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1 Análise Ergonômica do Trabalho – Uma Síntese na Saúde do Trabalhador Maria Cristina Duarte – cris.duarte_gyn@hotmail.com Ergonomia e Saúde no Trabalho Instituto de Pós-Graduação e Graduação – IPOG Goiânia/Maio/2013 Resumo Este artigo trata da aplicação de metodologia científica de avaliação ergonômica. O método utilizado, criado por pesquisadores franceses, foi a AET – Análise Ergonômica do Trabalho. O intuito é verificar a ocorrência de riscos ergonômicos durante a realização de uma atividade laborativa. Com o objetivo de propor melhorias e adequações que possam minimizar ou eliminar esses riscos. A análise ocorreu num posto de trabalho, de uma indústria do ramo moveleiro localizada em Goiás, os dados foram coletados em abril de 2013, com o auxílio de fotografias, observação in loco, medição de variáveis ambientais e aplicando o Checklist de Couto. Os resultados encontrados demonstraram a existência de riscos ergonômicos que podem ocasionar lesões ao trabalhador. Por isso foram feitas recomendações de melhorias e adequações para o posto de trabalho, que vão minimizar os riscos e proporcionar mais conforto ao trabalhador. Palavras-chaves: Ergonomia. Análise. Sistema. Trabalhador. 1. Introdução Aplicar uma metodologia de avaliação ergonômica como pesquisa de conclusão de uma pós- graduação, em Ergonomia e Saúde no Trabalho, é um processo de avaliação dos conhecimentos adquiridos e de teste das habilidades desenvolvidas ao longo do curso. Este artigo trata da aplicação do método de Análise Ergonômica do Trabalho em indústria do ramo moveleiro, instalada no estado de Goiás, especificamente num posto de trabalho da tapeçaria, setor responsável pela montagem de assentos para cadeiras produzidos na empresa. O intuito foi avaliar a existência ou não de riscos ergonômicos decorrentes da atividade laboral e quais podem ser esses riscos, caso eles ocorram. Analisando as características do posto de trabalho quanto à sua adequação na realização das tarefas e avaliando se oferecem riscos à saúde do trabalhador, sugerindo melhorias e adequações ao posto de trabalho, que contribuam para eliminar ou minimizar os efeitos negativos decorrentes de esforços repetitivos e/ou indesejados. A AET é uma ferramenta que traduz claramente a relação entre o homem e seu trabalho, sugerindo melhorias que aumentem o desempenho do posto de trabalho e que ao mesmo tempo contemple as limitações do homem e seu conforto. Nesse contexto a Ergonomia se expressa, no sentido mais exato de seu significado, quando analisa a atividade humana considerando todos os aspectos: antropométricos, fisiológicos, organizacionais e cognitivos, que interferem nessa relação. 2. Conhecendo a Ergonomia Impossível falar em Ergonomia sem discorrer sobre a evolução dessa ciência relativamente recente e de grande valor para as relações entre o homem e o ambiente que o cerca, considerando todos os aspectos dessa interação: homem-trabalho e homem-atividade rotineira. Segundo Moraes (2012) “desde civilizações antigas, o homem sempre buscou melhorar as ferramentas, os instrumentos e os utensílios que usa na sua vida cotidiana”, nesse mailto:cris.duarte_gyn@hotmail.com 2 período as atividades eram artesanais o que possibilitava a adequação desses objetos de forma lenta e individualizada. Os avanços tecnológicos chegaram tornando impossível manter o foco artesanal na adaptação do homem às máquinas e trazendo um novo olhar para essa relação, onde os fatores humanos são considerados e são essenciais. A validação de novos sistemas dependia do desempenho humano, isso trouxe à luz a necessidade de compreensão de todos os aspectos que afetam diretamente esse desempenho. O desempenho do homem no trabalho é cada vez mais complexo e a Ergonomia ampliou progressivamente o campo de seus fundamentos científicos. A inteligência artificial, a semiótica, a antropologia e a sociologia passaram a fazer parte do acervo de conhecimentos do ergonomista. (MORAES, 2012:12). A necessidade de respostas rápidas e eficientes diante de informações dadas por máquinas cada vez mais sofisticadas aparece com maior força durante a II Guerra Mundial, pois o homem se depara em situações que exigem atitudes certeiras e céleres, disso dependia o sucesso ou o fracasso de uma missão. A solução para a incompatibilidade homem-máquina é a adequação de equipamentos, ambientes e tarefas às capacidades fisiológicas e cognitivas do homem, “Nasce a Ergonomia.”, disse Moraes (2012:14). Os conflitos, homem-máquina, vão surgindo na medida em que novos equipamentos e máquinas são criados e em seu processo conceptivo não são observadas as características fisiológicas e psicológicas do