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Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Esp. Ivete Palange Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin CompetênCias do designer eduCaCional/instruCional 3 CompetênCias do designer eduCaCional/instruCional Competências do Designer Educacional/Instrucional UNIDADE Fundamentos e Princípios para a Atuação do Designer Instrucional Antes de entrarmos em questões de ensino e aprendizagem, conheça um pouco sobre as áreas de atuação do Designer Instrucional. A amplitude da atuação do Designer Instrucional exige conheci- mentos em diferentes áreas. Para sua formação, é importante co- nhecimentos em Ciências Humanas (Educação, Psicologia, Comuni- cação), Ciências Biológicas (Neurociência), Ciências da Informação e Computação (Organização e Tecnologias) e Ciências de Administra- ção (Gestão). GestãoOrganização das informações Neurociência Designer Instrucional Tecnologias Psicologia Educação Comunicação Figura 1 – Campos de conhecimentos associados à prática do Designer Fonte: Adaptado de iStock/Getty Images • Educação: Elementos de Didática; • Psicologia: Teorias de Aprendizagem, Dimensões Cognitivas, Afetivas e Emocionais dos indivíduos sobre as relações entre o individual e o social; • Comunicação: Compreensão das linguagens das diversas mí- dias, adaptação de conteúdo e interatividade; 2 • Ciências da Informação e da Computação: Inovações Tecno- lógicas, distribuição de Informação e sua recuperação, algoritmos de funcionamento; • Neurociência: Contribui com os estudos e as pesquisas na área do funcionamento do cérebro e suas consequências no processo de aprendizagem; • Gestão: Coordenação de projetos, de equipes, de processos de produção. O Designer Instrucional pode atuar em diversos segmentos dos pro- jetos educacionais. Por exemplo, sua prática pode ser desenvolver uma Disciplina de um Curso ou de um Treinamento numa Empresa; propor e desenvolver um Curso para o Processo de Formação de um profissio- nal e desenvolver um recurso específico de Ensino, entre outros. Assim, a fundamentação geral é especificada dependendo da ativi- dade que será desenvolvida, do segmento de um Projeto em que ele exerce sua função. Por exemplo, se o Designer coordena uma equipe de docentes para desenvolver um Projeto de Formação de um Profissional, a fun- damentação em Gestão que ele necessita é diferente do Designer, que trabalha na especificação de um recurso de Tecnologia aumentada para ensinar um conceito. Um profissional que desenvolve um recurso requer gerir o tempo e a relação com profissionais de programação, por exemplo, da mesma maneira que o Coordenador requer um conhecimento diferente de re- alidade aumentada em relação ao produtor do recurso. A formação ge- ral, o todo é importante, mas são necessários, também, conhecimentos específicos para as atividades de cada segmento de um Projeto. O Designer Instrucional, além de formação ampla, necessita de atualização constante. Resultados de estudos e pesquisas colocam em questão, frequentemente, os conhecimentos adquiridos e a descoberta acelerada de Novas Tecnologias, alteram as formas das pessoas se relacionarem entre si e com as informações. Então, é preciso estar atento(a) às transformações para atender melhor às necessidades de aprendizagem nos Projetos Educacionais. O conhecimento é importante para a formação do profissional, mas a ética é um princípio que deve orientar a atuação do Designer Instrucional. Ela deve estar presente nas atitudes e nas decisões e para cada projeto envolve questões específicas. 