Buscar

AULA 1 CONCEITO E FINALIDADE DO CRÉDITO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AULA 1 
ANÁLISE DE CRÉDITO E RISCOS 
Prof. Pedro Salanek Filho 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
O objetivo principal desta nossa primeira aula é, basicamente, apresentar 
o conceito de crédito na gestão financeira dos negócios. Para que esse objetivo 
seja atingindo, além do conceito, será fundamental correlacionarmos o fator 
crédito com as atividades produtivas de um negócio; com as instituições 
financeiras; e com as principais modalidades/mecanismos de crédito. 
O crédito possui um papel fundamental nas relações financeiras entre os 
negócios e é direcionado para estimular a compra e a venda de produtos e 
serviços a prazo. Dessa forma, quando a movimentação financeira (pagamento) 
não ocorre apenas no momento da compra e da venda, ou seja, na famosa, mas 
também cada vez mais rara, “compra à vista”, começa a ser estabelecida uma 
relação de confiança para pagamentos posteriores. Nesse momento, as políticas 
de concessão de crédito começam a ser estabelecidas. 
A utilização do crédito também permite a uma empresa ampliar o volume 
produzido, expandir as estruturas e, principalmente, atender demandas de 
mercado. Esse processo de expansão envolve um planejamento financeiro, que 
começa na programação orçamentária, passa pelo fluxo de caixa no controle de 
prazo e é finalizado nas avaliações de resultados, geralmente por meio das peças 
contábeis. 
De forma geral, podemos afirmar que o crédito cumpre com um 
fundamental papel na gestão financeira no momento da gestão do fluxo de caixa 
dos negócios por meio de negociações junto aos seus fornecedores e clientes, 
bem como nas suas relações de investimentos e captação de recursos junto ao 
sistema financeiro. 
CONTEXTUALIZANDO 
Para iniciar essa contextualização, é importante uma reflexão na conexão 
direta que existe entre o “acesso ao crédito” e o “grau de endividamento”. Reflita 
alguns instantes sobre essa questão antes de continuar a leitura. 
Geralmente, quando uma operação de crédito começa a ser aplicada, a 
parte que está tomando o crédito gera diretamente um compromisso (obrigação 
de pagamento) com a parte que concedeu os recursos, ou seja, um endividamento 
está sendo constituído. Vale lembrar que, além do recurso financeiro (setor 
 
 
3 
financeiro), existem outros tipos de recursos, como matéria-prima e mão de obra, 
que também estão sujeitos a concessão de crédito (junto aos fornecedores). 
Na relação comercial descrita acima, o tomador do recurso vai gerar uma 
capacidade de liquidação futura para esse crédito, criando, inclusive, uma 
expectativa para o lado (que concedeu o referido recurso) receber por ele. Durante 
o período pactuado entre as duas partes, o tomador geralmente vai trabalhar com 
esse recurso para também conseguir gerar resultados (lucros) para honrar os 
seus compromissos. À medida que essas concessões vão sendo realizadas e as 
liquidações, sendo efetivadas, vai se criando um “processo cíclico” entre as duas 
partes, permitindo uma evolução no grau de confiança entre elas. 
O interessante desse processo todo (e ao mesmo tempo complicado) é que 
vai se desencadeando uma série de concessões de crédito ao longo de uma 
atividade, evolvendo, muitas vezes, várias empresas até chegar ao consumidor 
final. Todas as partes envolvidas dependem sempre de gerar liquidez e 
capacidade de pagamento para conseguir cumprir com as condições 
estabelecidas na concessão de crédito. Quando uma dessas partes não honra 
com os seus compromissos, vai, diretamente, influenciar na capacidade da outra 
parte de honrar com os seus pagamentos, podendo, assim, impactar 
significativamente uma cadeia produtiva e de consumo, gerando uma 
inadimplência sistêmica. Salienta-se que, muitas vezes, a dificuldades de liquidez 
concentra-se no consumidor final, influenciando de forma inversa toda a liquidez 
da cadeia produtiva. 
Podemos deduzir, diante do exposto no parágrafo anterior, que a expansão 
dos mercados, o planejamento estratégico e as definições orçamentárias dos 
negócios passam, obrigatoriamente, pela avaliação do volume de crédito a ser 
contratado e, também, pelo volume de crédito a ser concedido. 
O crédito é uma importante ferramenta que possibilita o crescimento 
organizacional. Ao mesmo tempo que o crédito pode promover o desenvolvimento 
de um negócio, por outro lado coloca-o em risco devido ao volume de crédito 
envolvido. Apesar de esta primeira aula ter por finalidade conceituar o crédito e a 
relação entre as partes envolvidas, é praticamente impossível não relatar os 
problemas diretos que geralmente ocorrem quando condições pactuadas não são 
cumpridas. 
 
