história, para muitos, expressa certo preconceito ao excluir da história os povos que não conheciam a escrita. Ainda hoje existem culturas que desconhecem a escrita e, apesar disso, são agentes de sua própria história. E isso também ocorreu no passado. Assim, se acreditamos que o sujeito da história é o ser humano, então ele fez história desde que surgiu no planeta. (2016, pág. 17) Com a mudança de hábitos o ser humano deixou de ser nômade e se estabeleceu em grupos em locais onde começou a dominar o plantio e a criação de animais, deixando de ser um mero coletor e caçador para se tornar um verdadeiro transformador do ambiente onde estava estabelecido. Com o excedente agrícola e consequente tempo para a reflexão foi possível o desenvolvimento das artes e da escrita, possibilitando assim mais fidedignidade aos registros que seriam passados à posteridade. A história ocidental, como chamada nesta apostila, recebe esse nome por ser centrada na Europa e nos seus antecedentes e é dividida em Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. O período conhecido como Idade Antiga é o mais extenso da tradicional cronologia histórica e é impossível falar de história antiga sem vir logo à mente a grandiosidade do império grego. Sua essência é sentida até aos dias atuais influenciando toda a cultura ocidental. Primórdios da Civilização Grega Incialmente, quando povos indo-europeus ocuparam os territórios do sul dos Bálcãs, da Península do Peloponeso e das ilhas do Mar Egeu, estes se depararam com uma região com extensa presença de montanhas, com o solo não tão produtivo e território peninsular. Esta realidade obrigou-os a extrair o maxímo que podiam dos recursos marítimos, com atividades como a pesca e as viagens marítimas com fins comerciais. A civilização cretense (ou minoica) saiu na frente neste sentido, dominando o comércio marítimo da região e influenciando lugares até a Grecia Continental. 6 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL Os gregos, embora mantivessem certa cultura em comum, possuíam cidades-estados independentes, e se unificavam quando julgavam necessário, principalmente para guerrar contra outros povos para manutenção ou expansão do seu território. Conforme demonstrado no atlas hisórico acima, o que entendemos por Grécia Antiga era composto por diferentes territórios, a saber: Grécia Peninsular, Grécia Insular e Grécia Continental. Devido aos movimentos de expansão, logo foram fundadas pólis (cidade- estado) ao longo da região do Mediterrâneo, dando origem à Grécia Oriental (ou Grécia Asiática) e ao sul do que hoje é a Itália, formando a Magna Grécia. Cada região possuía inúmeros dialetos, como mostra a imagem abaixo: Fonte: Domínio Público 7 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL Os gregos se autodenominavam helenos, pois habitavam uma região conhecida com Hélade. Tanto é que à difusão de culturas com origem grega chamamos helenismo. Período Micênico Umas das conquistas mais notórias do recorte temportal em questão é a conquista de Creta, subjugada pelo povo aqueu, que fundou a cidade de Micenas. A vitória sobre Creta foi facilitada pelo fato da região não ser circundada por muralhas e propriciou a formação de uma cultura miscigenada entre ambos os povos, conhecida por cultura creto- miscênica, além de motivar o exército grego a conquistar mais territórios, sendo o ponto de partida para as conquistas posteriores. Sobre esse período BRAICK e MOTA afirmam: De acordo com as narrativas míticas gregas, sob a hegemonia de Micenas os aqueus também conquistaram a cidade de Tróia, na Ásia Menor. Segundo essas narrativas, o conflito resultou do rapto de Helena, esposa de Menelau, rei de Esparta, pelo príncipe troiano Páris. (2016, pág. 88) Grandes obras da literatura mundial foram responsáveis por imortalizar essas lendas, como Ilíada e Odisseia de Homero. A Íliada recebeu esse nome pois os gregos chamavam Tróia de Ílion, e a Odisseia tem esse nome por contar a história de Odisseu (Ulisses) em seu retorno para casa. Segundo os relatos, como resultado deste rapto as cidades- estado gregas se reuniram e partiram a batalhar pela toamda de Tróia, porém, não obtiveram sucesso em invadir Tróia, dando um enorme cavalo de madeira como reconhecimento da supremacia troiana (o que faz sentido, pois a região possui muitos equinos), ocultando, entretanto, alguns de seus homens no interior oco deste cavalo, que durante a noite, saíram e abriram or portões pelo lado de dentro, possibilitando a vitória grega. Sobre esse assunto ROCHA afirma: A Ilíada [...] conta apenas o final da guerra. Acredita-se que esses fatos tenham acontecido trezentos anos antes do tempo de Homero. Não se sabe até que ponto os fatos narrados foram inventados pelo poeta, e até que ponto ele usou em sua narrativa lendas e histórias que se contavam sobre a guerra. 8 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL Em algumas passagens do poema há contradições entre os fatos; o estilo da narrativa às vezes também parece diferente do estilo de toda a obra. Por isso, há estudiosos que põem em dúvida a autoria de Homero. E alguns deles chegam a duvidar de que ele tenha existido. (2010, pág. 133) Daí a popularização das expressões “presente de grego” e “cavalo de tróia” significando um presente ou dádiva que traz prejuízo para quem a recebeu. Representação do Cavalo de Tróia Fonte: Filme “Tróia”, 2004. Não se sabem ao certo as causas que levaram a civilização micênica ao colapso, mas com sua decadência o poder que antes era centralizado nos palácios deu lugar a uma nova organização social, os genos, comunidades agrícolas autossuficientes, onde habitavam os assim chamados gentios. O período também é conhecido como Período Homérico devido à grande influência advinda das obras supracitadas. Período Arcaico No Período Arcaico surgiram as primeiras manifestações da arte grega. Estatueta do Período Arcaico Fonte: Pinterest 9 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL Houve também nesta época