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alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO LEI nº 9.296/96 (LEI de interceptação telefônica) .............................................................................. 2 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 2 direito fundamental ao sigilo das comunicações telefônicas ........................................................ 2 características ................................................................................................................................... 4 REQUISITOS ................................................................................................................................... 4 INDÍCIOS DE AUTORIA E PARTICIPAÇÃO (art. 2º, i) .......................................................... 5 imprescindibilidade da medida cautelar (ART. 2º, II) .................................................................. 6 pena reclusão (ART. 2º, III) .......................................................................................................... 6 competência ...................................................................................................................................... 7 requerentes .................................................................................................................................... 7 atuação oficiosa do juiz ................................................................................................................ 8 prazo para apreciação do pedido ................................................................................................... 9 alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 LEI Nº 9.296/96 (LEI DE INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA) INTRODUÇÃO A Lei nº 9.296/96 aborda a interceptação de comunicações telefônicas e do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática, bem como, após a alteração da Lei nº 13.964/2019, a captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos, para fins de investigação criminal e em instrução processual penal. DIREITO FUNDAMENTAL AO SIGILO DAS COMUNICAÇÕES TELEFÔNICAS O art. 5º, inciso XII, da Constituição Federal, assegura o direito fundamental ao sigilo de dados e das comunicações telefônicas, com ressalva à autorização judicial para fins de investigação criminal e instrução processual penal. Art. 5º, XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; Diante da autorização constitucional de relativização do direito fundamental, coube à Lei nº 9.296/96 disciplinar os requisitos e procedimentos inerentes ao manejo do meio de obtenção de prova conhecido como interceptação telefônica. LEI Nº 9.296/96 Interceptação de comunicações telefônicas Interceptação de comunicações em sistemas de informática e telemática Captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos e acústicos alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 Assim: Art. 1º A interceptação de comunicações telefônicas, de qualquer natureza, para prova em investigação criminal e em instrução processual penal, observará o disposto nesta Lei e dependerá de ordem do juiz competente da ação principal, sob segredo de justiça. Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à interceptação do fluxo de comunicações em sistemas de informática e telemática. DÚVIDA: É ilícita a interceptação telefônica autorizada pelo juiz aparentemente competente, mas que, posteriormente, seja declarado incompetente? A resposta é NÃO. SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: Um juiz defere interceptação no curso de uma investigação policial. Durante a diligência, descobre-se que um parlamentar está envolvido na prática delituosa. Nessa hipótese, segundo a jurisprudência do STF, deve ser aplicada a teoria do juízo aparente. Segundo tal teoria, se a autorização se deu por juiz aparentemente competente, ainda que, posteriormente, se verifique que não era, a decisão deve ser mantida válida, com base na regra do rebus sic stantibus (“estando as coisas como estão”). (CESPE/2019 – TJ/AM – Analista Judiciário) Julgue o próximo item, relativos à citação, intimação, nulidade, interceptação telefônica e prazos processuais. Não havendo autorização do juízo competente, a interceptação de comunicações telefônicas será prova ilícita. A resposta é CERTO. Apesar da mencionada teoria do juízo aparente, o CESPE considerou correta a assertiva que exige a autorização do juízo competente. Diante disso, é interessante adotar a literalidade