3 Competências do Designer Educacional/Instrucional UNIDADE Design Instrucional e seus Elementos Ao conversar com alunos sobre boas lembranças de aprendizagem, variam muito as Disciplinas, e o mais comum é citarem que o profes- sor era um entusiasta, gostava muito do que ensinava e sentia prazer em partilhar o conhecimento sobre o conteúdo que dominava. Esse professor, possivelmente, influenciou muitos de seus alunos a segui- rem carreira relacionada ao conteúdo que ensinava. Por exemplo, se ele era um professor de Biologia, contribuiu para muitos se tornarem biólogos, ou áreas afins, como Saúde. Um bom professor de Matemática costuma influenciar seus alunos a gostarem dessa área de conhecimento e seguirem carreiras associadas a ela (Matemática, Física e Engenharia, entre outras). Mas o prazer e o in- teresse na aprendizagem de Disciplinas é uma exceção; a maioria das situações de ensino desperta tédio nos alunos. Uma pesquisa chamada de Nossa Escola em (Re)Construção (Porvir/Inspirare, 2016), realizada com 132.000 jovens, de 13 a 21 anos, de todos os estados do Brasil, sobre o que pensam da Escola, indicou que os alunos querem uma Escola em que possam participar mais, com atividades práticas e Tecnologia, um currículo mais flexível, em que possam aprender fazendo (“com a mão na massa”), com espaço livre e acolhedor e com a possibilidade de interagir com o entorno. Em relação ao professor, a principal característica que apontaram foi explicar bem o conteúdo (54%); 34% deles afirmaram que é o professor ter muito conhecimento sobre um assunto, 23%, ser acolhedor e ter boa relação com os alunos; 31%, propor diferentes atividades nas aulas. As escolas foram construídas seguindo o modelo das fábricas da era industrial, com linhas de montagem para a produção. Os ope- rários repetiam indefinidamente as mesmas operações, seguindo o ritmo das máquinas, acompanhados por supervisores que não os dei- xavam parar ou interromper o trabalho. O homem se tornou uma engrenagem na grande máquina que era a fábrica. Importante! Charles Chaplin, ator, diretor e cineasta genial, no filme Tempos Modernos (1936), capta a situação citada e apresenta uma crítica à vida de operário na fábrica. Veja uma cena do filme no link https://youtu.be/XFXg7nEa7vQ. Importante! Na Escola, o aluno é como o operário que deve repetir o con- teúdo e aprender a obedecer. Da mesma maneira que os operários 4 possuíam supervisores para controlar as operações, a Escola tem os especialistas em cada conteúdo para supervisionar a reprodução dos conteúdos ensinados. A padronização é o mais importante, e dividir os alunos por idade segue esse modelo; todos devem ter a mesma faixa etária, com base na crença de que a mesma idade os torna iguais; são capazes de aprender da mesma maneira. As salas de aula os colocam enfileira- dos, pois há uma crença de que a organização padronizada favorece a realização das tarefas. O mundo mudou, mas a Escola não. Assim, o ensino, hoje inspirado nesse modelo, não atende às necessidades das crianças e dos jovens que, fora da Escola, vivem num mundo conectado, com informações à sua disposição e participando de redes sociais, com relações não hie- rarquizadas. Como as Escolas não atendem mais à formação para o mundo contemporâneo, é preciso que haja inovação no ensino. Educação Presencial Inovadora Em relação às Escolas, há algumas experiências disruptivas na for- ma de ensinar e preparar as pessoas para esse novo mundo. Selecio- namos duas delas, embora haja muitas outras. Projeto Âncora • Atende gratuitamente, desde 2012, crianças de famílias de baixa renda, numa área de 12 mil metros, em Cotia, São Paulo; • Desenvolve Ensino Fundamental e Ensino Médio; • O espaço é dividido em salas de estudo, oficinas e área livre; • As crianças não são divididas em séries; • Há núcleos de Aprendizagem (Iniciação, Desenvolvimento e Apro- fundamento); • Há preocupação em desenvolver a autonomia das crianças e os valores (respeito, responsabilidade, solidariedade, afetividade e honestidade); • O currículo previsto pelo MEC é cumprido, mas não na ordem estipulada, e a avaliação é integrada ao Processo; • A criança chega e realiza o planejamento do dia acompanhada por um tutor nas atividades de seu interesse; • Há rodas de conversas para discutir e estabelecer regras para os proble- mas da Escola; 5 Competências do Designer Educacional/Instrucional UNIDADE• A unidade tem estreita relação com a comunidade, desenvolven- do projetos para atender necessidades e problemas. Visite o site do projeto: https://goo.gl/xJKbcT Escola Lumiar • Escola idealizada e criada em 2003, em São Paulo; • Em 2009, foram criadas a Lumiar Internacional e a Lumiar Públi- ca, em Santo Antônio do Pinhal e, em 2017, em Porto Alegre; • Há três ciclos de aprendizagem (Creche, Infantil e