a consolidação das cidades-estado (pólis) dentre as quais se destacam Atenas e Esparta. Atenas Localizada no sul da Grécia, e sendo sua atual capital, Atenas foi um importante centropolítico da civilização grega. Inicialmente povoada por aqueus e posteriormente, por eólios e jônios. Quando se tornou uma cidade- estado inicialmente Atenas foi governada por uma espécie de monarquia. Quando o último basileu (nome dado ao proprietário mais poderoso que atuava com um rei) foi deposto, iniciou-se um regime oligárquico ("oligarkhía" do grego ολιγαρχία, literalmente, "governo de poucos"). Conforme FANTAGUSSI o que aconteceu em seguida foi o seguinte: Após a expansão ateniense, entre os séculos VIII a.C. e VI a.C., uma grave crise social mergulhou Atenas em violência. Buscou-se, assim, a organização jurídica. Nesse contexto, destacaram-se as figuras de dois grandes legisladores: Drácon e Sólon. O primeiro transformou em registro escrito o conjunto de leis baseado na tradição oral ateniense, reafirmando o poder da elite, os eupátridas. Já Sólon, aboliu a escravidão por dívidas, enfatizou o direito de qualquer pessoa prestar queixa, mesmo em nome de terceiros, de modo a corrigir uma injustiça, e propôs uma divisão censitária da sociedade, ou seja, de acordo com a renda de cada indivíduo. (2017, pág. 4) Busto de Sólon Fonte: História Livre Também foi Sólon o responsável por ampliar o acesso ao voto, incluindo os mais pobres na participação da Eclésia (assembleia popular que reunia os atenienses do sexo masculino com idade superior a 18 anos). 10 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL Infelizmente, as reformas propostas por ambos não surtiram bons efeitos, mas aumentaram a desigualdade social causando revoltas que abriram espaço para governos autoritários, as chamadas tiranias. Conforme BRAICK e MOTA: As reformas implementadas por Sólon não foram suficientes para conter as agitações sociais. Em 546 a.C., Pisístrato, apoiado pelo povo, tornou-se o primeiro tirano de Atenas. Em seu governo, empreendeu uma reforma agrária, distribuindo terras e créditos aos camponeses pobres, realizou obras públicas geradoras de empregos, incentivou as artes e prestigiou festas esportivas e religiosas. Começou nesse período a projeção de Atenas como grande centro comercial e cultural da Grécia. (2016, pág. 90) Em 510 a.C., devido à instabilidade social e política, Clístenes, apoiado pelo povo, retirou do poder o último dos tiranos, instalando em Atenas as condições favoráveis para o desenvolvimento da democracia, isto é, o governo popular (do grego antigo δημοκρατία (dēmokratía ou "governo do povo"), que foi criado a partir de δῆμος (demos ou "povo") e κράτος (kratos ou "poder"). Para impedir que os tiranos retornassem ao poder, ou até que novos tiranos se levantassem, Clístenes criou a lei do ostracismo, que bania da região por dez anos qualquer pessoa que ameaçasse a democracia ateniense. A democracia ateniense não era representativa, como acontece em muitos países nos dias atuais, mas direta, isto é, os atenienses não escolhiam pessoas para representar seus direitos por um mandato com período de tempo determinado, mas todos os cidadãos, diretamente, participavam das decisões políticas e públicas relativas à cidade-estado. Conforme o famoso filósofo estagirita Aristóteles: O princípio fundamental do governo democrático é a liberdade; a liberdade, diz-se, é o objeto de toda democracia. Ora, um dos característicos essenciais da liberdade é que os cidadãos obedeçam e mandem alternativamente; porque o direito ou a justiça, em um Estado popular, consiste em observar a igualdade em relação ao número, e não a que se regula pelo mérito. Segundo essa ideia do justo, é preciso forçosamente que a soberania resida na massa do povo, e que aquilo que ele tenha decratado seja definitivamente firmado como o direito ou o justo por excelência, pois que se pretende que todos os cidadãos têm direitos iguais. (2011, págs. 248 e 249) 11 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL Todos os cidadãos poderiam participar da política, mas nem todos poderiam ser cidadãos em Atenas. A cidade grega desvalorizava o trabalho braçal tratando-o com inferioridade se comparado à atividade intelectual. Entendia-se que, para participar bem da política deveria se cultivar a ociosidade. Eram considerados cidadãos atenienses os homens, maiores de dezoito anos, livres e filhos de pai e mãe atenienses. FANTAGUSSI demonstra a exclusão social gerada pelo sistema ateniense e ao mesmo tempo a igualdade do poder de decisão entre os mais abastados e os demais cidadãos ao declarar: Por volta de 430 a.C., a região possuía cerca de 310 mil habitantes, dos quais 40 mil eram cidadãos. A democracia ateniense, portanto, excluía alguns grupos, como as mulheres, os estrangeiros (chamados metecos) e os escravos. Apesar disso, o sistema dava direito a pequenos proprietários e camponeses de tomarem decisões junto aos grandes proprietários (eupátridas). É nisso que residia a força da democracia antiga: nela, os relativamente pobres tinham o mesmo poder de decisão que os mais ricos. (2017, pág. 4) Na Ágora, uma espécie de assembleia situada no centro de Atenas, eram resolvidos os casos mais importantes da pólis, como os tratados, as finanças, a legislação, situações de guerra e paz, as obras públicas, a religião e as festas. Ruínas de uma Antiga Ágora Fonte: Viajonários Como a sociedade foi organizada para os homens, além de não votar, mulheres não possuíam direito a sair de casa desacompanhadas, exercer funções e cargos políticos ou receber heranças. Seu principal papel era o casamento, a reprodução e as atividades do lar. Caso se casasse com um ateniense que possuía escravos as tarefas domésticas poderiam ser designadas a estes. Além da Ágora, atenas possuía outra instituição política, integrada por sorteio que pagava salários aos integrantes, a Bulé (ou Boulé). Para 12 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL participar deste conselho