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TRAUMATISMOS DENTÁRIOS Milene Martins CONSIDERAÇÕES INICIAIS Traumatismo dentário Resulta de um impacto externo sobre o dente e tecidos circundantes Considerações iniciais FERREIRA et al., 2009 Problema de saúde pública: Prevalência Custos do tratamento Consequências a longo prazo Possibilidade de prevenção Impacto negativo na qualidade de vida Considerações iniciais TRAEBERT et al., 2004; RAMOS-JORGE et al., 2005; WENDT et al., 2010 Prevalência: Dentição decídua: 11,0% a 69,2% (KRAMER et al., 2003; SKAARE E JACOBSEN, 2005; GRANVILLE-GARCIA et al., 2006; BELTRÃO et al., 2007; WENDT et al., 2010) Dentição permanente: 18,9% a 58,6% (MARCENES et al., 2001; HAMILTON et al., 2007) Dentes mais acometidos: incisivos superiores Tipo de traumatismo: fratura de esmalte (permanentes) luxações (decíduos) Considerações iniciais MARCENES et al., 2001; KRAMER et al., 2003; TRAEBERT et al., 2004; WENDT et al., 2010; JORGE et al., 2011; RAMOS-JORGE et al., 2011 Etiologia • Bebês: tentativas de engatinhar e andar • Idade pré-escolar: Brincadeiras • Escolares e adolescentes: Acidentes ciclísticos, automobilísticos e prática de esportes (Guedes-Pinto, 2003) Etiologia: idade Meninos mais suceptíveis ao ambiente Problemas de comportamento Mais irritáveis Comportamento de risco Maior risco de trauma Lallo et al., 2003 Fatores sociodemográficos Trauma dental Ambiente físico Características físicas do ambiente Efeito do ambiente doméstico e de trabalho Serviços (saúde, assistência social e ensino) Características sócioculturais dos bairros Reputação de uma área Políticas públicas socias Macintyre et al., 1993 Overjet acentuado Revisão sistemática Nguyen et al., 1999 Risco até 2 X maior Exame clínico e radiográfico Tratamento Diagnóstico Exame ANDREASEN E ANDREASEN et al., 1985; BAKLAND E ANDREASEN, 1996; ANDREASEN et al., 2007 ANDREASEN E ANDREASEN et al., 1985; BAKLAND E ANDREASEN, 1996; ANDREASEN et al., 2007; FLORES et al., 2007 Cuidados: Limpeza do rosto e cavidade bucal Limpeza dos ferimentos História médica e odontológica ANDREASEN E ANDREASEN et al., 1985; BAKLAND E ANDREASEN, 1996; ANDREASEN et al., 2007; FLORES et al., 2007 Cuidados: Limpeza do rosto e cavidade bucal Limpeza dos ferimentos História médica e odontológica Possíveis alergias, doenças hematológicas, informações que podem influenciar o tratamento Traumatismos dentários prévios, informações que possam ser relacionadas a achados radiográficos Questões importantes… Local Como ocorreu? Quando? Inconsciência Alteração na mordida Reação à estímulos térmicos ANDREASEN E ANDREASEN et al., 1985; BAKLAND E ANDREASEN, 1996; ANDREASEN et al., 2007 Exame clínico Extra-oral: face, lábios, tecidos moles Apalpar esqueleto facial ANDREASEN E ANDREASEN et al., 1985; BAKLAND E ANDREASEN, 1996; ANDREASEN et al., 2007; FLORES et al., 2007 Exame clínico Intra-oral: fraturas, posição anormal dos dentes, mobilidade dentária, resposta anormal à percussão Registro do sentido do deslocamento (luxação) ANDREASEN E ANDREASEN et al., 1985; BAKLAND E ANDREASEN, 1996; ANDREASEN et al., 2007; FLORES et al., 2007 Exame radiográfico Região traumatizada Tecidos moles ANDREASEN E ANDREASEN et al., 1985, 1988; FLORES et al., 2007 Registro fotográfico Documentação da extensão da lesão Planejamento do tratamento Ações judiciais Consentimento ANDREASEN E ANDREASEN et al., 1985; BAKLAND E ANDREASEN, 1996; ANDREASEN et al., 2007 Traumatismo na dentição decídua Aspectos importantes… Resiliência do osso alveolar Grau de rizólise Relação do decíduo com o dente permanente em formação SMITH E RAPP, 1980; ARX, 1993; ANDREASEN E ANDREASEN, 2001 Alterações no dente permanente sucessor Malformação dentária (dilaceração, hipoplasia) Impactação Distúrbios na erupção Duplicação radicular Suspensão total ou parcial da raiz Malformação semelhante a odontoma FELDENS et al., 2005; FLORES et al., 2007 FLORES et al., 2007 