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APOSTILA ANATOMIA E ALTERAÇOES HORMONAIS NA CITOLOGIA

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CITOLOGIA CLÍNICA
ANATOMIA E ALTERAÇÕES HORMONAIS NA CITOLOGIA
Sumário
CITOLOGIA CLÍNICA	1
ANATOMIA E ALTERAÇÕES HORMONAIS NA CITOLOGIA	1
1.0 INTRODUÇÃO	2
2.0 DEFINIÇÃO CITOLOGIA CLÍNICA	3
3.0 QUAL A FINALIDADE DO EXAME DE CITOLOGIA?	4
	4
4.0 TEORIA CELULAR .....................................................................................22
5.0 DIFERENÇAS ENTRE CÉLULAS ..............................................................23
6.0 ALTERAÇÕES HORMONAIS NA CITOLOGIA .........................................27
7.0 UROCITOGRAMA .....................................................................................30
8.0 CONCLUSÃO ............................................................................................34
9.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................35
1.0	INTRODUÇÃO
Uma vez que esse câncer está fortemente associado a condições de vida precária, baixos índices de desenvolvimento humano, ausência ou fragilidade das estratégias de educação comunitária (promoção e prevenção em saúde) e à dificuldade de acesso a serviços públicos de saúde para diagnóstico precoce e tratamento das lesões precursoras, altas taxas de incidência do câncer do colo do útero são comumente observadas em países pouco desenvolvidos.
Em países desenvolvidos, a sobrevida média estimada em cinco anos varia de 59 a 69%. Nos países em desenvolvimento, os casos são encontrados em estágios relativamente avançados e, consequentemente, a sobrevida média é de cerca de 49% após cinco anos.
O exame citopatológico é um método amplamente utilizado para a detecção de lesões pré-malignas e malignas do colo uterino. Este exame também é capaz de identificar morfologicamente agentes microbiológicos bem como alterações citopáticas que alguns agentes podem causar. O objetivo deste trabalho foi avaliar a importância do exame citológico, na detecção de agentes infecciosos pelo estudo da prevalência destes agentes encontrados em esfregaços cérvico-vaginais de mulheres atendidas nos Ambulatórios de Ginecologia e Obstetrícia do HUSM durante o período de janeiro de 2002 a dezembro de 2003. Neste sentido, foram analisados os dados registrados nos prontuários pertencentes ao HUSM bem como os laudos dos exames citológicos. Nas 2006 amostras analisadas, verificou-se que a predominância de colonização de bacilos de Döederlein (flora normal) - 34,45%, no trato genital feminino inferior das pacientes do HUSM. Entre os agentes infecciosos, a G. vaginalis foi a mais prevalente (8,03%), sendo 20-30 anos a faixa etária mais acometida. No grupo das gestantes a Candida spp (44,93%) foi o patógeno predominante. Em pacientes portadoras do vírus HIV tanto a G. vaginalis como a Candida spp foram as mais prevalentes. Do total de exames analisados, 7,12% apresentaram alterações desde ASCUS, lesão pré-maligna e maligna nas células escamosas e dentre estes foi encontrado um número significativo de patógenos. Os dados obtidos mostram um elevado número de agentes microbiológicos encontrados com o exame citológico e comprovam a importância e eficácia do método no diagnóstico e detecção destes agentes.
2.0	DEFINIÇÃO CITOLOGIA CLÍNICA
O que é citologia clínica?
O que é a Citopatologia ou Citologia Clínica? Por definição é a ciência que lida com estudos, pesquisas e diagnósticos que se realizam por meio de análises microscópica de amostras com células, ou seja, a patologia celular.
3.0 QUAL A FINALIDADE DO EXAME DE CITOLOGIA?
O que é Citologia e para que serve. O exame de citologia é a análise de líquidos e secreções do corpo, através do estudo das células que compõem a amostra no microscópio, podendo detectar a presença de sinais de inflamação, infecção, sangramentos ou de câncer.
3.1 Conceitos gerais
A Citopatologia é a ciência que estuda as doenças através das modificações celulares, considerando as suas características citoplasmáticas e nucleares. Essa ciência desenvolveu-se através da aquisição de inúmeros conhecimentos científicos e à introdução de novas tecnologias, desde a invenção do microscópio óptico convencional às técnicas de processamento e coloração dos espécimes, propiciando melhor detalhamento e estudo das estruturas celulares. Atualmente outras técnicas complementares, tais como métodos de análise celular automatizada, técnicas de biologia molecular e sistemas computacionais, são aplicadas ao exame citológico tradicional, ampliando as suas indicações e confiabilidade diagnóstica.
3.2 Histórico
É creditado a Sir Julius Vogel (1843) o primeiro relato quanto à aplicação da citologia como meio diagnóstico. Ele identificou células malignas em líquido de uma fístula drenando um grande tumor mandibular.
Em 1845, Henri Lebert registrou o aspecto morfológico de células aspiradas de tumores. Donaldson em 1853, num reporte sobre a aplicação prática do microscópio para o diagnóstico de câncer, descreveu as características citológicas de amostras obtidas da superfície de corte de tumores. O prof. Lionel S. Beale (1850) e o Dr. Lambl de Praga descreveram células malignas em escarro e urina, respectivamente.
Apesar desses relatos iniciais promissores, a citopatologia não progrediu como ciência. Provavelmente os avanços técnicos superiores no processamento e na coloração das secções histológicas dissipou a atenção pela citologia, superdimensionando as suas limitações, sendo encarada durante muito tempo como mera curiosidade pela maioria dos patologistas.
Foi somente na segunda metade do século XX que a citopatologia se firmou como ciência, graças especialmente ao trabalho do Dr. George Papanicolaou (1883-1962). Este nasceu em Kyme, na Grécia, estudou em Atenas, diplomando-se em medicina. Decidiu devotar a sua vida à pesquisa em vez de atuar profissionalmente como médico “de família”. Assim, foi para a Alemanha, obtendo um ph.D. na Universidade de Munique, em 1910. A sua carreira profissional foi interrompida quando em 1912 foi convocado para prestar serviço no exército grego na guerra dos Balcãs contra a Turquia. Neste período, conviveu com soldados greco-americanos que descreviam a América como uma terra de oportunidades. Entusiasmado com esses relatos, imigrou juntamente com a sua esposa para os Estados Unidos em 1913, sem qualquer plano definitivo de como concretizar as suas ambições de pesquisa em biologia e medicina.
