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Ádila Cristie Matos Martins UCXIV Problema 2, TUTORIA t “Coitada de mim!” - abdome agudo OBSTRUTIVO 1. DEFINIR ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO 2. ESTUDAR A EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA, FISIOPATOLOGIA, COMPLICAÇÕES E QUADRO CLÍNICO DO ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO 3. CONHECER O DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO CLÍNICO E CIRÚRGICO DO ABDOME AGUDO OBSTRUTIVO 4. REVISAR O ESTADIAMENTO DO CA COLORRETAL 5. CONHECER A DEFINIÇÃO, TIPOS E INDICAÇÃO DAS OSTOMIAS Abdome agudo obstrutivo - É a segunda maior causa de abdome agudo - É causado pela presença de obstáculo mecânico ou obstrução funcional que impede a progressão normal do conteúdo ilumina do intestino - É uma impossibilidade, parcial ou completa, de propagação do conteúdo gastro- êntero-cólico até o reto e de ser fisiologicamente eliminado - A obstrução intestinal compreende dois grandes grupos, segundo a causa da interrupção do trânsito: causa mecânica (quando existe uma barreira física, anatômica dificultando a passagem do conteúdo intestinal), que leva aos quadros de obstrução mecânica, e distúrbio da motilidade intestinal, que leva aos quadros de íleo adinâmico ou paralítico ou neurogênico (pseudo-obstrução) - As causas mecânicas: ocorrem pela presença de obstáculos intraluminares, como cálculos biliares, corpo estranho e bolo de áscaris, ou por fatores extraluminares, tais como as obstruções intrínsecas (de parede) causadas por tumores, hematomas, estenose (Crohn) etc. ou pelas compressões extrínsecas, como, por exemplo, as aderências, hérnias, volvos, tumores etc - Classificações distintas são utilizadas para diferenciar as causas mecânicas: 1. Alta, quando o obstáculo ao trânsito situa-se no delgado proximal, ou baixa, quando o obstáculo situa-se no delgado distal ou no colo 2. Parcial, quando a oclusão da luz intestinal é incompleta, ou completa, quando a oclusão é total 3. Aguda, quando de instalação abrupta, ou crônica (geralmente parcial), quando de instalação lenta, com períodos de melhora e piora que se estendem por vários dias ou meses (p. ex., nas doenças inflamatórias intestinais ou nas aderências) 4. Simples, quando o suprimento de sangue ao intestino encontra-se íntegro, não havendo comprometimento da vitalidade da alça, ou estrangulada, quando há comprometimento do suprimento sanguíneo, podendo levar à isquemia e mesmo à necrose do intestino já obstruído mecanicamente 5. Em alça fechada (p. ex., hérnias, volvos, obstrução colônia com válvula ileocecal competente), quando existe obstáculo em dois níveis, impedindo tanto a progressão quanto o refluxo do conteúdo da alça; nessas condições, pode ocorrer grande distensão e sofrimento da alça INCIDÊNCIA - Podem acontecer desde a idade prematura até a nona década de vida, tendo seu pico máximo aos 50 anos - A idade do paciente torna-se importante, pois certas causas têm sua maior frequência em determinadas faixas etárias - Neonato: atresias, volvo, íleo meconial, imperfuração anal e a doença de Hirchsprung (megacolon congênito) - Lactentes: invaginação intestinal, hérnias complicadas e obstruções por complicações do divertículo de Meckel - Adulto jovem e na meia-idade: aderências, hérnias e a doença de Chron. Quanto mais idoso, maior a possibilidade de tratar-se de neoplasias, seguida pelas aderências, hérnias, diverticulites e fecalomas - Cerca de 20% das internações em serviços de cirurgia por acometimento agudo abdominal são devidas as obstruções intestinais - As causas mais comuns (80%) são: aderências, hérnias inguinais complicadas e neoplasias intestinais - Cerca de 80% são no intestino delgado e 20% no intestino grosso - No Brasil, a maior incidência de abdome agudo obstrutivo é por hérnia ETIOPATOGENIA - As causas da obstrução intestinal mecânica podem ser classificadas de acordo com o modo como a obstrução acontece. Assim, pode ocorrer a obstrução da luz intestinal, como no íleo