Buscar

Artigo Cientifico - Análise Ergonômica do Trabalho - Uma Síntese na Saúde do Trabalhador - Maria Cristina Duarte - Corrigido

Prévia do material em texto

1 
 
 Análise Ergonômica do Trabalho – Uma Síntese na Saúde do 
Trabalhador 
 
Maria Cristina Duarte – cris.duarte_gyn@hotmail.com 
Ergonomia e Saúde no Trabalho 
Instituto de Pós-Graduação e Graduação – IPOG 
Goiânia/Maio/2013 
 
Resumo 
Este artigo trata da aplicação de metodologia científica de avaliação ergonômica. O método 
utilizado, criado por pesquisadores franceses, foi a AET – Análise Ergonômica do Trabalho. 
O intuito é verificar a ocorrência de riscos ergonômicos durante a realização de uma 
atividade laborativa. Com o objetivo de propor melhorias e adequações que possam 
minimizar ou eliminar esses riscos. A análise ocorreu num posto de trabalho, de uma 
indústria do ramo moveleiro localizada em Goiás, os dados foram coletados em abril de 
2013, com o auxílio de fotografias, observação in loco, medição de variáveis ambientais e 
aplicando o Checklist de Couto. Os resultados encontrados demonstraram a existência de 
riscos ergonômicos que podem ocasionar lesões ao trabalhador. Por isso foram feitas 
recomendações de melhorias e adequações para o posto de trabalho, que vão minimizar os 
riscos e proporcionar mais conforto ao trabalhador. 
Palavras-chaves: Ergonomia. Análise. Sistema. Trabalhador. 
 
1. Introdução 
Aplicar uma metodologia de avaliação ergonômica como pesquisa de conclusão de uma pós-
graduação, em Ergonomia e Saúde no Trabalho, é um processo de avaliação dos 
conhecimentos adquiridos e de teste das habilidades desenvolvidas ao longo do curso. Este 
artigo trata da aplicação do método de Análise Ergonômica do Trabalho em indústria do ramo 
moveleiro, instalada no estado de Goiás, especificamente num posto de trabalho da tapeçaria, 
setor responsável pela montagem de assentos para cadeiras produzidos na empresa. 
O intuito foi avaliar a existência ou não de riscos ergonômicos decorrentes da atividade 
laboral e quais podem ser esses riscos, caso eles ocorram. Analisando as características do 
posto de trabalho quanto à sua adequação na realização das tarefas e avaliando se oferecem 
riscos à saúde do trabalhador, sugerindo melhorias e adequações ao posto de trabalho, que 
contribuam para eliminar ou minimizar os efeitos negativos decorrentes de esforços 
repetitivos e/ou indesejados. 
A AET é uma ferramenta que traduz claramente a relação entre o homem e seu trabalho, 
sugerindo melhorias que aumentem o desempenho do posto de trabalho e que ao mesmo 
tempo contemple as limitações do homem e seu conforto. Nesse contexto a Ergonomia se 
expressa, no sentido mais exato de seu significado, quando analisa a atividade humana 
considerando todos os aspectos: antropométricos, fisiológicos, organizacionais e cognitivos, 
que interferem nessa relação. 
 
2. Conhecendo a Ergonomia 
Impossível falar em Ergonomia sem discorrer sobre a evolução dessa ciência relativamente 
recente e de grande valor para as relações entre o homem e o ambiente que o cerca, 
considerando todos os aspectos dessa interação: homem-trabalho e homem-atividade 
rotineira. Segundo Moraes (2012) “desde civilizações antigas, o homem sempre buscou 
melhorar as ferramentas, os instrumentos e os utensílios que usa na sua vida cotidiana”, nesse 
mailto:cris.duarte_gyn@hotmail.com
2 
 
período as atividades eram artesanais o que possibilitava a adequação desses objetos de forma 
lenta e individualizada. 
Os avanços tecnológicos chegaram tornando impossível manter o foco artesanal na adaptação 
do homem às máquinas e trazendo um novo olhar para essa relação, onde os fatores humanos 
são considerados e são essenciais. A validação de novos sistemas dependia do desempenho 
humano, isso trouxe à luz a necessidade de compreensão de todos os aspectos que afetam 
diretamente esse desempenho. 
 
O desempenho do homem no trabalho é cada vez mais complexo e a Ergonomia 
ampliou progressivamente o campo de seus fundamentos científicos. A inteligência 
artificial, a semiótica, a antropologia e a sociologia passaram a fazer parte do acervo 
de conhecimentos do ergonomista. (MORAES, 2012:12). 
 