 
4 
Diante disso, qual é a sua opinião para uma empresa realizar o seu 
planejamento financeiro e, ao mesmo tempo, gerenciar (em dosagem 
adequada) a captação e a concessão de crédito para o seu negócio? 
Saiba mais 
Assista ao vídeo Entenda o que é crédito em dois minutos para conhecer 
mais sobre o assunto. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=uRRUSl0d5N0>. Acesso em: 20 jun. 2018. 
TEMA 1 – CONCEITO E FINALIDADE DO CRÉDITO 
De forma geral, podemos conceituar o termo crédito como uma 
movimentação comercial na qual o cliente recebe um bem, produto ou serviço e 
efetuará os pagamentos no futuro, geralmente de forma parcelada. 
Para Rodrigues (2012, p. 22), “é uma ferramenta pela qual as empresas 
alicerçam suas vendas, a partir do instante em que tenham confiança na 
liquidação da dívida assumida pelos clientes”. 
Nessa mesma linha, Arai (2015, p. 59) considera o conceito de crédito 
“quando alguém se dispõe a fornecer algo, que pode ser um bem ou um valor em 
dinheiro, para outra pessoa, que se compromete a pagar determinada quantia no 
tempo combinado entre ambas as partes”. 
No momento em que o crédito é concedido, é como se a parte que o 
concede efetuasse uma “transferência de propriedade” de um determinado bem 
ou recurso. Durante o período de contratação, o tomador deverá efetuar os 
respectivos pagamentos para consolidar a propriedade de respectivo recurso. Nas 
condições pactuadas, geralmente formalizadas em contrato, estão destacadas as 
condições gerais e a determinação de juros e multas. Os juros podem ser 
definidos como o aluguel do dinheiro, fato muito comum na relação entre 
empresas e entidades financeiras. Já a multa é aplicada quando uma condição 
expressa no contrato não é cumprida, como o não pagamento na data 
correspondente, ou seja, um atraso. 
Para Rodrigues (2012, p. 24), “é o preço que o cliente terá que pagar pelo 
benefício de comprar produtos e serviços a prazo. Este preço será maior quanto 
pior for a avaliação de crédito (riscos) desse cliente”. 
Na linha de abordagem da finalidade do crédito para as empresas 
comerciais, a autora Tavares (2014, p. 7) traz as seguintes considerações: 
 