biliar, a redução da luz por retração e o espessamento da parede da alça por doença intrínseca do intestino, como ocorre na enterite ou no Ádila Cristie Matos Martins UCXIV Problema 2, TUTORIA t câncer, e a obstrução por compressão extrínseca do intestino, como acontece na oclusão por aderências. Por outro lado, as causas decorrentes dos distúrbios da motilidade intestinal levam aos quadros de íleo paralítico ou neurogênico - Assim, podemos enumerar: 1. Obstrução da luz intestinal: intussuscepção intestinal, íleo biliar, impactação (bário, bezoar, áscaris, corpo estranho) 2. Doenças parietais: congênitas: atrevias e estenoses, duplicações, divertículo de Meckel; traumáticas; inflamatórias: doença de Crohn, diverticulites; neoplásicas; miscelânea: estenose por irradiação, endometriose 3. Doenças extrínsecas: aderências; hérnias; massas extrínsecas (pâncreas anular, vasos anômalos, abscessos, hematomas, neoplasias, volvo) 4. Alterações da motilidade do intestino delgado: íleo paralítico, íleo espástico, oclusão vascular FISIOPATOLOGIA Obstrução intestinal mecânica simples: - As principais alterações fisiológicas são o acúmulo de líquido e gás acima do ponto de obstrução e a alteração da motilidade intestinal, que, somados, levam a alterações sistêmicas importantes - Alguns autores demostraram que o fator tóxico da obstrução intestinal mecânica é a perda de líquidos e eletrólitos por vômito e sequestro na alta intestinal obstruída - O movimento de líquidos entre a luz intestinal e o sangue ocorre de duas maneiras: absorção (movimento de líquido da luz intestinal para o sangue) e secreção (movimento de líquido do sangue para a luz intestinal) - Após 48 horas de obstrução intestinal, o movimento de l íquido é predominantemente do sangue para a luz intestinal, aumentando muito a Ádila Cristie Matos Martins UCXIV Problema 2, TUTORIA t quantidade de líquido no intestino obstruído. O mesmo acontece com sódio e potássio - Acredita-se que a distensão abdominal aumenta a secreção de prostaglandina, que, por sua vez, produz um aumento na secreção intestinal - O segmento proximal à obstrução fica repleto de líquido e eletrólitos, o que provoca mais distensão e compromete a circulação - O conteúdo caminha em sentido proximal, chegando a segmentos intestinais que ainda possuem a capacidade absortiva. Caso a obstrução não se resolva, esses segmentos também ficam distendidos e com circulação e absorção comprometida - A parede intestinal pode ficar bastante edemaciada a ponto de perder líquido através da serosa para a cavidade peritoneal - A perda mais óbvia de líquidos e eletrólitos é através do vômito ou do débito da sonda nasogástrica - A soma dessas perdas repleta o fluido do espaço extracelular, produzindo hemoconcentração, hipovolemia, insuficiência renal, choque e morte — a não ser que o tratamento seja instituído rapidamente - O acúmulo de gás no interior do intestino constitui um evento marcante e é responsável pela distensão, que faz parte do quadro clínico da doença - O peristaltismo intestinal aumenta como resposta do intestino a fim de resolver a obstrução. Após algum tempo, o peristaltismo contínuo é substituído por períodos intermitentes de peristaltismo aumentado, intercalados com períodos de acalmia. Os períodos de acalmia variam de acordo com o nível da obstrução (sendo de 3 a 4 minutos para a obstrução alta e de 10 a 15 minutos para obstrução distal) * A distensão intestinal proximal à obstrução provoca uma inibição do peristaltismo distal a ela * Pela lei de LaPlace (pressão = tensão x diâmetro), o ceco é o local de maior risco a ruptura, provocando manifestaçõesgraves de peritonite bacteriana Obstrução com estrangulamento: - A compressão dos vasos do mesentério é a causa da interrupção do suprimento de sangue ao intestino, acarretando isquemia e necrose - Essa situação é mais frequente na obstrução por aderência, hérnias ou volvo - À compressão das veias e à dificuldade do retorno venoso soma-se o problema do acúmulo de líquido e gás já descrito, levando