do art. 1º da Lei nº 9.296/19. DÚVIDA: É lícita a gravação de conversa telefônica feita com autorização de um dos interlocutores, sem ciência do outro, quando há cometimento de crime por este último? alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 4 A resposta é SIM. A jurisprudência dos Tribunais Superiores é firme em admitir a gravação de conversa telefônica feita por um dos interlocutores, mesmo sem ciência do outro, quando tal fato servir de prova do cometimento de crime por este. Nesse sentido, os Tribunais Superiores distinguem a interceptação telefônica, que exige autorização judicial, da gravação telefônica, feita por um dos interlocutores. CARACTERÍSTICAS A interceptação telefônica tem natureza jurídica de meio de obtenção de prova, dessa forma, trata-se de um instrumento investigativo que, se frutífero, levará à colheita de provas úteis a formação da convicção do juízo. Por outro lado, a interceptação telefônica é espécie de medida cautelar, já que imprescindível a autorização judicial para sua utilização. REQUISITOS MUITO IMPORTANTE O art. 2º da Lei nº 9.296/96 apresenta os requisitos da interceptação telefônica: Art. 2° Não será admitida a interceptação de comunicações telefônicas quando ocorrer qualquer das seguintes hipóteses: I - não houver indícios razoáveis da autoria ou participação em infração penal; II - a prova puder ser feita por outros meios disponíveis; III - o fato investigado constituir infração penal punida, no máximo, com pena de detenção. NATUREZA JURÍDICA Medida cautelar Meio de obtenção de prova alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 5 Do dispositivo legal, percebe-se que os requisitos são cumulativos, ou seja, se verificada qualquer das hipóteses elencadas no art. 2º, não será possível a utilização da interceptação telefônica. INDÍCIOS DE AUTORIA E PARTICIPAÇÃO (ART. 2º, I) A interceptação telefônica é medida cautelar que atinge um direito fundamental do investigado e, por tal razão, exige um mínimo de plausibilidade de sua participação nos crimes apurados. Dessa forma, é necessário que a autoridade policial ou o Ministério Público apontem indícios de autoria ou participação daquele contra quem é representada ou requerida a diligência. DÚVIDA: É possível a medida cautelar de interceptação telefônica a partir de denúncia anônima? A resposta é SIM. Inicialmente, é importante ressaltar que a “denúncia anônima” pode subsidiar a instauração de inquérito policial, desde que precedida de investigações preliminares. Nesse sentido, segundo o STF, é possível que a polícia, com base em diligências preliminares para atestar a veracidade da denúncia anônima requeira ao juízo a decretação da interceptação telefônica do investigado1. 1 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. “Denúncia anônima”, quebra de sigilo e renovação das interceptações. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponívelem: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/82836ca597a373e6c3cd5ae2d466161e>. Acesso em: 07/06/2020 REQUISITOS Indícios de autoria e participação Imprescindibilidade da medida cautelar Pena de reclusão alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 6 IMPRESCINDIBILIDADE DA MEDIDA CAUTELAR (ART. 2º, II) A interceptação telefônica deve ser comprovada como medida cautelar imprescindível à elucidação dos fatos apurados. Portanto, não basta que a autoridade policial ou o Ministério Público apontem a conveniência da medida cautelar, mas que demonstrem ser o único meio possível de alcançar os elementos de prova. PENA RECLUSÃO (ART. 2º, III) A interceptação telefônica só pode ser deferida para a investigação criminal ou instrução processual penal que apure crimes com previsão de pena de reclusão. DÚVIDA: O que é a serendipidade? A serendipidade, também denominada de teoria do encontro fortuito de provas, tem sua origem do inglês serendipity, que significa “buscar uma coisa e encontrar outra”. Não há dúvidas de que, no âmbito das interceptações telefônicas, a serendipidade é bastante frequente, pois os diálogos dos interceptados podem revelar a prática de outras condutas delituosas que não foram sequer cogitadas quando do deferimento da medida cautelar. SITUAÇÃO HIPOTÉTICA: “A”, traficante de drogas, teve a medida cautelar de interceptação telefônica deferida contra si. Em um diálogo com seu comparsa, “A” menciona que havia mandado matar outro traficante rival. DÚVIDA: A serendipidade é admitida no Direito Penal brasileiro? A reposta é SIM. Segundo a jurisprudência dos Tribunais