Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR NA ERA DIGITAL AULA 1 Profª Victoria Vilasanti da Luz 2 CONVERSA INICIAL Olá! Seja bem-vindo à nossa aula! Aqui serão apresentados alguns temas introdutórios para começarmos a pensar no marketing com uma nova perspectiva. Vamos abordar os seguintes temas: 1. O que mudou? Do off-line para o on-line 2. Relações sociais na internet: os grupos de referência 3. Novo perfil do consumidor: geração millenium 4. Evolução dos quatro Ps na era digital 5. Cibercultura CONTEXTUALIZANDO Antes de falarmos sobre consumo digital, vamos voltar um pouco e relembrar a função do marketing. De acordo com a American Marketing Association (AMA, 2013, tradução nossa), “o marketing é a atividade, conjunto de instituições e processos para criar, comunicar, entregar e trocar ofertas que tenham valor para clientes, parceiros e sociedade”. Dessa forma, o marketing é responsável por criar soluções que agreguem valor, bem como guiar os consumidores, em suas jornadas de compra. É dever de um profissional de marketing entender seu mercado e seus consumidores para entregar bens e serviços que supram suas necessidades e desejos. Baseando-se nas definições anteriores, parece que a função de marketing na era digital continua a mesma; e, em alguns aspectos, continua mesmo. No entanto, os avanços tecnológicos causaram diversas mudanças na sociedade e no indivíduo. Essa evolução se traduz na forma com que o consumidor pensa, se comunica, se relaciona com o outro e, também, na forma com que ele escolhe seus bens. Assim, para que um profissional de marketing consiga exercer sua função, ele precisa entender um pouco melhor como que essas mudanças transformaram o universo dos seus consumidores. TEMA 1 – O QUE MUDOU? DO OFF-LINE PARA O ON-LINE Este tópico é uma introdução para começarmos a entender quais as principais mudanças que o mundo digital gerou para os consumidores e para as marcas. Aproveite a leitura! 3 1.1 Como o acesso a informações transforma as relações? O universo on-line representa, para o marketing, uma forma diferente de se comunicar, de vender e de entregar produtos e serviços. Antes, no mundo off- line, a relação entre marcas e consumidores era unilateral. Ou seja, a marca se comunicava e o consumidor somente recebia aquelas informações. Observe que essa estrutura vertical de relacionamento era um padrão da sociedade como um todo e não apenas das marcas (Kotler; Kartajaya; Setiawan, 2016). Os avanços tecnológicos, em especial o advento da internet, possibilitaram mudanças no modelo preexistente de relacionamentos (Ramaswamy; Ozcan, 2018). Essas mudanças são advindas principalmente do acesso a informações. Assim, uma sociedade que antes tinha grupos seletos de indivíduos dotados de poder, agora tem grupos mais homogêneos e conectados (Kaplan; Haenlein, 2010). Vamos abrir um parêntesis aqui: nesse contexto, falamos de poder como a possibilidade de receber e compartilhar informações e/ou conhecimento. Assim, essa estrutura atual transformou, aos poucos, as relações verticais em relações horizontais. Isto é, hoje tem-se relações sociais em que as partes possuem a mesma posição de poder. Nesse sentido, observa-se que, além de mais transparência na comunicação, tem-se uma preocupação muito maior com a inclusão. De acordo com Kotler, Kartajaya e Setiawan (2016), inclusão não significa massificar todos os indivíduos. As diferenças individuais continuam existindo e devem ser respeitadas. Os autores ainda explicam que a inclusão possibilita a entrada de novos grupos de consumidores no mercado. Indivíduos que antes não tinham condições, principalmente financeiras, agora também têm poder de compra. Ainda falando de inclusão, os autores citados explicam que o universo on- line também permite uma “inclusão geográfica” (Kotler; Kartajaya; Setiawan, 2016). Ou seja, não existem barreiras geográficas para a comunicação e disseminação de informações. As formas de ensino-aprendizagem são um bom exemplo dessa quebra de barreiras geográficas. Com novas plataformas de ensino você pode ter acesso a esse e outros materiais didáticos. Um ponto interessante a ser destacado é a individualização do aprendizado. Se, por um lado, o indivíduo necessita de outros indivíduos (ou de um grupo) para transmitir informações, por outro lado ele está apto a ir buscar essas informações sozinho. Por exemplo, um consumidor que quer aprender a 4 cozinhar pode entrar no Pinterest ou ver um vídeo no YouTube para buscar uma receita. Veja que esse consumidor não precisou perguntar a receita para ninguém, ele não ligou para um amigo ou para familiares. Ainda que ele tenha dependido de um conteúdo de terceiros para aprender, ele teve a iniciativa de buscá-lo sozinho. A possibilidade de saber onde buscar conteúdo transformou os consumidores em autodidatas, o que por sua vez os torna mais informados acerca de tudo. 1.2 Quais são as implicações dessas mudanças para o marketing? No contexto do marketing, essa nova estrutura de relações gera uma série de consequências. Por exemplo, o relacionamento entre consumidor e marca, assim como as relações pessoais, não é mais unilateral. Isso acontece porque os pontos de contato com a marca aumentaram significativamente. Ou seja, com abertura de mais canais de comunicação (e-mail, site, mídias sociais), o consumidor tem a possibilidade de conversar com a marca de igual para igual (Kotler; Kartajaya; Setiawan, 2016). Ademais, a comunicação entre consumidor e marca não é mais privada, ela acontece publicamente. Assim, sua satisfação (ou insatisfação) também se tornou pública. Consequentemente, o famoso “boca a boca” tem muito mais impacto! Quer um exemplo? Alguém se lembra do vídeo Não é uma Brastemp (2011)? Nele, um consumidor faz reclamação pública sobre uma falha de assistência técnica da marca Brastemp (Grupo Whirlpool). No vídeo, o consumidor demonstra sua frustração com a marca ao explicar todo o processo que passou, desde o contato com a assistência técnica até a resposta do sistema de relacionamento. O vídeo foi postado em janeiro de 2011 e tem mais de 900 mil visualizações. Tem alguma dúvida de que esse consumidor recebeu uma geladeira nova depois desse vídeo? Assista-lhe na íntegra (Não é, 2011). Ainda falando sobre o vídeo, aquele consumidor explicitamente chama os demais indivíduos a se unirem em prol de defender seus direitos como consumidores. Podemos tomar isso como exemplo da formação de comunidades on-line. Essas comunidades demonstram, mais uma vez, que a estrutura de poder verticalizada não tem mais espaço. Grupos sociais como esse exercem influência sobre as atitudes e comportamentos de seus integrantes, 5 podendo levar a maior ou menor propensão de compra de um produto ou serviço (Kaplan; Haenlein, 2010). Alinhado com as transformações das relações consumidor-marca, também se nota uma mudança na forma de gerar valor para o consumidor. No mundo off-line, o valor era obtido por meio da oferta de produtos e serviços. Porém, vem se argumentando que a conectividade possibilita que o valor seja criado por meio das diversas plataformas de interação entre o consumidor e a marca. Ou seja, o valor é, na verdade, gerado em cocriação pela marca e pelo consumidor, mutuamente (Ramaswamy; Ozcan, 2018). Observe que essa nova perspectiva de criação de valor representa uma oportunidade de aproveitar o ambiente on-line para se ganhar vantagem competitiva. Ela foi apresentada por pesquisadores norte-americanos em um artigo publicado em uma das revistas de maior impacto para a academia de marketing. Para entender melhor a proposta de cocriação de valor dos autores, você pode acessar o resumo da discussão na newsletter Ponte do Marketing (Tonet, 2018). 1.3 Como o contexto digital influencia as relações de mercado?Até o momento, nossa discussão estava focada em um nível micro. Apresentamos aqui as mudanças do mundo off-line para o on-line, no que tange as relações entre consumidor e marcas. No entanto, o contexto digital também gerou algumas transformações nas relações de mercado (entre competidores). De acordo com Kotler, Kartajaya e Setiawan (2016), a quebra de barreiras geográficas possibilitou maior abertura para que marcas menores e/ou marcas de nicho possam competir com grandes empresas. Os autores chamam esse novo cenário de “competição nivelada” e explicam que vantagens competitivas não dependem mais apenas do tamanho das empresas. Por exemplo, a Isecta Shoes é uma marca de sapatos veganos de Porto Alegre (RS). Ela atende a um nicho específico do mercado, que são as pessoas “verdes”, ou seja, pessoas que têm a preocupação de consumir produtos com menor impacto ambiental. Ainda que o nicho seja restrito, a Isecta consegue atender a consumidores que estão em qualquer parte do país, por meio de sua loja virtual. Além disso, a empresa também possui um blog no seu site, o que possibilita a troca de informações com seu público-alvo. 6 Observe que a Insecta Shoes é um caso de empresa que enxerga, no mundo on-line, uma oportunidade de expandir seus clientes potenciais. No entanto, ela possui um modelo de negócio similar ao das demais empresas de varejo. A marca mantém uma loja física e atende a uma diversidade de outros clientes, por meio da loja on-line. Além da potencialização do mercado-alvo, essa quebra de barreiras geográficas também possibilitou o surgimento de marcas com modelos de negócios completamente diferentes. Por exemplo, existem empresas com a estrutura organizacional inteiramente baseada em redes. Isso quer dizer que a hierarquia da empresa tem como base núcleos de relacionamento ao invés de diretorias. O que possibilita o ganho de vantagem competitiva, por meio de flexibilidade, agilidade, redução de custos, entre outros aspectos. Mas, o que isso tem a ver com o marketing? Bem, isso está intimamente ligado à parte do marketing que trata de relacionamento. Consequentemente, está ligado também com a criação de valor na produção e entrega de um produto e/ou serviço. Controversamente, a abertura de mercado gerada pela conectividade pode representar uma ameaça para alguns setores. É o caso das marcas de luxo, por exemplo. As marcas de luxo são conhecidas por serem únicas, por terem o mais alto nível de qualidade, preços elevados e alta seletividade do seu público. A “aura mágica” e a sofisticação das marcas de luxo fazem de seus produtos objetos de desejo para sinalizar status e alta posição social (Fuchs et al., 2013). Dessa forma, a disponibilidade e a facilidade de compra que a internet proporciona fazem com que a percepção de exclusividade diminua. Isso acontece porque, ainda que as marcas sejam extremamente seletivas, pelo preço, a distribuição e o acesso são facilitados pela internet. Consequentemente, o consumidor de luxo percebe menos status em sua compra. Note que o website da Dior, por exemplo, não possui loja on-line. Na página, a marca expõe a história da Dior e de seus produtos, as coleções e os desfiles de alta costura, bem como todas as informações das semanas de moda e a localização das boutiques físicas onde os produtos estão disponíveis para venda. Esses exemplos nos ajudam a perceber que o mundo on-line transformou também as relações de mercado. No entanto, é necessário que o gestor de marketing esteja atento às características de seu setor, a fim de usar as vantagens da era digital para criar valor. 7 TEMA 2 – RELAÇÕES SOCIAIS NA INTERNET: OS GRUPOS DE REFERÊNCIA Na discussão anterior, nós pontuamos algumas mudanças que vêm acontecendo em decorrência da era digital. Dentre elas, nota-se que o modo de se relacionar com o outro e com as marcas é um fator-chave para o entendimento dessa nova realidade. 