homem. O objetivo da Ergonomia de acordo com Iida (2005) “é o estudo da adaptação do trabalho ao homem”, sob uma perspectiva bem ampla, ou seja, em qualquer relação que houver “entre o homem e uma atividade produtiva” (IIDA, 2005:2). O trabalho precisa ser planejado considerando os aspectos físicos e organizacionais que interferem na realização da tarefa, e também na capacidade e nas limitações do homem. O trabalho deve ser adaptado ao homem buscando preservar a sua saúde. Ao longo de sua evolução a Ergonomia foi agregando conceitos e uma abrangência maior, diversos autores produziram definições que a descrevem sob diversos ângulos e enfoques, mas que traduzem seu sentido mais absoluto. Moraes (2012) cita a definição oficial estabelecida pela Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO, entidade que representa a Associação Internacional de Ergonomia (IEA – The International Ergonomics Association) no Brasil: A Ergonomia (ou Fatores Humanos) é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem estar humano e o desempenho global do sistema. (MORAES, 2012:18). A definição por Anamaria Moraes com o intuito de inferir sobre a abrangência de atuação da Ergonomia foi: “conceitua-se a Ergonomia como a tecnologia projetual das comunicações entre homens e máquinas, trabalho e ambiente.” (MORAES, 2012:21) Itiro Iida apresenta uma definição para a Ergonomia onde afirma, assim como Moraes, a relevância em se compreender e perceber todos os aspectos existentes nas relações entre o homem e o trabalho: A interação entre o homem e o trabalho, no sistema homem-máquina-ambiente (grifo do autor). Ou, mais precisamente, as interfaces desse sistema, onde ocorrem trocas de informações entre o homem, máquina e ambiente, resultando na realização do trabalho. (IIDA, 2005:2). Ergonomista é o profissional responsável pela prática da Ergonomia, atuando no 3 planejamento e projeto e na avaliação de tarefas, postos de trabalho e ambientes com o objetivo de adequá-los às características humanas. Usualmente esses profissionais atuam em domínios de aplicação específicos da Ergonomia, descritos a seguir: Ergonomia Física (grifo do autor) – Ocupa-se das características da anatomia humana, antropométrica, fisiologia e biomecânica, relacionadas com a atividade física. Os tópicos relevantes incluem a postura o trabalho, manuseio de materiais, movimento repetitivo, distúrbios músculo-esqueléticos relacionados ao trabalho, projeto de postos de trabalho, segurança e saúde do trabalhador. Ergonomia Cognitiva (grifo do autor) – Ocupa-se dos processos metais, como percepção, memória, raciocínio e resposta motora, relacionados com as interações entre pessoas e outros elementos do sistema. Os tópicos relevantes incluem o estudo de carga mental, tomada de decisões, interação homem-computador, estresse e treinamento. Ergonomia Organizacional (grifo do autor) – Ocupa-se da otimização dos sistemas sócio-técnicos, abrangendo suas estruturas organizacionais, políticas e deprocessos. Os tópicos relevantes incluem comunicações, projeto de trabalho, programação do trabalho em grupo, projeto participativo, trabalho cooperativo, cultura organizacional, organizações em rede, teletrabalho e gestão da qualidade. (IIDA, 2005:3). O sistema produtivo recebe inúmeras influências que afetam diretamente seu desempenho, o papel da Ergonomia é eliminar ou reduzir ao máximo as conseqüências negativas geradas ao trabalhador. Esse processo quando dosado, mantendo o foco no trabalhador, irá gerar melhoria e maior eficiência do sistema, além de garantir a saúde, a segurança e a satisfação do trabalhador. Com um enfoque mais abrangente, atualmente a ergonomia, considera fatores físicos, cognitivos e organizacionais seja durante o planejamento, o projeto ou mesmo no controle de tarefas, pois esses fatores são determinantes nas relações homem-trabalho. A forma como esses fatores são considerados apresentam enfoques diferenciados conforme a linha de abordagem: a americana e a européia. O enfoque americano evidencia para a Ergonomia as características antropométricas, ligadas ao esforço muscular, ligadas à influência do ambiente físico, psicofisiológicas (o sentido e seu desempenho) e ritmos circadianos (com foco na influência sobre a saúde). Visando aplicar esse conhecimento no projeto de posto de trabalho e equipamentos, testados por meio de simulações, “mantendo constante algumas variáveis – homem com dimensões extremas (5° e 95° percentis), acuidade visual, nível de instrução, etc.” (MORAES, 2102:28). A corrente americana, mais clássica, possui foco na antropometria e fisiologia, dessa forma os ergonomistas atuam conforme descreve Moraes: O ergonomista desta corrente considera as características