Superiores, o encontro fortuito de provas (serendipidade) é admissível no Direito Penal, desde que a interceptação telefônica tenha sido autorizada de acordo com os requisitos legais. DÚVIDA: E se o crime descoberto por meio do encontro fortuito de provas for apenado com detenção, a prova obtida é lícita? A resposta é SIM. alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 7 Novamente, a jurisprudência dos Tribunais Superiores afirma que é legítima a prova obtida por meio de interceptação telefônica para apurar crime apenado com detenção, desde que conexo com crime apenado com reclusão. DÚVIDA: É possível admitir a interceptação telefônica como prova emprestada em processo administrativo disciplinar (PAD)? A resposta é SIM. Conforme jurisprudência pacífica dos Tribunais Superiores, é possível utilizar como prova emprestada a obtida por meio de interceptação telefônica, desde que a interceptação tenha sido feita com autorização do juízo criminal e com observância das demais exigências contidas na lei2. COMPETÊNCIA REQUERENTES O art. 3º da Lei nº 9.296/96 tem a seguinte redação: Art. 3° A interceptação das comunicações telefônicas poderá ser determinada pelo juiz, de ofício ou a requerimento: I - da autoridade policial, na investigação criminal; II - do representante do Ministério Público, na investigação criminal e na instrução processual penal. Dessa forma, a medida cautelar depende do requerimento da autoridade policial ou do representante do Ministério Público. 2 CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Empréstimo das interceptações telefônicas do processo criminal para o PAD. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/52720e003547c70561bf5e03b95aa99f>. Acesso em: 06/06/2020 REQUERENTES Autoridade policial Membro do Ministério Público alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 8 Lembrando que o requerimento poderá ser, inclusive, verbal, conforme art. 4º, §1º, da Lei nº 9.296/96: Art. 4º, § 1° Excepcionalmente, o juiz poderá admitir que o pedido seja formulado verbalmente, desde que estejam presentes os pressupostos que autorizem a interceptação, caso em que a concessão será condicionada à sua redução a termo. ATUAÇÃO OFICIOSA DO JUIZ O art. 3º da Lei nº 9.296/96 afirma que o juiz pode determinar a interceptação telefônica de ofício. Tal circunstância causa certa perplexidade, sobretudo, com o novo entendimento acerca da atuação oficiosa do juiz em relação às medidas cautelares, conforme a Lei nº 13.964/2019 (Lei Anticrimes). Contudo, é importante registrar que a mencionada lei trouxe novas disposições à Lei nº 9.296/96 sem, contudo, alterar o art. 3º. Diante disso, a solução é aguardar o posicionamento dos Tribunais Superiores acerca do tema e guardar, para fins de concurso público, a literalidade do art. 3º da Lei nº 9.296/96. (CESPE/2017 – PJC-MT – Delegado de Polícia) Acerca dos procedimentos e pressupostos legais da interceptação telefônica, assinale a opção correta. No curso das investigações e no decorrer da instrução criminal, a interceptação telefônica poderá ser determinada de ofício pelo juiz. A resposta é ERRADO. Para a banca, não seria possível a atuação oficiosa do juízo no curso da investigação policial (conforme redação anterior ao Pacote Anticrimes do art. 311 do CPP). Dessa forma, é possível inferir que o CESPE, possivelmente, entenderá que a alteração legislativa advinda do Pacote Anticrimes irá impedir a decretação da interceptação telefônica, de ofício, pelo juiz. Por outro lado: (VUNESP/2018 – PC-BA – Escrivão de Polícia) A interceptação telefônica (prevista na Lei nº 9.296/96) será considerada ilegal quando determinada de ofício pela Autoridade Judiciária. alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 9 A resposta é ERRADO. Nessa questão, percebe-se que, para a VUNESP, a regra geral contida no CPP (mesmo antes da alteração legislativa do Pacote Anticrimes) é excepcionada pela disposição especial da Lei nº 9.296/96. Dessa forma, caso a banca do seu concurso público seja a VUNESP, sugiro seguir a literalidade da Lei de Interceptações Telefônicas. PRAZO PARA APRECIAÇÃO DO PEDIDO O art. 4º, §2º, da Lei nº 9.296/96, apresenta o prazo que o juiz possui para apreciar o pedido de interceptação telefônica: Art. 4º, § 2° O juiz, no prazo máximo de vinte e quatro horas, decidirá sobre o pedido. Trata-se de prazo impróprio, ou seja, não importa em prejuízo ao deferimento do pedido e, em tese, não há sanção à autoridade judicial.
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