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PROJETO DE ESTRADAS E AEROPORTOS Prof. Gerson Amorim de Castro Aeroporto de Ilhéus – Fonte: Gusmão (2019) 1. HISTÓRICO PRINCÍPIOS GERAIS AS LIBERDADES DO AR: PRIMEIRA LIBERDADE Uma aeronave tem direito de sobrevoar outro país, sem pousar, contanto que o país sobrevoado seja notificado antecipadamente e aprove o sobrevoo (Passagem inocente). SEGUNDA LIBERDADE Uma aeronave civil de um país tem o direito de pousar em outro país por razões técnicas, tais como abastecimento ou manutenção, sem proceder a qualquer tipo de serviço comercial neste ponto de parada (Parada Técnica). Obs. Não embarcam/desembarcam passageiros, carga e mala postal no país B. TERCEIRA LIBERDADE Direito de desembarcar, no país B, passageiros, mala postal e carga embarcados no território do país de nacionalidade da aeronave. QUARTA LIBERDADE Direito de embarcar, no país B, passageiros, mala postal e carga destinados ao território do país de nacionalidade da aeronave. QUINTA LIBERDADE Uma empresa aérea tem o direito de embarcar ou desembarcar passageiros, mala postal e carga procedentes de um outro país, em voos originados e/ou destinados ao país da empresa. SEXTA LIBERDADE Direito de a empresa brasileira designada transportar passageiros, mala postal e carga entre dois outros países, com pouso intermediário no Brasil. SÉTIMA LIBERDADE Direito de transportar tráfego de um Estado para um terceiro sem passar pelo território do Estado de bandeira da aeronave. OITAVA LIBERDADE Direito de transportar tráfego entre dois pontos do território de um Estado diferente do da bandeira da aeronave. NONA LIBERDADE Direito de transportar tráfego inteiramente dentro de um terceiro Estado. 2- Organizações Internacionais de Regulamentação da Aviação Civil : - Internacional Civil Aviation Organization – ICAO (Filiada à ONU) - Internacional Air Transport Association – IATA Agrupamento de empresas de transporte aéreo com a finalidade de coordenar as atividades de taxações tarifárias, visando uma exploração segura, eficaz e econômica. - Federal Aviation Administration – FAA (governo norte-americano) Regulamentos e circulares técnicas sobre aeronaves, tripulação, espaço e tráfego aéreo, navegação, administração e aeroportos. - Ministério da Aeronáutica do Brasil Criado em 1941 é composto por: - Órgãos de direção geral; - Órgãos de direção setorial (DAC – Departamento de Aviação Civil; IAC – Instituto de Aviação Civil); - Órgãos de assessoramento; - Órgãos de apoio; - Força Aérea Brasileira (FAB). - Em 1998 foi encampado pelo Ministério da Defesa. Hoje o antigo ministério é denominado COMAER. - Comando da Aeronáutica do Brasil – COMAER Criado em 1999 sua estrutura é: - Departamento de Controle do Espaço Aéreo - DECEA - Departamento de Aviação Civil – DAC (extinto com a criação da ANAC) - Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC Criado em 2005 e atua como como autoridade aeronáutica da aviação civil. Sua missão: visa o atendimento do interesse público e o desenvolvimento e fomento da aviação civil, da infraestrutura aeronáutica e aeroportuária do País. Sua estrutura: - Diretoria Colegiada (4 Diretores e o Diretor-Presidente). - Superintendências (em número de 6). - Gerências Regionais (em número de 8). 3- REQUISITOS FÍSICOS E OPERACIONAIS DOS AEROPORTOS, EM FUNÇÃO DO TIPO DE AVIAÇÃO O IAC, classifica os aeroportos em função da análise de demanda por transporte aéreo, do tipo de operação e do porte das aeronaves previstas para operarem no aeroporto. A seguir serão apresentados estes aeroportos. I- Aeroporto da Aviação Geral Este aeroporto visa ao atendimento de localidades cuja característica é a operação de aviação privada, aviação executiva, táxis-aéreos, etc. A infraestrutura aeroportuária recomendada é: - Pista (área de manobras) seja com revestimento primário (cascalho); - Tipo de operação, visual (VFR). II- Aeroporto da Aviação Doméstica Regional e Aeroporto Turístico Visa atender a aviação regional, ou seja, aquela que liga uma cidades de pequeno porte a uma outra de grande porte (com população superior a 1.000.000 de habitantes). Eles servem como alimentadores das linhas domésticas nacionais. A infraestrutura recomendada é: - Pista (área de manobras) com revestimento em asfalto; - Tipo de operação, por instrumentos (IFR- Não precisão). - Terminal de passageiros e estacionamento de veículos, com