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99
Ciência em Movimento | Ano XII | Nº 23 | 2010/1 
Artigo de revisão
O papel de uma equipe multidisciplinar em
programas de reabilitação cardiovascular
Th e role of multidisciplinary team on 
cardiovascular rehabilitation program
Maristela Padilha de Souza-Rabbo1 Renata Freitas Testa5
Luisa Campos2 Maristênia Machado Araujo Dias4
Sarisa da Rosa Barbosa3 Adriane Dal Bosco6
Fernanda Silva de Souza Rodrigues4 Jerri Luiz Ribeiro7
RESUMO
Segundo dados do Sistema Único de Saúde, no ano de 2006, houve aproximadamente onze milhões de 
internações hospitalares relacionadas às doenças cardiovasculares. No Brasil em 2005, 46,12% dos óbitos foram 
relacionados a doenças cardiocirculatórias (DATASUS). Um programa de Reabilitação Cardiovascular tem por 
objetivo promover um conjunto de ações que melhorem não somente os aspectos fi sicos, mas que garantam 
também, uma satisfatória reintegração do indivíduo na sua rotina familiar, social e profi ssional (OMS, 2010). 
Deste modo, mesmo que a ênfase de um programa de reabilitação cardiovascular seja as atividades relacionadas 
ao exercício físico, cada vez mais se torna imprescindível o estabelecimento de estratégias que envolvam a 
participação de outros profi ssionais da área da saúde, como Educadores Físicos, Enfermeiros, Fisioterapeutas, 
Nutricionistas, Assistentes Sociais e Psicólogos (SBC, 2005). Deste modo, frente a estes diversos aspectos a 
serem abordados, em termos de reabilitação do paciente, o objetivo deste estudo foi avaliar a atuação de pro-
fi ssionais de diferentes áreas da saúde neste processo, assim como o custo-efetividade destes programas. 
Para tanto, foram utilizados indicadores sociodemográfi cos de banco de dados de agências governamentais e 
não governamentais, assim como, de estudos publicados em revistas científi cas relacionadas ao tema. Pode-se 
observar que sistematicamente a literatura destaca que um desfecho satisfatório (considerado não somente 
como uma reabilitação biológica, mas também a integração satisfatória deste indivíduo na sua rotina familiar, 
social e profi ssional) de um programa de reabilitação cardiovascular, necessita de uma abordagem multidiscipli-
nar, onde a avaliação, o diagnóstico, a defi nição da melhor estratégia de atuação, como também, o acompanha-
mento da evolução do tratamento, devam contemplar as diferentes experiências e possíveis ferramentas dis-
¹ Fisiologista, professora do Programa de Pós-Graduação de Mestrado em Reabilitação e Inclusão - Centro Universitário 
Metodista, do IPA. Porto Alegre, Brasil.
2 Nutricionista, Mestranda do Programa de Pós-Graduação de Mestrado em Reabilitação e Inclusão - Centro Universitário 
Metodista, do IPA. Porto Alegre, Brasil.
3 Administradora Hospitalar - Mestranda do Programa de Pós-Graduação de Mestrado em Reabilitação e Inclusão - Centro 
Universitário Metodista, do IPA. Porto Alegre, Brasil.
4 Enfermeira, Mestranda do Programa de Pós-Graduação de Mestrado em Reabilitação e Inclusão - Centro Universitário 
Metodista, do IPA. Porto Alegre, Brasil.
5 Educadora Física, Mestranda do Programa de Pós-Graduação de Mestrado em Reabilitação e Inclusão - Centro Universitário 
Metodista, do IPA. Porto Alegre, Brasil.
6 Fisioterapeuta, professora do Centro Universitário Metodista, do IPA. Porto Alegre, Brasil.
7 Educador Físico, professor do Programa de Pós-Graduação de Mestrado em Reabilitação e Inclusão - Centro Universitário 
Metodista, do IPA. Porto Alegre, Brasil.
ponibilizadas por estes agentes de saúde. Destaca-se também, a comprovada economia em termos de gastos 
públicos, quando da implantação de programas de reabilitação com estas características.