Fundamental); • Os educadores são organizados em dois grupos: tutores, que acom- panham e interagem com as crianças e os pais; e mestres, profes- sores especialistas em conteúdo (Português, Matemática etc.), com a função de planejar e coordenar os projetos de aprendizagem, avaliando o desenvolvimento das competências dos alunos; • Mestres e tutores usam Tecnologias da Informação e Comunica- ção (TICs) para enriquecer a aprendizagem individual e coletiva; • As atividades da Escola iniciam, diariamente, com o que está acontecendo no mundo. As crianças escolhem pelo que se inte- ressam e o tema é debatido por todos; • O currículo é enriquecido pelo desenvolvimento de projetos, ofici- nas e módulos de aprendizagem concebidos por tutores, mestres e educandos; • Há uma assembleia semanal, a Roda, com debate das questões escolares por alunos, tutores, mestres e funcionários. Há muitos outros exemplos de Escolas públicas e/ou particulares, no Brasil e no mundo, que procuram inovar no seu DI, buscando rom- per com os paradigmas tradicionais. Para conhecer mais sobre experiências inovadoras educacionais, consulte o Material Complementar. O que as Escolas inovadoras têm em comum? • Educadores antenados que buscam alternativas para o ensino e que trabalham em equipe, de forma colaborativa; 6 • Preocupação com necessidades, interesses e potencial de cada um dos educandos; • Desenvolvimento da autonomia do educando na aprendizagem; • Estimulam a aprendizagem individual e coletiva; • Promovem a alteração do espaço escolar; • Desenvolvem a prática de valores; • Buscam dar significado à organização do conteúdo; • Focam a construção do conhecimento; • Propiciam a avaliação integrada à aprendizagem, estimulando a autoavaliação. O DI na Educação a Distância A distância pode ser interpretada como a separação temporal ou espacial entre as pessoas. Mas há, também, a distância transacional, que é a percepção das pessoas em relação à distância que as separa. Por exemplo, duas pessoas separadas geograficamente podem man- ter contato constante e intenso por meio de tecnologias disponíveis, como telefone, Skipe e Whatsapp, entre outros. A interação mediada pela tecnologia provoca um sentimento de proximidade psicológica que altera a percepção da distância física en- tre as pessoas. Assim, alguns autores usam a expressão “Educação sem Distância” para caracterizar a possibilidade de interação e a dimi- nuição da distância transacional dos usuários (MOORE, 1993, apud TORI, 2010). A educação a distância, com as novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs), ganhou um novo espaço, o Ambiente Virtual. Inicialmente, o novo ambiente parecia promissor, pois permitia que as situações de ensino não estivessem subordinadas a ambientes e contingências difíceis de serem alteradas, como o ambiente físico das salas de aula das escolas. Além disso, esse ambiente tornou possível estabelecer relações mais colaborativas e menos hierarquizadas, que favorecem a aprendizagem. Os primeiros Cursos desenvolvidos em Ambientes Virtuais, no en- tanto, limitavam-se a reproduzir os desenvolvidos no ambiente físico e piorá-los um pouco mais. As aulas foram substituídas por textos, que correspondiam a anti- gas apostilas, sem a preocupação de estabelecer diálogo com o leitor ou relações entre conteúdo e a vida cotidiana. 7 Competências do Designer Educacional/Instrucional UNIDADE Os alunos recebiam as informações e uma lista de questões para verificação de leitura. Esses primeiros Cursos ficaram conhecidos como Cursos de PDF on-line, pois os textos, em formato PDF, fica- vam disponíveis na Internet. Raramente, estabelecia-se comunicação entre professor e alunos, e menos ainda entre os alunos. Embora os computadores permitissem a interatividade, raramente ela era usada na exploração do conteúdo. Educação a Distância Inovadora A Educação a Distância, hoje, pressupõe o acesso a diversos recursos, como imagem, som e textos, entre outros, e a possibilidade de interatividade. As ações educativas devem contemplar a oportunidade de colabo- ração para a construção do conhecimento. Os alunos devem se trans- formar em coautores das informações e das trilhas de aprendizagem. A Educação