gerais do homem em geral, a máquina humana, para adaptar melhor as máquinas e os dispositivos técnicos a este homem. A concepção clássica de sistemas homem-máquina, onde a análise ergonômica privilegia a interface entre os componentes materiais e os componentes (ou fatores) humanos. (MORAES, 2012:29). A corrente européia considera que a Ergonomia é o estudo do trabalho objetivando a sua melhoria. O foco é direcionado para as diversas situações que o trabalhador convive em seu trabalho, isoladamente. Dessa forma para obter essas melhorias a tarefa precisa ser analisada detalhadamente e principalmente a maneira como o operador a executa, pois o erro ou a fadiga, sob a ótica da ergonomia européia, é causado pelas características da tarefa e não apenas motivadas por um mobiliário inadequado, por exemplo. O ergonomista desta linha orienta-se essencialmente em direção à organização do 4 trabalho: quem faz o que e (sobre-tudo) como o faz, e se poderia fazê-lo melhor. Isto implica, menos frequentemente, uma modificação do dispositivo técnico e, mais usualmente, dos procedimentos de trabalho, da atividade e das competências dos trabalhadores. (MORAES, 2012:31). O que pode ser afirmado é que promover a junção dessas duas correntes é uma ação pouco provável, mas é claro que o foco que cada uma embasa sua atuação, a ergonomia americana focada nos fatores humanos e a ergonomia européia focada na atividade humana, se completam. “As duas ergonomias não são contraditórias, mas complementares” (MORAES, 2012:32). Para cada problema ergonômico existe uma solução específica, que direciona para uma determinada área de atuação. A Ergonomia, segundo Moraes, é mais do que a somatória dessas partes, ela necessita de ter suas próprias pesquisas, “que se orientam em torno do conceito sistema e de desenvolvimento e operação de sistemas” (MORAES, 2012:33). 2.1 Entendendo os Sistemas Para o entendimento da Ergonomia é necessário compreender o sistema que é seu campo de atuação. Anamaria Moraes, de acordo com Meister (1997), define: “o conceito de sistema significa que o desempenho humano no trabalho só pode ser corretamente conceituado em termos do trabalho organizado e que, para o desempenho de trabalho, este todo organizado é o sistema homem-máquina.” (MORAES, 2012:35). Todo sistema possui requisitos básicos, inerentes, que devem ser considerados: a) Em qualquer sistema uma alteração numa ou mais partes modificam a outra parte do todo, há interação entre as partes; b) Todo sistema possui a idéia de organização, que vai contra a tendência normal de desagregação que há no universo, buscando equilíbrio e desenvolvimento; c) Busca por um objetivo comum, por meio da interação das partes. O entendimento do sistema homem-máquina sempre foi conceito básico da Ergonomia considerando a interação entre homem e o sistema produtivo, a partir do momento que essa comunicação passou a observar os aspectos cognitivos esse modelo teve que ser revisto. Nesse novo enfoque surge o modelo sistema homem-tarefa-máquina, onde os aspectos cognitivos e o bem estar do homem são privilegiados. Os sistemas por mais automatizados que sejam sempre exigirá a presença de um operador, a presença do homem muitas vezes passam despercebidas nesses processos. Esses sistemas exigem cada vez menos quantidades de operadores, mas precisará do homem em funções de manutenção e controle. Nessa relação, homem-máquina, sempre haverá a presença do homem realizado pelo menos uma função. Moraes (2012) declara que conforme Grandjean (1988), “Um sistema homem-máquina significa que o homem e a máquina têm uma relação recíproca um com o outro” (MORAES, 2012:41). A máquina e o homem possuem qualidades distintas. A máquina executa as tarefas com alta velocidade, grande precisão e muita força, em contra-partida o homem possui flexibilidade e adaptabilidade na realização dessas tarefas. O sistema se cria quando homem e máquina se unem na execução de tarefas cada um com suas respectivas qualidades. A comunicação, dentro do sistema homem-máquina, é expressa pelas atividades necessárias para a tarefa. Nesse processo o ergonomista deve observar e considerar a tecnologia, fatores socioeconômicos e a maturidade do sistema (homem-máquina). O sucesso e a eficiência do sistema, reside em analisar a tarefa e suas atividades, focando no sistema em si e buscando a segurança e bem estar do homem. 