Em 1914 obteve o cargo de assistente do departamento de anatomia na Cornell Medical School, em Nova Iorque, onde desenvolveu a maior parte do seu trabalho até 1949. A partir daí atuou como diretor do Instituto de Câncer de Miami, renomeado posteriormente Instituto de Pesquisa de Câncer Papanicolaou. Os estudos iniciais de Papanicolaou tinham como alvo esfregaços vaginais de animais de laboratório e posteriormente de mulheres, objetivando conhecer os efeitos hormonais sobre a mucosa vaginal. No decorrer das suas pesquisas, o encontro acidental de células malignas despertou-lhe a atenção, antevendo a possibilidade de a mesma técnica ser empregada na rotina do diagnóstico precoce do câncer cervical. Em 1928, Papanicolaou publicou um artigo sobre os resultados do seu trabalho, intitulado “Novo diagnóstico de câncer”. No final desse artigo, ele previu: “Uma compreensão melhor e uma análise mais precisa do problema do câncer com certeza resultarão da aplicação deste método. É possível que sejam desenvolvidas técnicas análogas para o reconhecimento de câncer em outros órgãos”. Na ocasião o seu trabalho não sensibilizou o meio acadêmico, em parte devido a falta de dados estatísticos na pesquisa.
Interessante observar que, neste mesmo ano de 1928, Aurel Babes, um patologista romeno, de modo independente e desconhecendo as pesquisas de Papanicolaou, publicou um trabalho similar, “Diagnóstico do câncer do colo uterino por esfregaços”, na revista especializada francesa La Presse .
 Figura 1 - George Papanicolaou (1883-1962).
Papanicolaou introduziu e desenvolveu o método conhecido pelo seu nome (teste de Papanicolaou) para a detecção de lesões pré-malignase câncer de colo uterino através do exame citológico. Esses estudos iniciais mereceram pouca divulgação e destaque na comunidade científica. O sentimento da época é expresso pelo proeminente oncologista James Ewing, que considerava o exame citológico supérfluo, já que o colo era acessível com a biópsia. Assim, os trabalhos pioneiros de Babes e Papanicolaou permaneceram no limbo por mais de uma década. Apesar das opiniões pouco encorajadoras, Papanicolaou foi estimulado por Joseph Himsey, diretor do departamento em que trabalhava, a continuar a sua pesquisa, inclusive colocando um laboratório à sua disposição.
Em 1943, foi publicada a monografia agora clássica, intitulada “Diagnóstico de câncer uterino
pelo esfregaço vaginal”, escrita com a colaboração de Herbert Traut, um ginecologista treinado em
Patologia. Esse volume (48 páginas de texto e 11 ilustrações coloridas com descrições) introduziu a técnica de diagnosticar câncer uterino e lesões precursoras pela citologia (método chamado Pap test em homenagem ao próprio Papanicolaou) com ênfase na possibilidade de sua aplicação em grande escala. Dr. Papanicolaou expandiu as fronteiras do seu trabalho em 1954 com a publicação do “Atlas de Citologia Esfoliativa”, com observações minuciosas acerca das características celulares em espécimes ginecológicos e não ginecológicos (escarro, urina, entre outros), em condições normais e patológicas.
É conhecida a dedicação de Papanicolaou ao trabalho ao longo da sua vida, chegando a trabalhar 14 horas por dia, 6,5 dias por semana, gozando férias somente uma vez em 41 anos. Quando questionado sobre esse tema ele justificava: “O trabalho é interessante demais e há tanto para ser feito...”. O proeminente pesquisador, detentor de inúmeras premiações e honrarias, morreu subitamente em 1962 de infarto miocárdico, deixando um importante legado para o conhecimento médico. Outro marco importante para o desenvolvimento da citopatologia foi a modificação da técnica de colheita das amostras citológicas, que passou a utilizar uma espátula (espátula de Ayre) para raspar diretamente as células do colo. A espátula foi especialmente projetada para esse fim e foi desenvolvida pelo médico canadense Ernest Ayre, na década de 1940. Ainda hoje utilizamos o modelo proposto por Ayre, em substituição à colheita das secreções vaginais espontâneas, preconizada pioneiramente por Papanicolaou. O sucesso do teste de Papanicolaou se deve fundamentalmente a seu baixo custo, sua simplicidade técnica e eficácia diagnóstica, sendo introduzido numa época em que o câncer de colo uterino representava a principal causa de morte relacionada ao câncer em mulheres nos Estados Unidos. A prática da citologia Médicale. O mesmo estudo havia sido apresentado anteriormente em 23 de janeiro de 1927, durante uma conferência da Sociedade de Ginecologia de Bucareste. Babes estabeleceu claramente que o método era aplicável no diagnóstico de cânceres precoces, que ainda não tinham invadido o estroma. Ele descreveu as alterações citológicas no câncer cervical de modo tão detalhado que as suas informações são válidas ainda hoje, mais de 80 anos depois.
Esses estudos iniciais mereceram pouca divulgação e destaque na comunidade científica. O sentimento da época é expresso pelo proeminente oncologista James Ewing, que considerava o exame citológico supérfluo, já que o colo era acessível com a biópsia. Assim, os trabalhos pioneiros de Babes e Papanicolaou permaneceram no limbo por mais de uma década. Apesar das opiniões pouco encorajadoras, Papanicolaou foi estimulado por Joseph Himsey, diretor do departamento em que trabalhava, a continuar a sua pesquisa, inclusive colocando um laboratório à sua disposição.