A necessidade de respostas rápidas e eficientes diante de informações dadas por máquinas 
cada vez mais sofisticadas aparece com maior força durante a II Guerra Mundial, pois o 
homem se depara em situações que exigem atitudes certeiras e céleres, disso dependia o 
sucesso ou o fracasso de uma missão. A solução para a incompatibilidade homem-máquina é 
a adequação de equipamentos, ambientes e tarefas às capacidades fisiológicas e cognitivas do 
homem, “Nasce a Ergonomia.”, disse Moraes (2012:14). 
Os conflitos, homem-máquina, vão surgindo na medida em que novos equipamentos e 
máquinas são criados e em seu processo conceptivo não são observadas as características 
fisiológicas e psicológicas do homem. O objetivo da Ergonomia de acordo com Iida (2005) 
“é o estudo da adaptação do trabalho ao homem”, sob uma perspectiva bem ampla, ou seja, 
em qualquer relação que houver “entre o homem e uma atividade produtiva” (IIDA, 2005:2). 
O trabalho precisa ser planejado considerando os aspectos físicos e organizacionais que 
interferem na realização da tarefa, e também na capacidade e nas limitações do homem. O 
trabalho deve ser adaptado ao homem buscando preservar a sua saúde. 
Ao longo de sua evolução a Ergonomia foi agregando conceitos e uma abrangência maior, 
diversos autores produziram definições que a descrevem sob diversos ângulos e enfoques, 
mas que traduzem seu sentido mais absoluto. Moraes (2012) cita a definição oficial 
estabelecida pela Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO, entidade que representa a 
Associação Internacional de Ergonomia (IEA – The International Ergonomics Association) no 
Brasil: 
 
A Ergonomia (ou Fatores Humanos) é uma disciplina científica relacionada ao 
entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, 
e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o 
bem estar humano e o desempenho global do sistema. (MORAES, 2012:18). 
 
A definição por Anamaria Moraes com o intuito de inferir sobre a abrangência de atuação da 
Ergonomia foi: “conceitua-se a Ergonomia como a tecnologia projetual das comunicações 
entre homens e máquinas, trabalho e ambiente.” (MORAES, 2012:21) 
Itiro Iida apresenta uma definição para a Ergonomia onde afirma, assim como Moraes, a 
relevância em se compreender e perceber todos os aspectos existentes nas relações entre o 
homem e o trabalho: 
 
A interação entre o homem e o trabalho, no sistema homem-máquina-ambiente 
(grifo do autor). Ou, mais precisamente, as interfaces desse sistema, onde ocorrem 
trocas de informações entre o homem, máquina e ambiente, resultando na realização 
do trabalho. (IIDA, 2005:2). 
 
Ergonomista é o profissional responsável pela prática da Ergonomia, atuando no 
3 
 
planejamento e projeto e na avaliação de tarefas, postos de trabalho e ambientes com o 
objetivo de adequá-los às características humanas. Usualmente esses profissionais atuam em 
domínios de aplicação específicos da Ergonomia, descritos a seguir: 
 
Ergonomia Física (grifo do autor) – Ocupa-se das características da anatomia 
humana, antropométrica, fisiologia e biomecânica, relacionadas com a atividade 
física. Os tópicos relevantes incluem a postura o trabalho, manuseio de materiais, 
movimento repetitivo, distúrbios músculo-esqueléticos relacionados ao trabalho, 
projeto de postos de trabalho, segurança e saúde do trabalhador. 
Ergonomia Cognitiva (grifo do autor) – Ocupa-se dos processos metais, como 
percepção, memória, raciocínio e resposta motora, relacionados com as interações 
entre pessoas e outros elementos do sistema. Os tópicos relevantes incluem o estudo 
de carga mental, tomada de decisões, interação homem-computador, estresse e 
treinamento. 
Ergonomia Organizacional (grifo do autor) – Ocupa-se da otimização dos sistemas 
sócio-técnicos, abrangendo suas estruturas organizacionais, políticas e deprocessos. 
Os tópicos relevantes incluem comunicações, projeto de trabalho, programação do 
trabalho em grupo, projeto participativo, trabalho cooperativo, cultura 
organizacional, organizações em rede, teletrabalho e gestão da qualidade. (IIDA, 
2005:3). 
 
O sistema produtivo recebe inúmeras influências que afetam diretamente seu desempenho, o 
papel da Ergonomia é eliminar ou reduzir ao máximo as conseqüências negativas geradas ao 
trabalhador. Esse processo quando dosado, mantendo o foco no trabalhador, irá gerar 
melhoria e maior eficiência do sistema, além de garantir a saúde, a segurança e a satisfação do 
trabalhador. 
Com um enfoque mais abrangente, atualmente a ergonomia, considera fatores físicos, 
cognitivos e organizacionais seja durante o planejamento, o projeto ou mesmo no controle de 
tarefas, pois esses fatores são determinantes nas relações homem-trabalho. A forma como 
esses fatores são considerados apresentam enfoques diferenciados conforme a linha de 
abordagem: a americana e a européia. 
O enfoque americano evidencia para a Ergonomia as características antropométricas, ligadas 
ao esforço muscular, ligadas à influência do ambiente físico, psicofisiológicas (o sentido e seu 
desempenho) e ritmos circadianos (com foco na influência sobre a saúde). Visando aplicar 
esse conhecimento no projeto de posto de trabalho e equipamentos, testados por meio de 
simulações, “mantendo constante algumas variáveis – homem com dimensões extremas (5° e 
95° percentis), acuidade visual, nível de instrução, etc.” (MORAES, 2102:28). A corrente 
americana, mais clássica, possui foco na antropometria e fisiologia, dessa forma os 
ergonomistas atuam conforme descreve Moraes: 
 
O ergonomista desta corrente considera as características gerais do homem em geral, 
a máquina humana, para adaptar melhor as máquinas e os dispositivos técnicos a 
este homem. A concepção clássica de sistemas homem-máquina, onde a análise 
ergonômica privilegia a interface entre os componentes materiais e os componentes 
(ou fatores) humanos. (MORAES, 2012:29). 
 