5 O objetivo de analisar um sistema é melhorar seu desempenho e a eficiência humana, por meio de modificações nas interfaces operador/equipamento. O bem estar do indivíduo deve ser observado, mas sem desconsiderar os requisitos e propósitos do sistema em que participa. Apesar de ser polêmica essa afirmação ela se sustenta quando considera o homem como elemento essencial dentro do processo e que será, dessa forma, automaticamente valorizado, pois se o homem estiver insatisfeito o sistema será ineficiente. Nessa visão moderna da Ergonomia percebe-se claramente que o desempenho de um sistema depende do operador. É preciso compreender como aspectos culturais e anseios individuais interferem na adaptação do homem à máquina. Então a lógica de se projetar um sistema a partir da junção operador/máquina precisa ser alterada absorvendo nesse processo as competências e as expectativas do operador. Desta forma, a moderna visão da Ergonomia, centrada na pessoa, argumenta que é a pessoa que controla o sistema, que o opera, que dirige o carro e monitora suas atividades. Ao fazer isso, é o operador quem tem metas e desejos e quem pode mudar o sistema através de habilidades e caprichos. Resulta, naturalmente, que para o sistema ser efetivo ele deve ser projetado a partir do ponto de vista do operador e não da perspectiva de uma simbiose operador/máquina. (MORAES, 2012:45). As atividades de cada tarefa serão executadas baseadas nas habilidades, nas regras definidas e no conhecimento do homem, esses são os fatores que orientará as tomadas de decisões na realização da tarefa. Considerando, também, as influências do ambiente físico e organizacional, a eficiência ergonômica será demonstradaquando esse sistema obtiver um bom desempenho minimizando os custos humanos do trabalho. Esse é “um modelo em que se procura sintetizar os modelos citados anteriormente – modelo sistêmico, expansionista, comportamental e informacional.” (MORAES, 2012:47). De acordo com Iida (2005) a Ergonomia possui uma abordagem sistêmica cujo conceito vem da biologia “sistema é um conjunto de elementos (ou subsistemas) que se interagem entre si, com um objetivo comum e que evoluem no tempo”. Todo sistema é caracterizado por seus componentes, suas relações e evolução contínua, pode ser percebido quando se analisa uma indústria como um todo ou quando se observa um posto de trabalho dentro dessa indústria. Em quaisquer das situações possui os seguintes elementos: fronteira, subsistemas, interações, entradas, saídas, processamento e ambiente, conforme figura 1. Figura 1- Exemplo de Sistema Produtivo Fonte: Iida (2005) 6 O estudo da Ergonomia sempre terá o sistema homem-máquina-ambiente como seu objeto, independente da dimensão desse sistema. Essa relação pode ser entre um homem e uma máquina num posto de trabalho ou entre diversos homens e diversas máquinas numa linha de produção, a delimitação das fronteiras é que definirá a área de atuação. O conceito de máquina como componente do sistema possui uma variação, podendo ir de uma simples ferramenta até um complexo sistema informatizado, podem ser tradicionais que auxiliam na execução de trabalhos físicos ou cognitivas que processam informações, e também podem ou não alterar a natureza da tarefa. Dentro de um sistema o homem, a máquina e o ambiente são considerados subsistemas ou elementos. A ação do homem depende de informações fornecidas pela própria máquina, por instruções inerentes à tarefa, condições do ambiente interno e externo. Durante as etapas de realização da tarefa há uma constante interação entre os elementos do sistema, como pode ser observado na figura 2. Figura 2 – Representação esquemática das interações entre os elementos de um sistema homem-máquina-ambiente Fonte: Iida (2005) 2.2 Entendendo Análise Ergonômica do Trabalho (AET) Aplicar os conhecimentos da Ergonomia para avaliar, identificar e corrigir uma situação de trabalho real é um método desenvolvido por pesquisadores franceses, a Análise Ergonômica do Trabalho (AET) é uma ferramenta da ergonomia de correção. De acordo Iida (2005) “o método AET desdobra-se em cinco etapas: análise da demanda: análise da tarefa: análise da atividade; diagnóstico; e recomendações (Guérin et al., 2001)”. Para o entendimento dessa metodologia cabe entender todas essas etapas e quais aspectos precisam ser observados e analisados em cada uma. Para entender a aplicação dessa metodologia, cabe entender alguns conceitos e aspectos, sob os quais as relações entre o homem e seu trabalho precisam ser vislumbradas e quais elementos são essenciais para subsidiar todas as etapas de uma Análise Ergonômica do Trabalho adequada. O objetivo de uma AET é aumentar o desempenho de um sistema, tanto em termos de resultados efetivos, como em termos de melhorias das condições de trabalho para o trabalhador. Segundo Moraes (2012) análise da tarefa e análise do trabalho são termos tratados comumente como iguais, mas eles não são. “A análise da tarefa trata em detalhes das trocas especificas entre o pessoal e os componentes