Em 1943, foi publicada a monografia agora clássica, intitulada “Diagnóstico de câncer uterino pelo esfregaço vaginal”, escrita com a colaboração de Herbert Traut, um ginecologista treinado em Patologia. Esse volume (48 páginas de texto e 11 ilustrações coloridas com descrições) introduziu a técnica de diagnosticar câncer uterino e lesões precursoras pela citologia (método chamado Pap test em homenagem ao próprio Papanicolaou) com ênfase na possibilidade de sua aplicação em grande escala. Dr. Papanicolaou expandiu as fronteiras do seu trabalho em 1954 com a publicação do “Atlas de Citologia Esfoliativa”, com observações minuciosas acerca das características celulares em espécimes ginecológicos e não ginecológicos (escarro, urina, entre outros), em condições normais e patológicas.
É conhecida a dedicação de Papanicolaou ao trabalho ao longo da sua vida, chegando a trabalhar 14 horas por dia, 6,5 dias por semana, gozando férias somente uma vez em 41 anos. Quando questionado sobre esse tema ele justificava: “O trabalho é interessante demais e há tanto para ser feito...”.
O proeminente pesquisador, detentor de inúmeras premiações e honrarias, morreu subitamente em 1962 de infarto miocárdico, deixando um importante legado para o conhecimento médico. Outro marco importante para o desenvolvimento da citopatologia foi a modificação da técnica de colheita das amostras citológicas, que passou a utilizar uma espátula (espátula de Ayre) para raspar diretamente as células do colo. A espátula foi especialmente projetada para esse fim e foi desenvolvida pelo médico canadense Ernest Ayre, na década de 1940. Ainda hoje utilizamos o modelo proposto por Ayre, em substituição à colheita das secreções vaginais espontâneas, preconizada pioneiramente por Papanicolaou.
O sucesso do teste de Papanicolaou se deve fundamentalmente a seu baixo custo, sua simplicidade técnica e eficácia diagnóstica, sendo introduzido numa época em que o câncer de colo uterino representava a principal causa de morte relacionada ao câncer em mulheres nos Estados Unidos. A prática da citologia Médicale. O mesmo estudo havia sido apresentado anteriormente em 23 de janeiro de 1927, durante uma conferência da Sociedade de Ginecologia de Bucareste. Babes estabeleceu claramente que o método era aplicável no diagnóstico de cânceres precoces, que ainda não tinham invadido o estroma. Ele descreveu as alterações citológicas no câncer cervical de modo tão detalhado que as suas informações são válidas ainda hoje, mais de 80 anos depois, gerou um grande impacto, modificando o perfil dessa situação. Já na década de 1970, a incidência e a mortalidade por câncer de colo no Estados Unidos diminuíram para quase metade dos casos em relação às taxas de 1930. Apesar do grande sucesso do teste de Papanicolaou nesse e em outros países ricos, infelizmente o procedimento ainda não é aplicado rotineiramente, de forma sistemática, em muitos países em desenvolvimento. Prova disso é que 500 mil mulheres são diagnosticadas com câncer de colo no mundo, com aproximadamente 200 mil mortes pela doença a cada ano. Análises estatísticas mostram que 85% desses casos ocorrem nos países em desenvolvimento. No Brasil, no ano de 2010, a incidência de câncer de colo foi de 49.240, e a mortalidade chegou a 18.430 casos. Já nos Estados Unidos, em 2010 a incidência de câncer de colo foi de 12.200, e a mortalidade de 4.210 casos. Esses dados comprovam que o exame de Papanicolaou ainda é a estratégia mais eficaz na detecção de câncer e dos seus precursores, não existindo na atualidade nenhum teste superior na erradicação do câncer cervical. A citopatologia foi incorporada à prática médica da contemporaneidade no diagnóstico de doenças em vários órgãos e sistemas, sendo uma disciplina bem estabelecida.
3.4 Tipos de descamação celular
 A descamação celular pode ser de dois tipos: espontânea ou natural e artificial. Como exemplos de descamação natural, temos a urina e o escarro. Na descamação artificial, as células são removidas com a utilização de algum instrumento. É o que acontece no teste de Papanicolaou, em que as amostras citológicas são obtidas através do raspado da ectocérvice e do escovado da endocérvice, utilizando-se a espátula de Ayre e a “escovinha”, respectivamente. As células viáveis que são traumaticamente esfoliadas, são menores e com menorgrau de maturação que as células descamadas naturalmente.
Os objetivos do exame citopatológico incluem:
• Identificação de doenças não suspeitadas clinicamente.
• Confirmação de doenças clinicamente suspeitas.
• Acompanhamento da evolução ou resposta ao tratamento de determinada doença.
Por se tratar de um procedimento diagnóstico não invasivo sem complicações para a paciente, além do seu baixo custo e eficácia diagnóstica, a citopatologia é considerada o método de eleição no rastreamento do câncer cervical.
Contudo, limitações são comuns a todos os métodos diagnósticos. Com relação à citopatologia, os seus aspectos negativos compreendem o tempo excessivamente longo na interpretação das amostras, a natureza algo subjetiva da interpretação e a impossibilidade de assegurar a invasão ou extensão da invasão no caso de lesão maligna. Deve ser realçado que a avaliação histopatológica é essencial no diagnóstico definitivo das lesões pré-cancerosas e malignas do colo uterino, detectadas pelo exame citológico.
 Princípios básicos da anatomia do trato genital feminino
O sistema genital feminino é constituído por um conjunto de órgãos que apresenta como função principal a reprodução feminina. É anatomicamente composto por:
• Órgãos genitais externos, ou vulva.
• Gônadas, ou ovários.
• Tubas uterinas.
• Útero.
• Vagina.
• Clitóris e bulbo do vestíbulo.
• Glândulas anexas: vestibulares maiores e menores.
A genitália externa contém um conjunto de formações que protegem o orifício externo da vagina e o meato uretral ou urinário. Pode ser dividido nas seguintes partes: clitóris, vestíbulo, pequenos e grandes lábios.
