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Faculdade de Ciências e Tecnológico Licenciatura em Engenharia Química Biológica Biologia Molecular Relatório: Extração e análise do DNA (Eletroforese) Discentes: Docente: Andrea Semedo Ariana Freire Danila Fortes Emeline Barbosa Nadine Semedo Praia, 20-11-2018 2 Índice 1 Resumo ...................................................................................................................... 3 2 Fundamento teórico ................................................................................................... 3 3 Objetivos ................................................................................................................... 4 4 Parte experimental ..................................................................................................... 4 4.1 Extração do DNA ............................................................................................... 4 4.2 Eletroforese em gel de agarose: ......................................................................... 5 5 Discussão dos resultados ........................................................................................... 7 6 Conclusão .................................................................................................................. 9 7 Bibliografia.............................................................................................................. 11 3 1 Resumo Este trabalho prático, foi realizado em duas partes. Numa primeira fase, fez-se a extração do DNA de sangue humano, utilizando um kit comercial “DNA Blood kit EXTRACTME”. A extração do DNA a partir de sangue consistiu em uma série de etapas, que se basearam na eliminação do material não passível de ser analisado, até a obtenção do ácido nucléico em questão. Portanto, fez a lise a celular, com libertação de todo o material intracelular, e de seguida a purificação do DNA. A segunda fase desse experimento, consistiu-se na análise dos fragmentos de DNA, obtidos na fase de extração, por meio da técnica eletroforese em gel agarose. Seguindo todos os passos indicados no procedimento, que se resume na preparação do gel agarose, preparação das amostras, e na realização da eletroforese na cuba, finalmente detectou-se sob iluminação UV, as bandas de DNA no gel de agarose. Palavras-chave: Extração de DNA, eletroforese, purificação, lise celular. 2 Fundamento teórico A descoberta do DNA ( ácido desoxirribonucleico) ocorreu em 1869 e foi feita pelo bioquímico alemão Johann Friedrich Miescher1 (1844 – 1895). Miescher buscava determinar os componentes químicos do núcleo celular e usava os glóbulos brancos contidos no pus para suas pesquisas (Dulcos, 2004). Por várias décadas, o DNA era visto como um mero elemento estrutural. Contudo, na década de 1940 foi identificado como o provável portador da informação genética. Essa espantosa descoberta no entendimento dos processos celulares surgiu a partir de estudos de hereditariedade em bactéria (Albert, 2010). Entretanto, no início da década de 1950, a forma como as proteínas eram especificadas pelas instruções no DNA e como a informação hereditária era copiada e transmitida de célula a célula ainda era um completo mistério. Em 1953 esse mistério foi resolvido, quando a estrutura do DNA foi corretamente determinada por James Watson e Francis Crick (Albert, 2010). Existem várias técnicas para extração do DNA, que utilizam diferentes metodologias e espécimes biológicos. O sangue é muito utilizado para extração de DNA porque é fonte abundante de informação genética e por fornecer amostra fresca para análise (a maioria dos testes de DNA para o diagnóstico envolve a extração de DNA dos leucócitos humanos). (Costa e Moura, 2001) No entanto, muitos outros materiais podem ser efetivamente analisados: células epiteliais da mucosa oral, unhas, pêlos e fios de cabelo (região do bulbo capilar), manchas de material biológico (líquido seminal, urina, saliva) em vidro, faca, têxtil, 4 ossos carbonizados, ossadas ou dentes, material anatomopatológico, e inclusive células deixadas por impressão digital em selos, filtros de cigarro, copos, talheres e telefone. Basicamente, o processo de extração de DNA consiste em duas etapas. A