PALAVRAS-CHAVE
Saúde Coletiva – Reabilitação - Manejo Multidisciplinar.
ABSTRACT
According to data from SUS 2006, there were approximately eleven million hospital internalization related to 
cardiovascular diseases. In Brazil, in 2005, 46,12% of death rate were related to circulatory diseases (DATASUS). 
A Cardiovascular rehabilitation program promotes a group of actions that improves not only physical aspects, 
but also assure a satisfactory reintegration of the individual in their own familiar, social and professional routine 
(WHO 2010). This way, even if the emphasis of a rehabilitation program be the activities related to physical exer-
cise, strategies that involve the participation of other health professionals such as Physical Educators, Nurses, 
Physical Therapist, Nutritionists, Social Assistants and Psychologists increases each day (SBC 2005). This way, 
facing those various aspects, in therms of the patient rehabilitation, the aim of this study was to evaluate the 
action of health professionals from different areas in this process, such as the cost effectiveness of these pro-
grams. Therefore, social demographic indicators from a governmental and a nongovernmental database were 
used, such as studies published in scientifi c journals related to the theme. It has been observed systematically 
that the literature highlights a satisfactory ending (considering not only as a biological rehabilitation, but also a 
satisfactory integration of this individual in its familiar, social and professional routine) for a cardiovascular reha-
bilitation program, which needs a multidisciplinary approach, where the evaluation, the diagnosis, the defi nition 
of the better approach and also the follow up of the treatment should contemplate the different experiences and 
possible tools available to these health agents. The economy in therms of health costs are notable, while the 
implantation of these rehabilitation programs with such characteristics.
KEYWORDS
Public Health – Rehabilitation - Multidisciplinary Management.
O papel de uma equipe multidisciplinar...
Ciência em Movimento | Ano XI | Nº 23 | 2010/1
100
INTRODUÇÃO
Dados fornecidos pela Organização Mundial da 
Saúde (OMS) apresentam informações preocupantes 
sobre a saúde da população mundial, onde cerca de 
treze milhões de pessoas são acometidas por doen-
ças cardiovasculares (OMS, 2010). Infelizmente, no 
Brasil, estas estatísticas se mostram também bastan-
te alarmantes (AZAMBUJA et al., 2008).
O desenvolvimento de um trabalho diferenciado 
no tratamento de cardiopatias pode oferecer aos pa-
cientes melhoras signifi cativas no quadro clínico. A 
literatura apresenta sistematicamente os inúmeros 
benefícios proporcionados a esta população de indiví-
duos, através de equipes multidisciplinares de reabi-
litação cardíaca que visam contribuir para uma melhor 
qualidade de vida destes. Na sua grande maioria, es-
tas equipes são compostas de Médicos que possuem 
o papel de diagnosticar a doença e passar as informa-
ções essenciais para o tratamento, as Enfermeiras 
que farão a supervisão e auxiliarão o paciente ao au-
tocuidado através de orientações, os Fisioterapeutas 
juntamente com os Educadores Físicos terão a função 
de realizar um treinamento físico apropriado, a Nutri-
cionista para diagnóstico e acompanhamento do es-
tado nutricional, além do Psicólogo que auxilia, além 
do paciente, os familiares a lidarem com as adversi-
dades, principalmente relacionadas, as suas relações 
pessoais e sociais, advindas desta situação (TRAN-
CHESI et al.,1979; SBC, 2005; DUCHARME et 
al.,2005; SAHADE, 2007)
Infelizmente, mesmo com todos os possíveis be-
nefícios proporcionados por estes programas, a quan-
tidade de serviços (tanto na rede pública quanto priva-
da) especializados em programas de reabilitação car-
diovascular ainda é muito pequena, em relação ao 
número de pacientes portadores de doenças relacio-
nadas a este distúrbio (NETO et al.,2008). Até 2002 
estimava-se existir apenas 150 destes programas nos 
EUA em contraste com cinco milhões de pacientes 
portadores de doença cardíaca naquele país, o que não 
difere muito da realidade brasileira (REIS et al., 2007).