a Distância deve garantir a comunicação bidirecional, para que todos possam aprender e ensinar de forma colaborativa. O ambiente deve ser livre e plural, respeitando as diferentes subjetivida- des e suas atribuições de significados. Essas condições são possíveis em ambiente democrático e tolerante. A substituição do paradigma educacional unidirecional pelo bidire- cional, valorizar a interação, permite desenvolver uma educação liber- tadora, cidadã. Para desenvolver o DI, é preciso conhecer e, às vezes, negociar, diante de uma demanda. Uma pessoa doente, por exemplo, pode dizer quais são os seus sintomas, mas nem sempre o que os provoca, as suas causas ou a doença que tem. Vamos imaginar que o diretor de uma empresa, na qual têm acon- tecido muitos acidentes de trabalho, procura você e solicita o desenvol- vimento de um treinamento para os Operadores de Máquina, para di- minuir os acidentes. É preciso que você compreenda o real problema. Os acidentes de trabalho podem ter como causa a configuração do espaço, a falta de equipamentos de proteção, a ausência de proteção nas máquinas usadas pelos operadores e a pressão para aumentar a produção, entre outros. É preciso investigar qual o real problema, pois se ele for a ausência de Equipamentos de Segurança, treinar os funcionários em Regras de Segurança não irá adiantar nada. A solução (Treinamento) não é adequada para o problema (falta de Equipamentos de Segurança, máquinas obsoletas). 8 Eliminados outros problemas, se houver realmente a necessidade de Treinamento, é preciso, então, conhecer os operadores, os alunos que irão vivenciar a ação educativa. Para conhecer para quem se está elaborando um Curso, um Trei- namento, uma Atividade de ensino,é necessário mergulhar no mundo dessas pessoas, nos seus interesses, preocupações, potenciais, difi- culdades e limitações. Dados quantitativos podem ajudar, mas são insuficientes; é importante conhecer de perto a realidade do aprendiz. Salman Khan, por exemplo, ao conversar com sua prima de dez anos, observou as dificuldades que ela possuía para aprender Mate- mática. Como eles moravam distantes um do outro, para ajudá-la, ele preparou alguns vídeos. Na época ele era executivo de uma Empresa e os vídeos que preparava eram realizados na cozinha de sua casa. Para que ela os pudesse assitir, ele os colocou numa rede (Youtube). Mais tarde, outros 14 parentes dele, que, como a prima, também, en- frentavam problemas de aprendizagem, passaram a acessar os programas. A maior surpresa de Khan foi perceber que a dificuldade que ele detectou na sua prima era a de muitos outros alunos, e seus vídeos os ajudavam a aprender. Essa experiência, iniciada em 2004, hoje, ajuda milhões de usuários em mais de 200 países. Para conhecer melhor a experiência da Academia Khan, consulte o artigo e vídeo sobre a visita, em 2013, desse educador para falar da Khan Academy: https://goo.gl/33Cak O ensino é uma ponte entre o conhecido e o desconhecido. Assim, quanto mais se conhece sobre as pessoas que irão desenvolver um estu- do, melhor será a arquitetura da ponte que será construída para ensinar. É preciso, também, clareza no que se deseja ensinar, o que o aluno deverá aprender. Ele deverá aprender um conceito, desenvolver uma habilidade, refletir e praticar valores? Determinar osaspectos cognitivos, afetivos e as habilidades de uma aprendizagem é construir a bússola que irá orientar o DI. Conhecer os aprendizes, ter objetivos claros da aprendizagem es- perada, conhecer o contexto no qual o conhecimento será usado, permite um recorte de conteúdo mais seguro. Vamos retornar ao exemplo da Empresa com Operadores que têm sofrido acidentes de trabalho. Ao conversar com os Técnicos de Se- 9 Competências do Designer Educacional/Instrucional UNIDADE gurança da Empresa, você identificou que os operadores não usavam os Equipamentos de Segurança por considerá-los dispensáveis e, em algumas situações, até eliminavam as proteções das máquinas por considerar que elas atrapalhavam a operação. Para conhecer melhor os Operadores, é preciso identificar se eles têm atitudes seguras em outras áreas da vida, além do trabalho. Se eles são pais, como é a rotina deles na