do equipamento de um sistema”, isso acontece 7 sem especificar o que da tarefa foi feito realizou. E “análise do trabalho trata das atividades de uma dada categoria ou posição profissional”, considerando como o total das atividades necessárias para realizar uma tarefa em qualquer setor dentro de um sistema. Ainda de acordo com Moraes (2012) há uma diferença na utilização prática dos termos: análise do trabalho e análise da tarefa, entre os ergonomistas franceses e os americanos e ingleses. Esse artigo ficará restrito á linha de estudo praticada pelos franceses. Os ergonomistas franceses utilizam a expressão análise do trabalho, reservam o termo tarefa para o trabalho prescrito e tratam como atividade o comportamento / desempenho do operador. A abordagem inglesa e americana, ou usa análise da tarefa para o prescrito e real, ou fala de descrição do sistema ou descrição da tarefa ao se referir ao trabalho prescrito e de análise da tarefa ou mais precisamente, ‘análise comportamental da tarefa’ em relação ao trabalho real. (MORAES, 2012:146). Entender o significado de tarefa e atividades é essencial para fazer uma Análise Ergonômica do Trabalho em um posto de trabalho ou de qualquer sistema que se proponha avaliar ergonomicamente. Tarefa de acordo com Moraes (2012) “é o objetivo a atingir, o resultado a obter”, é a descrição exata do que se pretende com determinado trabalho, conforme os meios e as condições pré-definidos. Atividades são as ações que o operador desenvolve de fato para realizar a tarefa, recebem influências de fatores internos e externos durante a execução que podem alterar, positivamente ou negativamente, o resultado esperado. Por tarefa entende-se o conjunto das condições de execução de um trabalho dado, por um objetivo dado, e segundo um conjunto dado de exigências. A análise da tarefa é, portanto, a descrição do conjunto dos elementos que compõem esse sistema e das interações entre esses elementos, incluindo a indicação das disfunções eventuais. Caracterizam a atividade os comportamentos reais do operador no seu local de trabalho: comportamentos físicos (gestos, posturas) e comportamentos mentais (competências, conhecimentos, raciocínios que guiam os procedimentos realmente seguidos). (MORAES, 2012:151). O entendimento sobre as diferenças entre tarefa / atividade e a maneira com elas interagem é o ponto de partida para iniciar o processo de aplicação de Análise Ergonômica do Trabalho (AET). Uma Ergonomia focada na atividade humana onde as situações de trabalho resguardam o trabalhador utiliza suas competências e valoriza suas capacidades, e, ao mesmo tempo aumenta o desempenho do processo, os lucros e justificam os investimentos. Esses são os objetivos que a AET deve buscar: No contexto da ergonomia centrada na atividade, Guérin et al. (2001) colocam que transformar o trabalho é a finalidade primeira da ação ergonômica, e o que o ergonomista deve realizar de forma a contribuir para: A concepção de situações de trabalho que não alterem a saúde dos trabalhadores e nas quais estes possam exercer suas competências, ao mesmo tempo num plano individual e coletivo, e encontrar possibilidade de valorização de suas capacidades; e Alcançar os objetivos econômicos determinados pela empresa, em função dos investimentos realizados ou futuros. (PIZO, 2010:658). A Análise Ergonômica do Trabalho propõe solucionar problemas decorrentes de posto de trabalhados planejados e produzidos utilizando características muito generalistas dos trabalhadores ou sistemas adaptados orientados por questões puramente: financeiras, técnicas ou organizacionais, que não privilegiaram o papel do homem em todo o processo e em todos os aspectos. O esquema, figura 3, a seguir demonstra as etapas essenciais que vão sustentar a produção e atuação ergonômica. 8 Figura 3 – Esquema geral da abordagem da ação ergonômica. Fonte: Adaptação de Guérin El al. (2001). Fonte: Pizo (2010). Retomando as etapas utilizadas na metodologia de Análise Ergonômica do Trabalho, desenvolvida por pesquisadores franceses, temos: - Análise da demanda: De acordo com Iida (2005), “demanda é a descrição de um problema ou uma situação problemática, que justifique a necessidade de uma ação ergonômica”. Essa demanda pode ser solicitada pela empresa, trabalhadores, fiscalização ou sindicatos. Os problemas podem ser dimensionados ou não corretamente, decorrentes de fatores que podem camuflar sua visualização. Mas oproblema precisa estar claro e bem definido, assim como prazos e custos de sua solução; - Análise da tarefa: Segundo Iida (2005), “tarefa é um conjunto de objetivos prescritos, que os trabalhadores devem cumprir”. Pode estar descrita em manuais ou informalmente ser as