2.1 Os grupos e sua influência Observa-se que a conectividade é acompanhada por uma maior necessidade de aprovação social (Kotler; Kartajaya; Setiawan, 2016). Da mesma maneira que a relação entre marcas e consumidores se tornou pública, a vida das pessoas, também. Por meio, principalmente, das mídias sociais, indivíduos compartilham suas conquistas do dia a dia. Seja por meio de compras, viagens, trabalho, lazer e/ou relacionamentos, os indivíduos constroem sua identidade pública para os demais membros de seu círculo. Para gestores de marketing, não é uma novidade dizer que as escolhas do consumidor são também moldadas pelo ambiente. Ou seja, elas refletem o meio social em que os consumidores estão inseridos, bem como a rede de relacionamento que eles possuem. Existem algumas maneiras de se analisar essa influência do ambiente sobre o consumo. Pode-se entender, por exemplo, que os consumidores conectados entre si possuem características em comum (Ma; Krishnan; Montgomery, 2014). Assim, um indivíduo forma um círculo social com pessoas que tenham um perfil similar ao dele. Consequentemente, as preferências de consumo são também similares. Dessa forma, observa-se que as redes de consumidores baseadas em relações de proximidade podem ser consideradas uma nova forma de segmentar o mercado. Ou seja, a conectividade do mundo digital permite uma redefinição do agrupamento de consumidores. Isso acontece porque os consumidores têm a liberdade de formarem redes – em qualquer lugar do mundo – fundamentadas em suas afinidades pessoais, crenças, motivações e objetivos. De maneira geral, podemos entender que os grupos influenciam o comportamento dos consumidores de três formas diferentes: (i) para suprir necessidades latentes de informação; (ii) para atingir recompensas ou evitar punições; e (iii) para demostrar valor de autoexpressão (Bearden; Etzel, 1982). 8 Os autores citados explicam que a primeira situação tem a ver com a necessidade de indivíduos de tomarem decisões assertivas (Bearden; Etzel, 1982). Por exemplo, imagine que você precisa trocar seu smartphone. Você tem uma ideia do valor que quer gastar e tem algumas opções de marcas preestabelecidas. No entanto, você não tem conhecimento técnico suficiente para saber qual é o melhor modelo. O que você faz? Uma resposta comum dos consumidores é buscar informações com pessoas próximas ou nos canais de comunicação (ex.: redes sociais, blogs, fóruns) de pessoas que consideram confiáveis. Já a segunda situação tem um caráter mais normativo. Ela reflete a necessidade de um indivíduo de agir de acordo com as expectativas de outras pessoas. Isso acontece por uma necessidade de ser aceito como membro de um grupo específico, por exemplo. Ou, ainda, pela necessidade de se manter afiliado a determinado grupo, uma vez que cada grupo é formado por suas próprias regras/normas e crenças (Bearden; Etzel, 1982; White; Dahl, 2006). Finalmente, a terceira situação está ligada com uma necessidade de conexão psicológica com o grupo. Ou seja, diz respeito à interdependência emocional, de amor e de apego que o indivíduo tem com um grupo. O que, consequentemente, se reflete em seus comportamentos, de forma que esse indivíduo tende a copiar as ações de outros membros do grupo (Bearden; Etzel, 1982). Desde o mundo off-line, indivíduos têm a tendência de quererem se afiliar a grupos que expressem sua identidade (atual ou futura). Grupos são formados por indivíduos que compartilham as mesmas crenças e normas. Quando esses grupos são formados em torno de uma marca, eles são chamados de comunidades de marca. Futuramente discutiremos um pouco melhor o funcionamento das comunidades on-line de marca. Por enquanto, atentemo-nos ao fato de que os grupos determinam as atitudes e comportamentos de consumidores. Isso acontece de forma que consumidores tendem a fazer escolhas parecidas com as de seus grupos de referência e escolhasdiferentes das dos membros de grupos que rejeitam. 9 2.2 Os influenciadores digitais Os grupos de referência são definidos como “uma pessoa ou um grupo de pessoas que influencia significativamente o comportamento de um indivíduo” (Bearden; Etzel, 1982, p. 184, tradução nossa). Assim, membros de grupos tendem a motivar comportamentos de um indivíduo a partir do momento que este vê uma congruência entre o seu eu e o grupo. Isso quer dizer que todos os indivíduos têm uma imagem de si hoje e uma ideia de como querem que o seu eu seja no futuro. Essa ideia de eu futuro motiva os consumidores a terem comportamentos congruentes com os do grupo de que aspiram participar. Nesse sentido, a conectividade digital ampliou tanto o leque de opções de grupos para afiliação quanto a interação entre os membros desses grupos. O surgimento de fóruns, comunidades e blogs fez nascer um movimento de colaboração entre consumidores. Assim, a opinião de um consumidor passou a ter mais força do que a propaganda de uma marca, no que diz respeito a usabilidade e eficiência de produtos. Nesse movimento também apareceram os influencers; ou seja, pessoas que são produtos da internet. Elas ganharam fama por seus blogs, canais no YouTube e/ou outras mídias sociais. O advento dos digital influencers representa um desafio para os gestores de marketing. Se, por um lado, eles podem ser considerados um novo canal de publicidade e propaganda, por outro, gestores devem atentar-se ao perfil de cada um deles para fazerem associações mais assertivas. Uma pesquisa publicada em Ponte de Marketing em 2018 faz sugestões de quando se utilizar esse tipo de parcerias. Confira um trecho para entender melhor as aplicações gerenciais desse estudo: As mídias sociais impactam as estratégias de marketing, bem como seu retorno sobre as vendas. Algumas empresas, para obter mais resultado desse importante canal de comunicação, precisam