Prévia do material em texto
TREINO FUNCIONAL Deivid Carlos Siqueira Prof. Henrique Santiago Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Bacharel Educação Física (EFL 0710) – Estágio 29/11/2019 RESUMO A capacidade funcional neste estudo é definida pela habilidade de realizar atividades rotineiras independentemente, com uma ampla funcionalidade, esta autonomia física para desempenhar as funções do dia a dia, tornando o individuo independente no contexto físico, social e cultural, contribui para melhoria na qualidade de vida geral Segundo D’Elia, treinamento funcional é puxar, empurrar, estabilizar, levantar, agachar, arremessar, correr ou saltar para fazer do corpo uma ferramenta que produza movimentos mais eficientes, melhorando a performance e prevenindo lesões, em um processo de aprendizado, desafio e evolução constante.. Palavras-chave: Treinamento Funcional. Habilidade Motora. Crossfit. Fortalecimento muscular. 1 INTRODUÇÃO Segundo Gelatti (2009, p. 12-14), o treinamento funcional é aquele que ajuda o corpo a realizar movimentos de forma integrada e eficiente, fortalecendo músculos, melhorando as funções cerebrais responsáveis por tudo que nosso corpo faz e cria. Neste tipo de treinamento os músculos não trabalham de forma isolada, e sim em sinergismo. Para o mesmo autor, o treinamento funcional simula os movimentos cotidianos ou de alguma modalidade esportiva através de exercícios que melhoram os encaixes articulares. Ainda nesse sentido, o treinamento funcional ou treinamento funcional resistido consiste em reproduzir de forma mais eficiente possível os gestos motores e sistemas energéticos específicos do esporte praticado e também da vida diária, adaptando o organismo para a prática do esporte, isto é, um tipo de treinamento para trabalhar o corpo de forma integrada desenvolvendo as capacidades físicas envolvidas na atividade e componentes neurológicos, como equilíbrio e propriocepção que são importantíssimos na vida humana de forma geral, não só no meio esportivo. Além de ser mais dinâmico, prazeroso e menos monótono para quem o realiza (CALOMENI; ALMEIDA, 2008). Desta maneira, entendemos que o treinamento funcional é o método mais atual para obter saúde geral e melhoria do condicionamento físico enfatizando o aprimoramento da capacidade física (CF). Assim como em todos os tipos de treinamento deve-se respeitar os princípios fundamentais do treinamento, e neste método de treinamento especializado, chamaremos atenção para dois: a individualidade biológica e a especificidade do treinamento. A observação adequada desses princípios torna o TF mais eficiente e seguro em todos os aspectos (MONTEIRO; CARNEIRO, 2010) Em relação às atividades exercidas ao longo do estágio, consistiu na elaboração de um treinamento funcional para um aluno em reabilitação, levando em conta suas limitações e dificuldades. Os treinamentos foram realizados sempre na academia Léo Fitness, na área de exercícios livres, ocorrendo 3 vezes na semana com duração de até 2h por dia. Questionários e avaliações foram aplicadas sempre após a realização de cada treinamento funcional, com o objetivo de avaliar e computar melhorias e dificuldades apresentadas pelo aluno, sempre com foco no objetivo que é a evolução desse aluno. Após os questionários e as avaliações, percebi que o aluno apresentou mais disposição no seu cotidiano, assim como melhorou sua força, flexibilidade e equilíbrio, assim como foi nítida a percepção do aumento de autoestima, ocasionado pelo bem estar e mudança corporal devido aos treinamentos 2 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA o treinamento funcional ou treinamento funcional resistido consiste em reproduzir de forma mais eficiente possível os gestos motores e sistemas energéticos específicos do esporte praticado e também da vida diária, adaptando o organismo para a prática do esporte, isto é, um tipo de treinamento para trabalhar o corpo de forma integrada desenvolvendo as capacidades físicas envolvidas na