 
5 
As operações de crédito estão presentes no cotidiano das pessoas e das 
organizações. Empresas não financeiras, por exemplo, têm como um 
dos seus principais focos a decisão de crédito, seja porque são 
tomadoras de empréstimos ou financiamentos, seja porque deve 
financiar suas vendas e estabelecer limites para recebimentos a prazo 
de seus clientes. 
O crédito é fundamental para o desenvolvimento da atividade operacional 
do negócio. A relação que existe na negociação com fornecedores demonstra 
claramente a necessidade do crédito. Para que a empresa possa ter tempo para 
produzir e/ou movimentar seus produtos, é necessário negociar prazos de 
pagamentos junto aos fornecedores. 
Por outro lado, um efeito semelhante acontece na negociação com os 
clientes, ou seja, para que as empresas consigam atingir seus volumes de vendas, 
é fundamental que sejam realizadas, também, vendas a prazo (com crédito), o 
que torna possível aumentar o faturamento e atingir suas metas. 
TEMA 2 – AS POLÍTICAS DE CRÉDITO PARA O AUMENTO DO CONSUMO 
Destacaremos, agora, a importância do crédito para os fatores econômicos. 
A suadisponibilização provoca ampliação ou retração de consumo, 
principalmente em situações que envolvem o macroambiente econômico, gerando 
impactos positivos ou negativos consideráveis. 
Dentro dessa linha de raciocínio, Arai (2015, p. 60) destaca que “a 
relevância do crédito para a sociedade é grande, pois ele facilita e estimula o 
consumo, valorizando a moeda”. 
Em se tratando de Brasil, o Governo, principalmente o federal, procura 
adequar as políticas econômicas para estimular o consumo e gerar crescimento e 
desenvolvimento. Quando existe expectativa de aumento do consumo, trabalha-
se também para aumentar os investimentos no setor produtivo, fato esse que 
denota necessidade de crédito, até para que essa demanda de consumo seja 
atendida. As empresas, investindo em suas estruturas, possivelmente vão gerar 
mais empregos e, consequentemente, maior renda para pessoas/funcionários, 
que também passam a consumir mais, o que acaba gerando crescimento do PIB 
(Produto Interno Bruto), o principal indicador de evolução econômica. 
Todo esse processo gera um ciclo econômico com expectativas de 
crescimento contínuo. É oportuno sempre considerar que não é possível efetuar 
todo o volume de investimentos ou mesmo de consumo com disponibilidade 
financeira (poupança). É necessário que linhas de crédito sejam disponibilizadas. 
 
 
6 
Dessa forma, os investimentos e o consumo andam de “mãos dadas” com as 
linhas de crédito disponibilizadas. Investimentos somente serão realizados se as 
linhas de crédito, nas peculiaridades de prazo e juros, forem atrativas. Caso isso 
não ocorra, as empresas freiam seus investimentos e aguardam momentos de 
retomadas em que a viabilidade seja confirmada. 
Os pontos mencionados dizem muito respeito aos investimentos para as 
empresas, porém, se pensarmos como pessoas físicas, não existem muitas 
diferenças. No consumo para a pessoa física, as condições de empréstimos e 
financiamentos seguem a mesma lógica na questão de prazos e juros. O que gera 
maior preocupação no mercado doméstico do crédito é que, na maioria das vezes, 
as pessoas não realizam as devidas análises do compromisso financeiro que 
estão assumindo. Além disso, é necessário possuir capacidade de pagamento 
com geração de renda de outra fonte, visto que boa parte dos bens adquiridos 
pelas pessoas não geram renda diretamente, pois são bens de consumo. 
Estamos percebendo que o acesso ao crédito fomenta e movimenta a 
economia de um país. Quando as políticas governamentais desejam aquecer a 
economia, geralmente ocorrem alterações em taxas de juros, em benefícios para 
determinado segmento e provavelmente na facilidade para acessar os 
mecanismos de crédito. No Brasil, ainda vale uma menção da taxa SELIC (taxa 
de referência para o sistema financeiro), que é um dos fatores governamentais 
que influenciam na liberação (ou na contenção) do crédito no país. Essa taxa, em 
patamares mais baixos, estimula o uso do crédito e promove maior consumo; por 
outro lado, uma taxa mais alta dificulta o acesso ao crédito e, consequentemente, 
o aumento do consumo. 
Temos, ainda, que considerar o crédito na amplitude social. Apesar de seu 
vínculo ser diretamente econômico, o acesso a crédito também contribui 
indiretamente para fatores sociais. As entidades financeiras procuram trabalhar o 
conceito de “crédito certo” para evitar abusos e desequilíbrios financeiros nas 
pessoas e nas empresas, os quais podem levar a condições insustentáveis de 
capacidade de pagamento. Nesta linha, o alto custo financeiro de contratação de 
crédito, principalmente no Brasil, levará a dívida a um patamar de “impagável”. 
Entidades locais que fomentam a liberação do crédito com o 
desenvolvimento de uma atividade produtiva trabalham também o fator social de 
algumas comunidades. No Brasil, as cooperativas de crédito possuem um papel 
fundamental nesse processo, pois nelas a liberação do crédito possui uma relação 
 