a pequenos sangramentos na luz intestinal e na parede das alças — levando à hipovolemia, choque e azotemia - O segmento de intestino necrosado libera substâncias tóxicas na cavidade peritoneal e na luz do intestino - Os fatores que mais interferem na fisiopatologia com estrangulamento são: o conteúdo da alça obstruída é tóxico; as bactérias aí presentes são importantes para a produção dessas toxinas; os segmentos de intestino que não estão necrosados não participam na formação dessas toxinas; as toxinas não passam através de mucosa normal; a absorção das toxinas é mais importante do que a sua produção; e os sintomas podem estar correlacionados com a formação dessas toxinas Obstrução em alça fechada: - Quando uma alça intestinal encontra-se obstruída simultaneamente nas extremidades proximal e distal ou uma obstrução colônica com uma válvula ileocecal competente, caracteriza-se uma obstrução em alça fechada - A obstrução em alça fechada pode progredir rapidamente para o estrangulamento - A interrupção do suprimento sanguíneo pode ocorrer pela mesma causa que provocou a obstrução em alça fechada (aderências, hérnia ou volvo), ou simplesmente pela grande distensão da alça obstruída - A pressão no interior da alça obstruída pode atingir níveis iguais ao do sistema venoso, interrompendo o fluxo de sangue nas veias e aumentado o edema intestinal Íleo paralítico: pode apresentar-se como: íleo adinâmico, espástico e da oclusão vascular Ádila Cristie Matos Martins UCXIV Problema 2, TUTORIA t - O íleo adinâmico é o mais comum e costuma ocorrer após cirurgias abdominais. A fisiopatologia do íleo adinâmico não está completamente esclarecida, porém parece envolver o comprometimento da resposta neuro-hormonal relacionada ao intestino. A recuperação da motilidade intestinal no período pós-operatório de cirurgia abdominal é diferente nos vários segmentos do TGI. Além de ocorrer pós- cirurgias, tem também como causas: inflamações peritoneais, patologias que envolvem o retroperitônio, lesões torácicas, causas sistêmicas e drogas * Em vez de o paciente eliminar flato à ter fome em torno do terceiro dia, nota-se que se encontra indisposto, nervoso, anoréxico, com o abdome distendido difusamente e tenso com timpanismo e ruídos escassos e ocasionais. Caso haja grande distensão do cólon pode haver dor cólica. Instala-se assim a obstrução funcional - A exposição ao ar dos intestinos, as alterações na pressão intra-abdominal e a manipulação dos tecidos durante a cirurgia conduzem com multa frequência à inatividade funcional, de tal forma que esta pode ser até considerada, compreensivelmente, fisiológica. Contudo, existe o tempo normal para o íleo adinâmico, sendo que quando ultrapassa-o (persiste após 5 dias), o processo passa a ser patológico por hipofunção intestinal Após cirurgia: - Durante um período de 48h após, cessam os movimentos instestinais, não ocorre flato e pode ocorrer distensão e vomito - Motilidade do intestino delgado se recupera dentro de 24h - Motilidade do estômago se recupera dentro de 48h Motilidade do cólon se recupera em torno de 3-5 dias - O intestino delgado mantém sua motilidade e capacidade absortiva - O íleo espástico (incomum) surge em consequência de uma hiper-reatividade do intestino. Pode ocorrer na intoxicação por metais pesados, na porfiria e, às vezes, quando existe uremia. Depende de contração da musculatura intestinal - O íleo com oclusão vascular caracteriza-se por uma incapacidade de coordenação da motilidade intestinal, em consequência da morte celular resultante da isquemia QUADRO CLÍNICO ANAMNESE: - Dor visceral em cólica e difusa em todo abdome (dor mais localizada e constante pode indicar irritação peritoneal secundária a complicações, como necrose) - Distensão abdominal (mais intensa quanto mais distal for a obstrução no trato digestivo, podendo ser assimétrica ou simétrica — dependendo se a válvula ileocecal for continente ou não, respectivamente, quando for obstrução no colo esquerdo) - Parada de eliminação de gases e