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AULA 11 - ALIMENTOS

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Direito de Família
Aula 11: Alimentos: 
· Conceito e pressupostos da obrigação alimentar:
a) Conceito: São as prestações devidas para a satisfação das necessidades pessoais daquele que não pode provê-las pelo trabalho próprio. Devem compreender as necessidades vitais da pessoa, cujo objetivo é a manutenção de sua dignidade, devendo ser concebidos dentro da ideia de patrimônio mínimo. 
b) Partes: 
1. Credor: Alimentando;
2. Devedor: Alimentante.
c) Pressupostos: arts. 1.694 e 1.695 do CC:
1. Relação de parentesco, casamento ou união estável;
2. Necessidade do alimentando;
3. Possibilidade do alimentante. Devendo ser analisado os sinais exteriores da riqueza, conforme enunciado 573 da VI Jornada de Direito Civil. 
Alguns doutrinadores elencam um quarto pressuposto, a proporcionalidade ou razoabilidade. 
· Características da obrigação alimentar: 
a) Trata-se de uma obrigação sui generis. A afirmação é justificada pois:
1. Cabe prisão civil do devedor de alimentos, art. 5º, LXVII da CRFB/88;
2. Cabem meios excepcionais de execução para satisfação do crédito como, por exemplo, penhora de FGTS e do PIS;
b) Obrigação que gera um direito personalíssimo: O direito aos alimentos possui caráter personalíssimo, apenas o credor pode pleiteá-los ou executá-los, não se transmitindo aos herdeiros.
c) Reciprocidade: Há reciprocidade entre os cônjuges e companheiros (art. 1.694, CC) e entre pais e filhos, sendo extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau na falta de outros (art. 1.696). Parcela da doutrina entende que, como os colaterais são herdeiros, possuindo direitos, mesmos no silêncio da lei têm o dever de prestar alimentos, seguindo a ordem da sucessão. 
Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.
Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos (bilaterais) como unilaterais.
d) Irrenunciabilidade: Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora. Apesar da literalidade do dispositivo, o tema é controverso na doutrina e na jurisprudência. 
A III Jornada de Direito Civil do CJF aprovou o seguinte enunciado: Enunciado 263: O art. 1.707 do Código Civil não impede seja reconhecida válida e eficaz a renúncia manifestada por ocasião do divórcio (direto ou indireto) ou da dissolução da "união estável". A irrenunciabilidade do direito a alimentos somente é admitida enquanto subsistir vínculo de Direito de Família.
Assim, a grande parte da jurisprudência tem se manifestado no sentido de que é válida a renúncia dos alimentos nestes casos. REsp 701.902/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI
Direito civil e processual civil. Família. Recurso especial. Separação judicial. Acordo homologado. Cláusula de renúncia a alimentos. Posterior ajuizamento de ação de alimentos por ex-cônjuge. Carência de ação. Ilegitimidade ativa. - A cláusula de renúncia a alimentos, constante em acordo de separação devidamente homologado, é válida e eficaz, não permitindo ao ex-cônjuge que renunciou, a pretensão de ser pensionado ou voltar a pleitear o encargo. - Deve ser reconhecida a carência da ação, por ilegitimidade ativa do ex-cônjuge para postular em juízo o que anteriormente renunciara expressamente. Recurso especial conhecido e provido.
Divergindo, Flávio Tartuce sustenta que os alimentos são sempre irrenunciáveis. Isso ocorre porque o art. 1.707 do CC está em consonância com o art. 11 do CC, o qual declara que os direitos da personalidade são, em regra, irrenunciáveis. Assim, considerando que o fundamento dos alimentos é a dignidade da pessoa humana, jamais será possível renunciá-lo, podendo, no máximo abrir mão temporariamente. Ressalta-se que o STJ no informativo 553 seguiu esse entendimento. 