primeira etapa é a extração propriamente dita e consiste no rompimento das membranas celulares (e consequente exteriorização do DNA). A segunda fase consiste na purificação do DNA em solução, ou seja, “retirada” dos outros componentes celulares da solução (restos de membrana, proteínas, RNA). (Costa e Moura, 2001). Para a quantificação e qualificação da amostra de DNA obtida, é comum a utilização do método de eletroforese, processo utilizado para a separação de moléculas de DNA, RNA e proteínas conforme sua carga elétrica e peso molecular. Essa técnica tira proveito do caráter negativo da molécula de DNA, negatividade característica à presença dos grupos fosfatos na molécula. (Teixera, A.2001) A técnica de eletroforese em gel de agarose consiste na submissão do DNA a um campo elétrico, o qual deve ser colocado no lado negativo (sua carga característica), de maneira a migrarem ao pólo positivo. Moléculas menores tendem a correr mais do que moléculas maiores, e a concentração da agarose também influencia na separação das mesmas. (Teixera, A. 2001) A agarose é um polissacarídeo composto por subunidades de galactose e galactopiranose, que se solubiliza em água fervente e geleifica após esfriar, como uma gelatina. É uma matriz inerte usada como suporte na visualização de DNA. (Martinez e Paiva, 2006). 3 Objetivos • Extrair e isolar amostras de DNA a partir de células sanguíneas utilizando um kit comercial “DNA Blood kit EXTRACTME” • Analisar os fragmentos por meio da técnica de eletroforese em gel de agarose. 4 Parte experimental 4.1 Extração do DNA Materiais • Micropipetas • Tubos eppendorfs de 1,5 mL • Coluna • Tubos coletores • Balança analítica • Centrifugador • Vortex Reagentes: • Sangue(em EDTA) • Buffer de lise • Proteinase K • Buffer de ligação • Buffer de lavagem • Buffer de eluição 5 Procedimento experimental 1. Transferiu-se 200 μL de sangue (em EDTA, que é um anticoagulante) para um tubo eppendorf estéril de 1.5 mL e adicionou-se o mesmo volume do Buffer de Lise RBC (células vermelhas do sangue). Homogeneizou-se a mistura, invertendo o tubo. 2. A seguir, centrifugou-se o tubo por 4 minutos a 8.6g. 3. Cuidadosamente descartou-se o sobrenadante preservando o pelete. 4. Adicionou-se375 μL do BL ( Buffer de Lise) e ressuspendeu o pelete. 5. Adicionou-se 1 μL do proteinase K e homogeneizou a mistura no vortex, para depois ser incubado a 55ºC por 10 minutos. 6. Foi adicionado 400 μL do Buffer BB (Buffer de Ligação) e misturou-se bem utilizando o vortex por 15 – 20s. 7. Transferiu-se o lisado para uma mini coluna de purificação inserida num tubo coletor e este foi centrifugado a 15 g por 1 min. 8. De seguida, transferiu-se a mini coluna de purificação para um novo tubo coletor e adicionou-se 600 μL BW1 (Buffer de lavagem). Centrifugou-o por a 15g por 30 s. 9. Após a centrifugação, descartou-se o filtrado e o tubo coletor foi reutilizado. 10. Foi adicionado 400 μL BW2 ao tubo e este centrifugado a 15 g por 30 segundo. Depois descartou-se o filtrado e reutilizou o tubo coletor. E novamente centrifugou-se a 15 g por 2 minutos. 11.O tubo coletor foi descartado e inseriu a mini coluna de purificação num tubo eppendorf estéril de 1.5 mL. 12. Adicionou-se 60 μL de Buffer de Eluição pré aquecido a 70ºC, diretamente na membrana da mini coluna de purificação, e de seguida, o tubo foi encubado por 2 minutos a temperatura ambiente. 13. Centrifugou-se o tubo por 1 minuto à 15g e finalmenteremoveu a mini coluna e conservou-se o filtrado contendo o DNA a 20ºC. 4.2 Eletroforese em gel de agarose: 6 Materiais • Erlemeyer • Microondas • Cuba de eletroforese Procedimento experimental I. Preparação do gel de agarose: Na preparação de gel de agarose, primeiramente fez-se diluição da solução TAE x50 para solução TAE x1. Adicionou-se 20 mL de TAE x1 no erlenmeyer. De seguida, foi adicionado 0,5g de agarose no erlenmeyer, e este, foi agitado e dissolvido completamente sob o calor (microondas). Deixou arrefecer até aproximadamente 40ºC e adicionou-se 4 mL de greensafe a seguir, contornou-se a solução na cama de molde e inseriu o pente (de modo a fazer poços) Após aproximadamente 20 minutos o verificou que o gel se encontrava solidificado. II. Preparação da amostra para a eletroforese • Adicionou-se: ✓ 1μL de corante (azul de bromofenol); ✓ 6 μL da amostra de DNA; ✓ 1/10 do greensafe directload. III. Realização da eletroforese ✓ Deitou-se 1x TAE na tina para electroforese; ✓ Inseriu a cama contendo gel de agarose na tina contendo 1x TAE; ✓ Inseriu nos poços: 1º- 4 μL de marcador de tamanho; 2º- a mistura da amostra de DNA anteriormente feita. ✓ Tampou-se a tina e ajustou a voltagem a aproximadamene 90volts Reagentes: • 1 x TAE 100mL • Agarose –1.5 • Solução de greensafe • Azul de bromofenol • Amostra de DNA 7 5 Discussão dos resultados A. Extração de DNA do sangue O procedimento de extracção do DNA envolveu 3 etapas: a lise celular, o isolamento do DNA e a purificação. As primeiras células a sofrerem a lise foram as células vermelhas do sangue pois estas por não possuírem DNA devem ser separados dos glóbulos brancos antes da etapa do isolamento. São lisadas pela acção do tampão de lise de glóbulos vermelhos (RBC) que foi concebido, formulado e testado para garantir a lise óptima de glóbulos vermelhos em suspensões de células únicas com efeitos mínimos nos leucócitos. (Biolegent,2013) A lise dos glóbulos brancos é provocada pela acção da proteinase K adicionada, que quebra todas as membranas celulares e degrada todas as proteínas. O citoplasma e o nucleoplasma ao serem rompidos provocam a saída do DNA do núcleo, estando este agora sujeito a acção das enzimas chamadas DNAses, que quebram a sua estrutura. Para evitar essa quebra misturou-se o sangue com EDTA, pois este sendo um ligante quelante, liga-se aos iões Mg2+ que são essenciais às funcionalidades das DNAses, privando-as de qualquer acção sobre o DNA. Com a liberação do DNA, pôde-se passar para a fase do isolamento em que adicionando um buffer de ligação permitiu-se a ligação do DNA na mini-coluna, estando assim agora isolado dos outos componentes das células. Já na etapa da purificação, foram feitas lavagens com 2 tampões de modo a permitir remover todas as impurezas. O DNA purificado, de seguida, foi eluído usando um tampão de baixa força iónica, sendo posteriormente armazenado. B. Eletroforese em gel de agarose A concentração da agarose desempenha papel importante na separação eletroforética, pois determina a porosidade do gel, que por sua vez, influencia diretamente na capacidade de migração das moléculas de DNA. Portanto, o tamanho dos poros desta matriz é inversamente proporcional à concentração de agarose utilizada e diretamente proporcional ao tamanho dos fragmentos de DNA que se deseja separar. Cálculos auxiliares: Diluição da solução TAE 50x presente no laboratório para solução TAE 1x que seria utilizada na preparação do gel: C1= 50x n1 = n2 C2 = 1x <=> C1.V1 = C2.V2 8 V2 = 1000 mL <=>V1 = (C2.V2)/C1 V1 = ? <=>V1 = (1x.1000 mL)/50x <=>V1 = 20 mL Volume da solução TAE 50x necessária para preparar 1000 mL da solução TAE 1x, logo a solução a ser utilizada para preparar o gel conterá 20 mL da solução 50x e 980 mL de água destilada. Onde:mbolo Descrição • n1 Quantidade química na solução 1x TAE • n2 Quantidade química na solução 50x TAE • C1 Concentração da solução 1x TAE • C2 Concentração da solução 50x TAE • V2 Volume da solução diluída (1x TAE) • V1 Volume de solução 50x TAE necessária para a diluição Obteve-se um gel sólido ligeiramente mole após a mistura dos reagentes, aquecimento e resfriamento. No nível molecular, o gel é uma matriz de moléculas de agarose que são mantidas unidas por ligações de hidrogênio e formam micro poros. Com este gel sólido pôde-se aplicar a técnica de eletroforose nas nossas amostras. Uma vez que o gel esteja na cuba electroforese e cada uma das amostras de DNA em seu respectivo poço, liga-se e a corrente começa a fluir através do gel. As moléculas de DNA têm carga negativa devido aos grupos fosfato em seus esqueletos de açúcar- fosfato, assim elas começam a se mover através da matriz de gel, para o polo positivo. A figura abaixo mostra os resultados das bandas de DNA das 4 amostras após concluir a electroforese. Figura.1.Visualização das bandas de DNA sob luz 9 A fluorescência das bandas deve-se ao corante adicionado, o azul de bromofenol que facilita a aplicação da amostra no gel e auxilia no monitoramento da corrida, já que apresenta velocidade conhecida