fezes, náuseas e vômitos consequentes à obstrução - Diarreia paradoxal: é meio que a liberação de muco e resíduos. Na obstrução parcial podemos encontrar um quadro de diarreia paradoxal, que encontra justificativa na intensa hiperproliferação bacteriana, geralmente iniciada sempre que há estase do bolo alimentar na luz intestinal (o excesso de bactérias no delgado atrapalha de diversas maneiras os processos absortivos, culminando em diarreia) - Diferenciação entre obstrução alta e baixa: - Alta: náuseas e vômitos (biliosos) precedem a parada de eliminação de fezes e gases, pois o paciente continua a eliminar o conteúdo intestinal a jusante do obstáculo, cólicas frequentes e leve distensão abdominal - Baixa: parada de eliminação de gases e fezes precede os vômitos (fecaloides), pois esses só acontecem quando todo o intestino delgado a montante da obstrução estiver distendido, cólicas esparsas e distensão pronunciada - Pode ser complicado ou não, na dependência de a obstrução ter determinado (ou não) isquemia e/ou perfuração de víscera intraperitoneal - Soluços — irritação do diafragma, a distensão comprime o diafragma - Pergunta-se: Cirurgias previas? Opioides? Neoplasias? EXAME FÍSICO GERAL: - Alteração do estado geral - Desidratação, fundamentalmente, devida aos vômitos e ao sequestro de líquidos nas alças intestinais; os vômitos podem acarretar, além da perda líquida, perda hidroeletrolítica, determinando, às vezes, alcalose hipocalêmica - Taquisfigmia (aceleração do pulso), devida à desidratação - Geralmente, o quadro não é acompanhado de febre; ela aparece quando temos uma complicação do quadro (peritonite bacteriana) - Hipotensão arterial pode estar presente em quadros prolongados — podendo ser causada por desidratação, peritonite ou ambos - Mucosas descoradas: aponta para um quadro mais avançado. Está relacionada a perda de sangue - A presença de febre muitas vezes indica a possibilidade de estrangulamento Ádila Cristie Matos Martins UCXIV Problema 2, TUTORIA t EXAME FÍSICO ABDOMINAL: - Distensão abdominal (simétrica ou assimétrica) - Em alguns casos, a peristalse de luta pode ser visualizada - Ruídos hidroaéreos aumentados em número e com alteração do timbre (timbre metálico) intercalados com silêncio abdominal; com o evoluir do processo e, portanto, com a isquemia da alça intestinal envolvida, os ruídos tendem a diminuir e, até, se tornar ausentes - Na percussão, pela distensão abdominal, encontra-se um hipertimpanismo - Discreto desconforto à palpação, não caracterizando sinais de irritação peritoneal, a não ser quando há complicação do quadro - Quando identificado descompressão dolorosa e defesa localizada, a possibilidade de estrangulamento com peritonite nos vem à mente - O toque retal obrigatoriamente deve ser realizado na busca de massas intraluminais. Uma ampola retal totalmente livre de fezes (sinal de Hochemberg) aumenta a suspeita de obstrução - A presença de sangue na luva nos faz suspeitar de carcinoma ou intussuscepção - Fecalomas também podem ser encontrados (especialmente em idosos e acamados) e removidos DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: - Aconselha-se realizar a dosagem da concentração sérica de eletrólitos, a dosagem dohematócrito (hemoconcentração), da creatinina e ureia (avaliar função renal), o estudo da coagulação (por conta da cirurgia) e a dosagem de plaquetas (baixa = sepse) e leucócitos (inflamação), que são úteis para se determinar a gravidade do quadro clínico e orientar a reanimação do doente, gasometria e glicemia - Ajudam a avaliar a presença e a gravidade de hipovolemia, leucocitose e anormalidades metabólicas (hiponatremia, hipocalemia). Anemia pode apontar para etiologia específica (p. ex., tumor, divertículo de Meckel e doença de Crohn) - Na suspeita de íleo paralítico, a dosagem de eletrólitos séricos pode contribuir para o esclarecimento diagnóstico IMAGEM: Radiografia do abdome: - A rotina radiológica para abdome agudo (tórax; e abdome em pé e deitado) pode nos dar importantes