A corrente européia considera que a Ergonomia é o estudo do trabalho objetivando a sua 
melhoria. O foco é direcionado para as diversas situações que o trabalhador convive em seu 
trabalho, isoladamente. Dessa forma para obter essas melhorias a tarefa precisa ser analisada 
detalhadamente e principalmente a maneira como o operador a executa, pois o erro ou a 
fadiga, sob a ótica da ergonomia européia, é causado pelas características da tarefa e não 
apenas motivadas por um mobiliário inadequado, por exemplo. 
 
O ergonomista desta linha orienta-se essencialmente em direção à organização do 
4 
 
trabalho: quem faz o que e (sobre-tudo) como o faz, e se poderia fazê-lo melhor. 
Isto implica, menos frequentemente, uma modificação do dispositivo técnico e, mais 
usualmente, dos procedimentos de trabalho, da atividade e das competências dos 
trabalhadores. (MORAES, 2012:31). 
 
O que pode ser afirmado é que promover a junção dessas duas correntes é uma ação pouco 
provável, mas é claro que o foco que cada uma embasa sua atuação, a ergonomia americana 
focada nos fatores humanos e a ergonomia européia focada na atividade humana, se 
completam. “As duas ergonomias não são contraditórias, mas complementares” (MORAES, 
2012:32). 
Para cada problema ergonômico existe uma solução específica, que direciona para uma 
determinada área de atuação. A Ergonomia, segundo Moraes, é mais do que a somatória 
dessas partes, ela necessita de ter suas próprias pesquisas, “que se orientam em torno do 
conceito sistema e de desenvolvimento e operação de sistemas” (MORAES, 2012:33). 
 
2.1 Entendendo os Sistemas 
Para o entendimento da Ergonomia é necessário compreender o sistema que é seu campo de 
atuação. Anamaria Moraes, de acordo com Meister (1997), define: 
 
“o conceito de sistema significa que o desempenho humano no trabalho só pode ser 
corretamente conceituado em termos do trabalho organizado e que, para o 
desempenho de trabalho, este todo organizado é o sistema homem-máquina.” 
(MORAES, 2012:35). 
 
Todo sistema possui requisitos básicos, inerentes, que devem ser considerados: 
a) Em qualquer sistema uma alteração numa ou mais partes modificam a outra parte do todo, 
há interação entre as partes; 
b) Todo sistema possui a idéia de organização, que vai contra a tendência normal de 
desagregação que há no universo, buscando equilíbrio e desenvolvimento; 
c) Busca por um objetivo comum, por meio da interação das partes. 
O entendimento do sistema homem-máquina sempre foi conceito básico da Ergonomia 
considerando a interação entre homem e o sistema produtivo, a partir do momento que essa 
comunicação passou a observar os aspectos cognitivos esse modelo teve que ser revisto. 
Nesse novo enfoque surge o modelo sistema homem-tarefa-máquina, onde os aspectos 
cognitivos e o bem estar do homem são privilegiados. 
Os sistemas por mais automatizados que sejam sempre exigirá a presença de um operador, a 
presença do homem muitas vezes passam despercebidas nesses processos. Esses sistemas 
exigem cada vez menos quantidades de operadores, mas precisará do homem em funções de 
manutenção e controle. Nessa relação, homem-máquina, sempre haverá a presença do homem 
realizado pelo menos uma função. Moraes (2012) declara que conforme Grandjean (1988), 
“Um sistema homem-máquina significa que o homem e a máquina têm uma relação recíproca 
um com o outro” (MORAES, 2012:41). 
A máquina e o homem possuem qualidades distintas. A máquina executa as tarefas com alta 
velocidade, grande precisão e muita força, em contra-partida o homem possui flexibilidade e 
adaptabilidade na realização dessas tarefas. O sistema se cria quando homem e máquina se 
unem na execução de tarefas cada um com suas respectivas qualidades. 
A comunicação, dentro do sistema homem-máquina, é expressa pelas atividades necessárias 
para a tarefa. Nesse processo o ergonomista deve observar e considerar a tecnologia, fatores 
socioeconômicos e a maturidade do sistema (homem-máquina). O sucesso e a eficiência do 
sistema, reside em analisar a tarefa e suas atividades, focando no sistema em si e buscando a 
segurança e bem estar do homem. 
5 
 
O objetivo de analisar um sistema é melhorar seu desempenho e a eficiência humana, por 
meio de modificações nas interfaces operador/equipamento. O bem estar do indivíduo deve 
ser observado, mas sem desconsiderar os requisitos e propósitos do sistema em que participa. 
Apesar de ser polêmica essa afirmação ela se sustenta quando considera o homem como 
elemento essencial dentro do processo e que será, dessa forma, automaticamente valorizado, 
pois se o homem estiver insatisfeito o sistema será ineficiente. 
Nessa visão moderna da Ergonomia percebe-se claramente que o desempenho de um sistema 
depende do operador. É preciso compreender como aspectos culturais e anseios individuais 
interferem na adaptação do homem à máquina. Então a lógica de se projetar um sistema a 
partir da junção operador/máquina precisa ser alterada absorvendo nesse processo as 
competências e as expectativas do operador. 
 