área adequada para o atendimento dos passageiros na hora-pico. III- Aeroporto da Aviação Doméstica Nacional Este tipo de unidade aeroportuária visa ao atendimento da aviação regular nacional, ou seja, aquela que liga localidades de grande porte e que operam em aeroportos de interesse federal. A infraestrutura recomendada é: - Pista (área de manobras) com revestimento em asfalto; - Tipo de operação por instrumentos (IFR-não precisão ou IFR precisão, dependendo do volume de tráfego aéreo e das condições meteorológicas da região); - Terminal de Passageiros e Estacionamento de Veículos, com área adequada para o atendimento dos passageiros na hora-pico; - Balizamento noturno. IV- Aeroporto da Aviação Internacional Este tipo de aeroporto visa ao atendimento da aviação internacional, regular ou não-regular (ligam uma localidade em território nacional a outra localizada no exterior). Eles são normalmente de interesse federal, onde existem: - Controle da entrada e saída de cidadãos estrangeiros no país; - Controle aduaneiro de cargas e bagagens; - Vigilância sanitária; - Defesa sanitária animal e vegetal. Portanto requerem uma complexa infraestrutura de processamento de passageiros e carga. Neste contexto a infraestrutura recomendada é: - Pista (área de manobras) com revestimento em asfalto; - Tipo de operação por instrumentos (IFR precisão); - Terminal de Passageiros e Estacionamento de Veículos; - Áreas destinadas para a operação dos seguintes órgãos: Polícia Federal, Receita Federal, Divisão Nacional de Vigilância Sanitária e Secretaria de Defesa Sanitária Animal e Vegetal. - Balizamento noturno. Cabe ressaltar que estas áreas devem ser dimensionadas para o atendimento, com excelente nível de serviço, dos passageiros na hora-pico. 4- DIMENSIONAMENTO E COMPRIMENTO DE PISTA 4.1 SISTEMA PISTA O sistema de pistas de pouso e decolagem de um aeroporto consiste do pavimento estrutural (a pista propriamente dita), os acostamentos, as áreas finais de segurança de pista e faixa de pista. ELEMENTOS DO SISTEMA PISTA - PAVIMENTO ESTRUTURAL O pavimento estrutural que é a pista de pouso e decolagem, é onde as aeronaves realizam estas operações. - ACOSTAMENTOS Os acostamentos são áreas pavimentadas para resistir à erosão provocada pelos jatos das turbinas e também suportar o peso dos veículos de manutenção. - FAIXAS DE PISTA As faixas de pista são áreas conformadas geometricamente, normalmente são gramadas, e servem como área de segurança para operação das aeronaves. - ÁREAS DE SEGURANÇA As áreas de segurança de final de pista estendem-se além da cabeceira da pista e também devem ser conformadas de forma a não oferecer obstáculos às operações das aeronaves. 4.2 PISTA DE POUSO E DECOLAGEM A pista de pouso e decolagem é uma área pavimentada com condições de suportar as cargas de roda das aeronaves que se utilizam do aeroporto. Fonte:Aviões e Música (2020) O comprimento das pistas de pouso e decolagem, pode ser determinado em função das características operacionais das aeronaves e das condições locais. A tabela a seguir mostra os comprimentos das pistas. Tabela 1: Classificação ICAO Código (1) Comprimento de pista de Referência (m) Código (2) Envergadura (m) Distância entre os bordos externos do trem Principal (m) 1 Menos de 800 A Menos de 15 Menos de 4,5 2 800 até 1199 B 15 a 23 4,5 a 5,9 3 1200 até 1799 C 24 a 35 6,0 a 8,9 4 mais de 1800 D 36 a 51 9,0 a 14,0 E 52 a 60 O elemento 1 da tabela, é um número baseado no comprimento da pista de pouso/decolagem de referência do avião (Fornecido pelos fabricantes das aeronaves). Já o elemento 2 é uma letra baseada na envergadura (distância da ponta de uma asa a outra) do avião e na distância externa entre as rodas do trem de pouso principal. Assim o comprimento de uma pista código 2 deve ter: 800m ≤ COMPRIMENTO < 1.200m. Largura da Pista de Pouso / Decolagem A largura das pistas de pouso/decolagem não deverá ser menor do que a dimensão especificada na tabela a seguir. NÚMERO DO CÓDIGO LETRA DO CÓDIGO A B C D E F 1° 18m 18m 23m - - - 2° 23m 23m 30m - - - 3° 30m 30m 30m 45m - - 4° - - 45m 45m 45m 60m Pode-se observar que a largura da pista está relacionada apenas com a envergadura do avião. Assim pela tabela anterior pode-se perceber que para o número de código 2 e letra de código C terá a largura de 30metros. 