Alterações nos dentes decíduos Descoloração da coroa Necrose pulpar Reabsorção dentinária interna Obliteração pulpar Reabsorção externa ANDREASEN E ANDREASEN, 2001 GARCIA-GODOY; PULVER, 2000 COR ALTERAÇÃO CONSIDERAÇÕES CLÍNICAS Rosa Reabsorção interna da coroa dentária Exfoliação precoce Temporariamente cinza Ligeira hiperemia causada pelo extravasamento de hemosiderina Cinza Hemorragia no interior dos túbulos dentinários com pigmentação pela degeneração do sangue Observar, pulpectomia pode ser necessária Amarelo Obliteração do canal Atraso na exfoliação, erupção ectópica do permanente Classificação dos traumatismos ❑ Lesões dos tecidos duros e polpa Trinca de esmalte Fratura de esmalte Fratura de esmalte e dentina (c0m ou sem exposição pulpar) (Andreassen e Andreassen, 2001; Flores, 2002; Guedes-Pinto, 2003 ) ❑Lesões dos tecidos duros, polpa e processo alveolar • Fratura de coroa e raiz • Fratura radicular • Fratura alveolar (Flores, 2002) ❑Lesões dos tecidos periodontais • Concussão • Subluxação • Avulsão • Luxações Lateral Intrusiva Extrusiva Avulsão (Flores, 2002; Guedes-Pinto, 2003) ❑Lesões dos tecidos moles • Laceração, erosão ou contusão de lábios, gengiva, mucosa interna e língua. (Flores, 2002; Guedes-Pinto, 2003 ) Tratamento dos tecidos moles e duros Objetivos: 1. Controle da dor 2. Prevenção de danos ao germe do dente permanente (hipoplasia) (Flores, 2002) Reação dentária aos traumatismos Luxações: fechamento dos túbulos dentinários e deposição de dentina terciária obliteração do canal radicular (Flores, 2002; Guedes-Pinto, 2003 ) Trinca de esmalte Não há perda de estrutura dentária ANDREASEN E ANDREASEN, 2001 ❑Fratura incompleta de esmalte ou trinca Incentivar as trocas iônicas entre esmalte e saliva Obliterar fenda com sais de fosfato de cálcio ✓ Flúor (pasta de dente ou bochechos) ✓ Selante (sensibilidade) (Guedes-Pinto, 2003 ) Fratura de esmalte Perda de substância dentária restrita ao esmalte ANDREASEN E ANDREASEN, 2001 ❑Fraturas coronárias pequenas • Exame radiográfico inicial • Observar: Tamanho da câmara pulpar Estágio de rizólise do decíduo Estágio de rizogênese do permanente • Polimento da margem de esmalte ou restauração • Aplicação tópica de flúor (Flores, 2002; Guedes-Pinto, 2003; Flores et al., 2007; Needleman, 2011) ❑Fraturas coronárias pequenas • Controle: ✓ Exame clínico e radiográfico ✓ 6 a 8 semanas ✓Mudança de cor da coroa ✓Fístula ou infecções periapicais ✓Anual (Flores, 2002) Fratura de esmalte-dentina Perda de substância dentária restrita ao esmalte e dentina, sem expor a polpa ANDREASEN E ANDREASEN, 2001 FLORES et al., 2007; NEEDLEMAN, 2011 Tratamento Proteção dentino-pulpar Quando possível, restaurar com cimento de ionômero de vidro ou resina composta Colagem do fragmento Arredondar arestas Aplicação tópica de flúor Fratura coronária complicada Fratura envolvendo esmalte, dentina e expondo a polpa ANDREASEN E ANDREASEN, 2001 Tratamento Curetagem pulpar Pulpotomia Material: hidróxido de cálcio TER ou Extração (dentes com rizólise adiantada) (Flores, 2002; Flores et al., 2007; Needleman, 2011) Fratura de coroa e raiz sem envolvimento pulpar Fratura envolve esmalte, dentina e cemento ANDREASEN E ANDREASEN, 2001 Fratura de coroa e raiz sem envolvimento pulpar Tratamento: até 2mm proteção do complexo dentino-pulpar + restauração 4 a 5 mm do limite gengival exodontia Zarzar et al., 2014 Fratura de coroa e raiz sem envolvimento pulpar Tratamento: se possível pulpectomia + restauração Parte fraturada muito solta colagem das partes e pulpectomia PERCINOTO et al.,2012 Fratura de coroa e raiz com envolvimento pulpar Fratura envolve esmalte, dentina e cemento, com envolvimento pulpar ANDREASEN E ANDREASEN, 2001 Fratura de coroa e raiz com envolvimento pulpar Remanescente recuperável tentar pulpectomia + restauração PERCINOTO et al., 2012; ZARZAR et al., 2014 Fratura radicular Fratura envolve dentina, cemento e polpa 1/3 médio ou 1/3 apical Fragmento