Desta forma, a moderna visão da Ergonomia, centrada na pessoa, argumenta que é a 
pessoa que controla o sistema, que o opera, que dirige o carro e monitora suas 
atividades. Ao fazer isso, é o operador quem tem metas e desejos e quem pode 
mudar o sistema através de habilidades e caprichos. Resulta, naturalmente, que para 
o sistema ser efetivo ele deve ser projetado a partir do ponto de vista do operador e 
não da perspectiva de uma simbiose operador/máquina. (MORAES, 2012:45). 
 
As atividades de cada tarefa serão executadas baseadas nas habilidades, nas regras definidas e 
no conhecimento do homem, esses são os fatores que orientará as tomadas de decisões na 
realização da tarefa. Considerando, também, as influências do ambiente físico e 
organizacional, a eficiência ergonômica será demonstradaquando esse sistema obtiver um 
bom desempenho minimizando os custos humanos do trabalho. Esse é “um modelo em que se 
procura sintetizar os modelos citados anteriormente – modelo sistêmico, expansionista, 
comportamental e informacional.” (MORAES, 2012:47). 
De acordo com Iida (2005) a Ergonomia possui uma abordagem sistêmica cujo conceito vem 
da biologia “sistema é um conjunto de elementos (ou subsistemas) que se interagem entre si, 
com um objetivo comum e que evoluem no tempo”. Todo sistema é caracterizado por seus 
componentes, suas relações e evolução contínua, pode ser percebido quando se analisa uma 
indústria como um todo ou quando se observa um posto de trabalho dentro dessa indústria. 
Em quaisquer das situações possui os seguintes elementos: fronteira, subsistemas, interações, 
entradas, saídas, processamento e ambiente, conforme figura 1. 
 
 
Figura 1- Exemplo de Sistema Produtivo 
Fonte: Iida (2005) 
6 
 
O estudo da Ergonomia sempre terá o sistema homem-máquina-ambiente como seu objeto, 
independente da dimensão desse sistema. Essa relação pode ser entre um homem e uma 
máquina num posto de trabalho ou entre diversos homens e diversas máquinas numa linha de 
produção, a delimitação das fronteiras é que definirá a área de atuação. 
O conceito de máquina como componente do sistema possui uma variação, podendo ir de uma 
simples ferramenta até um complexo sistema informatizado, podem ser tradicionais que 
auxiliam na execução de trabalhos físicos ou cognitivas que processam informações, e 
também podem ou não alterar a natureza da tarefa. 
Dentro de um sistema o homem, a máquina e o ambiente são considerados subsistemas ou 
elementos. A ação do homem depende de informações fornecidas pela própria máquina, por 
instruções inerentes à tarefa, condições do ambiente interno e externo. Durante as etapas de 
realização da tarefa há uma constante interação entre os elementos do sistema, como pode ser 
observado na figura 2. 
 
 
Figura 2 – Representação esquemática das interações entre os 
elementos de um sistema homem-máquina-ambiente 
Fonte: Iida (2005) 
 
2.2 Entendendo Análise Ergonômica do Trabalho (AET) 
Aplicar os conhecimentos da Ergonomia para avaliar, identificar e corrigir uma situação de 
trabalho real é um método desenvolvido por pesquisadores franceses, a Análise Ergonômica 
do Trabalho (AET) é uma ferramenta da ergonomia de correção. De acordo Iida (2005) “o 
método AET desdobra-se em cinco etapas: análise da demanda: análise da tarefa: análise da 
atividade; diagnóstico; e recomendações (Guérin et al., 2001)”. Para o entendimento dessa 
metodologia cabe entender todas essas etapas e quais aspectos precisam ser observados e 
analisados em cada uma. 
Para entender a aplicação dessa metodologia, cabe entender alguns conceitos e aspectos, sob 
os quais as relações entre o homem e seu trabalho precisam ser vislumbradas e quais 
elementos são essenciais para subsidiar todas as etapas de uma Análise Ergonômica do 
Trabalho adequada. O objetivo de uma AET é aumentar o desempenho de um sistema, tanto 
em termos de resultados efetivos, como em termos de melhorias das condições de trabalho 
para o trabalhador. 
Segundo Moraes (2012) análise da tarefa e análise do trabalho são termos tratados 
comumente como iguais, mas eles não são. “A análise da tarefa trata em detalhes das trocas 
especificas entre o pessoal e os componentes do equipamento de um sistema”, isso acontece 
7 
 
sem especificar o que da tarefa foi feito realizou. E “análise do trabalho trata das atividades de 
uma dada categoria ou posição profissional”, considerando como o total das atividades 
necessárias para realizar uma tarefa em qualquer setor dentro de um sistema. 
Ainda de acordo com Moraes (2012) há uma diferença na utilização prática dos termos: 
análise do trabalho e análise da tarefa, entre os ergonomistas franceses e os americanos e 
ingleses. Esse artigo ficará restrito á linha de estudo praticada pelos franceses. 
 