e) Obrigação divisível (regra) ou solidária (exceção): Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide.REsp 1178233/RJ, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO
RECURSO ESPECIAL. FAMÍLIA. UNIÃO ESTÁVEL. ESCRITURA PÚBLICA DE RECONHECIMENTO. ALIMENTOS. CLÁUSULA DE DISPENSA PRÉVIA. ALTERAÇÃO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA NA CONSTÂNCIA DA UNIÃO. AÇÃO DE ALIMENTOS AJUIZADA APÓS A DISSOLUÇÃO DO VÍNCULO. VIABILIDADE. IRRENUNCIABILIDADE DOS ALIMENTOS DEVIDOS NA CONSTÂNCIA DO VÍNCULO CONJUGAL. NULIDADE DA CLÁUSULA DE RENÚNCIA. RECURSO IMPROVIDO. 1. Tendo as partes vivido em união estável por dez anos, estabelecendo no início do relacionamento, por escritura pública, a dispensa à assistência material mútua, a superveniência de moléstia grave na constância do relacionamento, reduzindo a capacidade laboral e comprometendo, ainda que temporariamente, a situação financeira da companheira, autoriza a fixação de alimentos após a dissolução da união. 2. Direito à assistência moral e material recíproca e dever de prestar alimentos expressamente previstos nos arts. 2º, II, e 7º da Lei 9.278/96 e nos arts. 1.694 e 1.724 do CC/2002. 3. São irrenunciáveis os alimentos devidos na constância do vínculo familiar (art. 1.707 do CC/2002). Não obstante considere-se válida e eficaz a renúncia manifestada por ocasião de acordo de separação judicial ou de divórcio, nos termos da reiterada jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, não pode ser admitida enquanto perdurar a união estável. 4. Reconhecida pelo eg. Tribunal a quo a necessidade da ex-companheira à percepção de alimentos em caráter transitório, assim como a capacidade contributiva do recorrente, a reforma do julgado quanto a estes aspectos mutáveis demandaria o reexame do conjunto fático-probatório, vedado na via do recurso especial (Súmula 7 do STJ). 5. Recurso especial parcialmente conhecido e improvido.
No caso acima, trata-se de litisconsórcio passivo necessário. 
Será solidária nos termos do art. 12 do Estatuto do Idoso: A obrigação alimentar é solidária, podendo o idoso optar entre os prestadores.
f) Imprescritível: A pretensão de se obter alimentos é imprescritível. 
Já a pretensão para a cobrança de alimentos fixados prescreve em 02 anos, contados a aparte da data que vencerem (art. 206, §2º do CC). 
OBS: Não corre prescrição contra absolutamente incapaz. Também não corre prescrição contra o filho quando pai ou mãe forem devedores, enquanto durar o poder familiar. 
g) Obrigação incessível e inalienável: Art. 1.707 do CC.
h) Obrigação incompensável: De forma excepcional, quando importar em enriquecimento sem justa causa ao alimentado, o STJ tem admitido a compensação. 
i) Obrigação impenhorável;
j) Obrigação irrepetível;
k) Obrigação intransacionável e não sujeita à arbitragem;
l) Obrigação transmissível: Conforme determina o Art. 1.700 do CC, a obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694. Prevalece na doutrina que o limite da transmissão é o limite da herança, havendo divergência doutrinária. Premissa 07 da edição 77 (alimentos II) da Jurisprudência em Teses do STJ.
 A obrigação de prestar alimentos é personalíssima, intransmissível e extingue-se com o óbito do alimentante, cabendo ao espólio saldar, tão somente, os débitos alimentares preestabelecidos mediante acordo ou sentença não adimplidos pelo devedor em vida, ressalvados os casos em que o alimentado seja herdeiro, hipóteses nas quais a prestação perdurará ao longo do inventário
· Extinção da obrigação de alimentos:
a) Morte do Credor;
b) Alteração substancial no binômio necessidade x possibilidade ou desaparecimento de um dos seus requisitos: Art. 1.699. Se, fixados os alimentos,sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.
c) Maioridade: A obrigação cessa, em regra, com a maioridade. Contudo, caso o filho comprove ser estudante a jurisprudência entende pela manutenção da obrigação até 24 anos de idade ou ter alguma deficiência / incapacidade.
d) Novo casamento ou união estável do credor: Do devedor, pode significar alteração da situação fática, mas não importa na extinção da obrigação. 
e) Comportamento indigno do credor em relação ao devedor: Aplica-se, por analogia o art. 1.814 do CC.

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