investir muitos recursos para fortalecer sua presença digital. Ainda, a utilização dos chamados influencers (que podem ser atores, youtubers, atletas, entre outros) continua sendo uma incógnita tanto para as empresas quanto para a academia. As estratégias em mídias sociais envolvem escolhas complexas como: Qual o tipo de conteúdo a ser manifestado na comunicação? Qual será o parceiro a ser escolhido? Qual será o produto ofertado? Um estudo realizado na indústria de filmes, onde os filmes são considerados produtos e os atores como parceiros de marca. Verificou-se que na comunicação de mídia social, o tipo do produto deve ser relacionado com imagem do parceiro para gerar mais vendas. Ainda, os resultados são potencializados quando o influencer possui uma comunidade de fãs ativa. Já quando a imagem dos influencers não está relacionada ao produto, as vendas caem, pois há maior distração nos consumidores. Portanto, a empresa deve 10 buscar influencers ativos em mídias sociais e a mensagem a ser divulgada deve estar relacionada diretamente com o produto. (Osten, 2018) Além dos digital influencers, existem três outros grupos de indivíduos que têm destaque no universo on-line. São eles: os jovens, as mulheres e os netizens (cidadãos da internet). Kotler, Kartajaya e Setiawan (2016) chamam esses três grupos de subculturas digitais. Os autores explicam que o primeiro grupo (jovens) tem como principal característica ser definidor de tendências. Já o grupo de mulheres tem o papel de elas serem coletoras de informações. Finalmente, os netizens são considerados conectores sociais, uma vez que gostam de expressar opiniões e desenvolver conteúdo nas suas redes de relacionamento. Observe que todos os três grupos têm papel-chave como influenciadores e formadores de opiniões, com base em suas características. Além disso, essas subculturas definidas pelos autores já deixam uma pista de que existem novos segmentos de consumidores no mundo digital. No próximo tópico iremos detalhar melhor o perfil do consumidor on-line. TEMA 3 – NOVO PERFIL DO CONSUMIDOR: GERAÇÃO MILLENIUM As atitudes e os comportamentos dos consumidores são contingentes a diversos fatores. Dentre eles está a geração (ano ou época) em que esse consumidor nasceu. Isso porque a geração de um indivíduo é carregada de crenças e valores imbuídos pela sua educação e pela sua convivência com outros. Dessa forma, a geração também tem influência sobre suas preferências e comportamentos de compra. Por exemplo, estudos já descobriram que consumidores de gerações mais novas (millenium) tendem a ter mais facilidade com mudanças tecnológicas e, consequentemente, têm mais abertura para realizarem compras em lojas virtuais (Obal; Kuns, 2013). 3.1 As gerações X e Y Com certeza você já deve ter ouvido falar de geração X e Y. Mas, você sabe o que isso significa? Analisar as características de pessoas, como um grupo, de acordo com seu ano de nascimento foi uma proposta feita pelo sociólogo Karl Mannheim. Bem, apesar de não existir um consenso dos pesquisadores de marketing com relação a datas exatas, geração X é considerada a geração de filhos dos baby boomers (nascidos no período pós- 11 guerra). Ou seja, essa geração é formada por aqueles que nasceram nas décadas de 1960 a 1980. Em seguida, veio a geração Y, também chamada de millenium. Ela é formada por pessoas nascidas entre os primeiros anos da década de 1980 e o início dos anos 2000. Sobre esse agrupamento, mais importante que uma definição exata de datas é atentar-se à presença da tecnologia no desenvolvimento das pessoas (Obal; Kuns, 2013). Note que, a partir da geração do millenium, já havia uma série de avanços tecnológicos. Assim, enquanto a geração X precisou aprender a incorporar a tecnologia no seu dia a dia, a geração millenium já cresceu em meio a ela. Na prática, isso significa que aqueles que hoje são jovens adultos podem ser considerados como “nativos digitais”. Eles têm facilidade de navegar por meio da tecnologia, aprendem e respondem rápido a novos estímulos. Além disso, eles tendem a ser pioneiros (do inglês early adopters) no uso de novidades, buscando e compartilhando mais informações do que as pessoas da geração X (Obal; Kuns, 2013; Kotler; Kartajaya; Setiawan, 2016). Observando as características da geração millennium, pode-se notar a necessidade de adaptação das estratégias de marketing. Em meio a uma geração ultraconectada, a comunicação consumidor-marca sofreu algumas mudanças. Primeiro, existe um excesso de informações e dispositivos, o que dificulta o trabalho de uma propaganda tradicional. Segundo, os consumidores dessa geração tendem a confiar muito mais na opinião de seus pares do que em propagandas advindas de marcas. A geração X, por exemplo, aceitava melhor o uso de propagandas com endosso de celebridades; já a geração millenium tem maior propensão a buscar informações em blogs ou redes sociais. Isso acontece pois eles consideram que as propagandas não são tão sinceras quanto as opiniões advindas de outros consumidores. Finalmente, por serem pessoas conectoras por natureza, os consumidores da geração millenium têm maior tendência de se relacionarem com as marcas por meio dos diversos canais que o mundo digital proporciona (Kotler; Kartajaya; Setiawan, 2016). 