atividade e componentes neurológicos, como equilíbrio e propriocepção que são importantíssimos na vida humana de forma geral, não só no meio esportivo. Além de ser mais dinâmico, prazeroso e menos monótono para quem o realiza (CALOMENI; ALMEIDA, 2008). Contudo, para um melhor entendimento de todo o processo que ocorre no treinamento funcional é necessário, primeiramente, a distinção dos sistemas sensório-motor e proprioceptivo, com o intuito de identificar sua função no organismo (CAMPOS; CORAUCCI NETO, 2004). Nesse sentido, de acordo com Campos e Coraucci Neto (2004), a divisão sensorial, ou aferente, é responsável por carregar as informações da periferia em direção ao sistema nervoso central (SNC). Em relação a divisão motora, O SNC transmite informações para várias partes do corpo através da divisão motora, ou eferente, do Sistema Nervoso Periférico (SNP). Uma vez que o SNC processa a informação, que é recebido da divisão sensorial, ele decide como o corpo deverá responder a esse estímulo. (CAMPOS; CORAUCCI NETO, 2004). Desta forma, utilizado na reabilitação, o treinamento funcional condiciona o paciente no retorno as suas atividades de vida diária, sendo eficiente e primordial no que se refere à melhoria da qualidade de vida da população (SILVA; MESQUITA; SILVA, 2011). D´Elia e D´Elia (2005) afirmam ser possível realizar um treinamento funcional eficiente usando somente o peso do próprio corpo e a gravidade, porém, a utilização de acessórios e equipamentos ampliam ainda mais as possibilidades do treinamento, onde a característica básica é a fácil adaptabilidade, podendo-se criar inúmeros exercícios em função das necessidade de cada indivíduo. Já em relação às características, o treinamento funcional tem como característica realizar a convergência das habilidades biomotoras fundamentais do ser humano para a produção de movimentos mais eficientes. A vantagem desse método de treinamento é a de atender tanto o indivíduo mais condicionado como o menos condicionado, criando um ambiente dinâmico de treino (GOLDENBERG; TWIST, 2002). Ainda, segundo as características, Hilarino (2009) afirma que esse tipo de treinamento caracteriza-se por exercícios que utilizam o corpo de maneira global, diferente da musculação e da ginástica local que atuam de maneira segmentada. Por fim de acordo com Normman (2009), o treinamento funcional não é caracterizado, único e, exclusivamente, por um método de treino, o ideal é que se combinem vários movimentos, estimulando, assim, não só um único grupo muscular. Já em relação as vantagens, segundo Normman (2009), são: os exercícios podem ser realizados por pessoas de todas as idades, desde adolescentes a idosos; aprimoramento da postura; desenvolvimento de forma equilibrada de todas as capacidades físicas como equilíbrio, força, velocidade, coordenação, flexibilidade e resistência; indicado não só para aqueles que buscam resultados estéticos, mas também para os que buscam melhora nas capacidades físicas e motoras; ideal para ser aplicado em reabilitação de pacientes vítimas de sequelas; melhora o desempenho de praticantes de outras modalidades esportivas; previne lesões; oferece grande variação de exercícios e, com isso, é mais difícil de se tornar monótono. Portanto, entre os benefícios do programa está aliar exercícios aeróbico e anaeróbico com movimentos do dia a dia ou de alguma prática esportiva a gosto do aluno. E especificamente para a criança e o jovem, aquisição de habilidades psicomotoras; e para o idoso, melhora das capacidades funcional e cardiovascular. Já para as gestantes e pessoas com sobrepeso, diminui o inchaço do corpo, relaxa e diminui as dores nas pernas e nas costas (RIBEIRO, 2010; SILVA, 2011). Desta maneira, entendemos que o treinamento funcional é o método mais atual para obter saúde geral e melhoria do condicionamento físico enfatizando o aprimoramento da capacidade física (CF). Assim como em todos os tipos de treinamento deve-se respeitar os princípios fundamentais do