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CCJ 0056 – DIREITO INTERNACIONAL Aula 3: DIREITO INTERNACIONAL CONTEMPORÂNEO 1. CONCEITO DE DIREITO INTERNACIONAL • Ramo das ciências jurídicas que trata das normas internacionais que regulam as leis dos Estados, os acordos e tratados internacionais, as convenções, as emendas e os protocolos, bem como a resolução de conflitos de jurisdição internacional, define qual é a lei aplicável no espaço e determina a condição jurídica dos estrangeiros. É o sistema jurídico da sociedade internacional. • Conjunto de normas e princípios, direitos e deveres, aplicáveis à sociedade internacional. • Ramo do direito composto por tratados, costumes, princípios gerais do direito e demais formas extraterritoriais de expressão do direito, que regulamentam as relações entre os sujeitos de direito internacional público, no âmbito do direito público, e a dos entes particulares em suas relações externas, no âmbito do direito privado. 2. DIVISÃO DA MATÉRIA • DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO: cuida das relações entre os Estados, os organismos internacionais e outras coletividades, aplicando regras, princípios e costumes internacionais - relação entre os Estados e entre as organizações intergovernamentais - direito das gentes. • DIREITO INTERNACIONAL PRIVADO: é o ramo do Direito em que se definem os princípios, formulam-se os critérios, estabelecem-se as normas a que deve obedecer a pesquisa para alcançar as soluções adequadas para os problemas emergentes das relações privadas de caráter internacional. (*) AMBOS ESTÃO INTERLIGADOS 3. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO • SOCIEDADE INTERNACIONAL: é o conjunto de sujeitos internacionais em continua convivência global, relacionando-se e compartilhando interesses comuns e recíprocos através da cooperação, o que demanda certa regulamentação - conjunto de vínculos estabelecidos por motivos políticos, econômicos, sociais e culturais – características: ✓ UNIVERSAL: abrange todos os direitos dos sujeitos internacionais ✓ PARITÁRIA: igualdade jurídica – paridade de armas ✓ ABERTA: os sujeitos não são obrigados a participar ✓ DESCENTRALIZADA: não existe um poder central supranacional ✓ ORIGINÁRIA: os próprios Estados criam o direito internacional e são os destinatários das normas 3. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO • FUNDAMENTOS: universalidade e consentimento ✓ CORRENTE VOLUNTARISTA: a obrigatoriedade do direito internacional é baseado no consentimento – positivismo – o fundamento de validade é a vontade comum dos Estados. ✓ CORRENTE OBJETIVA (predominância): a obrigatoriedade do direito internacional advém de princípios e normas superiores ao ordenamento jurídico interno e que são eles que atuam como fundamento do direito internacional. 3. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO • OBJETIVOS e FINALIDADES ✓ “Alcançar as metas comuns da humanidade e, em última análise, a paz, a segurança e as estabilidade das relações internacionais” (MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Privado. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2019,p. 81) ✓ Regulação das relações na sociedade internacional ✓ Relacionamento entre sujeito de direito internacional público 3. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO • RELAÇÃO COM O DIREITO INTERNO ✓ CORRENTE MONISTA: o direito é um só. Em caso de dúvidas, aplica- se o direito internacional, para uns autores e, para outros, aplica-se o direito interno. Possui duas vertentes: ➢ MONISMO NACIONALISTA: primado do direito interno de cada Estado soberano sobre o direito internacional. ➢ MONISMO INTERNACIONALISTA: primado do direito internacional, ao qual deveriam se ajustar todas as normas de direito interno. 3. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO ✓ CORRENTE DUALISTA: o direito internacional e direito interno são sistemas distintos, independentes e separados que não se confundem – destinatários das normas também seriam diferentes – vontade criadora diversa. ✓ Art. 27, Convenção de Viena sobre os Tratados, de 1969: "Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado (...)." 3. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO • FONTES (art. 38, do Estatuto da Corte Internacional de Justiça, de 1945) “A Corte, cuja função é decidir de acordo com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: a. as convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; b. o costume internacional, como prova de uma prática geral aceita como sendo o direito; c. os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas; d. sob ressalva da disposição do Artigo 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.” (g.n.) A presente disposição não prejudicará a faculdade da Corte de decidir uma questão “ex aequo et bono”, se as partes com isto concordarem.” 3. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO ✓ FONTES PRIMÁRIAS: as convenções internacionais (tratados), os costumes e os princípios gerais do direito. ✓ FONTES SECUNDÁRIAS ou AUXILIARES: a jurisprudência, a doutrina e a equidade. ✓ Rol meramente exemplificativo. ✓ Não existe hierarquia entre as fontes - Exceção: art. 103, da Carta das Nações Unidas, de 1945: “No caso de conflito entre as obrigações dos membros das Nações Unidas, em virtude da presente Carta e as obrigações resultantes de qualquer outro acordo internacional, prevalecerão as obrigações assumidas em virtude da presente Carta.” (g.n.) 3. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO • COSTUMES ✓ ELEMENTO OBJETIVO: reiteração de certos atos praticados pelos sujeitos de direito internacional ao longo de determinado tempo. ✓ ELEMENTO SUBJETIVO: a convicção de que aquilo que se pratica é o direito. • PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO ✓ Princípios aceitos pela maioria dos Estados. ✓ Extraem-se de alguns tratados, da doutrina, de outros documentos de direto internacional. ✓ Art. 4º, CR – rol de princípios gerais de direito internacional público. 3. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. 3. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO • JURISPRUDÊNCIA ✓ Decisões de câmaras arbitrais internacionais ✓ Decisões judiciais internacionais ✓ Pareceres consultivos da Corte Internacional de Justiça (divergências) • DOUTRINA ✓ Dos juristas mais renomados de cada um dos Estados a respeito do Direito Internacional Público • EQUIDADE ✓ ex aequo et bono (conforme o correto e válido) – princípio de justiça – o ponto de equilíbrio entre duas ou mais partes conflitantes ✓ demanda consentimento das partes para sua utilização 3. DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO • OUTRAS FONTES ✓ Analogia ✓ Atos unilaterais de natureza normativa dos Estados ✓ Decisões das organizações internacionais intergovernamentais ✓ Obrigações erga omnes ✓ Normas do jus cogentes ✓ Soft law