que tinha por atribuições supervisionar e analisar os projetos de lei era necessário possuir mais de trinta anos. Ruínas de uma Antiga Bulé Fonte: Thought Co O estadista Péricles se dastacou neste perído, sendo inclusive, o responsável por estabelecer a isonomia (igualdade de todos perante a lei) isegoria (igualdade de direito a palavra na assembleia) e isocracia (igualdade de participação no poder). Em sua administração iniciou-se o Período Clássico em Atenas e a força da pólis neste período foi tão grande que o século V a.C. ficou conhecido como o século de Péricles. Apesar de não durar muito tempo e ter suas restrições a democracia ateniense ainda hoje serve de modelo e conserva o respeito por ter sido instaurada em um período antigo, sendo revolucionária e participativa. A sociedade ateniense era dividida em cidadãos, metecos e escravos. Os cidadãos eram proprietários da maioria das terras e os únicos possuidores de controle político. Os metecos eram homens livres que não tinham nascido em atenas, ou que os pais haviam nascido em outra localidade. Muitos trabalhavam com artesanato, arte e comércio e conseguiam se tornar ricos, mas não podiam se casar com cidadãos, além de pagarem um imposto somente para viver na cidade. Representação da Sociedade Ateniense Fonte: História 7 A base da sociedade eram os escravos, que faziam as mais variadas funções dentro do território ateniense. Um indivíduo livre poderia se tornar escravo se fosse prisioneiro de guerra, ou se não conseguisse quitar suas dívidas. 13 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL Já os nascidos de escravos também estavam condenados à escravidão. Conforme apresenta o historiador e arqueólogo FUNARI: Os escravos de Atenas eram em sua maioria prisioneiros de guerra (gregos ou “bárbaros”, como eram chamadospejorativamente os não gregos) e seus descendentes, considerados não como seres humanos dignos, mas como “instrumentos vivos”. Dos escravos, cerca de 30 mil trabalhavam nas minas de prata, das quais se extraía metal para armamentos, ferramentas e moedas, 25 mil eram escravos rurais e 73 mil eram escravos urbanos empregados nas mais variadas tarefas e ofícios, permitindo que seus donos se ocupassem dos assuntos públicos. (2002, pág. 38) Conforme evidenciado, sem o trabalho escravo não teríamos conhecido a Antiga Grécia como ela foi, pois seu desenvolvimento está intimamente ligado ao seu trabalho. Esparta Fundada na Lacônia, na Península do Peloponeso pelos dórios no século IX a.C., Esparta, diferente das demais regiões da Grécia, apresentava terras férteis. Por ser uma região cobiçada devido à sua fertilidade, os dórios optaram por manter uma ação militar contínua, encontrando na guerra o sentido de sua existência e sua vocação. A política espartana era controlada por uma oligarquia guerreira que dominava o Estado e a propriedade da Terra e maior preocupação dos espartanos era formar elementos permanentes do seu exército. O local de calorosos debates era conhecido como “Apela” e reunia os cidadãos e soldados maiores de trinta anos. Ali eram votadas as leis e se elegiam vinte e oito homens maiores de sessenta anos (gerontes) que seriam os responsáveis pela elaboração das leis a serem votadas. Fonte: Seguindo os Passos da História Cinco membros, os chamados éforos (vigilantes), eram eleitos 14 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL anualmente para comandar as reuniões da Gerúsia e da Ápela, além de fiscalizar a vida pública e econômica dos cidadãos. Esparta era governada por dois reis simultaneamente, o que é chamado de diarquia. Os reis eram os comandantes supremos do exército espartano e desempenhavam funções religiosas, atuando como sumo-sacerdotes e juízes supremos. A sociedade era composta por três grupos distintos, os espartanos, periecos e hilotas. Os espartanos, ou esparciatas, eram a minoria e a elite da cidade. Mantinham uma rígida disciplina militar, detinham o poder político e eram donos da maior parte da cidade, por serem descendentes dos dórios. Os periecos eram os antigos habitantes da Lacônia, eram homens livres que não possuíam direitos políticos, e dedicavam-se ao comércio e à produção de artesanatos, sendo alguns deles produtores e proprietários de terras. Os periecos pagavam um imposto obrigatório por permanecerem em Esparta e não podiam se casar com esparciatas. Caso fosse incorporados no exército espartanos desempenhariam funções inferiores às dos espartanos e seus cargos também seriam menores. O terceiro grupo era o dos hilotas. Eram servos do Estado que não possuíam terras, tendo que trabalhar para os espartanos. Não possuíam direitos políticos nem proteções legais e constantemente sofriam maus-tratos. Além do fato de terem que pagar impostos aos patrões. Assim como em Atenas, a maior parte da sociedade era composta pelo grupo mais explorado, os hilotas. Preocupados com sua proteção e a manutenção da terra, a educação espartana, desde muito cedo (inciando aos sete anos de idade) visava o treinamento militar e a excelência do corpo. Fonte: Pinterest 15 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL As crianças e adolescentes, educadas pelo Estado, sofriam privações como o frio, a fome e a sede, além de muitos castigos físicos, para estarem preparados para a guerra. As que mais se destacavam durante o período de treinamento se desenvolviam até se tornarem hoplitas, isto é, membros da farça espartana. As mulheres possuíam certa liberdade em Esparta, podendo andar sozinhas nas ruas, comparecer às reuniões públicas e compartilhar com o marido a administração do lar, embora não fossem possuidoras de direitos políticos. Também recebiam rigosos treinamentos físicos. Período Clássico Esse período foi marcado por guerras e conflitos. O povo grego, embora possuísse costumes semelhantes, adorasse os mesmos deuses e falasse a mesma língua, era composta por cidades-Estado que eram independentes umas das outras, o que gerava por vezes conflitos internos. Além das disputas que