Empresa, quais os programas de Televisão que assistem e gostam, quais leituras, entre outros. Ve- rifica se eles estavam presentes nas situações dos acidentes e como reagiram a eles etc. Além disso, é preciso conhecer quais são os acidentes mais frequen- tes na Empresa, como poderiam ser evitados e quais regras de segu- rança foram desobedecidas. O objetivo mais geral para um Treinamento como esse é obedecer a Regras de Segurança ao operar as máquinas (que devem ser especi- ficadas). A análise das informações que forem sendo obtidas indicará quais as regras de segurança que devem ser mais focadas e que, por sua vez, orientarão o recorte do conteúdo para o DI. Com o mapeamento das características dos aprendizes, dos objeti- vos que se pretende que sejam desenvolvidos e a seleção do conteúdo, o desafio é descobrir como ensinar. No Treinamento com o objetivo de aprender e praticar Regras de Segurança, a melhor forma de ensinar é fornecer as regras e pedir que os alunos as memorizem? Não, essa não é uma boa forma de desenvolver o ensino, pois os operadores podem repetir regras, mas não praticar, não desenvolver atitudes seguras. O ensino poderia ser a apresentação simulada dos acidentes que aconteceram na Empresa e a análise dos alunos para identificar as causas, as regras desobedecidas e discutir as hipóteses de por que não foram obedecidas. Observe que nos temas relacionados à segurança, além dos as- pectos cognitivos, estão presentes os aspectos afetivos, o valor que se atribui à vida. Além das situações de risco (o antes do acidente), é importante discu- tir, também, o que acontece no pós-acidente, com o funcionário e com a família, as alterações na vida e no trabalho e os impactos que isso traz. A análise das consequências de um acidente devido à não obediência das regras pode sensibilizar para o desenvolvimento de atitudes seguras. 10 Depoimentos de acidentados, por exemplo, e de pessoas de sua família após o acidente podem ser, também, recursos de ensino para determinar a importância de atitudes seguras na operação das máqui- nas, ou seja, um acidente é um fato que requer ser contextualizado, quais as situações, comportamentos e atitudes que o geram e o que ele produz como resultado. O acidente não se encerra em si mesmo, mas tem sérias consequên- cias sociais, familiares, econômicas, de vida, em geral, para a pessoa. Os funcionários que serão treinados em Segurança apresentam dificuldade de leitura. Qual o cenário e os recursos que poderiam ser usados no Treinamento? O cenário, por exemplo, pode ser o ambiente em que transitam os operadores, e os recursos podem ser vídeo ou uma animação do possível acidente. Em situações em que se deseja mobilizar a emoção, o texto pode ser menos eficaz que um vídeo, um filme ou uma animação, por exemplo. Para a simulação de um acidente, talvez o melhor seja uma animação que permite detalhar as peças, o que acontece com a máquina e com o operador, sem colocar ninguém em risco. O vídeo pode ser o melhor recurso para depoimentos de acidentados e de outros profissionais. A animação como escolha para representar o acidente gera outras decisões, por exemplo, a representação será explícita, com morte, sangue, ou apenas irá insinuar o que pode ter acontecido? Para cada uma dessas decisões no DI é preciso pesquisar, analisar, refletir para que a escolha seja adequada e fundamentada. Como saber se as condições de ensino estão propiciando a aprendizagem? Em todo o pro- cesso, é necessário pensar como será a avaliação. No exemplo do Curso sobre Segurança, é preciso saber se o aluno aprendeu a relação entre a desobediência da regra de segurança e o acidente. Para isso, é importante que ele seja avaliado no mesmo contexto da sua aprendizagem. Por exemplo, ele pode analisar o comportamento de vários ope- radores e identificar os que estão desenvolvendo atitudes seguras e o que não estão, justificando sua escolha. Ele pode, ainda, analisar o comportamento de um operador e iden- tificar a regra de segurança desobedecida e qual acidente pode ocorrer. 