expectativas de um gerente. O que a AET precisa observar e avaliar é as distorções existentes entre o que está escrito e o que é realizado pelo trabalhador; - Análise da atividade: “Atividade refere-se ao comportamento do trabalhador, na realização da tarefa. Ou seja, a maneira como o trabalhador procede para alcançar os objetivos que lhe foram atribuídos” (IIDA, 2005:61). Esse comportamento é influenciado por fatores internos, inerentes ao próprio trabalhador e fatores externos relacionados ás condições em que a atividade é realizada. Sintetizadas em três fatores principais: conteúdo do trabalho, organização do trabalho e meios técnicos; - Formulação do diagnóstico: São as causas que geraram o problema e são referentes aos fatores internos e externos que interferem na atividade de trabalho, conforme figura 4; - Recomendações ergonômicas: “As recomendações referem-se às providências que deverão ser tomadas para resolver o problema diagnosticado” (IIDA, 2005:62). Devem ser claras, com todas etapas necessárias e indicando os responsáveis. 9 Figura 4 – A atividade de trabalho é o elemento central que organiza e estrutura os componentes da situação de trabalho. (Guérin et al., 2001) Fonte: Iida (2005) 3. Analisando um posto de trabalho A análise foi realizada em indústria do ramo moveleiro, especializada em mobiliário corporativo. A empresa possui diversas linhas de produtos: cadeiras, poltronas, mesas, armários e gaveteiros, dentre elas há três com ``Certificado de Conformidade da ABNT``, para uma linha de cadeiras e duas de mesas e armários. Todo mobiliário produzido pela empresa segue as Normas Regulamentadoras da ABNT, mesmo as que não possuem o Certificado. As principais normas utilizadas são NBR 13961 para armários e gaveteiros, NBR 13962 para cadeiras e NBR 13966 para mesas. O método de Análise Ergonômica do Trabalho utilizado foi o desenvolvido por Guérin et al., essa metodologia utiliza cinco etapas: análise da demanda, análise da tarefa, análise da atividade, diagnóstico e recomendações, as três primeiras etapas são as analíticas e que fornecem o embasamento para formular o diagnóstico e as recomendações. Também foi aplicado o Check List de Couto, versão 2007. 3.1 Análise da demanda A demanda normalmente é decorrente de um problema existente dentro do sistema produtivo, a solicitação de uma AET pode ser oriunda da direção da empresa, de reclamações do trabalhador ou reclamações sindicais. Para esse trabalho a demanda é realizar a AET com trabalho de conclusão da pós-graduação em Ergonomia e Saúde no Trabalho. 3.2 Análise da tarefa O posto de trabalho analisado faz parte do setor de tapeçaria, nesse setor são produzidos todos os assentos e encostos utilizados em todas as cadeiras. As tarefas principais que estruturam o funcionamento da tapeçaria são: corte dos revestimentos; costura dos revestimentos; realizar furação nas estruturas de assentos / encostos; fixar porca-garra; colar espuma na estrutura de 10 assentos / encostos; colocar revestimentos em assentos / encostos; fixar capa de proteção; fixar perfil de proteção; e embalar. Para a Análise Ergonômica do Trabalho foi escolhido o posto de trabalho cuja tarefa é fixar porca-garra nas estruturas internas dos assentos. O operador recebe diariamente, por escrito, quais os modelos de cadeiras serão produzidos. Não existe manual com a descrição da tarefa, existe um gabarito que define em quais furos, da estrutura interna dos assentos, devem ser fixadas as porcas-garras conforme o modelo da cadeira que está em produção. A figura 5 apresenta imagem de uma porca-garra e a figura 6 apresenta imagem da estrutura interna do assento em polipropileno. Figura 5 – Imagem de porca-garra Fonte: Internet – 01/05/2013 Figura 6 – Estrutura interna de assento em polipropileno Fonte: Internet – 01/05/2013 3.3 Análise da atividade DADOS RELATIVOS AO HOMEM A tarefa é executada por uma operadora do sexo feminino, com de 37 anos, com altura de 1,58 m, peso 64 Kg, é destra e seu posto de trabalho possui restrição para ser usado por um canhoto. Trabalha na empresa a quase 5 anos e demonstrou um conhecimento profundo na realização das atividades da tarefa, e esta é sua única atribuição. O ritmo da tarefa é determinado pelo volume de peças que precisam ser produzidas no dia. Durante o tempo de observação não houve nenhum momento em que esse ritmo fosse muito intenso. Sua carga horária é de 8 horas diárias, com intervalo de 1 hora para almoço, feito na própria empresa. Para realizar a tarefa a operadora utiliza uma máquina específica para colocar porca-garra, que ela opera sentada. Do lado esquerdo da máquina, no chão, ficam armazenadas as peças onde serão colocadas as porcas-garras, essas peças a própria operadora que busca numa bancada próxima ao seu posto de trabalho. 