ocorriam dentro da Grécia, por vezes, os gregos tinham que lidar com ameaçar externas, ataques de outros povos que queriam conquistar seus territórios. Guerras Médicas Junto com o mundo grego outros povos se desenvolviam e entre os séculos VI e V a.C. um dos que mais se destacavam na conquista de outros povos e nas guerras eram os persas. Neste mesmo período, liderados por Dario e posteriormente por Xerxes, eles conquistaram as colônias gregas da Ásia Menor e já ameaçavam a Grécia Continental. As guerras entre os dois povos são conhecidas como Guerras Greco-Pérsicas ou Guerras Médicas, pois os gregos chamavam os persas de medos. Os persas eram conhecidos por sua tolerância, por tentarem evitar a guerra oferecendo a chance de rendição aos adversários, por aceitarem que os povos vencidos mantivessem sua cultura e organização social, desde que pagassem seus impostos, mas também por seu mui numeroso exército e poderio militar, que, caso a diplomacia falhasse, logo entraria em ação. Para resistir a tamanho poderio militar as cidades-estado gregas deixaram suas desavenças de lado formando a Liga de Delos, uma associação militar visando a resistência aos persas e demais inimigos. 16 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL Foi com esse exército unificado que os gregos, liderados por Milcíades, venceram a importante batalha de Maratona, cidade distante cerca de quarenta e dois quilômetros de Atenas, e conta a lenda, após a vitória, um soldado por nome Filípedes correu até Atenas para comunicar da vitória, onde chegando morreu de exaustão. Ainda hoje maratona é o nome que se dá a uma corrida que tem o trajeto de quarenta e dois quilômetros, sendo a única modalidade esportiva que teve sua origem em uma lenda. Fonte: Blog do Enem Com a resistência grega e a rebelião das colônias da Ásia Ocidental apoiadas por Atenas, o rei persa Dario decidiu castigar os atenienses e planejou um ataque, que foi mal sucessido, pois, embora em número menor, os gregos obtiveram êxito em chegar a Atenas antes que a frota de Dario a atacasse. O rei Dario começou a planejar então uma nova arremetida que nunca chegou a realizar, pois faleceu antes, deixando a incumbência a Xerxes, seu filho que ascendeu ao trono. Sob o seu comando um numeroso exército realizou uma nova ofensiva, desta vez derrotando os espartanos na Batalha das Termópilas e, posteriormente, incendiando Atenas. O mito da bravura de Leônidas e seus 300 homens que morreram pelejando bravamente contra os Persas foi contado por Heródoto e perpetuado através de inúmeros livros, peças de teatro e filmes. Segue-se um treço da obra História, onde o fato é narrado: Os espartanos enviaram na frente Leônidas, com seus trezentos homens, a fim de encorajar com essa conduta o resto dos aliados e com receio de que eles abraçassem a causa dos persas, vendo a lentidão dos primeiros em socorrer a Grécia. [...] os outros aliados [...] como não esperavam combater tão cedo nas Termópilas, tinham-se limitado a enviar um pequeno número de tropas de vanguarda. [...] Xerxes [...], depois de haver esperado algum tempo, pôs-se em marcha [...]. Descendo a montanha, os bárbaros e o soberano aproximara-se do 17 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL ponto visado. Leônidas e os gregos, marchando como para uma morte certa, avançaram muito mais do que haviam feito antes, até o ponto mais largo do desfiladeiro, já sem a proteção da muralha.Nos encontros anteriores não haviam deixado os pontos mais estreitos, combatendo sempre ali; mas neste dia a luta travou-se num trecho mais amplo, ali perecendo grande número de bárbaros. Os oficiais destes últimos, colocando-se atrás das fileiras com o chicote na mão, impeliam-nos para a frente à força de chicotadas. Muitos caíram no mar, onde encontraram a morte, enquanto lançavam-se contra o inimigo com inteiro desprezo pela vida, mas vendendo-a a alto preço. A maioria deles já tinha as suas lanças partidas, servindo-se apenas das espadas contra os persas. [...] Leônidas foi morto nesse encontro, depois de haver praticado os mais prodigiosos feitos. Com ele pereceram outros espartanos de grande valor [...]. Os persas perderam também muitos homens de primeira categoria [...]. (1950 pág. 597 e 604, vol. 2) Uma importante batalha vencida pelos gregos foi a que ocorreu em Salamina, onde o número inferior dos gregos não os impediu de desbaratar os persas, fazendo com que o exterso número de soldados persas fosse obrigado a fugir e que Xerxes tivesse que retirar suas tropas dos territórios gregos. Ao vencer essa decisiva batalha os gregos encontraram o ânimo necessário para dar continuidade à guerra e decidiram perseguir os persas em todas as cidades gregas da costa asiática e da região do mar Egeu, porém, os espartanos, que eram a grande força militar da liga de Delos, se opuseram à ideia e deixaram a liga, temendo uma nova invasão da região do Peloponeso. A vitória grega através de uma liga liderada por Atenas fez com que os atenienses se utilizassem dos recursos disponíveis para reconstrução e embelezamento da cidade, levando seus costumes através de uma espécie de imperialismo, submetendo as demais cidades ao seu domínio. Foi neste período inclusive, que foi erigido o Parthenon (Παρθενών), grande templo dedicado à deusa Atena. Parthenon Fonte: Ancient History 18 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL Guerra do Peloponeso Insatisfeitos com o domínio ateniense, algumas cidades gregas como Corinto, Mégara e Tebas uniram-se a Esparta fundando a liga de Peloponeso, importante organização militar que guerreou contra os abusos cometidos por Atenas. Fonte: Aventuras na História A guerra se iniciou em 431 a.C. e durou longos vinte e sete anos, culminado com a vitória espartana na batalha de Egos Potamos. Após uma série de conflitos internos ambas as ligas gregas se encontravam exaustas, sem estabilidade política e vulneráveis a um ataque, e foi justamente o que aconteceu, logo as forças de Tebas, comandadas por Epaminondas