coronário móvel, deslocado ANDREASEN E ANDREASEN, 2001 Tratamento: - Fragmento coronário deslocado (1 a 2 mm): extrair apenas este fragmento - Fragmento apical será reabsorvido - Redução da fratura e imobilização: até 2 horas (dente terá mobilidade até a esfoliação, que poderá ser antecipada Observar tempo desde o trauma ao atendimento Distância dos fragmentos Direção da fratura: longitudinal (exodontia), oblíqua (1/3 médio ao apical – prognóstico favorável / 1/3 cervical ao 1/3 médio – exodontia) FLORES et al., 2007; NEEDLEMAN, 2011 Controle : ✓ exame clínico e radiográfico + remoção da imobilização (semi-rígida, 2 a 3 semanas-Zarzar et al;2014/rígida, 4 a 6 meses). ✓ 6-8 semanas e 1 ano Coroa com pequena mobilidade Controle/Extração: ✓ controle radiográfico anual : reabsorção fisiológica do fragmento apical FLORES et al., 2002 ❑Fraturas Alveolares • O dente no segmento afetado tem mobilidade e deslocamento • Reposicionamento do segmento + imobilização (mais de 4 semanas) • Extração (Flores, 2002) ❑Fraturas Alveolares Controle 3 a 4 semanas : controle clínico e radiográfico + remoção da imobilização • 6 a 8 semanas, 6 meses e 1 ano (Flores, 2002) Concussão Estruturas de suporte Não há aumento de mobilidade, deslocamento ou sangramento Sensível à percussão Acompanhamento e TER (infecção) ANDREASEN E ANDREASEN, 2001 Concussão (Flores, 2002) Subluxação Aumento da mobilidade Não há deslocamento Espaço periodontal normal Sangramento no sulco ANDREASEN E ANDREASEN, 2001 Tratamento: - Nenhum tratamento é necessário - Acompanhamento e instruções - Verificar presença de hábitos bucais deletérios (ex: chupeta) - Perda de sustentação (rompimento das fibras do ligamento periodontal) - Grande perda (mobilidade excessiva): exodontia FLORES et al., 2007; NEEDLEMAN, 2011 Luxação lateral Deslocamento do dente da posição axial Geralmente para vestibular ou lingual Aumento do espaço do ligamento periodontal ANDREASEN E ANDREASEN, 2001 • Coroa geralmente para palatino • Rx oclusal: aumento do espaço periodontal apical • Rx lateral : deslocamento da raiz (Flores, 2002) ❑ Luxação lateral • Sem interferência oclusal: dente reposiciona sozinho • Com interferência oclusal : reposiciona e imobiliza por 2 a 3 semanas • Controle: 6 a 8 semanas, 6 meses, 1 ano (Flores, 2002) Luxação lateral Deslocamento grave exodontia (Flores, 2002) Luxação intrusiva Deslocamento do dente para dentro do osso alveolar Direção do deslocamento: osso vestibular ou em direção do germe do permanente ANDREASEN E ANDREASEN, 2001 Luxação intrusiva Osso: RX – dente mais curto e a porção apical do decíduo não é visível Germe: longo ANDREASEN E ANDREASEN, 2001 • Técnica radiográfica de ClarK ➢ 1 Rx normal + 1 Rx deslocado ➢Alterações que acompanham o deslocamento Palatino (Guedes-Pinto, 2003) • Técnica radiográfica de Frazzi ➢ Filme periapical (longo eixo) ➢ Técnica extra-bucal ➢ Dispositivo ou auxílio do responsável (Guedes-Pinto, 2003) • Técnica radiográfica de Frazzi • Ápice para vestibular: aguardar a reerupção espontânea (2 a 6 meses). • Ápice em direção ao germe: extração (Flores, 2007) (Flores, 2007) Flores, 2002 Flores, 2002 Controle • 1 x por semana nas primeiras 3 semanas • 6 a 8 semanas e 6 meses • Sinais de infecção: sangramento, mobilidade e abscesso extração • Anquilose Luxação extrusiva Deslocamento parcial do dente de dentro do alvéolo ANDREASEN E ANDREASEN, 2001 Tratamento Aspectos importantes: deslocamento, mobilidade, formação radicular e habilidade de cooperação da criança Reposicionamento + contenção semi-rígida por 30 a 45 dias Casos graves = exodontia NEEDLEMAN, 2011; Perconito et al, 2012) (Flores, 2002) Avulsão - Deslocamento completo do dente do alvéolo ANDREASEN E ANDREASEN, 2001 Avulsão: • Rx periapical : certeza que o dente não está intruído • Não deve ser reimplantado • Aparelho removível: evitar interposição lingual e desordem da fala (Flores, 2002; Flores et al., 2007; Needlemann, 2011)