3.2 Segmentação no mundo digital Sem dúvida alguma, as gerações têm influência sobre o perfil dos consumidores. Elas determinam alguns valores e padrões comportamentais dos indivíduos com base no contexto econômico, político, social e tecnológico. No entanto, conforme discutido anteriormente, a quebra de barreiras temporais e 12 geográficas criou a necessidade de se buscar novas maneiras de segmentar o mercado. Uma perspectiva interessante de olhar para o mercado é pelas motivações de uso da internet. Ou seja, verificar qual o objetivo que o consumidor tem no meio on-line. Nesse sentido, a agência de publicidadeDM9DBB (Perfis, 2012) publicou uma segmentação de perfis de consumidores com base na maneira como eles encaram as mudanças digitais. A agência chamou essa segmentação de “perfis digigráficos”. Eles argumentam que o mundo tecnológico possibilitou um agrupamento diferente de pessoas, levando à formação de segmentos mais heterogêneos. Então, com base em uma pesquisa realizada com pessoas de entre 8 a 60 anos, a agência dividiu os consumidores em cinco perfis digigráficos. Os critérios utilizados para a formação desses grupos foram: (i) o quanto as pessoas utilizam os equipamentos tecnológicos; (ii) quais as intenções do consumo de tecnologia e (iii) o quanto a tecnologia é parte da identidade do indivíduo (Perfis, 2012). Veja a seguir o detalhamento dos cinco tipos de perfis, de acordo com a DM9DBB. O primeiro grupo são os chamados imersos. Para os imersos a tecnologia é mais do que uma mera ferramenta. A base dos seus relacionamentos e de seu desenvolvimento está no mundo digital. Sua visão de mundo e sua identidade são moldados com base na conectividade. Esse grupo de pessoas usa as redes sociais, por exemplo, para expressar quem eles realmente querem ser, o que muitas vezes não consegue ser expressado no mundo off-line. O segundo grupo são os ferramentados. Esses consumidores percebem a tecnologia como ferramenta para facilitar a vida cotidiana, principalmente no que tange as relações entre pessoas e a busca de informações. No entanto, eles não consideram a tecnologia como um aspecto central da sua vida. Ou seja, eles utilizam os benefícios tecnológicos, mas não se sentem dependentes deles. O terceiro grupo são os fascinados. Para eles a tecnologia é o mais alto símbolo da modernidade. Eles são seguidores e ditadores de tendências e utilizam os aparelhos para sinalizar status. Assim, esse grupo valoriza bastante a própria imagem perante os outros e enxerga como que a tecnologia o ajuda a melhorá-la. Além disso, uma outra característica sua é o grau de importância das relações on-line. Os fascinados são hiperconectados e buscam relacionar-se com pessoas a todo momento, para não se sentirem sozinhos. 13 O quarto grupo são os emparelhados. Esse grupo de consumidores tem a tecnologia como parte central de sua vida. Eles expandem seus relacionamentos, trabalho e lazer com base na tecnologia. Assim, ela se torna uma companheira para eles realizarem as tarefas do dia a dia. Eles estão mais preocupados com as funcionalidades e facilidades dos aparelhos do que com seu valor simbólico. Ou seja, para esse grupo a tecnologia é importante pelo seu aspecto prático, assemelhando-se com os ferramentados. A diferença entre os emparelhados e os ferramentados é a centralidade que os aparelhos têm na vida desses indivíduos. Finalmente, o quinto grupo é o dos evoluídos. Esses consumidores são aqueles que já nasceram na era digital. Eles são nativos tecnológicos e não conhecem o mundo off-line. Dessa forma, a tecnologia é parte da vida e da identidade dessas pessoas. Eles são altamente adaptáveis e entendem perfeitamente as relações em um mundo sem barreiras espaciais. Além disso, eles veem a dimensão do tempo de uma forma diferente, pois são capazes de fazer diversas tarefas simultaneamente. Isso faz com que eles sejam, também, um pouco impacientes. Eles querem respostas rápidas e ágeis, pois a tecnologia foi feita para isso, segundo eles. Não deixe de assistir ao vídeo publicado pela DM9DBB (Perfis, 2012). TEMA 4 – EVOLUÇÃO DOS QUATRO PS NA ERA DIGITAL Provavelmente, em algum outro momento do curso, vocês aprenderam a respeito dos quatro Ps (produto, preço, praça e promoção), certo? De maneira geral, pode-se dizer que os quatro Ps resumem as funções gerenciais do marketing. Seguindo nossa discussão, vocês já podem imaginar que o mundo digital também gerou algumas mudanças para a gestão dos quatro Ps e é exatamente isso que discutiremos neste capítulo. De acordo com Kotler, Kartajaya e Setiawan (2016), a era digital proporcionou uma evolução dos quatro Ps para os quatro Cs, que são: (1) cocriação (co-creation), (2) moeda (currency), (3) ativação comunitária (communal activation) e (4) conversa (conversation). 14 4.1 Produto Os autores explicam que a conectividade proporciona uma abertura para que os clientes tenham maior envolvimento na criação de produtos e/ou serviços (Kotler; Kartajaya; Setiawan, 2016). A participação do consumidor pode acontecer desde o momento de idealização de um novo produto até a customização (e/ou personalização) para entrega de um produto já existente. Um exemplo interessante é o da empresa norte-americana Build-a-Bear (traduzindo para o português: “construa um ursinho”). Essa empresa, sediada no Meio Oeste, vende ursinhos de pelúcia completamente customizáveis. Na sua loja on-line o cliente é guiado em quatro passos: (1) escolha um “amigo”, (2) escolha suas roupas e sapatos, (3) escolha seus barulhos e cheiros e (4) escolha seus acessórios. O custo de cada item adicionado (sapato, barulhos, acessórios) soma-se para estabelecer o valor final do urso de pelúcia. Ao ser encaminhado para o caixa, o consumidor ainda tem a opção de criar um “certificado de nascimento” do novo amigo de pelúcia. A Built-a-Bear vende produtos 100% customizáveis, o que proporciona uma experiência diferente para o consumidor. Outras marcas que se utilizaram de estratégias de personalização de produtos são o Starbucks e a Lays (batata frita da PepsiCo), por exemplo. O Starbucks demonstra abertura em diversos canais para que consumidores proponham e discutam novas ideias com seus funcionários. Já a Lays fez uma campanha para que consumidores propusessem um novo sabor de batata frita (Kearns, 2015). Note que essa abertura na relação entre o consumidor e a marca só é possível pela conectividade do mundo digital. 