Os ovários são as gônadas femininas, que apresentam variações de tamanho de acordo com cada indivíduo ou com a fase do ciclo menstrual em que se encontram. Estão situados na cavidade pélvica, um a cada lado do útero, e interligados pelas trompas uterinas. São responsáveis pela produção dos hormônios sexuais femininos (progesterona e estrógeno), assim como pela produção do gameta feminino.
 Os ovários são revestidos por um epitélio simples cúbico intercalado com áreas de epitélio pavimentoso. A túnica albugínea fi ca logo abaixo deste epitélio e se caracteriza pela presença de tecido conjuntivo denso sem vasos, pois são nessas estruturas medulares e corticais que encontramos as células intersticiais, ou de Leydig, responsáveis pela produção dos hormônios sexuais através dos estímulos das gonadotrópicos.
 A região medular do ovário é formada por tecido conjuntivo frouxo, vasos sanguíneos e células hilares (intersticiais); e a região cortical é rica em folículos ovarianos (ovócitos), corpo-lúteo e células intersticiais.
 As alterações ovarianas durante o ciclo sexual dependem dos hormônios gonadotrópicos, FSH e LH. Os ovários que não são estimulados por esses hormônios permanecem inativos, assim como acontece na infância, quando quase nenhum hormônio é secretado.
As mulheres já nascem com seu total de folículos definidos, já na fase embrionária. Ao chegar à menarca apresentam cerca de 400 mil folículos nos dois ovários, porém com o decorrer do tempo eles vão entrando em um processo de morte celular programada (apoptose), denominada de atresia folicular.
 A cada ciclo menstrual, cerca de 1.000 folículos são recrutados para amadurecimento, porém, em geral, apenas um ovócito é liberado a cada ciclo, e os outros demais se degeneram. Com o decorrer da idade ocorre um esgotamento progressivo dos folículos ovarianos.
 Na mulher com ciclo menstrual normal de 28 dias, a ovulação acontece no 14° dia após o início da menstruação, caracterizando o período fértil. Depois da ovulação o folículo se transforma em corpo-lúteo, o que impede que ocorra uma nova ovulação.
As tubas uterinas são as estruturas que ligam o útero aos ovários, através das fímbrias. Podem ser divididas em quatro partes: a intramural, o istmo, a ampola e o infundíbulo. Suas paredes são constituídas por três camadas — a mucosa, a muscular e a serosa —, que irão promover sua função de captar o ovócito liberado pelo ovário e conduzi-lo na direção do útero.
O útero é o órgão responsável por receber o óvulo fecundado, nutri-lo e protegê-lo para que o feto se desenvolva adequadamente.
 Estruturalmente o útero é formado por três camadas: a mais interna, ou endométrio, que é revestida por uma mucosa responsável pela produção do muco; a média, ou miométrio, que é formada por uma espessa parede, rica em fibras musculares lisas e em fibras colágenas; e a mais externa, ou perimétrio, que é uma camada serosa.
 De acordo com o estímulo hormonal proporcionado pelos hormônios ovarianos, o endométrio varia de forma, isto é, na ausência ou diminuição da atividade hormonal, essa camada vai se encontrar fina e atrofiada, e em grande atividade hormonal, passa a ficar desenvolvida com modificações cíclicas de acordo com a fase do ciclo menstrual em que se encontra. Temos três fases endometriais: a proliferativa, a secretora e a menstrual.
Internamente, o útero é um órgão oco, fibromuscular, e suas dimensões variam de acordo com a idade, estimulação hormonal e o número de gestações. É dividido em:
 • Corpo do útero, região que demonstra maior volume e apresenta forma triangular.
 • Colo do útero, região mais estreita, em forma de canal, conhecida como canal cervical, ou cérvice.
 • Istmo do útero, que é a região que se encontra na parte inferior do corpo do útero.
 • Fundo do útero, região que fica acima do eixo que liga as duas implantações das tubas uterinas.
O colo uterino é delimitado por dois orifícios conhecidos como: óstio interno, que fica em contato com o istmo do útero; e o óstio externo, que se liga com o canal vaginal. 
 Citologia do colo do útero.
 Anatomia normal do colo do útero.
A parede do colo do útero é formada por duas camadas, sendo elas: a endocérvice e a ectocérvice.
A endocérvice é uma camada mucosa, constituída por um epitélio colunar simples mucossecretor, que é responsável pela produção do muco cervical; e a ectocérvice é constituída por um epitélio escamoso estratificado não queratinizado, que se assemelha ao da vagina. A ligação da ectocérvice e da endocérvice recebe o nome de junção escamocolunar (JEC), podendo ter sua localização modificada de acordo com o estado hormonal, gestacional, parto vaginal e/ou trauma.
A vagina é um órgão tubular musculomembranoso, que se estende do óstio externo do útero até o vestíbulo da genitália externa, com comprimento que varia de 7 a 9 cm. Tem como funções permitir a passagem do feto durante o parto, a descamação do sangue do fluxo menstrual mensal e a penetração do pênis na relação sexual.
 Estruturalmente é constituída por uma parede formada por três camadas: a mucosa, a muscular e a adventícia.
 O clitóris, bulbo do vestíbulo e as glândulas anexas são estruturas acessórias que compõem o sistema genital feminino e são de fundamental importância na sexualidade feminina e na produção das secreções mucocervicais.
 Indicações e periodicidade do exame de Papanicolaou
 A realização periódica do exame citopatológico continua sendo a estratégia mais adotada e mais eficiente no rastreamento do câncer do colo do útero. É aconselhável a realização do exame de Papanicolaou a partir do início da atividade sexual. Contudo, no âmbito da saúde pública, considerando principalmente a questão do custo-benefício, há regulamentações específi cas. De acordo com as Diretrizes Brasileiras para o Rastreamento do Câncer do Colo do Útero pelo MS/Inca, de 2011, o exame deve ser priorizado para mulheres com atividade sexual e idade entre 25 e 60 anos. 