 
7 
de desenvolvimento da localidade. Os resultados gerados por aquele grupo de 
participantes da cooperativa (cooperados) será distribuído nessa mesma 
localidade. Esse modelo cooperativista tem uma forte identidade local e está 
conectado ao desenvolvimento sustentável da comunidade. Diferentemente dos 
bancos privados, nos quais o resultado gerado na localidade é distribuído para os 
acionistas, no modelo cooperativista, a distribuição dos resultados é mais 
democrática. O modelo cooperativista trabalha a distribuição da renda gerada, 
enquanto o modelo bancário trabalha na concentração da renda gerada. Outra 
entidade que também atua para o desenvolvimento local, porém dentro da esfera 
pública, é o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). 
Essa entidade promove o desenvolvimento principalmente com linhas de crédito 
mais acessíveis, visando estimular a produção de bens e serviços de origem 
nacional. 
Para finalizar, vale uma reflexão na combinação da esfera social com os 
interesses políticos quando o assunto é consumo e acesso ao uso do crédito. 
Pode-se perceber a relevância da combinação estratégica e governamental do 
consumo com outros interesses sociais. Para Cortez (2009 p. 35), “o consumo 
está presente nas diversas esferas da vida social, econômica, cultural e política. 
Nesse processo, os serviços públicos, as relações sociais, a natureza, o tempo e 
o próprio corpo humano transformam-se em mercadorias”. 
Fonseca e Haines (2012, p 1054) descrevem os riscos e os impactos das 
políticas públicas combinadas entre a economia e o consumo: 
A política econômica, em um primeiro momento, centra-se na expansão 
da demanda agregada, geralmente alavancada pelo consumo. O ‘ciclo 
populista’ configura-se porque, como resultado da ‘vontade política’, em 
um primeiro momento, a economia cresce, gerando até uma euforia, mas 
em certo tempo começam a aparecer os gargalos. Via de regra, o 
desfecho é desastroso com uma fase final de recessão, desemprego, 
inflação e crise. 
Nesta linha, começamos observando que políticas governamentais de 
ideologias mais concentradas no cunho social tenderão a fomentar o acesso ao 
crédito para gerar, efetivamente, maior consumo à população, aquecendo a 
economia pelo consumo; incentivando a população a gastar mais; e mantendo 
altos índices de aprovação popular pela adoção desse modelo governamental. 
Esse modelo é ótimo para resultados de curto prazo, mas não é sustentável 
em longos períodos. Parece tudo muito positivo pelo lado social, porém poderá 
levar a impactos econômicos catastróficos em período de desemprego, retração 
 
 
8 
econômica, aumento da inflação e descontrole nas contas públicas, fatores 
potencializados com uma corrupção alastrada nos diversos setores públicos e nas 
empresas estatais, nos fornecedores de empresas privadas do Governo por meio 
de licitações ou contratações públicas. 
Essa conexão entre interesses políticos e consumo, com facilitação do uso 
do crédito, gera uma tendência muito forte em direcionar a economia toda do país 
para o consumo, passando uma impressão falsa de desenvolvimento sustentável. 
TEMA 3 – O CRÉDITO E AS EMPRESAS 
Nesta etapa da nossa aula, voltaremos a debater a importância do crédito 
para o desenvolvimento financeiro dos negócios. 
Dentro da dinâmica financeira que os negócios vivem atualmente, seria 
praticamente impossível a sobrevivência e o desenvolvimento da empresa sem o 
acesso ao crédito para efetuar as compras dos produtos/serviços, bem como 
oferecer crédito aos clientes para efetuar a venda para, futuramente, obter o 
recebimento do valor no fluxo de caixa. 
Todo esse processo de acesso, liberação e crédito deve ser bem planejado, 
e é necessário estabelecer uma política de crédito para o negócio, visando um 
planejamento financeiro adequado à realidade da empresa. A política de crédito 
contempla um conjunto de regras e critérios de avaliação de cadastro para 
liberação dos fatoresrelacionados ao crédito. Cada empresa deve estabelecer 
limites/medidas de crédito para os clientes que desejam efetuar suas compras a 
prazo. 
Já foi destacado anteriormente que quando uma empresa visa a expansão 
de mercado, terá como um dos fatores estratégicos para isso o crescimento das 
vendas. Nesse processo de crescimento das vendas, ampliando o faturamento da 
empresa, geralmente ocorre uma parcela (normalmente significativa) de vendas a 
prazo. 
O aumento das vendas sem um critério adequado para avaliar cadastro, 
perfil e capacidade do cliente pode gerar um índice de inadimplência alto, o que 
pode comprometer a liquidez da empresa que efetuou a venda. Uma das formas 
de minimizar esse impacto é a busca de mecanismo de limites de crédito e 
implantação de um sistema que estabeleça garantias para a venda. Vale ressaltar 
que as informações de cadastro, a verificação de perfil e a capacidade de 
pagamento variam de negócio para negócio. Todas essas situações dizem mais 
 