Os ergonomistas franceses utilizam a expressão análise do trabalho, reservam o 
termo tarefa para o trabalho prescrito e tratam como atividade o comportamento / 
desempenho do operador. A abordagem inglesa e americana, ou usa análise da tarefa 
para o prescrito e real, ou fala de descrição do sistema ou descrição da tarefa ao se 
referir ao trabalho prescrito e de análise da tarefa ou mais precisamente, ‘análise 
comportamental da tarefa’ em relação ao trabalho real. (MORAES, 2012:146). 
 
Entender o significado de tarefa e atividades é essencial para fazer uma Análise Ergonômica 
do Trabalho em um posto de trabalho ou de qualquer sistema que se proponha avaliar 
ergonomicamente. Tarefa de acordo com Moraes (2012) “é o objetivo a atingir, o resultado a 
obter”, é a descrição exata do que se pretende com determinado trabalho, conforme os meios 
e as condições pré-definidos. Atividades são as ações que o operador desenvolve de fato para 
realizar a tarefa, recebem influências de fatores internos e externos durante a execução que 
podem alterar, positivamente ou negativamente, o resultado esperado. 
 
Por tarefa entende-se o conjunto das condições de execução de um trabalho dado, 
por um objetivo dado, e segundo um conjunto dado de exigências. A análise da 
tarefa é, portanto, a descrição do conjunto dos elementos que compõem esse sistema 
e das interações entre esses elementos, incluindo a indicação das disfunções 
eventuais. Caracterizam a atividade os comportamentos reais do operador no seu 
local de trabalho: comportamentos físicos (gestos, posturas) e comportamentos 
mentais (competências, conhecimentos, raciocínios que guiam os procedimentos 
realmente seguidos). (MORAES, 2012:151). 
 
O entendimento sobre as diferenças entre tarefa / atividade e a maneira com elas interagem é 
o ponto de partida para iniciar o processo de aplicação de Análise Ergonômica do Trabalho 
(AET). Uma Ergonomia focada na atividade humana onde as situações de trabalho 
resguardam o trabalhador utiliza suas competências e valoriza suas capacidades, e, ao mesmo 
tempo aumenta o desempenho do processo, os lucros e justificam os investimentos. Esses são 
os objetivos que a AET deve buscar: 
 
No contexto da ergonomia centrada na atividade, Guérin et al. (2001) colocam que 
transformar o trabalho é a finalidade primeira da ação ergonômica, e o que o 
ergonomista deve realizar de forma a contribuir para: 
 A concepção de situações de trabalho que não alterem a saúde dos trabalhadores 
e nas quais estes possam exercer suas competências, ao mesmo tempo num 
plano individual e coletivo, e encontrar possibilidade de valorização de suas 
capacidades; e 
 Alcançar os objetivos econômicos determinados pela empresa, em função dos 
investimentos realizados ou futuros. (PIZO, 2010:658). 
 
A Análise Ergonômica do Trabalho propõe solucionar problemas decorrentes de posto de 
trabalhados planejados e produzidos utilizando características muito generalistas dos 
trabalhadores ou sistemas adaptados orientados por questões puramente: financeiras, técnicas 
ou organizacionais, que não privilegiaram o papel do homem em todo o processo e em todos 
os aspectos. O esquema, figura 3, a seguir demonstra as etapas essenciais que vão sustentar a 
produção e atuação ergonômica. 
8 
 
 
 
 
Figura 3 – Esquema geral da abordagem da ação ergonômica. Fonte: 
Adaptação de Guérin El al. (2001). 
Fonte: Pizo (2010). 
 
Retomando as etapas utilizadas na metodologia de Análise Ergonômica do Trabalho, 
desenvolvida por pesquisadores franceses, temos: 
- Análise da demanda: De acordo com Iida (2005), “demanda é a descrição de um problema 
ou uma situação problemática, que justifique a necessidade de uma ação ergonômica”. Essa 
demanda pode ser solicitada pela empresa, trabalhadores, fiscalização ou sindicatos. Os 
problemas podem ser dimensionados ou não corretamente, decorrentes de fatores que podem 
camuflar sua visualização. Mas oproblema precisa estar claro e bem definido, assim como 
prazos e custos de sua solução; 
- Análise da tarefa: Segundo Iida (2005), “tarefa é um conjunto de objetivos prescritos, que os 
trabalhadores devem cumprir”. Pode estar descrita em manuais ou informalmente ser as 
expectativas de um gerente. O que a AET precisa observar e avaliar é as distorções existentes 
entre o que está escrito e o que é realizado pelo trabalhador; 
- Análise da atividade: “Atividade refere-se ao comportamento do trabalhador, na realização 
da tarefa. Ou seja, a maneira como o trabalhador procede para alcançar os objetivos que lhe 
foram atribuídos” (IIDA, 2005:61). Esse comportamento é influenciado por fatores internos, 
inerentes ao próprio trabalhador e fatores externos relacionados ás condições em que a 
atividade é realizada. Sintetizadas em três fatores principais: conteúdo do trabalho, 
organização do trabalho e meios técnicos; 
- Formulação do diagnóstico: São as causas que geraram o problema e são referentes aos 
fatores internos e externos que interferem na atividade de trabalho, conforme figura 4; 
- Recomendações ergonômicas: “As recomendações referem-se às providências que deverão 
ser tomadas para resolver o problema diagnosticado” (IIDA, 2005:62). Devem ser claras, com 
todas etapas necessárias e indicando os responsáveis. 
 