Reabilitar não signifi ca curar, mas implica em não 
fragmentaro indivíduo, buscando sua independência 
física, emocional e social, maximizando seu potencial 
funcional, melhorando sua qualidade de vida (SNEED 
& PAUL, 2003; BETTGER & STINEMAN, 2007; VER-
MEULEN et al., 2009). Surge desta forma, a necessi-
dade da conscientização de profi ssionais de diferentes 
áreas da saúde no sentido de unirem esforços para a 
formação de equipes multidisciplinares com a fi nalida-
de de melhor atender à demanda de pacientes que 
apresentam problemas cardíacos. Deste modo, este 
estudo tem por objetivo avaliar a atuação de profi ssio-
nais de diferentes áreas da saúde neste processo, as-
sim como o custo-efetividade destes programas.
A ATUAÇÃO DO EDUCADOR FÍSICO
Antigamente, dizia-se que a prática de exercícios 
físicos para cardiopatas era algo inacessível, pois po-
deria ocasionar complicações e até mesmo acelerar 
o quadro clínico da doença. Porém, estudos científi -
cos têm sistematicamente demonstrado a importân-
cia desta prática, sendo atualmente considerada um 
fator indispensável para o tratamento da reabilitação 
cardíaca, pois, além de diminuir os sintomas apresen-
tados, melhora a qualidade de vida diminuindo deste 
modo à morbidade-mortalidade, além de possuir uma 
ótima relação custo-efetividade (BELARDINELLI et 
al.,1999, GEORGIOU et al.,2001, JAO et al., 2002). 
A utilização de protocolos de treinamento físico 
em programas de reabilitação cardiovascular é consi-
derada, clinicamente, uma ferramenta não medica-
mentosa atuando como terapêutica coadjuvante no 
tratamento do paciente. Esta prática proporciona mu-
danças benéfi cas, tanto fi siológicas como psicológi-
cas, no indivíduo atuando também como prevenção 
para novos eventos cardiovasculares (SOUZA-RAB-
BO et al., 2007, MCCONNELL, 2005).
Para a elaboração de um treinamento físico deve-
mos levar em consideração a individualidade de cada 
paciente, de acordo com o grau de comprometimen-
to funcional que este apresenta (THOMPSON, 2007). 
Neste sentido, para que os objetivos propostos te-
nham maior probabilidade de serem alcançados, a 
frequência a intensidade e tempo de duração das ses-
sões, devem ser ajustados a cada paciente. 
Quando bem programado, o treinamento físico 
promove adaptações que contribuem para a melhora 
do sistema cardiovascular. Dentre estas, pode-se des-
tacar a diminuição da hiperatividade do sistema ner-
voso simpático com consequente diminuição da fre-
quência cardíaca (para uma mesma carga de trabalho) 
O papel de uma equipe multidisciplinar...
101
Ciência em Movimento | Ano XI | Nº 23 | 2010/1 
e da pressão arterial sistêmica. Além disso, é capaz 
de modular a composição corporal, diminuindo o per-
centual de tecido adiposo e aumentando a massa 
muscular magra, modifi cando por sua vez, o índice de 
massa corpórea do paciente, um importante fator de 
risco para a doença cardiovascular. Os níveis de coles-
terol total (LDL e HDL), triglicérides e os níveis glicê-
micos também são modulados positivamente. (RO-
VEDA et al., 2003; ZAGO e ZENESCO, 2006).