treinamento, e neste método de treinamento especializado, chamaremos atenção paradois: a individualidade biológica e a especificidade do treinamento. A observação adequada desses princípios torna o TF mais eficiente e seguro em todos os aspectos (MONTEIRO; CARNEIRO, 2010) Por este motivo, durante os últimos anos, tem sido possível notar o destaque do treinamento funcional, com o aumento do número de praticantes e o ganho de mais espaço para a prática, tanto em academias, como em parques e praças. Segundo alguns autores como Campos e Coraucci Neto (2004), considera-se que isto se deve ao fato da metodologia de treino e os benefícios para além dos treinos, que possibilitam auxiliar as pessoas em suas funções cotidianas, se fundamentando no respeito à individualidade biológica e ao programa de treinamento desenvolvido de forma específica para que se estimule que o corpo do praticante com a finalidade de promover mudanças e adaptações, principalmente fisiológicas (CAMPOS; CORAUCCI NETO, 2004). Contudo esta metodologia não é nova, de acordo com Dias (2011), os exercícios funcionais tiveram sua origem na área da fisioterapia, onde os profissionais faziam exercícios simulando o que os pacientes faziam no seu dia a dia, proporcionando ao paciente um retorno progressivo às suas atividades diárias e suas funções do cotidiano, após um trauma ou cirurgia (TEOTÔNIO, 2013). Ainda, atualmente o treinamento funcional é difundido em academias, para praticantes que buscam exercícios mais dinâmicos do que a musculação, por exemplo. O funcional também ocorre em ambientes diversos para o estímulo e desenvolvimento de diversos grupos musculares e controle postural, a prática ocorre inclusive ambientes que possuam bases de suporte irregulares, conforme as encontradas no dia-dia, como calçadas e pisos desnivelados, areia e grama de parques e praças, cama elástica, degraus, dentro outros (PEREIRA, 2009). Nesse sentido, é possível já entender que o funcional tem como objetivo trabalhar as aptidões do praticante de forma individualizada e personalizada, isto é, todos podem praticar, pois o treino é adaptado para o nível de condicionamento físico de cada um, sendo que os objetivos do treino visam desenvolver exercícios e atividades específicas que possam apresentar ganhos para todos os indivíduos, tanto no treino como no cotidiano, pois o treinamento funcional vê o corpo humano como ele realmente é: um conjunto de fatores integrados de forma complexa (D’ELIA, 2005). 3 VIVÊNCIA DO ESTÁGIO O estágio contou com um treino funcional que foi montado para auxiliar na reabilitação do aluno, uma vez que o mesmo sofreu uma torção no joelho e possuia algumas dificuldades nas atividades do seu cotidiano. Os treinamentos eram realizados 3x por semana com média de até 2h de duração, entre exercícios de força, agilidade, equilíbrio e postura. Esse ciclo de treino que contou com uma média de 20 aulas, teve por base os métodos de Silva (2001), Leal e Borges (2009, p. 61-69) e Prandi (2011) que consistiu nos treinamentos baseados em integrações dos exercícios ao cotidiano do aluno. Em relação ao tempo de descanso, De Salles et al. (2009, 765-777) relatam que os intervalos entre as séries de 30 a 60 segundos são uma ótima alternativa para estimular a hipertrofia muscular, e foi esse o intervalo utilizado. Foram aplicados os seguintes treinos, como a estabilização, onde o aluno realizou o treinamento funcional que recrutará mais a musculatura estabilizadora, aproveitando a estabilidade para conservar o exercício em pratica através do equilíbrio. Também foi aplicado o aprimoramento da postura, uma vez que a postura influencia muito na capacidade e qualidade de movimento e equilíbrio, seguido da aplicação de um treinamento funcional resistido, pois é a metodologia mais recente de se melhorar o condicionamento físico e a saúde geral com ênfase no aprimoramento da capacidade funcional do corpo humano. Os treinos eram realizados em sua maioria no período vespertino. Na maioria do tempo eu estava encarregado de realizar o acompanhamento de perto e tomava frente do treinamento funcional. A maior evolução ao lingo do estágio foi perceber a evolução do aluno quanto a força, agilidade e todo o restante trabalhado. Ainda, foi de grande alegria perceber que este aluno também estava empolgado nas aulas e agradecia em relação aos resultados. 