4.2 Preço O segundo C diz respeito à moeda (em inglês: currency). De acordo com Kotler, Kartajaya e Setiawan (2016), a precificação no mundo digital é flexível e atende às demandas do mercado. Além disso, gestores têm acesso a uma infinidade de ferramentas e base de dados para maior assertividade. Burns e Murphy (2018), que são dois consultores da Bain Company, afirmam que, mesmo havendo mudanças na forma de se precificar um produto, a lógica por trás do processo continua a mesma. Eles argumentam que há dois pontos-chave que o gestor não deve esquecer na hora de colocar preço nos seus produtos e serviços inseridos no mundo digital, que são: a responsabilidade multifuncional 15 e a análise das práticas de preço do mercado existente. Ademais, os consultores explicam que realmente o mundo digital facilita uma melhor segmentação do mercado por dados específicos. No entanto, eles alertam para que as informações advindas de grandes bancos de dados sejam expostas de forma clara e eficiente, por meio de relatórios simples. Assim, não há nem perda de tempo nem a possibilidade de má interpretação daquelas informações. 4.3 Praça O terceiro C diz respeito à ativação comunitária (do inglês communal activation). A ativação comunitária é o C do marketing on-line que substituiria o P de praça (ou canal) do marketing off-line. O conceito de ativação comunitária está intimamente ligado com a economia compartilhada. Um exemplo de ativação comunitária seria o CouchSurfing. Essa plataforma é uma rede de relacionamentos para hospedagem gratuita que funciona quase como um intermediário entre dois clientes. Ou seja, o CouchSurfing basicamente liga um consumidor que oferece disponibilidade de tempo ou para hospedar alguém com uma pessoa que está viajando e em busca de algum lugar para ficar. Além disso, podemos dizer que o mundo digital também ampliou o espectro de competitividade das marcas, uma vez que não existem barreiras geográficas. Nesse contexto, duas reflexões são importantes.Primeiro, grandes e pequenas marcas competem pelo mesmo mercado. Segundo, lojas físicas e lojas on-line de uma mesma marca devem ter estratégias complementares para que haja cooperação ao invés de competição entre elas. Por exemplo, algumas empresas, tais como Livrarias Saraiva e Casas Bahia, oferecem a opção para o consumidor realizar a compra on-line e retirar o produto na loja física, sem que haja adição de custo de frete. 4.4 Promoção Finalmente, o último C diz respeito à conversa (do inglês: conversation). Assim como os demais elementos do mix de marketing, a comunicação (ou promoção) também sofreu algumas mudanças. Conforme falamos em outros tópicos desta primeira aula, o relacionamento entre o consumidor e as marcas costumava ser unilateral. Agora, no mundo digital, as relações acontecem de forma horizontal. Assim, é mais fácil que haja comunicação entre marcas e 16 consumidores, bem como entre os grupos de consumidores. Como já mencionado anteriormente, também, as relações são mais expostas e os consumidores, mais impacientes com relação ao tempo de resposta. Ademais, os consumidores tendem a confiar mais nas opiniões de seus pares do que na propaganda advinda das marcas. Então, sites de avaliação colaborativa como TripAdvisor e Reclame Aqui passam a ter bastante força. Redes sociais, fóruns e comunidades também têm influência nas atitudes dos consumidores. Aliás, pesquisadores já demostraram que não são só os comentários negativos que denigrem a imagem de um produto. Por exemplo, um comentário demonstrando muita empolgação também pode gerar atitudes negativas. Isso acontece porque as pessoas podem perceber que a recomendação exagerada é falsa. Assim, uma marca que receber comentários ou recomendações exageradamente positivas deve considerar a possibilidade de excluí-los (Yin; Bond; Zhang, 2017). TEMA 5 – CIBERCULTURA Nesta primeira aula nós olhamos, de uma maneira geral, para as transformações que vêm acontecendo com o advento do mundo digital. Se pedíssemos para você resumir a nossa conversa até aqui em uma palavra, qual seria essa palavra? Bem, para nós a palavra seria conectividade. Em um mundo conectado, as relações entre pessoas, bem como o acesso às informações, se ampliam, o que gera uma série de mudanças na sociedade como um todo. Esse conjunto de novos hábitos que surgiram pela conectividade do mundo virtual é chamado de cibercultura. O termo cibercultura foi introduzido pelo sociólogo Pierre Lévy na década de 1990. Ele é formado por duas palavras: ciber e cultura. Sabe-se que a cultura é o conjunto de hábitos, crenças e valores de um grupo de pessoas. Já a palavra ciber “é utilizada para designar formas não materiais de comunicação via mídia eletrônica” (Schroeder, 1994, p. 523). Então, de uma maneira mais abrangente, podemos entender o conceito de cibercultura como a presença da tecnologia no cotidiano dos indivíduos (Schroeder, 1994; Lévy, 1999). Lévy (1999) explica que a cibercultura compreende mais do que uma realidade virtual; ela diz respeito a uma realidade ampliada. Note que a realidade virtual se baseia na ideia de que o indivíduo tem a percepção de interação com um ambiente virtual com base no estímulo gerado por um 17 computador (Schroeder, 1994). Já o termo realidade ampliada concebe a tecnologia como parte integrante da sociedade de hoje; assim, as atividades cotidianas são executadas naturalmente com a tecnologia. Ainda pode-se entender, então, que a tecnologia dá suporte para o conhecimento e as relações da sociedade ao mesmo tempo que ela acontece com a evolução da própria sociedade (Lévy, 1999). É um processo cíclico e de constantes adaptações. Além de mutável, o ciberespaço é também um ambiente de inclusão. Conforme já discutido nesta aula, o ciberespaço transformou as relações que antes eram