A prática regular de atividade física e uma reedu-
cação alimentar são modifi cações no estilo de vida 
que podem trazer melhoras signifi cativas na qualidade 
de vida de portadores de doenças cardiovasculares 
(RIQUE et al, 2002). Um treinamento físico, juntamen-
te com as diferentes atuações complementares, irão 
oportunizar aos cardiopatas melhora na autoestima, 
criando um cenário que favorece sua reinserção na 
sociedade, além de prevenir novos eventos relaciona-
dos à doença.
O Educador Físico deve participar ativamente tanto 
na elaboração como na aplicação de exercícios físicos 
para pacientes, a partir da fase 2 de um programa de 
reabilitação (considerada a primeira fase extra-hospita-
lar). Além da atuação, nesta fase inicial, também pos-
sui um papel fundamental nas fases posteriores, prin-
cipalmente, no sentido de estimular o paciente a man-
ter a prática regular de exercícios físcos (SBC, 2006).
A ATUAÇÃO DO NUTRICIONISTA
O nutricionista é um profi ssional altamente capa-
citado para participar em uma equipe multidisciplinar 
de reabilitação cardiovascular. A prática do nutricionis-
ta em uma equipe multidisciplinar se dá através da 
interferência no estado nutricional, tanto estando a 
doença estabelecida, quanto no decorrer do trata-
mento. Sua atuação é de extrema importância tanto 
para manter o equilíbrio entre o alimento ingerido e o 
quadro clínico do paciente quanto para minimizar as 
possíveis consequências advindas de uma interação 
medicamentosa, reduzindo os fatores de risco para a 
ocorrência de um novo evento cardíaco ou para o de-
senvolvimento de doenças associadas. (OLIVEIRA & 
RADICCHI, 2005).
Sua atuação prática se baseia no relacionamento 
com o paciente, tendo assim um papel de educador 
de seus hábitos alimentares, traduzindo sua realida-
de a uma melhora em sua qualidade de vida. A lin-
guagem a ser utilizada nesta relação é fundamental 
para o sucesso da adesão a um novo estilo de vida 
dentro e fora do hospital. A terapia nutricional deve 
ser personalizada e adaptada ao estilo de vida do 
paciente, levando-se em consideração as comorbi-
dades associadas. Deve-se adequar os alimentos 
consumidos, controlar a perda de peso corpóreo e 
acompanhar os exames bioquímicos. Os percentuais 
de macronutrientes (carboidratos, proteínas e lipíde-
os) e de fibras são iguais tanto no tratamento do 
diabetes como na prevenção da doença arterial co-
ronariana em pacientes diabéticos. Deve-se seguir 
as recomendações da American Heart Association 
para calorias totais: lipídeos até 30% do valor calóri-
co total; ácidos graxos saturados, menos que 10%; 
ácidos graxos poliinsaturados, até 10%; ácidos gra-
xos monoinsaturados, de 10% a 15%, e a ingestão 
de colesterol menor do que 300mg/dia. O consumo 
de fi bras deve representar 25g diárias. A dieta a ser 
prescrita deve respeitar as particularidades de cada 
indivíduo, como gênero, peso, altura, prática de ati-
vidade física e hábitos alimentares e ter em foco a 
qualidade da gordura ingerida evitando a ingestão de 
gorduras trans (hidrogenadas), pois, além de elevar 
o colesterol total, aumentam também o LDL-C 
(KRAUSS et al., 2000; ALLITI et al., 2006).
Em um estudo qualitativo relativo às difi culdades 
de profi ssionais da área da saúde na abordagem de 
problemas alimentares, onde até então não havia nu-
tricionista na equipe hospitalar, foram detectadas al-
gumas situações como: falta de embasamento teóri-
co para analisar problemas alimentares, falta de crité-
rios para identifi car problemas alimentares, falta de 
parâmetros para discernir problemas alimentares de 
problemas econômicos, desconhecimento de técni-
cas para abordar problemas alimentares, percepção 
do problema alimentar como facticidade, necessida-
de de trabalhar com dietas padronizadas, confl ito en-
tre conhecimento teórico e prática vivencial e desco-
nhecimento do papel do nutricionista. Problemas que 
parecem ser banais, porém de extrema complexidade 
quando enfrentado na prática clínica no tratamento 
dos pacientes, evidenciando-se assim a necessidade 
de um profissional da área de nutrição atuando na 
equipe multidisciplinar (BOOG, 1999).