11 Competências do Designer Educacional/Instrucional UNIDADE Os elementos de um projeto de DI contemplam a análise da demanda, o conhecimento e a análise das características do aprendiz, definição clara dos objetivos da aprendizagem, o recorte do conteúdo necessário, a seleção e a produção dos recursos de aprendizagem e as formas e instrumentos de avaliação. Em Síntese O ambiente virtual é flexível e permite o desenvolvimento de pro- postas inovadoras, mas isso depende da análise e da imaginação dos designers instrucionais. O DI deve oferecer condições para o aprendiz interagir com o ambiente, não apenas por um ativismo sem significado, mas refletindo e observando as possíveis consequências de sua escolha. Além da interação com o ambiente, com os recursos de ensino, o DI deve contemplar atividades que estimulem a interação com os colegas e com o docente. As atividades devem ser individuais ou em grupo? Depende da concepção de aprendi- zagem que orienta o DI. Pode ser aprendizagem autogerida, colaborativa ou mista. Em geral, os DIs contemplam atividades individuais e em grupo. Mas, como vimos, dependendo da situação e das características do público, pode-se optar por uma ou outra. Quaisquer que sejam elas, devem ser significativas e não devem apenas estimular a memorização. Consulte o Material Complementar e veja os Materiais Didáticos usados em dois Cursos Superiores premiados em 2017. Outro elemento importante do DI refere-se à sua implantação. Por que um protótipo de um Curso ou uma experiência piloto é importante? É uma opor- tunidade para avaliar os problemas que podem surgir do ponto de vista da aprendizagem, do conteúdo, das situações de ensino previstas e dos recursos ofertados, entre outros. O ideal é que um protótipo do curso seja testado por alunos, especialistas e futuros tutores. O acompanhamento da experiência piloto, a definição do papel dos atores envolvidos, a elaboração de instrumentos de coleta de informações também devem compor o DI. A experiência piloto deve gerar relatório com análise e sugestões para possíveis alterações. 12 A possibilidade de uma experiência piloto, a testagem do protótipo do Curso e as possíveis reformulações permitem a obtenção de um produto melhor, com mais qualidade, para o grande público. A realização do Curso Piloto por futuros tutores e professores per- mite que se apropriem do Curso e avaliem as dificuldades enfrentadas pelos alunos, preparando-se para um suporte mais efetivo. Muitas vezes, também é necessário prever no DI um Plano de Ca- pacitação para Tutoria (professores, coordenadores e tutores). 13 Competências do Designer Educacional/Instrucional UNIDADE Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Curso de Gastronomia O Curso foi premiado em 2017, pela ABED (Associação Brasileira de Educação a Distância), em função dos recursos didáticos utilizados. No final do texto, há um link para um vídeo que mostraos Materiais Didáticos usados, com duração aproximada de 3 minutos. As informações estão disponíveis no link a seguir. https://goo.gl/KTz9KY Educação a distância: trama e fios PALANGE, Ivete. Tramas e fios: concepção, produção e implantação de ações educativas. Esse livro digital permite download gratuito, tem como finalidade orientar o leitor iniciante em Educação a Distância sobre aspectos de estudo e a prática dessa modalidade de ensino. https://goo.gl/Y6hRBQ Livros Design Instrucional: Conceitos e Competências KENSKI, Vani. Design Instrucional: conceitos e competências. In: Design Instrucional para cursos online. São Paulo: SENAC, 2015. Nesse capítulo, a autora detalha as competências essenciais e avançadas do Designer Educacional da lista do IBSTPI. Design Instrucional ou Educacional MATTAR, João. Design Instrucional ou Educacional. In: Design Educacional: Educação a Distância na prática. São Paulo: Artesanto Educacional, 2014. Nesse capítulo, o autor apresenta o detalhamento das atividades propostas na CBO para o Designer Educacional. Designer Educacional: A Importância desse Profissional BARDY, L. R.; SANTOS, D. A. N. Designer Educacional: a importân- cia desse profissional. In: Colloquium Humanarum, v. 13, n. Especial, jul.-dez., 2016, p. 244-248. Disponível em: <https://goo.gl/6LLm7g>. Acesso em: jan. 2018. É um trabalho final de duas alunas de um Curso de Pós-graduação que, com base em Material Bibliográfico, apresentam a importância do profissional de Designer Instrucional. 