verticais em relações horizontais. Isto é, o ciberespaço assume um caráter participativo, informativo e socializante. Assim, pode-se dizer que a cultura não é mais local, ela está em todo o ciberespaço, que por sua vez está em todas as partes do mundo. Isso quer dizer que as conexões não têm barreiras físicas ou temporais; consequentemente, surgiram novas formas de relações entre pessoas, bem como entre consumidores e marcas (Lévy, 1999; Kotler; Kartajaya; Setiawan, 2016). Um outro ponto-chave para o entendimento da cibercultura é a necessidade de informação. Do mesmo modo que a conexão permite relações horizontais, ela também permite maior acesso e maior troca de conhecimento. No contexto de marketing, isso significa que consumidores têm mais informações sobre uma determinada marca, suas práticas, seus produtos, seus concorrentes e sobre as avaliações de seus pares. A abertura de mercados internacionais e a facilidade de se navegar por diversas plataformas pedem uma certa coerência no que tange a identidade de uma marca. Por outro lado, se aventurar em diferentes países demanda certa adaptação de linguagem e costumes. Por exemplo, uma marca de luxo europeia que deseja entrar no mercado chinês deve manter os elementos de marca (logo, slogan), padrões ou deve adaptá-los à cultura oriental? Esse tipo de questionamento torna um tanto quanto difícil definir os limites do termo cibercultura. Ao mesmo tempo que existe uma cultura única, em um universo ilimitado que é o da tecnologia, também ainda existem as diferenças linguísticas, históricas, de costumes e entre países, que não deixaram de existir com o advento do desenvolvimento da tecnologia. Nesse momento, você pode estar se perguntando qual o objetivo dessa discussão toda, se as diferenças culturais ainda se mantêm. Afinal, a tecnologia foi capaz de unificar as culturas em uma só? Ou seria a cibercultura uma discussão sem propósito? Bem, sem entrar em muitos méritos sociológicos, 18 vamos colocar os fatos na mesa. Primeiro, a tecnologia não extinguiu as diferenças de linguagens nem a cultura dos países. Segundo, a tecnologia está presente em diversas tarefas do dia a dia dos indivíduos. Ademais, o mundo digital foi capaz de aproximar pessoas e facilitar o entendimento de informações. Portanto, podemos dizer que existe sim uma cibercultura; a cultura do uso da tecnologia para lazer, trabalho e comunicação. Uma cultura que talvez englobe todas as demais culturas e linguagens porque rompe com aspectos espaciais e temporais. Ou seja, a cibercultura é uma cultura “constituída sem fronteiras” (LÉVY, 1999). Neste tópico, sugere-se a leitura da introdução e da primeira parte (capítulos 1 a 5) do livro Cibercultura, de Pierre Lévy (1999), para uma reflexão mais aprofundada. TROCANDO IDEIAS Na primeira aula, nós discutimos algumas mudanças que vêm acontecendo com base no mundo digital. Olhando para esse cenário tecnológico, reflita sobre os seguintes questionamentos: quais as principais implicações do mundo digital para os gestores de marketing? Quais os desafios que um gestor de marketing enfrenta, com a conectividade? Com base na discussão desta aula, você acredita que lojas on-line estão substituindo as lojas físicas? Explique sua resposta. NA PRÁTICA Como atividade prática, leia o caso da Netshoes publicado no site Mundo do Marketing. Nele, a autora (SÁ, 2012) explica como a Netshoes mudou o seu e-commerce para atender às necessidades do mundo digital. Esse caso nos ajuda a fixar alguns conceitos que foram trabalhados nesta aula. Após a leitura, reflita sobre as seguintes questões: 1. Identifique como a ação da Netshoes transformou os Ps do marketing tradicional nos Cs da era digital. 2. A nova loja on-line da Netshoes atende a todo tipo de público? Dentre os cinco perfis digigráficos, quais seriam aqueles que mais se engajariam em comportamentos de compra nessa loja? 19 3. Se você fosse gestor da Netshoes, qual seria sua estratégia para incentivar as compras pormeio de grupos de referência on-line? FINALIZANDO Nesta aula, vimos alguns aspectos introdutórios relativos ao comportamento do consumidor no mundo digital. Iniciamos nossa conversa discutindo, de uma maneira mais geral, quais as principais mudanças do mundo off-line para o on-line. Vimos que existem transformações tanto nas relações entre indivíduos como na relação entre as marcas (concorrentes). Além disso, o acesso quase que irrestrito a informações também é um ponto-chave do universo digital. Em seguida, explicamos o conceito de grupos de referência, mostrando um pouco mais a fundo essas mudanças de relações entre os consumidores on- line. Destaca-se aqui que a quebra de barreiras geográficas possibilitou o surgimento de comunidades, grupos on-line de consumidores e influenciadores digitais. Nesse mesmo sentido, vimos, mais adiante, algumas mudanças no perfil dos consumidores on-line. Agora, em um ambiente sem limites de tempo e espaço, é possível que haja outras maneiras de se segmentar o mercado, além daquelas que já conhecemos (demográfica ou psicográfica, por exemplo). Uma nova forma de pensar a segmentação dos consumidores é por meio do papel que a tecnologia tem na vida de cada um. Por exemplo, existem grupos de indivíduos que utilizam a tecnologia como ferramenta para facilitar seu dia a dia, enquanto outros definem a própria identidade com base na tecnologia. Ademais, também discutimos a evolução dos quatro Ps, demonstrando como cada elemento do mix de marketing sofre influências do universo virtual. De maneira geral, os produtos podem ser cocriados com consumidores. A precificação acontece de maneira mais dinâmica e conta com ferramentas para maior assertividade. A praça sofreu transformações tanto pelo surgimento das lojas on-line quanto pela horizontalização das relações entre consumidores e marcas. A promoção vem se ajustando aos novos padrões de relacionamento impostos pela conectividade. Finalmente, no último tópico desta aula introduzimos o conceito do termo cibercultura, traçando uma reflexão sobre a presença da tecnologia no dia a dia dos indivíduos. Assim, observamos o mundo digital presente em trabalho, lazer, relacionamentos e nos comportamentos de compra dos indivíduos. 