 
9 
respeito aos créditos entre empresas (fornecedores) e seus respectivos clientes 
(em muitos casos, pessoas físicas). Esse exemplo também contempla a questão 
do endividamento ou da alavancagem operacional, quando o acesso a crédito não 
teve como fonte de recurso o dinheiro, mas sim um produto ou mesmo um serviço. 
Devido a nossa disciplina focar a questão da gestão de crédito e riscos na 
amplitude empresarial, não aprofundaremos demasiadamente as questões 
relacionadas a pessoa física. Trataremos algo nesse sentido apenas sobre a 
relação da pessoa física como cliente da empresa, não ela na relação com o 
sistema financeiro. 
Seguindo na linha do acesso ao recurso financeiro, vamos falar agora do 
endividamento junto às entidades financeiras com a caracterização do 
endividamento financeiro, também chamado de alavancagem financeira. O 
universo de acesso a crédito financeiro vale para todo tamanho de empresa, 
desde a MEI (microempresário individual) até os grandes conglomerados de 
empresas, geralmente na constituição jurídica de S/A (sociedade anônima). Os 
volumes e as modalidades dessas empresas obviamente serão diferentes. 
Negócios menores terão linhas de crédito mais restritas e de baixo volume 
financeiro, até pela restrição de garantias que o negócio possui. Geralmente esses 
pequenos negócios, aos critérios das entidades financeiras, possuem maiores 
riscos para volumes maiores de recursos, pois possuem baixa capacidade de 
gestão financeira, com pouco uso de ferramentas como planejamento financeiro, 
orçamento, fluxo de caixa e elaboração de balanço. 
Os grandes negócios possuem uma solidez maior no seu processo de 
gestão. Geralmente estas empresas são bem assessoradas por colaboradores 
capacitados ou mesmo consultores que desenvolvem estudos de mercado para 
expansão do negócio. Quando essas empresas vão até as instituições financeiras, 
conseguem comprovar a capacidade de pagamento com os planos de viabilidade 
e as análises de investimentos. 
TEMA 4 – O CRÉDITO E AS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS 
A conexão entre crédito e instituições financeiras também é muito forte. 
Apesar de ocorrer concessão de crédito entre empresas comerciais (conforme 
mencionado no tema anterior) para a compra e a venda de produtos e serviços e 
entre elas e o consumidor final, o envolvimento do setor financeiro é mais 
significativo quando envolve a liberação de recursos financeiros. 
 