 Quanto à periodicidade, é indicada a sua realização anual, e após dois exames anuais com resultados negativos, a cada três anos. Essa recomendação é baseada na história natural do câncer de colo do útero, que apresenta uma evolução lenta, o que permite a detecção precoce das lesões pré-cancerosas e o seu tratamento efetivo, com margem ampla de segurança para a paciente.
 A partir dos 64 anos de idade, a realizaçãodo exame de Papanicolaou pode ser interrompida, desde que a mulher tenha dois resultados citológicos negativos consecutivos nos últimos cinco anos. Para mulheres com mais de 64 anos de idade e que nunca foram avaliadas através do exame citopatológico, é necessário realizar dois exames com intervalo de um a três anos. Se ambos forem negativos, essas mulheres podem ser dispensadas de exames adicionais.
 Em pacientes que apresentam lesões pré-cancerosas, o seguimento citológico será semestral. Após o tratamento da lesão e depois de dois exames citológicos com resultados negativos, a paciente passa a realizar o teste de Papanicolaou a intervalos anuais, a cada três anos.
 Procedimentos técnicos e laboratoriais: 
 Normas de colheita das amostras cervicovaginais
 As seguintes orientações devem ser fornecidas às pacientes antes da colheita das amostras citológicas:
• Não estar menstruada.
• Não realizar duchas vaginais e não usar drogas intravaginais (creme, óvulo) nas 48 horas que
antecedem o exame.
• Abstinência sexual nas 48 horas que antecedem o exame.
 Preenchimento de ficha da paciente:
Antes da colheita das amostras citológicas é fundamental o preenchimento de ficha com os dados da paciente, que incluem:
• Dados pessoais: nome completo, idade, endereço, telefone e número do documento de identificação se corresponder a exame do SUS.
• Dados do médico que solicitou o exame: nome completo e telefone. No caso de exame do SUS, às vezes só há a identificação do profissional que colheu a amostra citológica, devendo constar na requisição do exame.
• Dados clínicos da paciente.
- Data da última menstruação.
- Paridade.
- Queixas clínicas, especialmente sangramento vaginal anormal.
- Uso de contraceptivos.
- Referência a terapia de reposição hormonal.
- Data do último exame preventivo.
- Resultados de exames citopatológicos e histopatológicos do colo/vagina prévios.
- Procedimentos terapêuticos anteriores (cauterização, cirurgia, quimio e/ou radioterapia).
• Dados macroscópicos da vagina/colo e colposcópicos se forem disponíveis.
 Colheita das amostras citológicas:
Antes da colheita, devem ser disponibilizadas lâminas de vidro identificadas com as iniciais e/ou número de registro da paciente (extremidade fosca da lâmina), previamente limpas e desengorduradas com gaze umedecida com álcool. Ainda são necessárias espátula de Ayre para a colheita das amostras da ectocérvice e da vagina através de “raspados” e escovinha para a colheita da endocérvice. Devem ser acessíveis ainda tubos de plástico contendo etanol a 95% para acondicionar os esfregaços e obter a sua fixação imediata.
A chamada colheita tríplice foi preconizada há longos anos e ainda é utilizada em muitos serviços.
Nesta modalidade de colheita, as amostras obtidas do fundo de saco posterior da vagina, da ectocérvice e da endocérvice são distribuídas na mesma lâmina. As vantagens da técnica compreendem o seu baixo custo, a rapidez da avaliação microscópica e a sua efetividade diagnóstica. Contudo, é necessário um treinamento adequado para garantir a boa qualidade dos espécimes, evitando artefatos de esmagamento e dessecação do material.
A colheita do fundo de saco posterior da vagina é particularmente importante nas mulheres peri e pós-menopausadas, uma vez que o fundo de saco vaginal pode ser um reservatório de células malignas originadas especialmente de tumores do endométrio, do ovário e das trompas. Por outro lado, a colheita vaginal é também de interesse para a identificação de micro-organismos patogênicos.
Apesar das vantagens atribuídas à colheita tríplice, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) recomenda apenas a colheita dupla (ectocérvice e endocérvice), uma vez que o objetivo do exame é o rastreio das lesões pré-cancerosas do colo.
a - Colheita do fundo de saco posterior da vagina.
b - Colheita da ectocérvice.
2 Procedimentos Técnicos e Laboratoriais
 O espéculo vaginal sem lubrificante (para evitar contaminação da amostra) é introduzido para a visualização do colo. Depois de remover com algodão o excesso de muco, secreção ou sangue, a espátula de Ayre é apoiada no canal endocervical, sendo executado um raspado na junção escamocolunar (JEC) através de movimento de rotação de 360º. A amostra do fundo de saco posterior da vagina também é obtida através de raspado, com a extremidade romba da espátula de Ayre. A espátula é deixada em repouso sobre o espéculo e imediatamente é realizada a colheita do material endocervical. A escovinha designada especialmente para essa finalidade é inserida através do orifício cervical externo, sendo executada uma rotação completa no canal que pode ser finalizada com um movimento de vai e vem, com cuidado para não traumatizar a mucosa, evitando sangramento.
Há maior dificuldade na colheita das amostras em mulheres pós-menopausadas devido ao dessecamento das mucosas pela diminuição fisiológica das secreções glandulares. Neste caso, o esfregaço pode conter escassa celularidade e alterações degenerativas concomitantes, devendo ser categorizada como insatisfatória para a avaliação. O uso vaginal de estrógenos conjugados ou estriol, com repetição do exame citológico sete dias depois da interrupção do tratamento é aconselhável, fornecendo geralmente amostra de boa qualidade, com celularidade representativa.
Em mulheres histerectomizadas (remoção do útero), a colheita das amostras é realizada através do raspado da cúpula e das paredes vaginais.
 Coloração das amostras citológicas
O método de coloração foi elaborado pelo próprio Papanicolaou, com várias modificações ao decorrer dos anos. Consiste na aplicação de um corante nuclear, a hematoxilina, e dois corantes citoplasmáticos, o Orange G6 e o EA (eosina, verde-luz ou verde-brilhante e pardo de Bismarck).