9 
 
 
Figura 4 – A atividade de trabalho é o elemento central que organiza e 
estrutura os componentes da situação de trabalho. (Guérin et al., 2001) 
Fonte: Iida (2005) 
 
3. Analisando um posto de trabalho 
A análise foi realizada em indústria do ramo moveleiro, especializada em mobiliário 
corporativo. A empresa possui diversas linhas de produtos: cadeiras, poltronas, mesas, 
armários e gaveteiros, dentre elas há três com ``Certificado de Conformidade da ABNT``, para 
uma linha de cadeiras e duas de mesas e armários. Todo mobiliário produzido pela empresa 
segue as Normas Regulamentadoras da ABNT, mesmo as que não possuem o Certificado. As 
principais normas utilizadas são NBR 13961 para armários e gaveteiros, NBR 13962 para 
cadeiras e NBR 13966 para mesas. 
O método de Análise Ergonômica do Trabalho utilizado foi o desenvolvido por Guérin et al., 
essa metodologia utiliza cinco etapas: análise da demanda, análise da tarefa, análise da 
atividade, diagnóstico e recomendações, as três primeiras etapas são as analíticas e que 
fornecem o embasamento para formular o diagnóstico e as recomendações. Também foi 
aplicado o Check List de Couto, versão 2007. 
 
3.1 Análise da demanda 
A demanda normalmente é decorrente de um problema existente dentro do sistema produtivo, 
a solicitação de uma AET pode ser oriunda da direção da empresa, de reclamações do 
trabalhador ou reclamações sindicais. Para esse trabalho a demanda é realizar a AET com 
trabalho de conclusão da pós-graduação em Ergonomia e Saúde no Trabalho. 
 
3.2 Análise da tarefa 
O posto de trabalho analisado faz parte do setor de tapeçaria, nesse setor são produzidos todos 
os assentos e encostos utilizados em todas as cadeiras. As tarefas principais que estruturam o 
funcionamento da tapeçaria são: corte dos revestimentos; costura dos revestimentos; realizar 
furação nas estruturas de assentos / encostos; fixar porca-garra; colar espuma na estrutura de 
10 
 
assentos / encostos; colocar revestimentos em assentos / encostos; fixar capa de proteção; 
fixar perfil de proteção; e embalar. 
Para a Análise Ergonômica do Trabalho foi escolhido o posto de trabalho cuja tarefa é fixar 
porca-garra nas estruturas internas dos assentos. O operador recebe diariamente, por escrito, 
quais os modelos de cadeiras serão produzidos. Não existe manual com a descrição da tarefa, 
existe um gabarito que define em quais furos, da estrutura interna dos assentos, devem ser 
fixadas as porcas-garras conforme o modelo da cadeira que está em produção. A figura 5 
apresenta imagem de uma porca-garra e a figura 6 apresenta imagem da estrutura interna do 
assento em polipropileno. 
 
 
Figura 5 – Imagem de porca-garra 
Fonte: Internet – 01/05/2013 
 
 
Figura 6 – Estrutura interna de assento em polipropileno 
Fonte: Internet – 01/05/2013 
 
 
3.3 Análise da atividade 
DADOS RELATIVOS AO HOMEM 
A tarefa é executada por uma operadora do sexo feminino, com de 37 anos, com altura de 
1,58 m, peso 64 Kg, é destra e seu posto de trabalho possui restrição para ser usado por um 
canhoto. Trabalha na empresa a quase 5 anos e demonstrou um conhecimento profundo na 
realização das atividades da tarefa, e esta é sua única atribuição. 
O ritmo da tarefa é determinado pelo volume de peças que precisam ser produzidas no dia. 
Durante o tempo de observação não houve nenhum momento em que esse ritmo fosse muito 
intenso. Sua carga horária é de 8 horas diárias, com intervalo de 1 hora para almoço, feito na 
própria empresa. 
Para realizar a tarefa a operadora utiliza uma máquina específica para colocar porca-garra, 
que ela opera sentada. Do lado esquerdo da máquina, no chão, ficam armazenadas as peças 
onde serão colocadas as porcas-garras, essas peças a própria operadora que busca numa 
bancada próxima ao seu posto de trabalho. 
11 
 
Sentada ela pega a peça no chão, foto 01, coloca as porcas-garras acionando uma alavanca 
com a mão direita, foto 02, em seguida coloca a peça no chão do lado direito. 
Na realização da tarefa a operadora permanece o tempo todo sentada, com os pés apoiados em 
local inadequado. Ela trabalha o tempo topo sem apoiar a lombar e curvando para pegar e 
colocar as peças do chão, esse movimento se agrava mais ainda pelas condições de apoio dos 
pés. O tempo de duração do ciclo de trabalho é de 28 segundos. 
 
 
Foto 01 – Movimento da operadora abaixando para pegar a peça no chão. 
Na foto 01 a operadora apresenta esforço acentuado na região lombar por flexão de tronco e 
esforço da cervical por flexão do tronco. Esses esforços são realizados quando ela pega a peça 
no chão no início do ciclo. 
 