11 Sentada ela pega a peça no chão, foto 01, coloca as porcas-garras acionando uma alavanca com a mão direita, foto 02, em seguida coloca a peça no chão do lado direito. Na realização da tarefa a operadora permanece o tempo todo sentada, com os pés apoiados em local inadequado. Ela trabalha o tempo topo sem apoiar a lombar e curvando para pegar e colocar as peças do chão, esse movimento se agrava mais ainda pelas condições de apoio dos pés. O tempo de duração do ciclo de trabalho é de 28 segundos. Foto 01 – Movimento da operadora abaixando para pegar a peça no chão. Na foto 01 a operadora apresenta esforço acentuado na região lombar por flexão de tronco e esforço da cervical por flexão do tronco. Esses esforços são realizados quando ela pega a peça no chão no início do ciclo. Foto 2 – Movimento da operadora acionando a máquina para colocar a porca-garra 12 Na foto 2 a operadora está segurando a peça e acionado uma alavanca pneumática que fixa a porca-garra. Nesse movimento ela faz uma flexão de ombro, o cotovelo fica sem apoio e esforço de preensão na mão direita, são esforços repetidos média de 10 vezes em cada ciclo. Foto 3 – Colocando a peça pronta no chão Na foto 3 a operadora faz uma flexão de tronco sobrecarregando a lombar e a falta de pega adequada na peça provoca posição inadequada do punho, durante a etapa final do ciclo que é quando ela coloca a peça concluída no chão. A seguir o resultado do Check List de Couto: ANALISE ERGONÔMICA DO TRABALHO CHECKLIST DE COUTO AVALIAÇÃO SIMPLIFICADA DO FATOR BIOMECÂNICO NO RISCO PARA DISTÚRBIOS MUSCULOESQUELÉTICOS DE MEMBROS SUPERIORES RELACIONADOS AO TRABALHO Descrição sumária da atividade: Recepcionista Especificar: A funcionário presta serviço de apoio ao cliente, presta atendimento telefônico, faz e repassa as ligações telefônicas para os variados setores da industria, recepciona os cientes e visitantes 1. Sobrecarga Física 1.1 Há contato da mão ou punho ou tecidos moles com alguma quina viva de objetos ou ferramentas? Não (0) Sim (1) 1.2 O trabalho exige o uso de ferramentas vibratórias? Não (0) Sim (1) 13 1.3 O trabalho é feito em condições ambientais de frio excessivo? Não (0) Sim (1) 1.4 Há necessidade do uso de luvas e, em conseqüência disso, o trabalhador tem que fazer mais força? Não (0) Sim (1) 1.5 O trabalhador tem que movimentar peso acima de 300 g, como rotina em sua atividade? Não (0) Sim (1) 2. Força com as Mãos 2.1 Aparentemente as mãos têm que fazer muita força? Não (0) Sim (1) 2.2 A posição de pinça (pulpar, lateral ou palmar) é utilizada para fazer força? Não (0) Sim (1) 2.3 Quando usados para apertar botões, teclas ou componentes para montar ou inserir, ou paraexercer compressão digital, a força de compressão digital exercida pelos dedos ou pela mão é de alta intensidade? Não (0) Sim (1) 2.4 O esforço manual detectado é feito durante mais que 49% do ciclo ou é repetido mais que 8 vezes por minuto? Não (0) Sim (1) 3. Postura no Trabalho 3.1 Há algum esforço estático da mão ou do antebraço como rotina na realização do trabalho? Não (0) Sim (1) 3.2 Há algum esforço estático do ombro, do braço ou do pescoço como rotina na realização do trabalho? Não (0) Sim (1) 3.3 Há extensão ou flexão forçada do punho como rotina na execução da tarefa? Não (0) Sim (1) 3.4 Há desvio ulnar ou radial forçado do punho como rotina na execução da tarefa? Não (0) Sim (1) 3.5 Há abdução do braço acima de 45 graus ou elevação dos braços acima do nível dos ombros como rotina na execução da tarefa? Não (0) Sim (1) 3.6 Ha outras posturas forçadas dos membros superiores? Não (0) Sim (1) 3.7 O trabalhador tem flexibilidade na sua postura durante a jornada? Sim (0) Não (1) 4. Posto de Trabalho e Esforço Estático 4.1 A atividade é de alta precisão de movimentos? Ou existe alguma contração muscular para estabilizar uma parte do corpo enquanto outra parte executa o trabalho? Não (0) Sim (1) 4.2 A altura do posto de trabalho é regulável? ( Sim (0) ou desnecessária a regulagem (0)) Sim (0) Não (1) 5. Repetitividade e Organização do Trabalho 5.1 Existe algum tipo de movimento que é repetido por mais de 3.000 vezes no turno? Ou o ciclo é menor que 30 segundos, sem pausa curtíssima de 15% ou mais do mesmo? Não (0) Sim (1) 5.2 No caso de ciclo maior que 30 segundos, há diferentes padrões de movi mentos (de forma que nenhum elemento da tarefa ocupe mais que 50% do ciclo?) Sim (0) Não(1) ou ciclo <30 s (1) 14 5.3 Há rodízio (revezamento) nas tarefas, com alternância de grupamentos musculares? Sim (0) Não(1) 5.4 Percebem-se sinais de estar o trabalhador com o tempo apertado para realizar sua tarefa? Não (0) Sim (1) 5.5 Entre um ciclo