 
10 
Para Rodrigues (2012, p.36), “podemos dizer que o papel do sistema 
financeiro é captar recursos daqueles que conseguem poupar e destiná-los para 
aqueles que não conseguem poupar ou que buscam recursos adicionais para 
suas atividades e/ou negócios”. 
Essas entidades passam a financiar as necessidades de consumo e de 
investimento no curto e no longo prazo. Portanto, o acesso ao crédito passa muito 
pelas instituições financeiras, e esse segmento precisa captar recursos e ofertar 
em concessão de crédito. Tais entidades realizam isso diretamente com os 
poupadores e com os captadores – pagam rendimentos aos poupadores que 
aplicaram recursos e cobraram juros daqueles que emprestarem junto às suas 
agências. Vale ainda destacar que, conforme determinação do BACEN (Banco 
Central do Brasil), uma parte dos valores captados deve ser direcionado para 
crédito imobiliário e crédito rural. 
Nessa mesma linha, Tavares (2014, p. 88) ainda complementa essas 
questões de poupadores e de tomadores com o fator spread bancário: 
As instituições financeiras captam recursos de entidades superavitárias, 
aplicadoras, e os transferem às empresas e às pessoas que necessitam 
desses recursos. A diferença entre a taxa de juro paga na captação dos 
recursos e a taxa cobrada nos empréstimos e financiamentos constitui o 
spread bancário. Ao emprestar recursos, a instituição financeira assume 
o risco de crédito, um dos principais riscos dos bancos. 
A movimentação entre tomadores e poupadores diz respeito a 
intermediação bancária. Os aplicadores são incentivados a direcionar seus 
recursos para produtos de investimentos, entre eles CDB, CDI, poupança, fundos 
de investimentos, enquanto aos tomadores são oferecidos empréstimos e 
financiamentos, por exemplo o cheque especial, o crédito direto ao consumidor 
(CDC), o desconto de recebíveis, entre outros. 
No Brasil, o crédito é concentrado em grandes bancos, tanto públicos como 
privados. Esse fato leva a uma condição de taxa de captação muito alta em 
relação a outros países. As maiores taxas são colocadas pelo sistema financeiro 
justificadas com os maiores riscos dos tomadores. No processo de análise para a 
concessão do crédito, cada tomador recebe uma classificação de risco, que 
envolve fatores relacionados ao seu cadastro, ao grau de endividamento junto a 
outras instituições (com prazos e modalidades). Essa classificação de risco ainda 
pode aumentar se o tomador ficar inadimplente com o seu empréstimo. Esses 
pontos começar a compor o grau de risco de crédito das instituições financeiras 
com o mercado. 
 
 
11 
O risco de crédito também pode ser entendido como a possibilidade de o 
credor incorrer em perdas, em razão de as obrigações assumidas pelo tomador 
não serem liquidadas nas condições pactuadas. Todas as operações de crédito 
estão de alguma forma expostas ao risco, cabendo à instituição a realização de 
uma eficiente gestão com intuito de “mitiga-lo”, adequando as exposições aos 
níveis aceitáveis pela administração. 
Para realização dessa gestão, devem ser controlados os seguintes fatores: 
 Tamanho da exposição; 
 Prazo da exposição; 
 Probabilidade de inadimplência; 
 Concentração em relação a um dado fator ou segmento. 
O risco de crédito também é visto como a perda potencial que pode ocorrer 
devido a mudanças na qualidade de crédito ou até mesmo falta de pagamento de 
um emissor. O risco de crédito é, sem dúvida, um dos mais importantes em 
qualquer tipo de instituição financeira (Vier, 2009). 
As instituições financeiras exercem papel fundamental no mercado e são 
responsáveis pela intermediação financeira. Elas captam recursos dos 
poupadores por uma taxa, denominada de taxa de captação, e emprestam esses 
recursos para aqueles que deles necessitam mediante a cobrança de juros. Nesse 
processo de financiamento de seus clientes (bancos) ou associados (cooperativas 
de crédito), as instituições estão sujeitas ao risco de crédito (Vier, 2009). 
Além do mercado de crédito no sistema financeiro, objeto de discussão 
neste tema, as entidades financeiras ainda atuam com outros produtos e serviços, 
como o mercado de capitais e o mercado cambial. Devido ao módulo ser 
específico para a questão “crédito”, não serão apresentados esses outros 
segmentos. 
TEMA 5 – AS MODALIDADES DE CONCESSÃO DE CRÉDITO 
Neste desfecho da nossa primeira aula, são abordados os principais 
produtos e serviços oferecidos pelo mercado financeiro. Serão apenas citados os 
tipos de serviçosoferecidos para pessoa física (para exemplificar) e nos 
aprofundaremos nos serviços oferecidos para as pessoas jurídicas. 
 