informações, como distensão de alças, níveis hidroaéreos, edema de parede e parada de progressão gasosa no ponto de obstrução - Na obstrução do delgado, as alças distendidas tendem a ocupar uma posição mais central - Os níveis hidroaéreos múltiplos são comuns em decúbito lateral e na posição ortostática, em que adquirem, muitas vezes, formato de degraus. A ausência de ar no cólon pode ser observada. Este achado caracteriza uma obstrução completa de delgado - Nas obstruções do cólon com válvula ileocecal competente, notamos distensão deste segmento, que ocupa a periferia das radiografias de abdome. As haustrações colônicas ocupam apenas uma parte do diâmetro transverso da parede. A ausência de gás na ampola retal pode ser notada em casos de oclusão completa desse segmento - O íleo paralítico apresenta-se com distensão gasosa uniforme do estômago, intestino delgado e cólon - Fecaloma — apresenta sinal de miolo de pão * A ausência de ar no cólon e na ampola retal indicam obstrução do intestino delgado completa ou de oclusão completa do cólon (ausência na ampola) * Casos que existam duvidas quanto à localização do processo obstrutivo, podem ser utilizados radiografias contrastadas, como o trânsito intestinal e enema opaco Tomografia computadorizada: - Pode ser útil para diagnosticar a obstrução do intestino delgado, muitas vezes determinando a causa com precisão. É particularmente útil nos pacientes com história de neoplasia prévia, nas obstruções pós-operatórias e naqueles pacientes obstruídos sem passado de cirurgias - A demonstração de uma zona de transição caracterizada por uma alça distendida com ar e líquidos de um lado e outra alça distal à obstrução, colapsada, quase sempre sela o diagnóstico - Nas obstruções completas, a sensibilidade e especificidade chegam a 90%. A tomografia não tem sensibilidade tão boa nas obstruções parciais de delgado, situação na qual a enteróclise e o trânsito de delgado devem ser preferidos - Além das vantagens descritas acima, a TC diagnostica com precisão o estrangulamento de alça decorrente de um vôlvulo, por exemplo. Vemos na imagem tomográfica uma alça dilatada em forma de U ou C, com a distribuição radial de vasos mesentéricos tracionados e convergentes em direção ao segmento que sofreu a torção. A grande desvantagem da TC é que esta somente detecta sinais Ádila Cristie Matos Martins UCXIV Problema 2, TUTORIA t sugestivos de estrangulamento em estádios avançados e irreversíveis, como a presença de pneumatose intestinal Ultrassonografia: - Usado para distinguir um íleo paralítico de um quadro obstrutivo - A US permite identificar alças intestinais distendidas, com níveis de líquido e aumento do peristaltismo - A US é também útil para distinguir alças dilatadas de intestino delgado de grosso, através da identificação das válvulas coniventes - Uma das principais vantagens da ultra-sonografia é a demonstração da presença ou não de peristalse em alças preenchidas por líquido e avaliação da espessura da sua parede - A combinação de peristalse, distensão com conteúdo líquido e espessamento da parede sugere o diagnóstico de infarto da parede intestinal Exames endoscópicos: - Pacientes com suspeita de obstrução colônica devem ser submetido a uma proctossigmoidoscopia - A colonoscopia é contraindicada, pois a insuflação de ar para a realização do procedimento pode levar à perfuração intestinal * A colonoscopia na presença de volvo de ceco ou de sigmoide alto, assim como na presença de corpos estranhos, pode permitir, além do diagnóstico, o tratamento, tentar desfazer DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL - As dificuldades do diagnóstico diferencial entre outros processos abdominais agudos só ocorrem quando o paciente é visto tardiamente, já instalada uma complicação - Nessa fase, a dor é contínua, como na úlcera péptica perfurada, na apendicite aguda ou na pancreatite aguda, não se ouve peristaltismo e há defesa muscular e sinais de peritonite, como nessas entidades. Uma anamnese bem feita é chave do diagnóstico