e seus aliados derrotaram atenienses e espartanos, iniciando um domínio na região que perdurou por nove anos. Em 362 a.C os espartanos se aliam aos antigos inimigos atenienses e vencem os tebanos na batalha de Mantineia, tornando assim todo o território grego frágil devido às guerras fraticidas, possibilitando a invasão por um povo desprezado pela Grécia, os macedônios, dando início ao Período Helenístico. Período Helenístico O responsável pela invasão do território grego foi o rei Filipe II, que conseguiu a façanha graças à vitória na Batalha de Queroneia, ocorrida em 338 a. C. Busto de Filipe II, Rei da Macedônia Fonte: National Geographic 19 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL Império Macedônico no século IV a.C. Fonte: Incrível História O período recebe esse nome, pois, embora as cidades gregas tivessem sido dominadas pelos macedônicos a cultura helenística (da Hélade, ou seja, grega) permaneceu preservada e valorizada. O sucessor de Filipe II, seu filho Alexandre Magno (Ἀλέξανδρος ὁ Μέγας), que viria a ser conhecido como “Alexandre, o Grande” foi o responsável por consolidar a dominação da Grécia e conquistar os territórios Persas, tornando-se senhor do maior Império formado até então. Busto de Alexandre, o Grande Fonte: Superinteressante 20 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL Alexandre tinha por professor o filósofo grego Aristóteles, e, em apenas três anos, de 334 a 331 a.C., ele colocou os domínios de Dario III baixo seu controle. Bateu os persas em Granicus, em Issus, e em Gaugamelas, fazendo ainda, a caminho do Egito, capitular a cidade de Tiro, no Líbano, após tê-la submetido a um sitio formidável. Ao entrar em Persépolis, a capital do imperador derrotado, em 330 a.C., ordenou que incendiassem o palácio real. Vingou a queima do Partenon de Atenas, feita pelos soldados de Xerxes um século e meio antes. Sem dúvidas, a campanha do macedônio foi espantosa. Conforme BRAICK e MOTA, o expansionismo alexandrino só foi possível, pois: [...] Alexandre, intitulou-se libertador dos territórios conquistados, procurando evitar rebeliões capazes de desgastar seu processo de expansão. Respeitou as instituições políticas e religiosas dos povos vencidos e promoveu casamentos entre seus oficiais e mulheres das populações locais. Ele próprio desposou uma princesa persa. A fusão dos valores gregos com as tradições das várias regiões asiáticas conquistadas deu origem a uma nova manifestação cultural, o helenismo. Seus principais centros eram as cidades de Pérgamo, na Ásia, e Alexandria, no Egito, fundada pelo próprio Alexandre. Na cidade de Alexandria havia centenas de teatros, um museu e uma vasta biblioteca, a maior da Antiguidade. (2016, pág. 96.) Entretando, após a morte de Alexandre, com seus trinta e dois anos, o Império Macedônico se desintegrou, dando origem a quatro monarquias, sendo: Grécia, Egito, Ásia Menor (região da atual Turqia) e Ásia Central (atual Irã). Fonte: Wordpress Seus generais assumiram partes de seu território e Cassandro, que ficou com parte da Grécia, ordenou, sete anos após a morte do imperador macedônico, a execução daquela que tinha sido sua esposa Roxana, sua mãe Olímpia e de um de seus filhos, Alexandre IV. 21 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL Cultura Grega A influência grega ainda permeia as sociedades modernas, seja em centros de cultura, museus, exposições, ou até mesmo nas ideias que foram transmitidas e configuram o imaginário comum. Conforme BRAICK e MOTA: Algumas expressões do nosso vocabulário como “complexo de Édipo”, “presente de grego”, “calcanhar de Aquiles”, “caixa de Pandora” e muitas outras mostram que a cultura grega antiga atravessou os séculos e ainda sobrevive no mundo ocidental. (2016, pág. 97) Nas Ciências Humanas destacam-se muitos nomes gregos, como Tales da cidade de Mileto, que é o filósofo mais antigo conhecido. Fonte: Toda Matéria Tales afirmava que a arqué (ἀρχή), ou seja, o elemento primordial e presente em toda a matéria, era a água, e outros nomes seguiram a base de seu raciocício, simplesmente substituindo a arqué por outra que acharam ser mais lógica e conveniente. Esse grupo veio a ser conhecido como filósofos da natureza (Φysis), pois suas aquietações filosóficas debruçavam- se sobre o mundo natural. Um século depois os sofistas se popularizam na Grécia, cobrando para ensinar retórica e informando não haver verdade absoluta, sendo o nome mais destacado do grupo o sábio Protágoras, autor da frase que ainda perdura: “O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são. ” Fonte: Filosofia na Escola Um filósofo que não pode deixar de ser mencionado é Sócrates, que discordava veementemente dos sofistas. Filho de uma parteira, Sócrates dizia que ajudava os homens a dar à luz a novas ideias, como sua mãe dava à luz a crianças. O método socrático consistia em fazer perguntas para que o seu interlocutor duvidasse do 22 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTALseu conhecimento de verdade, podendo assim, aprender, visto que não sabia. Famosa Pintura “A Morte de Sócrates”, por Jacques-Louis David, representa o triste fim de Sócrates, obrigado a beber cicuta (um tipo de veneno) por ter sido acusado de corromper os jovens e de ateísmo Fonte: Brasil Escola O filósofo não deixou registros escritos, e grande parte do que se sabe sobre ele foi-nos transmitido pelos escritos de Platão, seu discípulo e amigo. Platão, sem dúvidas, é outro filófoso grego que influenciou inúmeros pensadores ocidentais, dentre os quais, podemos destacar Santo Agostinho de Hipona na Idade Média. Segundo o pensador os homens estão presos em uma falsa realidade e é papel dos filósofos trazê-los ao despertar. Foi o responsável pela criação da Academia de Atenas, grande centro de conhecimento onde o diálogo era estimulado. Seu verdadeiro nome era Arístocles, mas tornou-se conhecido como Platão por possuir ombros largos (Πλάτων, em grego, significa ombros largos). Fonte: R7 Aristóteles é o