A hematoxilina cora o núcleo em azul. O verde-brilhante cora o citoplasma em verde-azul das células escamosas parabasais e intermediárias, células colunares e histiócitos. A eosina cora em rosa o citoplasma das células superficiais, nucléolos, mucina endocervical e cílios. O Orange G6 cora as hemácias e as células queratinizadas em laranja-brilhante. Após a coloração do esfregaço segue-se a etapa conhecida como clareamento, que promove a transparência celular. O xilol, um solvente orgânico, é utilizado para esse fim.
A Citologia ou Biologia Celular é o ramo da Biologia que estuda as células.
A palavra citologia deriva do grego kytos, célula e logos, estudo.
A citologia foca-se no estudo das células, abrangendo a sua estrutura e metabolismo.
O nascimento da citologia e a invenção do microscópio são fatos relacionados. Em 1663, Robert Hooke cortou um pedaço de cortiça e observou ao microscópio. Ele notou que existiam compartimentos, os quais ele denominou de células.
A partir daí, a citologia começou a desenvolver-se como ciência. O avanço dos microscópios contribuiu para que as estruturas das células fossem observadas e estudadas.
4.0 Teoria Celular
O estabelecimento da Teoria Celular foi possível graças ao desenvolvimento da microscopia.
A Teoria Celular apresenta postulados importantes para o estudo da Citologia:
Todos os seres vivos são constituídos por células;
As atividades essenciais que caracterizam a vida ocorrem no interior das células;
Novas células se formam pela divisão de células preexistentes através da divisão celular;
A célula é a menor unidade da vida.
As células são classificadas basicamente em eucariontes e procariontes. A principal diferença entre esses dois tipos está na estrutura celular.
A célula procariótica caracteriza-se pela ausência de núcleo e estrutura simples. Já a célula eucariótica tem núcleo definido e estrutura mais complexa.
Há mais de 3,5 bilhões de anos acredita-se que surgiu a primeira célula procariótica. Durante muito tempo os organismos existentes foram formados por esse tipo celular até que a evolução fez surgir a célula eucariótica há 1,7 bilhão de anos.
5.0 Diferenças entre células eucariontes e procariontes:
Células eucarióticas, eucariontes ou eucélulas são mais complexas do que as procarióticas,pois possuem membrana nuclear individualizada e vários tipos de organelas. Uma célula eucariótica possui verdadeiro núcleo; ou seja, possui um envoltório nuclear que protege o material genético; que contém um ou mais nucléolos.
Células procariontes são células que apresentam membrana plasmática, parede celular, citoplasma, material genético denominado nucleoide, e elas não tem núcleo. Elas não possuem uma fina "pele" que envolve seu núcleo, chamada de envoltório ou envelope nuclear, responsável por manter o material genético reservado.
Ao compararmos as células procariontes e eucariontes percebemos algumas semelhanças, como a presença dos componentes básicos: material genético, citoplasma e membrana celular.
Entretanto, esses tipos celulares diferem em muitos aspectos.
A Anatomia da Citologia, esse ramo da ciência, também conhecido como citologia, tem como objeto de estudo as células, abrangendo a sua estrutura (morfologia ou anatomia) e seu funcionamento (mecanismos internos da célula). As células são a unidade fundamental da vida.
A membrana plasmática de uma célula possui como função principal controlar o que entra e o que sai dessa estrutura. Graças a essa importante característica, dizemos que ela possui permeabilidade seletiva. O modelo que melhor representa a estrutura da membrana atualmente é o modelo do mosaico fluido, que admite que ela é formada por uma bicamada fosfolipídica onde estão imersas proteínas.
O citoplasma é um líquido viscoso presente entre o núcleo e a membrana onde estão localizadas as organelas, que são estruturas responsáveis pelas mais variadas funções da célula. Analisando as organelas celulares, também é possível perceber a diferença entre uma célula eucariótica e uma procariótica. Nessas últimas são encontrados apenas ribossomos, enquanto nas eucarióticas uma variada gama de organelas é observada.
Veja a seguir as principais organelas visualizadas em uma célula:
→ Retículo endoplasmático liso – Relaciona-se, principalmente, com a síntese de lipídios e carboidratos.
→ Retículo endoplasmático rugoso – Responsável pela síntese intensa de proteínas.
→ Ribossomo – Relaciona-se com a síntese de proteínas.
→ Complexo Golgiense – Possui como principal função a secreção celular.
→ Mitocôndrias – Envolvidas no processo de respiração celular.
→ Lisossomo – Organela exclusiva das células animais, o lisossomo está relacionado com a digestão intracelular.
→ Centríolo – Possui importante papel na divisão celular. 
→ Peroxissomo – Destrói substâncias tóxicas.
→ Cloroplasto – Atua no processo de fotossíntese, não sendo encontrado, portanto, nas células animais.
→ Vacúolo – Relacionado com a digestão intracelular e acúmulo de substâncias.
Desde o entendimento de que os seres vivos são formados por células até os dias atuais, muito conhecimento sobre a Biologia Celular foi adquirido. Apesar disso, ainda faltam muitos estudos a serem realizados.
Uma célula, de acordo com o controle genético, possui forma relacionada com a função que desempenha. Nos vegetais, a morfologia é limitada em razão da presença da parede celulósica conferindo angulosidades às células com aspecto romboédrico, enquanto nos animais a não existência da parede permite variados formatos.
- No epitélio estratificado pavimentoso (da pele, por exemplo), as células possuem formas poliédricas, conferindo um grau de proximidade que desempenha proteção mecânica, bem como evitando a perda de água por desidratação, revestindo o organismo com muita eficácia.
- No tecido muscular, a forma alongada e a estrutura das células contribuem com a capacidade de contração e distensão.
- No tecido conjuntivo sanguíneo, os glóbulos vermelhos do sangue (as hemácias), com forma achatada e região central abaulada (bicôncava), proporcionam melhor transporte de gás oxigênio e distribuição aos diversos tecidos do organismo.