diferencial - Pseudo-obstrução (doença que apresenta manifestações de obstrução intestinal sem lesão orgânica, havendo predomínio pelo intestino delgado, mas pode ocorrer em todo TGI), um exemplo de pseudo-obstrução seria a síndrome de Ogilvie. Os sintomas podem ser intermitentes, durando anos, sendo os mais comuns: vômitos, dor abdominal e distensão abdominal - Outras condições, não raro associadas à obstrução intestinal, porém sem uma ação causal definida, são o diabetes mellitus, o hipotireoidismo, o feocromocitoma, o hipoparatireoidismo, a dermatomiosite, o lúpus eritematoso, a distrofia miotônica, a doença de Parkinson, a esclerose múltipla e a amiloidose TRATAMENTO - A maioria dos casos o tratamento será cirúrgico - É importante que os pacientes depletados em volume e com distúrbios hidroeletrolíticos (hipocalemia, hipocloremia) sejam tratados clinicamente por um período de cerca de 12 a 24 horas antes da operação CLÍNICO: - Na fase inicial do tratamento da obstrução intestinal, de maneira geral, a abordagem clínica se aplica a todos os doentes - Uma vez firmado o diagnóstico, deve ser tomada a decisão de operar imediatamente ou continuar sob tratamento clínico - Em portadores de obstrução mecânica parcial, o tratamento clínico apresenta alto índice de sucesso e não possui morbidade significativa. Exemplos: aderências, doentes em período pós-operatório imediato, doença intestinal inflamatória, enterite por irradiação ou diverticulite, neoplasias avançadas com carcinomatose peritoneal e crianças com bolo de áscaris, entre outros - O TRATAMENTO CLÍNICO inicia-se com acesso venoso, dieta zero, descompressão gástrica, pela passagem de sonda nasogástrica, hidratação parenteral (utilizando soro fisiológico com o intuito de elevar a pressão venosa central a níveis normais), correção de distúrbios eletrolíticos, eventualmente presentes, antibioticoterapia (com cobertura para bactérias gram-negativas e anaeróbios) e analgesia - A nutrição parenteral pode ser indicada, caso se acredite que o doente não possa receber dieta enteral ou oral pelo menos nos cinco dias seguintes - Quando o doente tem antecedentes de cirurgias abdominais prévias ou suspeita-se de aderências, o conhecimento do tipo de cirurgia realizada pode auxiliar na conduta, pois se admite que a possibilidade de sucesso com tratamento clínico é menor em alguns tipos de procedimento - Nesses doentes com bridas, deve-se considerar a possibilidade de tratamento cirúrgico precoce. Não havendo melhora, ou havendo piora nas 12 horas iniciais de Ádila Cristie Matos Martins UCXIV Problema 2, TUTORIA t tratamento clínico, deve-se considerar a conveniência de indicar o tratamento cirúrgico - A grande maioria (até 90%) das obstruções mecânicas no pós-operatório precoce é causada por aderências, e as principais indicaçõespara a cirurgia nesses doentes são a piora do estado clínico e dos sintomas de obstrução e a não-resolução do quadro após duas semanas de tratamento clínico - É importante termos em mente que indivíduos que se apresentam com hérnias externas encarceradas, evidências de estrangulamento (dor contínua, febre, taquicardia, leucocitose) e com sinais de irritação peritoneal devem ser operados de imediato - Por outro lado, existem algumas condições que podem ser tratadas inicialmente apenas com medidas clínicas de suporte. Um exemplo é a obstrução intestinal por brida. A grande maioria destes pacientes responde à dieta zero, sucção nasogástrica e hidratação venosa. A divisão cirúrgica das adesões pode ser feita em um segundo tempo - Outras condições que respondem à terapêutica clinica: obstruções intestinais em pós-operatórios de cirurgias abdominais, oclusões intestinais decorrentes de doença de Crohn em atividade e alguns casos de obstrução associada à malignidade * Pacientes com volvo do sigmoide pode ter obstrução aliviada através da passagem de um tubo retal por sigmoidoscopia ou colonoscopia. Na ausência de resposta, o próprio colonoscópio deve ser utilizado nessa tentativa. Entretanto, estes