4.2.1 SEPARAÇÃO ENTRE PISTAS PARALELAS: A separação será necessária caso haja previsão de duas pistas paralelas operando simultaneamente em um aeroporto. Em condições meteorológicas de visibilidade, a distância mínima entre seus eixos de pista deverá ser de: - 210 m onde o maior número de código for 3 ou 4; - 150 m onde o maior número de código for 2; e - 120 m onde o maior número de código for 1. Separações bem maiores serão necessárias caso estas pistas tiverem que operar simultaneamente em condições meteorológicas instrumentais. 4.2.2 FAIXA DE PISTA - Definição: Plano que envolve a pista de pouso e decolagem e tem, em cada ponto, a altitude do ponto mais próximo situado no eixo da pista ou no seu prolongamento. - Finalidade: Proteger as aeronaves no solo em caso de saírem da pista durante a corrida realizada após o pouso e para a decolagem. Os valores de A e B podem ser obtidos na tabela abaixo. Observações: 1- VFR: Voo visual (sem instrumentos); IFR: Voo por instrumentos. 2- Comprimentos mínimos. 3- Para efeito do traçado da faixa de pista, ao comprimento da pista de pouso são acrescidas as zona de parada, caso existam. 4.2.3 – Superfície de Aproximação Definição: superfície que se estende em rampa, no sentido do prolongamento da cabeceira da pista de pouso e decolagem, a partir da faixa de pista. Fonte: decea.gov.br – (acesso em 28/02/2020) Finalidade: definir a porção do espaço aéreo que se deve manter livre de obstáculos a fim de proteger as aeronaves durante a fase final de aproximação para pouso. A tabela abaixo contém dimensões mínimas da superfície de aproximação Obs. - Todas as dimensões são medidas horizontalmente. - Comprimento variável. 4.2.4 CURVAS NAS PISTAS DE ROLAMENTO As mudanças de direção das pistas de rolamento devem ser poucas e pequenas quanto possíveis. Os raios de curvatura devem ser compatíveis com a capacidade de manobra e com as velocidades de rolamento das aeronaves que irão utilizar o aeroporto. Fonte: Além da Inércia (2020) - Os raios devem ser suficientemente amplos para permitir velocidades de rolamento na ordem de 32 km/h a 48 km/h. Nestas condições os raios de curvatura correspondem a 60 m e 240 m respectivamente. - O projeto da curva deve ser tal que quando a cabine da aeronave permanecer sobre a marcação do eixo da pista de rolamento, a borda livre entre a roda externa do trem de pouso principal e a borda da pista de rolamento não seja menor que os valores já especificados. 4.2.5 DIMENSIONAMENTO E COMPRIMENTO DE PISTA 4.2.6 JUNÇÕES E INTERSEÇÕES Para facilitar o movimento das aeronaves nas junções e interseções entre pistas de rolamento, das pistas de rolamento com a pista de pouso e decolagem e pátios de estacionamento das aeronaves, estas devem ter concordâncias (fillets). 4.2.7 SAÍDAS DE PISTA Nos grandes aeroportos com características de tráfego intenso, o tempo médio de ocupação da pista de pouso e decolagem pelas aeronaves determina a capacidade do sistema de pista, e, portanto do aeroporto. 4.2.8 ACOSTAMENTOS DA PISTA DE ROLAMENTO A ICAO recomenda que devem ser construídos acostamentos para pistas de rolamento onde a letra de código for C, D ou E. Estes acostamentos deverão estender- se simetricamente em cada lado da pista de forma que a largura total da pista mais os acostamentos não seja menor que: - 44 m, onde a letra de código for E; - 38 m, onde a letra de código for D; - 25 m, onde a letra de código for C. 4.2.9 BAIAS DE ESPERA Estas baias devem ser providenciadas quando o volume de tráfego do aeroporto for muito alto. É uma área contígua a uma pista de rolamento, próxima à entrada da pista de pouso e decolagem, onde as aeronaves param por um instante antes da decolagem enquanto na cabine se faz a verificação dos motores. A utilização destas baias de espera reduz a interferência entre as aeronaves que saem da pista e minimiza os atrasos nesta parte do sistema de pista. BIBLIOGRAFIA BÁSICA - ANTAS, Paulo Mendes; VIEIRA, Alvaro; GONÇALO, Eluisio. Estradas – Projeto Geométrico e de terraplenagem. São Paulo: Interciência, 2010 - PIMENTA, Carlos R. T.; OLIVEIRA, Márcio P. Oliveira. Projeto geométrico de rodovias. 2.ed. São Carlos: Rima, 2004. - SENÇO, Wlastermiler de. Manual de técnicas de projetos rodoviários. São Paulo: Pini, 2008. - GOLDNER, Lenise G. Apostila de aeroportos. Florianópolis: ECV-UFSC, 2012. - ANAC, 2019. - IAC, Manual de Implementação de Aeroportos; Rio de Janeiro, 1993?
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