- No tecido nervoso, as numerosas ramificações (dendritos e telodendros) das células nervosas realizam a recepção de estímulos e a transmissão de impulsos nervosos, muitas vezes com grande velocidade.
- O formato do espermatozoide, constituído por uma cabeça, uma peça intermediária e uma cauda, permite sua maior mobilidade.
Fatores externos podem influenciar no comportamento anatômico de uma célula. A pressão exercida pelo aglomerado celular em um tecido pode remodelar a estruturação de cada unidade, visto a maleabilidade conferida pela membrana plasmática.
 O aspecto morfológico de uma célula e sua fisiologia.
6.0 ALTERAÇÕES HORMONAIS NA CITOLOGIA
O que é: Consiste na interpretação citomorfológica qualitativa das células vaginais ou uroteliais no caso do urocitograma, que traduzem a atividade hormonal da mulher no decorrer do ciclo.
CITOLOGIA HORMONAL (1 AMOSTRA)
Preparo do paciente:
- Evitar uso de medicação tópica(vaginal), duchas vaginais, exame ginecológico e relação sexual nas 24 horas que antecedem o exame;
- Não estar menstruada;
- Necessário pedido médico;
- Fazer a coleta em 3 dias diferentes do ciclo menstrual: 7º dia, 14º e 21º dia do
ciclo menstrual (o primeiro dia da menstruação é o primeiro dia do ciclo);
a paciente virá 3 dias diferentes ao lab. para fazer a coleta.
- A paciente deverá se atentar quanto aos dias das coletas, se alguma cair no domingo, ela deverá entrar em contato com o médico para verificar se pode colher no sábado anterior ou na segunda.
Fisiologia:
Os sintomas genitais decorrentes do hipoestrogenismo incluem prurido vulvar, vagina seca e dispareunia e os urinários vão desde disúria e polaciúria até infecção e incontinência. Os efeitos do hipoestrogenismo no trato urinário encontram justificativa na embriogênese, pois tanto a vagina como a uretra distal têm origem embriológica comum, a partir do seio urogenital. Por isso, ambas respondem à ação dos esteróides sexuais devido à presença de receptores hormonais. Assim, sendo as mucosas vaginal e uretral sensíveis aos esteróides ovarianos, as células delas esfoliadas traduzem o efeito desses hormônios, permitindo, por meio de sua análise, saber o estado funcional do ovário. No climatério, observam–se esfregaços vaginais hipotróficos ou até acentuadamente atróficos. O esfregaço atrófico se caracteriza pela ausência de células superficiais eosinófilas e por percentagem variável de células profundas. O grau de atrofia é tanto maior quanto maior a quantidade de células profundas encontradas no esfregaço.
Este exame fornece um acesso indireto à função ovariana, desde a infância até a pós menopausa. Pode ser utilizado, também, na detecção do período ovulatório durante tratamento de esterilidade, na monitoração de terapias hormonais e nas disfunções ovarianas, além de sua aplicabilidade na obstetrícia, na detecção da proximidade da data provável do parto, na avaliação da função placentária e na pesquisa de escamas fetais (ruptura precoce ou não da bolsa amniótica).
Índices
Há vários índices para classificar as influências hormonais no epitélio vaginal e urinário. Os mais utilizados são o Índice de maturação celular ou de Frost, o Índice de cariopicnose e o Índice de eosinofilia.
O Índice de Frost (Índice de Maturação) parece ser o mais informativo de todos e consiste na determinação de células profundas (parabasais), intermediárias e superficiais (P/I/S), expressas em percentagem.
Exemplo: um resultado apresentado como IM = 80/20/0 significa: 80 % de células profundas (parabasais), 20 % de células intermediárias e 0 % de células superficiais.
O Índice de Meisels (Valor de Maturação) é calculado a partir do Índice de maturação celular, e corresponde ao somatório da percentagem das células profundas multiplicadas por zero, da percentagem de células intermediárias multiplicadas por 0,5 e da percentagem de células superficiais multiplicadas por 1,0, portanto, onde:
VM = Valor de Maturação em %
%P = Percentagem de células Profundas
%I = Percentagem de células Intermediárias
%S = Percentagem de células Superficiais
sendo que:
O VM (Valor de Maturação) é mais utilizado para a comunicação entre citologistas e em trabalhoscientíficos, porém, não é muito indicado para dar laudos citológicos destinados ao clínico.
Exemplo: no caso do exemplo anterior onde IM = 80/20/0 temos:
VM = {[0(80)] + [0,5(20)] + [1(0)]} =
VM = 0 + 10 + 0 = 10
VM = 10 %
Material Biológico:
Células da parede vaginal lateral, coletadas com espátula de Ayre em esfregada única.
Coleta:
CHS: realizar 3 ou 4 coletas em intervalos regulares dentro de um mesmo ciclo menstrual (7º, 14º, 21º e 26º dias do ciclo).
CHI: realizar a coleta em qualquer dia, informando a DUM (data da última menstruação).
Armazenamento:
Utilizar fixador carbowax.
Exames Afins:
Estradiol. Progesterona.
Valor Normal:
Descritivo.
Preparo do Paciente:
Três dias antes das coletas do material, evitar relações sexuais. Não usar ducha higiênica, tampões vaginais internos e pomadas ou cremes intravaginais.
Interferentes:
Processo inflamatório, uso de medicamentos que interferem na ação hormonal (corticóides, tranquilizantes etc), citólise e neoplasia.
Método:
Avaliação direta ao microscópio após coloração de Papanicolaou.
7.0 Citologia Hormonal Seriada / Urocitograma
O que é:
Consiste na interpretação citomorfológica qualitativa das células vaginais ou uroteliais no caso do urocitograma, que traduzem a atividade hormonal da mulher no decorrer do ciclo.
Os resultados são fornecidos sob a forma de índices de maturação celular e picnose nos respectivos dias da coleta.
Amostras vaginais:
Material: raspado das paredes vaginais, com fixação imediata.
As amostras são coletadas no 7º, 14º, 21º e 28º dias do ciclo menstrual, salvo orientação médica.