e outro há a possibilidade de um pequeno descanso? Ou há pausa bem definida de aproximadamente 5 a 10 minutos por hora? Sim (0) Não (1) 6. Ferramenta de Trabalho 6.1 Para esforços em preensão: O diâmetro da manopla da ferramenta tem entre 20 e 25mm (mulher) u entre 25 e 35 mm (homens)? - Para esforços em pinça: O cabo não é muito fino nem muito grosso e permite boa estabilidade da pega? Sim (0) ou Não há ferramenta 0 Não (1) 6.2. A ferramenta pesa menos de 1 kg ou, no caso de pesar mais de 1 kg, encontra-se suspensa por dispositivo capaz de reduzir o esforço humano? Sim (0) ou Não há ferramenta (0) Não (1) Total 11 Se a somatória de pontos atingir a pontuação 10, deve-se proceder a realização da AET completa. Interpretação: Critério de Interpretação: · Somar o total dos pontos · De 0 a 3 pontos: ausência de fatores biomecânicos – AUSÊNCIA DE RISCO · Entre 4 e 6 pontos: fator biomecânico pouco significativo- AUSÊNCIA DE RISCO · Entre 7 e 9 pontos: fator biomecânico de moderada importância- IMPROVÁVEL, MAS POSSÍVEL · Entre 10 e 14 pontos: fator biomecânico significativo- RISCO · 15 ou mais pontos: fator biomecânico muito significativo- ALTO RISCO 7- Fator ergonômico extremo 8- Dificuldade, desconforto e fadiga observados pelo analista durante a avaliação. Serve de orientação para medidas corretivas, mesmo na inexistência de fator biomecânico significativo. Analistas: Maria Cristina Duarte Data: 27/04/2013 5. Diagnóstico Apesar da tarefa não apresentar um ritmo intenso e o operador possuir certa autonomia em suas pausas e até mesmo na definição desse ritmo, durante a realização acontecem esforços em grupos musculares que podem comprometer a saúde do trabalhador, isso pode ser verificado durante a observação e nas fotos que mostram os movimentos críticos, onde esses esforços ficam mais evidentes. 15 Ao aplicarmos o Check List de Couto encontramos 11 pontos na somatória, confirmando o que foi percebido na análise das fotos e no processo de observação do trabalhador durante a realização da tarefa, ou seja, a existência de riscos para a saúde do trabalhador. Tornando necessária a realização de ajustes e de adequações ergonômicas para o posto de trabalho que foi analisado. 6. Conclusão / Recomendações O objetivo de uma Análise Ergonômica do Trabalho é verificar a existência de riscos para a saúde do trabalhador e sugerir recomendações que eliminem ou minimizem tais riscos. Nessa análise foi possível verificar, utilizando o método de Guérin et al. e o Check List de Couto, que o posto de trabalho é inadequado gerando, consequentemente, riscos para a saúde do trabalhador. Diante dessa afirmação recomendamos algumas adequações principalmente voltadas aos aspectos físicos e ergonômicos, pois em relação às questões cognitivas e organizacionais, percebemos que a trabalhadora possui a competência e as habilidades necessárias para a execução da tarefa e aparentemente não enfrenta pressões de ordem organizacionais, mantendo uma relação harmoniosa com a empresa. Recomendações: a) Aspectos Físicos: Projetar um apoio adequado para os pés e mudar o acionamento pneumático para os pés, preferencialmente de modo que possa ser acionado tanto pelo pé direito com pelo esquerdo; Projetar uma bancada de apoio, com leve inclinação, para acomodar as peças no início do processo, eliminando o esforço de abaixar para pegar a peça no chão; Projetar uma espécie de esteira onde o operador vai colocando as peças e elas vão escorregando, sendo armazenadas numa caixa onde será encaminhada para a próxima etapa; b) Aspectos Ergonômicos: Orientar o operador sobre posturas adequadas durante suas atividades no posto de trabalho; Investir em praticas de alongamento e ginástica laboral. Referências www.abergo.org.br – Acesso em: 25 de Mar de 2013. COUTO, Hudso de Araújo. Ergonomia Aplicada ao Trabalho. O manual técnico da máquina humana. Belo Hoizonte: Ergo Editora, 1195. www.ergoltda.com.br/downloads/checklist_couto.pdf - Acesso em: 05 de Abr de 2012. GUÉRIN, F. Et al. Compreender o trabalho para transformá-lo: a prática da ergonomia. São Paulo: Edgard Blucher, 2001. IIDA, Itiro. Ergonomia Projeto e Produção. São Paulo: Edgard Blucher, 2005. MORAES, Anamaria de; MONT’ALVÃO, Claudia. Ergonomia Conceitos e Aplicações. Rio de Janeiro: Teresópolis, 2012. PIZO, Carlos Antonio; MENEGON, Nilton Luiz. Análise ergonômica do trabalho e o reconhecimento científico do conhecimento gerado. Prod., São Carlos, v. 20, n. 4, 2010. Disponível em: <www.scielo.br/pdf/prod/v20n4/AOP_200902028.pdf>. Acesso em: 20 de Abr 2013. http://www.abergo.org.br/ http://www.ergoltda.com.br/downloads/checklist_couto.pdf 16 ANEXO 01: LAYOUT DA TAPEÇARIA
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