discípulo mais promissor de Platão, sendo considerado o pai da lógica. Fonte: InfoEscola 23 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL Suas obras serviram de base para filósofos do período medieval fazerem sua defesa racional da existência de Deus, sendo Tomás de Aquino o apologeta católico e Avicena e Averróis os responsáveis pela defesa do islamismo. Santo Tomás de Aquino Fonte: Medium Os gregos também nos deixaram grandes historiadores como Heródoto que relatou sobre as guerras médicas e Tucídides que escreveu sobre a Guerra do Peloponeso. Fonte: Mastro Virtuale Mas os gregos não nos deixaram um legado somente no campo das ciências humanas. Durante o período helenístico o matemático Eratóstenes calculou a medida da circunferência da Terra. Fonte: Superinteressante 24 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL Euclides de Alexandria desenvolveu a geometria que leva seu nome (euclidiana) descrevendo corpos em duas e três dimensões. Fonte: Alto Astral Pitágoras descobriu o teorema que leva seu nome que calcula a relação matemática entre os comprimentos dos lados de qualquer triângulo retângulo. Fonte: Freemason Arquimedes descobriu a roldana, leis de flutuação de corpos, o Parafuso de Arquimedes e o princípio da alavanca. Sendo sua a célebre frase: “Dê-me uma alavanca e um ponto de apoio e levantarei o mundo. ” Fonte: National Geographic Religião Grega Os gregos eram politeístas, com características antro- pomórficas, ou seja, embora dotados de poderes sobrenaturais tinham paixões humanas como a raiva o ódio e a vingança. A religião grega era essencialmente cívica, isto é, 25 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL ligada à cidade, sendo que cada uma das pólis possuía seu deus protetor. Os deuses gregos vez ou outra se relacionavam com as humanas, dando origem a heróis e semideuses como Hércules, Aquiles, Minos, Orpheu, Prometeus, etc. Em geral, os heróis tinham poderes divinos, mas eram mortais como os humanos. São exemplos de deuses que pertenciam o panteão grego: Afrodite, Apolo, Ares, Ártemis, Atena, Deméter, Dionísio, Hefesto, Hera, Hermes, Poseidon, Zeus. Estátua em homenagem a Poseidon Fonte: InfoEscola Arte Grega Os gregos também nos legaram grandes obras nas artes. O próprio teatro é uma criação grega, baseado em festas que eram ligadas a Dionísio, deus do vinho. Tais festividades envolviam sacrifícios, danças, músicas e poesias. Delas originaram-se os dois gêneros clássicos do teatro grego: a tragédia e a comédia. Conforme BRAICK e MOTA destacam-se entre os poetas trágicos: Ésquilo (c. 525-456 a.C.): exaltou a glória de Atenas em Os persas, Os sete contra Tebas e a trilogia Oréstia. O teatro de Ésquilo apresentou importantes inovações, como o uso de um segundo ator, além do protagonista e do coro, permitindo enredos mais complexos e conferindo maior veemência dramática à tragédia. Sófocles (c. 496-406 a.C.): autor de obras como Antígona, Édipo rei e Electra, mostrou a influência dos desígnios divinos na vida dos homens. A obra Édipo rei o consagrou como o maior poeta trágico da sua época. Sófocles inovou a técnica teatral ao inserir um terceiro ator no palco, 26 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL ampliando o número de personagens. Eurípedes (c. 480-406 a.C.): autor de Medeia, Hipólito, Andrômaca e As troianas, manifestou grande interesse pelas paixões e misérias humanas e, em especial, pelas personagens femininas. Eurípides foi o primeiro autor trágico a dar destaque às mulheres, por considerá-las mais sujeitas a emoções, como a ternura, o ódio e a paixão. A comédia tratava da vida de personagens menos elevados a estava voltada para os costumes e os assuntos do cotidiano. Um dos autores mais expressivos foi Aristófanes (445-386 a.C.), que escreveu A paz, As vespas e As nuvens, entre outras obras. Aristófanes destacou-se por suas sátiras sociais e políticas. Em seus enredos não poupava figuras ilustres, instituições nem deuses. No campo da escultura, o grande destaque foi Fídias (490-430 a.C.), que, no tempo de Péricles, embelezou Atenas com estátuas e monumentos. Há relatos indicando que a pintura em painéis de madeira e paredes eramuito frequente e apreciada pelos gregos. Fonte: Pinterest Mas os vestígios de material artístico mais comuns são os vasos e as taças de cerâmica. Neles, os gregos registraram cenas do cotidiano, celebrações, guerras e cenas míticas. 28 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL 2. A Civilização Romana Fonte: Melhores Destinos A Origem de Roma oma possui basicamente duas origens: uma mitológica e uma histórica. De acordo com a famosa lenda, dois irmãos gêmeos, Rômulo e Remo, foram abandonados num cesto no rio Tibre e salvos da morte por uma loba, que os amamentou até que um pastor os recolheu e criou. Quando cresceram, fundaram a cidade de Roma em 753 a.C., e Rômulo foi seu primeiro rei. Esta versão foi contada por Tito, Lívio e Virgílio. Historicamente a Península Itálica foi sucessivamente ocupada por diversos povos, dentre os quais destacamos os gregos, os latinos, os samnitas, os sabinos e os etruscos, que em grande parte urbanizaram a cidade de Roma. BRAICK E MOTA informam sobre os etruscos: No período em que governaram, foram construídos canais de drenagem para secar os pântanos nas planícies romanas, e a área do Fórum foi transformada no centro da cidade – local estabelecido para o mercado e a organização das assembleias políticas (2016, pág. 104) R 29 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL Antigos Povos da Península Itálica Fonte: Nova Escola Loba Capitolina e os gêmeos Rômulo e Remo Fonte: Domínio Público Monarquia Roma foi governada desde sua fundação por uma monarquia. Neste período, a cidade era basicamente divida entre patrícios e plebeus. Os patrícios eram os ricos proprietários de terras e gado, formando a elite econômica e controlando o poder político, já que dominavam o Senado. Os plebeus eram homens livres que não possuíam direitos políticos, compunham