 
12 
Alguns serviços bancários são comuns tanto para pessoas físicas como 
jurídicas, como o cheque, o cartão de débito e as transferências bancárias por 
meio de DOC ou TED. 
Já na amplitude da pessoa física, alguns serviços são bem específicos, 
como os limites disponibilizados no rotativo (cheque especial e cartão de crédito); 
crédito consignado; crédito pessoal; crédito direto ao consumidor (CDC); crédito 
imobiliário; crédito para aquisição de veículos. Estes exemplos são os serviços 
mais comuns oferecidos para as pessoas físicas. Encontramos ainda algumas 
outras modalidades, como o crédito rural e o crédito educativo, que já são 
consideradas linhas mais específicas. 
Na linha do crédito para pessoas jurídicas, geralmente existe uma relação 
entre a liberação do crédito e a finalidade dentro da empresa. Essa conexão 
contribui de forma positiva tanto para a liberação do crédito como para as 
questões de taxas e prazos. As empresas buscam recursos financeiros juntos aos 
bancos geralmente para atender suas necessidades relacionadas ao fluxo de 
caixa (capital de giro), ou seja, no curto prazo, além dos recursos para 
investimentos (ativos imobilizados), ou seja, uso de longo prazo. 
A autora Tavares (2014, p. 145) traz reflexões sobre a questão de recursos 
de curto prazo para as pessoas jurídicas, na amplitude de fluxo de caixa e capital 
de giro: 
Os empréstimos para equilíbrio de fluxo de caixa são operações 
realizadas pelas instituições bancárias, que destinam á cobertura do 
fluxo de caixa das empresas em caso de descasamento gerado por 
despesas inesperadas ou receitas não realizadas. Em relação a outras 
linhas de financiamento, esses produtos de crédito têm alto custo 
financeiro e não devem ser utilizados por períodos muito longos. (...) 
Empréstimos para capital de giro são operações bancárias que se 
destinam ao financiamento do ciclo operacional das empresas, o que 
compreende a compra da matéria-prima, a estocagem, o processamento 
e a comercialização. Ou seja, são operações para o financiamento das 
necessidades da atividade, principalmente para manutenção dos 
estoques e financiamento a clientes. 
As operações financeiras para acesso ao crédito relacionadas a gestão do 
ciclo operacional do negócio são uma das mais comuns entre empresas e 
entidades financeiras, denominadas, inclusive, de operações para capital de giro. 
Geralmente, a necessidade de recursos ocorre pelo desequilíbrio entre prazos. A 
empresa precisa de recursos para financiar o tempo entre o processo de 
produção/estocagem e o período de recebimento (prazo negociado após a 
venda). Se a empresa conseguisse efetuar todos os seus pagamentos após o 
 
 
13 
recebimento da venda, não seria necessária a busca por recursos junto ao sistema 
financeiro. Os prazos entre o momento que o dinheiro sai do caixa da empresa e 
o momento que o dinheiro entra caracterizam-se como um ciclo (chamado de 
financeiro), que deverá ser financiado. Se a empresa possuir recursos disponíveis 
no caixa, podemos afirmar que ela tem capital de giro; se ela tiver que recorrer ao 
banco, estará buscando o capital de giro fora e, assim, financiando a sua 
atividade. 
Agora, abordaremos as questões relacionadas às operações de crédito que 
envolvem a movimentação de investimentos, os quais são operações financeiras 
atreladas a bens de produção, ou seja, algum tipo de relação com a estrutura do 
negócio. Diferentemente dos empréstimos, que não deixam os bens atrelados, os 
investimentos possuem um bem diretamente ligado, inclusive a expectativa de 
pagamento deste financiamento está relacionada a geração líquida de resultados 
gerada pelo próprio bem. Desde o momento em que o bem começar a gerar caixa 
para a empresa após o pagamento dos demais gastos (geralmente custos de 
produção), podemos afirmar que o investimento já possui maturidade para honrar 
o financiamento que o gerou. Vale ressaltar que essas operações possuem um 
prazo de carência, visto que estão ligadas ao longo prazo. 
Existem outras denominações para os empréstimos e financiamentos para 
as operações com as empresas. No curto prazo, ainda encontramos: 
 Hot money: operação de curtíssimo prazo, geralmente abaixo de 30 dias, 
que tem relação com a atividade operacional do negócio; 
 Conta garantida: recurso disponível de curto prazo que é geralmente 
vinculado à conta-corrente da empresa e funciona como um crédito rotativo; 
 Desconto de recebíveis: modalidade em que a empresa apresenta o 
volume de valores a receber para garantir o empréstimo. Funciona como 
uma espécie de antecipação das vendas; 
 Vendor: operação em que o recebimento fica diretamente ligado à empresa 
cliente com o banco. A empresa cedente faz a venda e contrata esta 
modalidade (e recebe o dinheiro do banco); a empresa compradora efetua 
o pagamento diretamente no banco na data do vencimento. 
Existem outras operações de crédito de curto prazo, porém com condições 
mais específicas, como as operações de câmbio e as operações com mercado 
internacional. 
 