durante a migração na matriz em direção ao pólo positivo. Por exemplo, o azul de bromofenol migra juntamente com um fragmento de DNA de aproximadamente com 0,3kb em gel de agarose de 0,5 a 1,4% em TAE. (Corrêa, Elisete. Possik,Patricia.nd) Analisando as bandas, no canto esquerdo encontra-se o marcador de tamanho e logo a seguir as amostras analisadas. Fazendo uma numeração da esquerda para a direita, contado as amostras após o marcador, as amostras 2 e 4 foram as que apresentaram melhor banda o que pode ser justificado pela presença de melhores fragmentos de DNA, já no grupo 1 e 2 as bandas permitem ver que houve uma certa danificação do DNA. Observou-se que a migração do DNA nas amostras foi reduzida, poderia dizer-se que os fragmentos de DNA obtidos são grandes e lineares mas esta dedução não é suficiente para justificar a migração sendo que nem sempre os fragmentos encontram-se lineares e descondensados e tais fatores podem alterar a migração do fragmento no gel, pois interferem na passagem da molécula de DNA pelos poros. As moléculas de DNA circular podem assumir formas como: relaxada ou superenovelada. Estas formas não migram de acordo com o tamanho do DNA durante a eletroforese, podendo atravessar a malha do gel em velocidades superiores ou inferiores ao padrão. (Corrêa, E. Possik,P.nd) Já o DNA genômico, sua estrutura condensada e complexa não permite que os fragmentos migrem de acordo com o tamanho em pares de base e sim, fiquem presos nos poros do gel devido à sua estrutura densa e irregular que não permite que os fragmentos atravessem. (Corrêa,E.Possik,P.nd) Assim, a mobilidade das formas do DNA no gel não depende somente do tamanho da molécula, mas da densidade, torção do DNA e de outros factores. 6 Conclusão A extração dos ácidos nucléicos (DNA e RNA) é o primeiro passo para a realização da maioria das metodologias de biologia molecular. Pode ser obtido DNA a partir de inúmeros tipos de tecidos e células. Existe uma infinidade de protocolos para realização de tal procedimento. A escolha do protocolo de extração de DNA dependerá de diversos fatores como: tipo de tecido a ser utilizado, grau de pureza e de integridade necessária para a aplicação em que o DNA será utilizado (PCR, sequenciamento, clonagem gênica, etc.). 10 A extração de DNA, sendoassim, é importante para a execução de análises de expressão gênica, bem como para a análise de proteínas que futuramente serão formadas. Para que se obtenham resultados desejáveis é necessário que as sequências de DNA estejam puras e em sua forma mais íntegra possível, pois moléculas fragmentadas originam dados de baixa qualidade e pouco confiáveis. (COSTA, M. e MOURA, E.2001) É de se referir que a eletroforese se mostra mais eficiente para determinar fragmentos de DNA do que outros processos como a centrifugação através de gradiente de concentração, e é utilizada em testes de paternidade, identificação de criminosos e ainda, quando combinada a outras técnicas como por exemplo enzimas de restrição possibilita à indústria farmacêutica produção de vacinas, remédios e à agropecuária produção de transgénicos. (MARTINEZ e PAIVA, 2006) 11 7 Bibliografia Albert, B. (2010). Biologia molecular da célula (5ª edição ed.). Porto Alegre: Garland Science. Dulcos, C. (2004). biomol.org. Obtido em 14 de novembro de 2018, de História: Descoberta do DNA: http://www.biomol.org/historia/existencia.shtm Martinez, M. e Paiva, L.(2006) Eletroforese de ácidos nucléicos: uma prática para o ensino da genética. < http://www.geneticanaescola.com.br/ano3vol 1/9.pdf> Acessado em 15 de Novembro de 2018 Costa, M. e Moura, E(2001). Manual de Extração de DNA. Teixeira, A. B.(2001) Manual da aula prática de eletroforese para DNA. < http://br.geocities.com/andbt/biofisica/Manual.PDF> Acessado em 15 de Novembro de 2018 Biolegend,(2013). RBC Lysis Buffer (10X). Disponivel em: https://www.biolegend.com/enus/products/rbc-lysis-buffer-10x-1498. Acessado em 13 de Novembro de 2018. Corrêa, E. Possic,P. A análise de DNA por electroforese. Disponivel em: http://www.ciencianews.com.br/index.php/ciencia/biologia-molecular/biologia- moleculartecnicas- moleculares/. Acessado em 13 de Novembro de 2018. 12
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