a camada social de pequenos agricultores, comerciantes e artesãos. Embora compusessem a maior parte da população, o fato de não possuirem direitos à participação política vez ou outra os levava a gerar graves tensões sociais. Alguns plebeus eram chamados de clientes, pois viviam sob o domínio dos patrícios, buscando proteção e apoio dos mais ricos. Embora existissem escravos na Roma Antiga, estes eram uma pequena parte da população. Eram a forçade trabalho e se encontravam em todos os setores de trabalho, seja manual ou não. Era comum neste período existir escravos professores, médicos e artistas. BRAICK E MOTA informam que: Durante a monarquia, o Senado era o conselho reunia os chefes das famílias patrícias de Roma, e sua principal tarefa consistia em eleger o rei; contudo, o rei tinha poderes limitados, tanto que cabia aos comícios aceitar ou não o rei eleito. (2016, pág. 104) O último rei etrusco, Tarquínio, foi retirado do poder pelos patrícios, que estabeleceram o regime republicano. 30 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL República No período republicano, que durou de 509 a 527 a.C. o poder esteve centralizado no Senado. O período foi marcado pela oligarquia, onde uma poderosa elite decidia os rumos da República. Os cargos mais importantes na república romana eram o consulado e o pretorado. Os cônsules eram nomeados aos pares, comandavam o Exército, dirigiam o Estado e convocavam o Senado. Já os pretores eram encarregados pela justiça. Existiam também censores, questores e edis. Os censores realizavam o censo da população e vigiavam os costumes. Os questores arrecadavam dinheiro público através da cobrança de impostos. Os edis realizavam obras públicas, organizavam festas cívicas e religiosas e eram responsáveis pelo policiamento da cidade. Existiam três tipos de assembleias em que o povo poderia exercer seus direitos políticos: a centúria, o sistema das tribos e o concílio da plebe. Mas mesmo com direito a voto o sistema era desigual, conforme demonstra FUNARI: Embora o poder estivesse, em termos formais, dividido entre Senado e povo, a influência dos senadores predominava, pois, as assembleias populares mais importantes eram aquelas que reuniam os homens em armas e nas quais os poderosos tinham muito mais votos do que os simples camponeses. (2002, pág. 103) Nas centúrias os cidadãos eram divididos de acordo com sua posição social e riquezas. Eram nestas reuniões que se elegiam os censores, pretores e cônsules. No sistema de tribos a população era dividida em tribos rurais e urbanas e elegiam seus questores e edis. No concílio da plebe eram eleitos os tribunos da plebe e os edis da plebe. A desigualdade política retratada por Funari resultou em uma revolta por parte dos plebeus, que, em 494 a.C. ameaçaram não participar mais do exército caso suas reivindicações não fossem atendidas. Quarenta e quatro anos mais tarde foram publicadas as leis escritas em placas de bronzes e que ficaram expostas a toda a população, conhecidas como Leis das Doze Tábuas. Essas tábuas constituem a oriegem do direito romano e versavam sobre organização e procedimento judicial, normas para os inadimplentes, poder pátrio, sucessão e tutela, propriedade, servidões, delitos, direito público e direito sagrado, além de alguns assuntos complementares. 31 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL O período de expansão romana começou no século V a.C. e FANTAGUSSI assim o descreve: Entre os séculos V a.C. e III a.C., ocorreu a expansão geográfica e comercial de Roma. A conquista se iniciou pelos povos da própria península e estendeu-se até a Península Ibérica, passando por parte do que hoje é a França e a Grécia. Os romanos dominaram também o norte da África e parte da Ásia Menor. Essa expansão só foi possível graças ao domínio do Mar Mediterrâneo, conseguido após a vitória sobre Cártago nas Guerras Púnicas em 146 a.C. Assim, como Cártago, no norte da África, controlava o comércio do Mar Mediterrâneo, sua derrota, após três guerras, permitiu aos romanos o controle dessa região estratégica. (2017, pág. 14) Essa expansão beneficiou Roma, pois os povos dominados eram obrigados a pagar uma alta quantia de impostos e os homens sobreviventes da guerra deveria se tornar escravos prestando os mais diversos serviços aos romanos. Roma se tornou a capital de um vasto império e sua população de escravos passou de 600 mil para 3 milhões em pouco mais de cem anos. Além dos impostos, nas guerras era comum que os vitoriosos levassem espólios, isto é, conjunto de coisas que são tomadas ao inimigo numa guerra. Territórios conquistados por Roma Fonte: Domínio Público E foi justamente esse vasto território que contribuiu para a crise de Roma. As terras conquistadas não eram bem distribuídas e ficavam sob o domínio dos patrícios, prejudicando os pequenos produtores rurais. Tanto plebeus quanto escravos organizaram revoltas que foram contidas por Roma, mas não sem lutas e demasiados esforços. Os irmãos Caio e Tibério Graco apresentaram propostas de reformas, como a reforma agrária e a Lei Frumentária, que baixou o preço do trigo para cidadãos pobres. Devido aos contantes choques ideários entre os irmãos e os grandes proprietários, eles e seus seguidores foram assassinados. 