O papel de uma equipe multidisciplinar...
Ciência em Movimento | Ano XI | Nº 23 | 2010/1
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A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO
O avanço terapêutico e tecnológico em cardiologia, 
tem possibilitado uma maior sobrevida de pessoas 
acometidas por cardiopatias. A reabilitação é um pro-
cesso dinâmico, contínuo, progressivo e principalmen-
te educativo visando a restauração funcional. Acredita-
se que a consulta de enfermagem venha a contribuir 
signifi cativamente tanto para a avaliação e diagnóstico 
quanto para o processo de reabilitação do paciente. 
Neste sentido, um ponto de destaque da atuação do 
profi ssional de enfermagem, em função de sua rotina 
profi ssional, éa capacidade de diagnosticar necessida-
des bio-psico-sociais de seus pacientes. Sendo assim, 
o assistir do enfermeiro reabilitador em cardiologia es-
tá voltado a implementar intervenções que promovam 
o desenvolvimento de habilidades, melhora funcional, 
reintegração social e familiar e maior autonomia (VILA 
& ROSSI, 2008). Em função de sua formação profi s-
sional o enfermeiro pode desenvolver atividades que 
envolvem desde a esfera gerencial, passando pela co-
ordenação de programas educativos e de implemen-
tação de assistência, assim como atuar como agente 
educador de cuidados à saúde comunitária. Deste mo-
do, o papel de educador do profi ssional de enferma-
gem projeta sua prática profi ssional para além da me-
ra função curativa, representando deste modo um 
papel fundamental nos processos de prevenção e re-
abilitação (NETTINA, 2003; RABELO et al., 2007).
Levando-se em consideração a ocorrência de do-
enças que, apesar de sua cura, promovem inúmeras 
incapacidades aos indivíduos, o processo de reabilita-
ção deve contemplar múltiplas dimensões e abordar 
o ser humano em constante interação com a socieda-
de e seu meio ambiente. A atuação do enfermeiro na 
reabilitação é norteada por uma assistência holística 
ao paciente, buscando melhores condições de vida, 
de integração social e independência para realizar su-
as atividades diárias. Além disso, a reabilitação do pa-
ciente cardíaco é um desafi o tanto para ele e seus 
familiares como para o profi ssional enfermeiro, pois 
fazem um esforço conjunto para melhorar as funções 
perdidas ou diminuídas e, assim, preservar a capaci-
dade de autocuidado de cada indivíduo. O profi ssional 
enfermeiro estabelece um plano de cuidados a curto, 
médio e longo prazo, que deve ser condizente com as 
necessidades, expectativas e possibilidades clínicas 
e sociais dos pacientes, favorecendo sua participação 
no cuidado (FARO, 2006). 
Outro aspecto importante a ser considerado pelo 
enfermeiro é a avaliação do suporte social do pacien-
te com doença cardiovascular, pois este tem sido um 
fator facilitador para o enfrentamento da doença e 
recuperação dos mesmos. Além disso, poderá servir 
como subsídio para que o enfermeiro possa planejar 
melhor o preparo da alta visando uma melhor reabili-
tação desses pacientes (MORAES & DANTAS, 2007). 
A especialização do profi ssional enfermeiro em áreas 
específi cas, como a da insufi ciência cardíaca, tem pro-
piciado a este profi ssional um cuidado personalizado 
e diferenciado principalmente no atendimento domi-
ciliar. Neste tipo de atividade destaca-se a sua função 
de facilitador na comunicação entre o paciente e os 
demais profi ssionais participantes da equipe multidis-
ciplinar (DAVIDSON et al., 2005).