indivíduos devem ser submetidos à cirurgia eletiva para ressecção da alça na mesma internação, uma vez que as recidivas são frequentes. Nos pacientes que não responderem à descompressão colonoscópica ou naqueles com sinais clínicos ou colonoscópicos de estrangulamento, estará indicada a abordagem cirúrgica imediata, com ressecção do segmento afetado, colostomia protetora e fechamento do coto retal (cirurgia de Hartmann). A reconstrução do trânsito deverá ser realizada em um segundo momento CIRÚRGICO: - Indicado (com urgência) para todos os doentes com diagnóstico de obstrução intestinal mecânica completa e quando o tratamento clínico não obtiver sucesso por 24 a 48 horas - O tratamento cirúrgico inicialmente consiste em laparotomia exploradora. Após a revisão da cavidade, com a finalidade de diminuir a distensão abdominal, os líquidos acumulados na luz das alças devem ser ordenhados para o estômago e aspirados através da sonda nasogástrica. Essa manobra tem o intuito de facilitar a abordagem da causa da obstrução e de evitar as lesões acidentais das alças que se apresentam, muitas vezes, bastante dilatadas - Dependendo da lesão, podem ser realizadas enterotomias e colostomias proximais à obstrução. Derivações internas, tais como gastroenterostomias e ileotransversostomias ou ressecções intestinais, também podem ser efetuadas para a remoção da causa da obstrução. Outras manobras cirúrgicas podem ser efetuadas, tais como lise de aderências, correções de hérnias complicadas ou de intussuscepções intestinais - Às vezes, durante o ato operatório, ocorrem dúvidas sobre a viabilidade de uma alça. Existem algumas maneiras de avaliar essa viabilidade, tais como o uso de fluoresceína, da transiluminação, do azul de metileno ou do Doppler intra- operatório. Na prática, nem sempre se dispõe desses recursos e, nessas situações, pode-se tentar melhorar a viabilidade de uma alça por meio da injeção de novocaína ou de papaverina na raiz do mesentério. Se persistir a dúvida, é preferível optar pela ressecção intestinal - Nas obstruções intestinais por bridas, caso se faça a incisão cirúrgica na parede abdominal sobre a - A conduta operatória vai depender da etiologia e da localização da obstrução - Hérnia encarcerada sem maiores problemas — redução e reparo da hérnia - Hérnia complicada — usar herniorrafia correspondente, mesmo que seja necessária a ressecção da alta, recorrendo-se a laparotomia caso a incisão inicial se mostre inadequada - Intussuscepção é cirúrgica, pois a maioria dos casos existe doença na parede intestinal - Estenose refrataria de Crohn — ressecadas ou submetidas à estricturoplastia (evitar síndrome do intestino curto) - Bridas — aconselha-se acesso em local fora da cicatriz da cirurgia prévia; divisão cirúrgica das adesões e, durante o ato operatório, o cirurgião deve propelir manualmente o conteúdo luminal até o ceco, com o objetivo de identificar outros possíveis sítios de oclusão. Independentemente da etiologia, a viabilidade da alça deve ser sempre determinada - CA: colonostomia, resseca a porção do intestino acometida pelo tumor e estoma descompressivo; posteriormente, se possível, anastomosa os segmentos colônicos proximal e distal à alça intestinal ressecada Ádila Cristie Matos Martins UCXIV Problema 2, TUTORIA t - Bolos de áscaris — indicação de laparotomia pressupõe o insucesso do tratamento clínico e/ou presença de risco de sofrimento de alça, podendo ou não ter ressecção e deve-se sempre associar o tratamento a um vermífugo - Alguns cirurgiões fazem uso intraoperatório de sonar Doppler ou da injeção de fluoresceína para identificar alças viáveis. Em caso de dúvida quanto à interpretação dos achados, existem duas condutas possíveis: (I) ressecção cirúrgica dessa porção do intestino (recomendado pela maioria dos autores); (II) não retirar o segmento sob dúvida num primeiro momento, e realizar uma laparotomia “second- look” 18-24h após, para fazer nova verificação da viabilidade daquele segmento - As condutas nas doenças que