32 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL Devido a revolta gerada pelos assassinatos comandantes plebeus do grupo dos cavaleiros iniciaram uma intensa disputa política com os generais, que se fortaleceram através de vitórias nas campanhas militares. Isso resultou na tomada do poder por generais como Mário e Sila, que governaram de forma autoritária. Com essa instabilidade e com a guerra civil formou-se o Triunviratos, ou seja, o governo formado por três pessoas. O primeiro triunvirato era composto por Júlio César, Crasso e Pompeu. Júlio César se destacava como um grande conquistador, e após a morte de Crasso quis fortalecer seu poder, invadindo Roma com o apoio do Exército. Em 44 a.C., o ditador foi assassinado por uma conspiração liderada por Brutus (seu filho adotivo) e Cássio, que se diziam dispostos a salvar a República. Fonte: História Antiga Entretanto os conspiradores não conseguiram reestabelecar as instituições republicanas, mas sim a instituição de outro triunvirato, desta vez formado por três partidários de César, a saber: Marco Antônio, Lépido e Otávio. Lépido era chefe da ordem dos cavaleiros, Otávio sobrinho e filho adotivo de Júlio César e Marco Antônio era cônsul. Marco Antônio se aliou a Cleópatra e rompeu com Otávio, gerando um conflito entre eles. Marco Antônio e Cleópatra Fonte: PERCEX Conflito este que foi vencido por Otávio, que se proclamou Augusto, conquistou o Egito e o tornou uma província romana. Augusto, com o apoio do Senado, tornou-se o primeiro Imperador Romano. 33 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL Império O nome Augusto significa “venerado”, e essa era a concepção de Otávio sobre si mesmo, visto que se considerava um escolhido pelos deuses para governar. O imperador tornou-se conhecido por abandonar a política expansionista e aperfeiçoar a administração das províncias, principalmente pela implantação de medidas que visavam a pacificação do império, trazendo à tona a Pax Romana (Paz Romana). Embora Otávio tivesse adquirido um poder político superior ao do Senado, os senadores foram beneficiados pelo fato de ele escolher entre eles nomes para distribuir cargos de importante posição no seu império. Com o descontentamento da parcela mais pobre da população, Augusto criou a Política do Pão e Circo (Panem et circenses), que visava sustentar os plebeus mais pobres através da distribuição de trigo e fornecer espetáculos públicos para distraí-los em relação à política e administração do Império e evitar revoltas. O Coliseu realizou vários espetáculos nesse período, chegando a comportar de cinquenta a oitenta mil pessoas. O edifício era usado para combates de gladiadores e espetáculos públicos, tais como simulações de batalhas marítimas (em um curto período de tempo como o hipogeu era inundado atravésde mecanismos de apoio), caças de animais selvagens, execuções, encenações de batalhas famosas e dramas baseados na mitologia clássica. Fonte: Superinteressante Após a morte de Otávio a estabilidade romana foi mantida, sendo ele sucedido por quatro dinastias de imperadores, não sendo nenhuma delas sendo longa, a saber: os Júlios-Cláudios, os Flávios, os Antoninos e os Severos. Embora imperadores que são conhecidos por seu comportamento depravado como Nero e Calígula tenham sido tiranos e péssimos administradores isto não desintegrou o forte Império. A expansão romana volta a ser uma realidade a partir de 96 d.C. e só se encerra no século III, quando se inicia a crise do Império Romano. 34 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL Queda do Império Romano O processo de declínio imperial deu-se, em grande parte, pela dificuldade em administrar tão vasto império, com um território tão grande que dificultava a comunicação e o controle das fronteiras, principalmente no gasto estatal para a manutenção de um contingente grande o suficiente para vigiá-las, que gerou uma despesa que viria a provocar a desvalorização da moeda e o aumento nos preços em todo o Império. Com a crise um número expressivo de camponeses aceitou trabalhar em grandes propriedades agrícolas em troca de um pedaço de terra, proteção e parte dos frutos do trabalho, regime que ficou conhecido como colonato. Conforme BRAICK E MOTA: Em 284, para tentar facilitar a administração, o imperador Diocleciano introduziu um sistema de governo conhecido como tetrarquia. De acordo com o novo sistema, dois coimperadores, os Augustos, governariam as metades Oriental e Ocidental do Império Romano. Cada um contava com um auxiliar direto, que recebia o título de César e mais tarde se tornaria coimperador. Na prática, era a divisão do Império em duas porções diferenciadas: a Ocidental, cada vez mais pobre, e a Oriental, ainda próspera. (2016, pág. 111) Foi Constantino que unificou novamente o Império, e, observando a disseminação do cristianismo nas camadas mais populosas de Roma tornou-se cristão e publicou o Edito de Milão, concedendo liberdade de culto aos demais cristãos. Durante o governo de muitos imperadores o cristianismo foi visto com maus olhos e até mesmo perseguido, como nos casos de Nero e Diocleciano, porém, com o aumento expressivo do número de cristãos esse quadro se inverteu e em 380 o imperador Teodósio o tornou a religião oficial do Estado romano. O mesmo imperador, em 395 dividiu o império em ocidental, sediado em Milão e oriental, com sede em Constantinopla (Atual Istambul, Turquia). O império do Ocidente, cada vez mais frágil teve seu fim em 476, invadido pelos germânicos que depuseram Rômulo, seu úlitmo imperador. Já o Império do Oriente se manteve ainda por aproximadamente um miênio, sendo tomado em 1453 pelos turco- otomanos. 35 HISTÓRIA ANTIGA OCIDENTAL 36 3. Referências Bibliográficas ARISTÓTELES. A política. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011. BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio. 4ª edição. São Paulo: Moderna, 2016. FANTAGUSSI, Alexandre. História: Grécia e Roma. Belo Horizonte: Editora Bernoulli, 2017. FUNARI, Pedro Paulo Abreu. Grécia e Roma: vida pública e vida privada. Cultura, pensamento e mitologia, amor e sexualidade. São Paulo: Contexto, 2002. GUARINELLO, Norberto Luiz. História Antiga. São Paulo: Contexto, 2013. GUTHRIE, William; GRAY, John. A General History of the World, from the Creation to the Present Time: Including All the Empires, Kingdoms, and States, Their Revolution, Forms of Government, Laws, Religions, Customs and Manners together with Their Chronology, Antquities, Public Buildings, and Curiosities of Nature and Art, Volume 2, 1764. HERÓDOTO. História. Rio de Janeiro: W. M. Jackson, 1950. ROCHA, Ruth. Ruth Rocha conta a Ilíada. São Paulo: Salamandra, 2010. 03 7
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