14 Vídeos O que faz um Designer Instrucional? Uma animação de menos de 2 minutos que resume as atividades do Designer Instrucional. Apesar de ser a propaganda de uma Empresa, apresenta informações de forma criativa. https://youtu.be/fHG4yedCdZk Orientação para o Mercado de Trabalho Vídeo, com duração de 8 minutos, do Sistema Nacional de Emprego (SINE) apresenta a diferença entre trabalho e emprego e algumas competências necessárias para o Mercado. É um vídeo para a compreensão geral, e não específica para o Designer Instrucional. https://youtu.be/xWs95oRJSWo O canal Futura documentou uma série de experiências inovadoras em educação no Brasil e no mundo. Aqui, selecionamos algumas delas, entre outros vídeos. Projeto Âncora (Brasil) A descrição desse Projeto Educacional, com depoimento de educadores e alunos que participam dele, tem a duração de 50 minutos https://youtu.be/kE6MlnwML8Y Escola Nave (Brasil) Documentário sobre uma Escola que oferece Cursos Técnicos voltados para o desenvolvimento de jogos que levam a grandes projetos. A duração é de 50 minutos https://youtu.be/c1gYpLIoYis Eggers Dave Uma vez em uma Escola – Palestra realizada em 2008 por Dave Eggers sobre sua experiência de Laboratório de Escrita com diversos voluntários, em que criou uma loja de suprimentos de pirata. Ele solicita o engajamento da plateia em apoio à Escola Pública para a melhoria da aprendizagem dos alunos. A palestra dura 24 minutos. Essa experiência tem se multiplicado pelo mundo. https://youtu.be/qCGOyvq7x1Y Ritaharju School Essa Escola localiza-se na Finlândia e, além de Escola, funciona como centro comunitário. Alunos são divididos em cores para ensino personalizado. A duração é de 50 minutos com depoimentos de educacores e alunos. https://youtu.be/vQpOAeYZqWU Escola Lima Amorim Escola Municipal de Ensino Fundamental Amorim Lima, instituição localizada no Butantã, em São Paulo. Ao adotar os princípios de uma Escola Democrática, eliminaram aulas expositivas, provas, quebra- ram as paredes das escolas e todos ensinam e aprendem. A duração é de aproximadamente 8 minutos. https://youtu.be/j3uLg41rWlc 15 Competências do Designer Educacional/Instrucional UNIDADE Educação a distância Reportagem do programa Mundo S/A sobre Educação a Distância, realizado em 2015, em que são entrevistados gestores, professores e alunos de Cursos EAD de Universidades que desenvolvem programas de EAD. https://youtu.be/TYZJGvcCjOA Leitura Competências do DI A lista completa das competências do DI (em inglês), revistas em 2012 pelo IBSTPI. https://goo.gl/q4DkVx Competências do DI listadas pelo IBSTPI Competências do DI listadas pelo IBSTPI, em 2002, por Hermelina Romiszowski. https://goo.gl/DGxtqV 16 Referências CHRISTENSEN, C. M.; HORN, M. B.; JOHNSON, C. W. Inovação na sala de aula: como a inovação disruptiva muda a forma de apren- der. Porto Alegre: Bookman, 2012. DESTRO, W. G. A. Questões Éticas em Design Instrucional. 2017. Disponível em: <http://www.desenhodidatico.com.br/ques- toes-eticas-em-Design-instrucional/>. Acesso em: jan. 2018. FILATRO, Andrea. Design Instrucional na Prática. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008. KENSKI, V. Design Instrucional: conceitos e competências. In: De- sign Instrucional para cursos online. São Paulo: SENAC, 2015. MINISTÉRIO de Trabalho e Emprego. Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Disponível em: <http://www.mtecbo.gov.br/ cbosite/pages/home.jsf>. Acesso em: jan. 2018. MOORE, M. Theory of Transactional Distance. New York: Rout- ledge, 1993. p. 23-5. NOSSA Escola em (Re)Construção. Pesquisa realizada pela Porvir/ Inspirare. Relatório com os resultados. Disponível em: <http://por- vir.org/nossaescolarelatorio/>. Acesso em: fev. 2018. PALANGE, Ivete. Os métodos de preparação de cursos online. In: LITTO, Fredric Michael; FORMIGA, Manuel Marcos M. (org.). Edu- cação a distância: estado da Arte. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009. ________. Produção de DI para EAD: aprendizagem autodirigida, aprendizagem colaborativa, conectivismo e modelo ADDIE. 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