 
14 
Nas operações de investimentos, encontramos linhas de longo prazo que 
envolvem instituições como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento 
Econômico e Social). Uma das linhas mais conhecidas é o FINAME, que é um 
financiamento direcionado para a produção de máquinas e equipamentos de 
origem nacional. 
Saiba mais 
Acesse na nossa plataforma digital o livro Operações de crédito: produtos 
e serviços bancários, de Rosana Tavares, e pesquise entre as páginas 190 e 208 
as diversas modalidades de financiamentos do BNDES. 
FINALIZANDO 
Nesta primeira aula, o objetivo foi apresentar os primeiros tópicos 
relacionados a gestão do crédito e seus riscos. A preocupação que o empresário 
deve ter em captar e conceder crédito tem relação direta com um bom 
planejamento financeiro, permitindo que a empresa cresça de maneira 
sustentável. 
Destacamos, também, a relação do crédito com o mercado consumidor da 
empresa (clientes) e a relação com o sistema financeiro, na tomada de recursos 
para empréstimos e financiamentos. 
Foi analisado, ainda, o “fator crédito” na amplitude da macroeconomia, no 
desenvolvimento social e nas suas relações com as políticas governamentais 
direcionadas (principalmente) para aquecer a economia e estimular o crescimento 
do PIB. 
Na parte final da aula, apresentamos as principais modalidades de crédito 
que as empresas acessam junto ao sistema financeiro, basicamente para 
atividades de curto prazo (capital de giro) ou de financiamentos para a estrutura e 
imobilização de ativos. 
LEITURA OBRIGATÓRIA 
Texto de abordagem teórica 
RODRIGUES, C. M. Análise de crédito e risco. Curitiba: InterSaberes, 2012. 
Leitura dos capítulos 1 e 2. 
 
 
 
15 
TAVARES, R. Operações de crédito: produtos e serviços bancários. Curitiba: 
InterSaberes, 2014. 
Leitura dos capítulos 4 e 5. 
Texto de abordagem prática 
Sobre gestão de capital de giro, consulte a obra a seguir. 
ZOUAIN, D. M. et al. Gestão de capital de giro: contribuição para as micro e 
pequenas empresas no Brasil. Rev. Adm. Pública, Rio de Janeiro, v. 45, n. 3, p. 
863-884, jun. 2011. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
76122011000300013&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 20 jun. 2018. 
 
 
 
 
16 
REFERÊNCIAS 
ARAI, C. Análise de crédito e risco. São Paulo: Pearson, 2015. 
CORTEZ, A. T. C., ORTIGOZA, S. A. G. (Org.). Da produção ao consumo: 
impactos socioambientais no espaço urbano. São Paulo: Cultura Acadêmica, 
2009. 
FONSECA, P. C. D.; HAINES, A. F. Desenvolvimentismo e política econômica: 
um cotejo entre Vargas e Perón. Economia e Sociedade, Campinas, v. 21, 
Número Especial, p. 1043-1074, dez. 2012. 
RODRIGUES, C. M. Análise de crédito e risco. Curitiba: InterSaberes,2012. 
TAVARES, R. Operações de crédito: produtos e serviços bancários. Curitiba: 
InterSaberes, 2014. 
VIER, M. G. Auditoria interna e gerenciamento de riscos em cooperativas de 
crédito. Revista de Negócios – Business Review, n. 7, mar. 2009. Disponível em: 
<http://livrozilla.com/doc/360977/auditoria-interna-e-o-gerenciamento-de-riscos-
em-cooperativas>. Acesso em: 20 jun. 2018.