A ATUAÇÃO DO FISIOTERAPEUTA
A atuação da fi sioterapia nos pacientes portadores 
de doença cardiovascular vem crescendo na última 
década. O atendimento a estes pacientes tem como 
objetivo o incremento da capacidade aeróbia e na re-
cuperação da força muscular periférica, proporcionan-
do maior longevidade e a melhora da qualidade de 
vida. Além disso, o acompanhamento de um fi siote-
rapeuta em todas as fases do tratamento da Insufi ci-
ência Cardíaca é essencial, sobretudo no pré e pós-
transplante cardíaco, para minimizar a intolerância ao 
exercício provocada pelo descondicionamento mus-
cular (AL-RAWAS et al., 2000).
Pacientes transplantados cardíacos que realizam 
um programa de reabilitação, com frequência de qua-
tro vezes por semana e exercícios de intensidade mo-
derada, apresentaram melhora da capacidade aeróbi-
ca em uma porcentagem que varia de 20% a 50%. Tal 
resultado parece estar relacionado com o aumento do 
metabolismo periférico e mudanças hemodinâmicas, 
tais como aumento da frequência e do débito cardía-
co, aumento da função endotelial e redução da ativi-
dade neuro-humoral, mas principalmente pela melhor 
extração de oxigênio promovida pela melhora da ca-
pacidade do exercício (GUIMARÃES et al., 2004).
A utilização dos exercícios resistidos também tem 
se mostrado benéfi ca com o incremento da massa 
O papel de uma equipe multidisciplinar...
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muscular e da densidade óssea nos pacientes que 
apresentam perda da massa magra e óssea decorren-
tes da insufi ciência cardíaca e pelo uso imunossupres-
sores, após o transplante (BRAITH et al., 1996). O 
programa de treinamento físico deve incluir treina-
mento aeróbio e resistido, pois se trata de uma efeti-
va intervenção para melhorar a capacidade aeróbica 
nessa população (MARCONI & MARZONATI, 2003).
O protocolo de exercícios quando aplicado nas fa-
ses II e III (ambulatoriais) deve ter a frequência de três 
sessões semanais com duração de 45 a 60 minutos. 
A intensidade do exercício deve ser ajustada de acor-
do com o limiar anaeróbico. As sessões são compos-
tas por uma fase de aquecimento, uma de condicio-
namento (atividade aeróbica e treino de resistência 
muscular) e outra fase de relaxamento. A reabilitação 
cardiovascular tem um papel fundamental na readap-
tação do paciente à sociedade, promovendo a melho-
ra da capacidade funcional e da qualidade de vida após 
o transplante cardíaco, e o fi sioterapeuta pode, e deve 
atuar, na medida do possível, com outros profi ssionais 
da área da saúde (FERRAZ e ARAKAKI, 1995; TEGT-
BUR et al., 2003). 
Como conclusão, pode-se observar que sistema-
ticamente a literatura destaca que um desfecho satis-
fatório (considerado não somente como uma reabili-
tação biológica, mas também a integração satisfatória 
do indivíduo cardiopata na sua rotina familiar, social e 
profi ssional) de um programa de reabilitação cardio-
vascular, necessita de uma abordagem multidiscipli-
nar, onde a avaliação, o diagnóstico, a defi nição da 
melhor estratégia de atuação como também o acom-
panhamento da evolução do tratamento, devam con-
templar as diferentes experiências e possíveis ferra-
mentas disponibilizadas por estes agentes de saúde. 
Destaca-se, também, a comprovada economia em 
termos de gastos públicos, quando da implantação de 
programas de reabilitação com estas características.
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Ciência em Movimento | Ano XI | Nº 23 | 2010/1 
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