envolvem o cólon divergem um pouco das acima descritas. Em casos de obstrução do cólon esquerdo, o cirurgião realiza uma colostomia (geralmente transversostomia), resseca a porção do intestino acometida pelo tumor e, no mesmo procedimento, anastomosa os segmentos colônicos proximal e distal à alça intestinal ressecada - Nesses casos, a colostomia tem a função de “proteger” a anastomose. Em um segundo tempo cirúrgico, a colostomia é fechada quando a anastomose cicatriza. Alguns trabalhos têm demonstrado bons resultados cirúrgicos, com baixa morbidade em pacientes que se submetem à ressecção seguida de anastomose primária terminoterminal. Isso pode ser viável naqueles pacientes em que se conseguiu realizar um mínimo preparo colônico, nos casos cirúrgicos ditos semieletivos - As lesões obstrutivas do cólon direito e ceco são tratadas com colectomia direita e íleo transverso anastomose Câncer de colorretal TNM - O estadiamento é da maior importância na determinação do prognostico e da melhor estratégica terapêutica - T: tumor - analisa a profundidade da invasão tumoral - N: linfonodos regionais - analisa-se a metástase nesses linfonodos e a quantidade de linfonodos afetados - M: metástase distantes - analisa-se se há ou não metástase à distância - I: penetram na parede do intestino, mas não através dela - II: penetram através da parede sem disseminar-se para os linfonodos regionais - III: se caracteriza por envolver linfonodos regionais - IV: caracterizado por disseminação para outros órgãos, sendo os principais o fígado, pulmão, linfonodos fora do sitio de drenagem local, como linfonodos retroperitoneais e peritônio dukes Ostomias - É uma intervenção cirúrgica que cria um ostoma (abertura, ostio) na parede abdominal que visa à construção de um caminho alternativo e novo na passagem de ar, fezes e urina - Após cirurgias, é perdido o controle esfincteriano, portanto o conteúdo eliminado do seguimento urinário e intestinal, será contido através de uma bolsa discreta aderida ao abdome Ádila Cristie Matos Martins UCXIV Problema 2, TUTORIA t TIPOS SISTEMA RESPIRATÓRIO: traqueostomia e pleurostomia SISTEMA URINÁRIO: uretostomia, cistostomia e nefrostomia SISTEMA DIGESTÓRIO: gastrostomia, jejunostomia, ileostomia e colostomia CLASSIFICAÇÃO INDICAÇÃO - Obstruções intestinais: agenesias e atresias anorretais, megacólon congênito (doença de Hirschsprung), neoplasias,volvo, doença diverticular, colite isquêmica - Perfurações do cólon: neoplasias, doença inflamatório intestinal (doença de Crohn, retocolite ulcerativa), doença diverticular, colite isquêmica - Traumas: penetrante (arma branca ou de fogo), fechado e empalação - Fístulas: anorretais, reto-vaginais, reto-vesicais - Proteção de anastomoses de alto risco: colorretais, colo-anais e ileo-anais - São feitas em alças intestinais com mobilidade e comprimento adequados - Os segmentos intestinais apropriados são: íleo e cólons transverso e sigmoide COMPLICAÇÕES - Precoces: isquemia ou necrose da alça exteriorizada, sangramento, retração, infecção, edema,dermatiteperi-estomal - Tardias: estenose e obstrução, prolapso, hérnia para-estomal, fístulas CARACTERISTICAS DE UM ESTOMA SAUDÁVEL - Coloração vermelho vivo - Protruso ou encontra-se no mesmo plano da pele - Mucosa úmida - Indolor à palpação - Localização adequada - Funcionante – el iminação normal das fezes REFERÊNCIAS 1. Abdome Agudo - Clínica e imagem — Antônio Carlos Lopes 2. Instrutivo ostomia — Ref. Portaria GM 793 e 835 3. Medicina interna (24ª edição) - CECIL 4. Patologia - BOGLIOLO 5. Adenocarcinoma colorretal - SBOC 6. Estomas intestinais (ileostomias e colostomias) e anastomoses e intestinais 7. Gastro 3 MedCurso 2018 8. Video aulas Dr. Fábio Colagrossi LOCALIZAÇÃO - Sistema urinário - Intestino delgado - Intestino grosso PERMANÊNCIA - Temporários (transitórias) - Definitivas (permanentes) FINALIDADE - Descompressiva - Derivativa TÉCNICA - Em alça - Com duplo lumen - Com estoma único ou terminal
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