4 IMPRESSÕES DO ESTÁGIO Além da imensa experiência adquirida ao trabalhar pela primeira vez com um aluno em reabilitação, fatores dificultam a realização de um bom trabalho. No meu caso, alguns problemas exigiram um conhecimento mais específico em relação ao aprendido em sala de aula, como nos casos onde o aluno sentia incômodos e tinha dificuldade em realizar determinadas séries do treinamento funcional. Contudo, sempre realizei massagens locais quando os incômodos surgiam, instrui o aluno de forma que ele não sentisse mais dificuldades em diversas séries do treinamento. Os conhecimentos assimilados em sala de aula, por meio de professores, palestras e muito mais, além de materiais disponibilizados na biblioteca da própria faculdade foram fundamentais para aplicação desse treinamento funcional. REFERÊNCIAS CALOMENI, M; ALMEIDA, M. Treinamento funcional: uma revolução na preparação desportiva. Shvoong.com, 2008. Link disponível em <http://pt.shvoong.com/medicine-and-health/1794537-treinamento-funcional/>. Acesso em 28 de novembro de 2019. CAMPOS, M. A.; NETO, B. C.; Treinamento Funcional Resistido: Para Melhoria da Capacidade Funcional e Reabilitação de Lesões Musculoesqueléticas. Rio de Janeiro, RJ: Revinter, 2004. D’ELIA, Rodrigo; D’ELIA, Leandro. Treinamento funcional: 7º treinamento de professores e instrutores. São Paulo: SESC - Serviço Social do Comércio, 2005. DIAS, Kalysson Araujo. Treinamento funcional: Um novo conceito de treinamento físico para Idosos. Cooperativa do Fitness. 2011. GELATTI, P. O gladiador do futuro. Combat Sport. São Paulo, s/v, n. 46, 2009. HILARINO, M. J. Treinamento funcional otimiza a performance. Treino total.com.br. 2009. Link disponível em <http://www.treinototal.com.br/revista/2009/09/21/treinamento-funcionalperformance-corrida-natacao/> Acesso em 28 de novembro de 2019. LEAL, SMO; BORGES, EGS, et al. Efeitos do Treinamento Funcional na autonomia funcional, equilíbrio e qualidade de vida de idosas. R Brás. Ci. e Mov. v. 17, n. 3, 2009. MONTEIRO, A. G.; Treinamento Personalizado: Uma abordagem Didático- Metodológico. São Paulo, SP: Phorte, 2000. MONTEIRO, A; CARNEIRO. T; O que é Treinamento Funcional?. [s.l.] 20 de abril de 2010. Link disponível em <http://www.arturmonteiro.com.br/2010/04/o-que-e-treinamentofuncional/>. Acesso em 27 de novembro de 2019. NORMMAN, T. Treinamento funcional: o novo divisor de águas. Treino total.com.br. 2009. Disponível em: <http://www.treinototal.com.br/revista/2009/07/17/treinamento-funcionalacademia-musculacao-treino/> Acesso em 28 de novembro de 2019. PEREIRA, C. A. Treinamento de Força Funcional: desafiando o controle postural. Jundiaí: Fontoura, 2009. PRANDI, Fernanda Rafaela. Treinamento Funcional e CORE TRAINING: Uma Revisão de Literatura. Tese (Graduação) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2011. RIBEIRO, C. R., CRUZ, M. O. Análise da Força e flexibilidade em mulheres idosas submetidas a um programa de Treinamento funcional, Trabalho de Conclusão de Curso Universidade Do Vale Do Paraíba, São José Dos Campos 2010. SILVA, A. M; MESQUITA, L. S. A; SILVA, J. M. N; Análise comparativa da força dos músculos transverso do abdome e multífidos e da resistência dinâmica e estática do tronco entre judocas e sedentários. Revista Terapia Manual. Brasil, volume 9, nº 45, 2011. SILVA, L. X. N.; Revisão da Literatura acerca do Treinamento Funcional Resistido e seus Aspectos Motivacionais em Alunos de Personal Trainning. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011. TEOTÔNIO, et al. Treinamento funcional benefícios, métodos e adaptações, EFDeportes, Buenos Aires, Año 17, nº 178, 2013.