Foto 2 – Movimento da operadora acionando a máquina para colocar a porca-garra 
 
12 
 
Na foto 2 a operadora está segurando a peça e acionado uma alavanca pneumática que fixa a 
porca-garra. Nesse movimento ela faz uma flexão de ombro, o cotovelo fica sem apoio e 
esforço de preensão na mão direita, são esforços repetidos média de 10 vezes em cada ciclo. 
 
 
Foto 3 – Colocando a peça pronta no chão 
 
Na foto 3 a operadora faz uma flexão de tronco sobrecarregando a lombar e a falta de pega 
adequada na peça provoca posição inadequada do punho, durante a etapa final do ciclo que é 
quando ela coloca a peça concluída no chão. 
A seguir o resultado do Check List de Couto: 
ANALISE ERGONÔMICA DO TRABALHO 
 
CHECKLIST DE COUTO 
AVALIAÇÃO SIMPLIFICADA DO FATOR BIOMECÂNICO NO RISCO PARA DISTÚRBIOS 
MUSCULOESQUELÉTICOS DE MEMBROS SUPERIORES RELACIONADOS AO TRABALHO 
 
Descrição sumária da atividade: 
Recepcionista 
Especificar: 
A funcionário presta serviço de apoio ao cliente, presta atendimento telefônico, faz e repassa as ligações 
telefônicas para os variados setores da industria, recepciona os cientes e visitantes 
1. Sobrecarga Física 
1.1 Há contato da mão ou punho ou tecidos moles com alguma quina viva de objetos ou 
ferramentas? 
Não (0) Sim (1) 
1.2 O trabalho exige o uso de ferramentas vibratórias? Não (0) Sim (1) 
13 
 
1.3 O trabalho é feito em condições ambientais de frio excessivo? Não (0) Sim (1) 
1.4 Há necessidade do uso de luvas e, em conseqüência disso, o trabalhador tem que fazer 
mais força? 
Não (0) Sim (1) 
1.5 O trabalhador tem que movimentar peso acima de 300 g, como rotina em sua atividade? Não (0) Sim (1) 
2. Força com as Mãos 
2.1 Aparentemente as mãos têm que fazer muita força? Não (0) Sim (1) 
2.2 A posição de pinça (pulpar, lateral ou palmar) é utilizada para fazer força? Não (0) Sim (1) 
2.3 Quando usados para apertar botões, teclas ou componentes para montar ou inserir, ou 
paraexercer compressão digital, a força de compressão digital exercida pelos dedos ou pela 
mão é de alta intensidade? 
Não (0) Sim (1) 
2.4 O esforço manual detectado é feito durante mais que 49% do ciclo ou é repetido mais 
que 8 vezes por minuto? 
Não (0) Sim (1) 
3. Postura no Trabalho 
3.1 Há algum esforço estático da mão ou do antebraço como rotina na realização do 
trabalho? 
Não (0) Sim (1) 
3.2 Há algum esforço estático do ombro, do braço ou do pescoço como rotina na realização 
do trabalho? 
Não (0) Sim (1) 
3.3 Há extensão ou flexão forçada do punho como rotina na execução da tarefa? Não (0) Sim (1) 
3.4 Há desvio ulnar ou radial forçado do punho como rotina na execução da tarefa? Não (0) Sim (1) 
3.5 Há abdução do braço acima de 45 graus ou elevação dos braços acima do nível dos 
ombros como rotina na execução da tarefa? 
Não (0) Sim (1) 
3.6 Ha outras posturas forçadas dos membros superiores? Não (0) Sim (1) 
3.7 O trabalhador tem flexibilidade na sua postura durante a jornada? Sim (0) Não (1) 
4. Posto de Trabalho e Esforço Estático 
4.1 A atividade é de alta precisão de movimentos? Ou existe alguma contração muscular 
para estabilizar uma parte do corpo enquanto outra parte executa o trabalho? 
Não (0) Sim (1) 
4.2 A altura do posto de trabalho é regulável? 
( Sim (0) ou desnecessária a regulagem (0)) 
Sim (0) Não (1) 
5. Repetitividade e Organização do Trabalho 
5.1 Existe algum tipo de movimento que é repetido por mais de 3.000 vezes no turno? Ou o 
ciclo é menor que 30 segundos, sem pausa curtíssima de 15% ou mais do mesmo? 
Não (0) Sim (1) 
5.2 No caso de ciclo maior que 30 segundos, há diferentes padrões de movi mentos (de 
forma que nenhum elemento da tarefa ocupe mais que 50% do ciclo?) 
Sim (0) 
Não(1) 
ou ciclo 
<30 s 
(1) 
14 
 
5.3 Há rodízio (revezamento) nas tarefas, com alternância de grupamentos musculares? Sim (0) Não(1) 
5.4 Percebem-se sinais de estar o trabalhador com o tempo apertado para realizar sua 
tarefa? 
Não (0) Sim (1) 
5.5 Entre um ciclo e outro há a possibilidade de um pequeno descanso? Ou há pausa bem 
definida de aproximadamente 5 a 10 minutos por hora? 
Sim (0) Não (1) 
6. Ferramenta de Trabalho 
6.1 Para esforços em preensão: O diâmetro da manopla da ferramenta tem 
entre 20 e 25mm (mulher) u entre 25 e 35 mm (homens)? - Para esforços em 
pinça: O cabo não é muito fino nem muito grosso e permite boa estabilidade 
da pega? 
Sim (0) 
ou 
Não há 
ferramenta 
0 
Não (1) 
6.2. A ferramenta pesa menos de 1 kg ou, no caso de pesar mais de 1 kg, encontra-se 
suspensa por dispositivo capaz de reduzir o esforço humano? 
Sim (0) 
ou 
Não há 
ferramenta 
(0) 
Não (1) 
 
Total 
 
 
11 
 
Se a somatória de pontos atingir a pontuação 10, deve-se proceder a realização da AET completa. 
 