20 REFERÊNCIAS ABOUT us. Couchsurfing. 1999-2017. Disponível em: <http://www.couchsurfing.com/about/about-us/>. Acesso em: 9 dez. 2018. AMA – American Marketing Association. About AMA. Chicago: AMA, 2013. Disponível em: <https://www.ama.org/AboutAMA/Pages/Definition-of- Marketing.aspx>. Acesso em: 9 dez. 2018. BEARDEN, W. O.; ETZEL, M. J. Reference group influence on product and brand purchase decisions. Journal of Consumer Research, v. 9, n. 2, p. 183-194, 1982. BURNS, D.; MURPHY, J. The secret to B2B pricing in a digital world. Boston, 1 ago. 2018. Disponível em: <https://www.bain.com/insights/the-secret-to-b2b- pricing-in-a-digital-world/.>. Acesso em: 9 dez. 2018. FUCHS, C. et al. All that is users might not be gold: How labeling products as user designed backfires in the context of luxury fashion brands. Journal of Marketing, v. 77, n. 5, p. 75-91, 2013. INSECTA. Sobre a empresa. Disponível em: <https://www.insectashoes.com/p/sobre>. Acesso em: 9 dez. 2018. KAPLAN, A. M.; HAENLEIN, M. Users of the world, unite! The challenges and opportunities of Social Media. Business Horizons, v. 53, n. 1, p. 59-68, 2010. KEARNS, K. 9 great examples of crowdsourcing in the age of empowered consumers. Tweak you biz, 10 jul. 2015. Disponível em: <https://tweakyourbiz.com/marketing/9-great-examples-crowdsourcing-age- empowered-consumers> Acesso em: 9 dez. 2018. KOTLER, P.; KARTAJAYA, H.; SETIAWAN, I. Marketing 4.0: mudança do tradicional para o digital. Coimbra: Conjuntura Actual, 2016. LA MAISON DIOR. Disponível em: <https://www.dior.com/couture/pt_br/a- maison-dior/os-metiers>. Acesso em: 9 dez. 2018. LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. MA, L.; KRISHNAN, R.; MONTGOMERY, A. L. Latent homophily or social influence? An empirical analysis of purchase within a social network. Management Science, v. 61, n. 2, p. 454-473, 2014. http://www.couchsurfing.com/about/about-us/ https://www.ama.org/AboutAMA/Pages/Definition-of-Marketing.aspx https://www.ama.org/AboutAMA/Pages/Definition-of-Marketing.aspx https://www.bain.com/insights/the-secret-to-b2b-pricing-in-a-digital-world/ https://www.bain.com/insights/the-secret-to-b2b-pricing-in-a-digital-world/ https://www.insectashoes.com/p/sobre https://tweakyourbiz.com/marketing/9-great-examples-crowdsourcing-age-empowered-consumers https://tweakyourbiz.com/marketing/9-great-examples-crowdsourcing-age-empowered-consumers https://www.dior.com/couture/pt_br/a-maison-dior/os-metiers https://www.dior.com/couture/pt_br/a-maison-dior/os-metiers 21 NÃO É uma Brastemp. Oboreli45223, 20 jan. 2011. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=riOvEe0wqUQ>. Acesso em: 9 dez. 2018. OBAL, M.; KUNZ, W. Trust development in e-services: a cohort analysis of millennials and baby boomers. Journal of Service Management, v. 24, n. 1, p. 45-63, 2013. OSTEN, F. Parcerias digitais: quando a utilização de “influencers” é um bom negócio?. Ponte do Marketing, 14 ago. 2018. Disponível em: <http://pontedomarketing.com.br/2018/08/14/parcerias-digitais-quando- utilizacao-de-influencers-e-um-bom-negocio/>. Acesso em: 9 dez. 2018. PERFIS digigráficos: introdução. AgenciaDM9DBB, 2012 Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=BIvkAtr1k2U>. Acesso em: 9 dez. 2018. RAMASWAMY, V.; OZCAN, K. Offerings as digitalized interactive platforms: a conceptual framework and implications. Journal of Marketing, v. 82, n. 4, p. 19- 31, 2018. SÁ, S. de. Netshoes viu na personalização a oportunidade de mudar o e- commerce. Mundo do Marketing, 15 maio 2012. Disponível em: <https://www.mundodomarketing.com.br/cases/23757/netshoes-viu-na- personalizacao-a-oportunidade-de-mudar-o-e-commerce.html>. Acesso em: 9 dez. 2018. SCHROEDER, R. Cyberculture, cyborg post-modernism and the sociology of virtual reality technologies: surfing the soul in the information age. Futures, v. 26, n. 5, p. 519-528, 1994. TONET, I. Criando valor nas interações: um novo olhar sobre a formulação de ofertas no contexto digital. Ponte do Marketing, v. 2, n. 20, jul. 2018. Disponível em: <http://pontedomarketing.com.br/wp-content/uploads/2018/08/20_Ponte- do-Marketing_20-ed_Julho-2018.pdf>. Acesso em: 9 dez. 2018. WHITE, K.; DAHL, D. W. To be or not be? The influence of dissociative reference groups on consumer preferences. Journal of Consumer Psychology, v. 16, n. 4, p. 404-414, 2006. WHO we are. Build-a-Bear. 1999-2018. Disponível em: <https://www.buildabear.com/brand-about-story.html> Acesso em: 9 dez. 2018. https://www.youtube.com/watch?v=riOvEe0wqUQ http://pontedomarketing.com.br/2018/08/14/parcerias-digitais-quando-utilizacao-de-influencers-e-um-bom-negocio/ http://pontedomarketing.com.br/2018/08/14/parcerias-digitais-quando-utilizacao-de-influencers-e-um-bom-negocio/ https://www.youtube.com/watch?v=BIvkAtr1k2U https://www.mundodomarketing.com.br/cases/23757/netshoes-viu-na-personalizacao-a-oportunidade-de-mudar-o-e-commerce.html https://www.mundodomarketing.com.br/cases/23757/netshoes-viu-na-personalizacao-a-oportunidade-de-mudar-o-e-commerce.html http://pontedomarketing.com.br/wp-content/uploads/2018/08/20_Ponte-do-Marketing_20-ed_Julho-2018.pdf http://pontedomarketing.com.br/wp-content/uploads/2018/08/20_Ponte-do-Marketing_20-ed_Julho-2018.pdf 22 YIN, D.; BOND, S. D.; ZHANG, H. Keep your cool or let it out: Nonlinear effects of expressed arousal on perceptions of consumer reviews. Journal of Marketing Research, v. 54, n. 3, p. 447-463, 2017.
Compartilhar