Em casos de amenorréia, menopausadas, ou ciclos irregulares: coletar 4 amostras com intervalos de 7 dias, ou segundo orientação médica.
Amostras de urina:
Material: 2.a urina da manhã, acondicionada em frasco limpo e seco, levar imediatamente ao laboratório
Considerando-se o primeiro dia de menstruação como o dia 1, as 10 amostras são deverão ser coletadas no 8º, 11º, 14º 17º, 20º, 23º, 26º, 29º, 32º e 35º dias do ciclo menstrual.
Informes Técnicos:
Ao paciente:
Evitar duchas vaginais ou cremes vaginais prévios ao exame.
Fazer abstinência sexual nas 48 h que antecedem o exame.
Evitar o período menstrual.
Ao médico:
Fixar o material imediatamente à colheita.
Fornecer dados clínicos pertinentes.
Processos inflamatórios e infecciosos vaginais podem prejudicar a análise bem como toque ginecológico e exame de ultra-sonografia transvaginal.
Citologia Ginecológica
George Papanicolau, considerado o pai da citologia, nasceu a 13 de maio em 1883 na Grécia e licenciou-se em Medicina em 1904. Iniciou os seus estudos em ginecologia animal e apenas posteriormente em humanos. As suas investigações foram publicadas em 1954, nomeadamente as alterações citológicas ao longo do ciclo menstrual e também as alterações ao padrão celular normal (carcinomas e adenocarcinomas).
Padrão citológico pós-menopausa
Um esfregaço atrófico é um padrão normalmente visto em mulheres na pós-menopausa. Neste esfregaço há predomínio de células da camada parabasal, sendo esta a principal característica. Frequentemente, pode-se identificar a presença de poucas células intermediárias e raramente células superficiais, e, quando presentes, as células intermediárias apresentam núcleos maiores que nos outros esfregaços. Existe uma gradação na atrofia do epitélio escamoso, e o tipo de esfregaço descrito acima (com presença de células intermediárias e superficiais) representa uma atrofia precoce ou inicial que é chamada de esteatrofia. A atrofia tardia, ou teleatrofia, apresenta somente células parabasais. Pode-se dizer que o índice de maturação do epitélio cérvico-vaginal na pós-menopausa sofre desvio à esquerda.
 Células parabasais em esfregaço atrófico, característico da fase pós-menopausa
Citologia Aspirativa
A citologia aspirativa por agulha fina (CAAF) serve para retirar células de nódulos palpáveis em órgãos ou tecidos com o objetivo de diagnosticar lesões tumorais superficiais e palpáveis. 
Para lesões profundas, não palpáveis através da pele, existe necessidade de recurso ao controle imagiológico. 
Exemplos: nódulos palpáveis de mama, tiroide, gânglios linfáticos, glândulas salivares, tecidos moles, quisto sólido.
Citologia Esfoliativa Não Ginecológica
É um método de diagnóstico que se baseia na observação de células descamadas (esfoliadas) obtidas a partir de superfícies anatómicas (naturalmente ou com auxílio de pressão instrumental). Órgãos ocos.
Exemplos: urina, expetoração, líquido pleural, líquidos ascíticos, lavado brônquico, lavado bronco-alveolar, conteúdo de quisto.
8.0 CONCLUSÃO:
O exame citopatológico é um método amplamente utilizado para a detecção de lesões pré-malignas e malignas do colo uterino. Este exame também é capaz de identificar morfologicamente agentes microbiológicos bem como alterações citopáticas que alguns agentes podem causar.
 Trata-se de método rápido e de baixo custo operacional.
Tem grande confiabilidade, se realizado com técnicas adequadas e por profissional devidamente treinado.
A qualidade dos exames citopatológicos baseia-se em um conjunto de medidas
destinadas a detectar, corrigir e reduzir deficiências do processo de produção dentro do laboratório. Proporciona o aperfeiçoamento dos procedimentos laboratoriais e minimiza a ocorrência de erros diagnósticos, servindo também como orientação para a melhoria da coleta do material e ferramenta educacional. O exame citopatológico apresenta dificuldades não apenas de cunho interpretativo, mas também de condições para realização dos exames que, no caso do colo do útero, envolve profissionais com diferentes qualificações, experiências e grau de responsabilidade (COLLAÇO et al., 2005). São relatadas, como ações básicas, dentro de um programa de prevenção (COLLAÇO; ZARDO, 2008):
9.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ANTTILA, A. et. al. Cervical câncer patterns with automation-assisted and convencional cytological.
screening: a randomized study. Int. J. Cancer: 128:1204-1212, 2011.
ARAUJO, S. R. Citologia cervicovaginal: passo a passo. 3. ed. Rio de Janeiro: DiLivros, 2012.
BD SURE PATH. Disponível em: <http://www.bd.com/tripath/products/surepath/index.asp>. Acesso em
23 jul. 2012.
BEERMAN H et al. Superior performance of liquid-based versus conventional cytology in a population-based cervical cancer screening program. Gynecol Oncol. 112(3); 572-6, 2009.
BERNSTEIN, S.J. et al. Liquid-based cervical cytology smear study and conventional pap: a meta-
-analasys of prospective studies comparing cytologic diagnosis and sample adequacy. Am J. Obstet Gynecol, v. 185, p. 308-17, 2001.
BIBBO, M. Compreensive cytopathology. Philadelphia: W.B. Saunders, 1991.
BONFIGLIO, T. A,; EROZAN, Y, S. Gynecologic cytopathology. Philadelphia: Lippincott-Raven, 1997.
BRASIL. Instituto Nacional de Câncer. Coordenação Geral de Ações Estratégicas.Divisão de Apoio à
Rede de Atenção Oncológica. Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero.
Rio de Janeiro: Inca, 2011. 104p.
RIBEIRO, Krukemberghe Divino Kirk da Fonseca. "Forma e função das células"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/forma-funcao-das-celulas.htm. Acesso em 26 de agosto de 2020.

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