Interpretação: 
 
Critério de Interpretação: 
 
· Somar o total dos pontos 
 
· De 0 a 3 pontos: ausência de fatores biomecânicos – AUSÊNCIA DE RISCO 
· Entre 4 e 6 pontos: fator biomecânico pouco significativo- AUSÊNCIA DE RISCO 
· Entre 7 e 9 pontos: fator biomecânico de moderada importância- IMPROVÁVEL, MAS POSSÍVEL 
· Entre 10 e 14 pontos: fator biomecânico significativo- RISCO 
· 15 ou mais pontos: fator biomecânico muito significativo- ALTO RISCO 
 
7- Fator ergonômico extremo 
 
 
8- Dificuldade, desconforto e fadiga observados pelo analista durante a avaliação. 
Serve de orientação para medidas corretivas, mesmo na inexistência de fator biomecânico significativo. 
 
Analistas: Maria Cristina Duarte Data: 27/04/2013 
 
5. Diagnóstico 
Apesar da tarefa não apresentar um ritmo intenso e o operador possuir certa autonomia em 
suas pausas e até mesmo na definição desse ritmo, durante a realização acontecem esforços 
em grupos musculares que podem comprometer a saúde do trabalhador, isso pode ser 
verificado durante a observação e nas fotos que mostram os movimentos críticos, onde esses 
esforços ficam mais evidentes. 
15 
 
Ao aplicarmos o Check List de Couto encontramos 11 pontos na somatória, confirmando o 
que foi percebido na análise das fotos e no processo de observação do trabalhador durante a 
realização da tarefa, ou seja, a existência de riscos para a saúde do trabalhador. Tornando 
necessária a realização de ajustes e de adequações ergonômicas para o posto de trabalho que 
foi analisado. 
 
6. Conclusão / Recomendações 
O objetivo de uma Análise Ergonômica do Trabalho é verificar a existência de riscos para a 
saúde do trabalhador e sugerir recomendações que eliminem ou minimizem tais riscos. Nessa 
análise foi possível verificar, utilizando o método de Guérin et al. e o Check List de Couto, 
que o posto de trabalho é inadequado gerando, consequentemente, riscos para a saúde do 
trabalhador. Diante dessa afirmação recomendamos algumas adequações principalmente 
voltadas aos aspectos físicos e ergonômicos, pois em relação às questões cognitivas e 
organizacionais, percebemos que a trabalhadora possui a competência e as habilidades 
necessárias para a execução da tarefa e aparentemente não enfrenta pressões de ordem 
organizacionais, mantendo uma relação harmoniosa com a empresa. 
Recomendações: 
a) Aspectos Físicos: Projetar um apoio adequado para os pés e mudar o acionamento 
pneumático para os pés, preferencialmente de modo que possa ser acionado tanto pelo pé 
direito com pelo esquerdo; Projetar uma bancada de apoio, com leve inclinação, para 
acomodar as peças no início do processo, eliminando o esforço de abaixar para pegar a peça 
no chão; Projetar uma espécie de esteira onde o operador vai colocando as peças e elas vão 
escorregando, sendo armazenadas numa caixa onde será encaminhada para a próxima etapa; 
b) Aspectos Ergonômicos: Orientar o operador sobre posturas adequadas durante suas 
atividades no posto de trabalho; Investir em praticas de alongamento e ginástica laboral. 
 
Referências 
www.abergo.org.br – Acesso em: 25 de Mar de 2013. 
COUTO, Hudso de Araújo. Ergonomia Aplicada ao Trabalho. O manual técnico da 
máquina humana. Belo Hoizonte: Ergo Editora, 1195. 
www.ergoltda.com.br/downloads/checklist_couto.pdf - Acesso em: 05 de Abr de 2012. 
GUÉRIN, F. Et al. Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da ergonomia. 
São Paulo: Edgard Blucher, 2001. 
IIDA, Itiro. Ergonomia Projeto e Produção. São Paulo: Edgard Blucher, 2005. 
MORAES, Anamaria de; MONT’ALVÃO, Claudia. Ergonomia Conceitos e Aplicações. 
Rio de Janeiro: Teresópolis, 2012. 
PIZO, Carlos Antonio; MENEGON, Nilton Luiz. Análise ergonômica do trabalho e o 
reconhecimento científico do conhecimento gerado. Prod., São Carlos, v. 20, n. 4, 2010. 
Disponível em: <www.scielo.br/pdf/prod/v20n4/AOP_200902028.pdf>. Acesso em: 20 de 
Abr 2013. 
 
 
 
http://www.abergo.org.br/
http://www.ergoltda.com.br/downloads/checklist_couto.pdf
16 
 
ANEXO 01: LAYOUT DA TAPEÇARIA

Continue navegando