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Resenha Crítica - Sistema Constitucional Tributário

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ 
MBA EM LOGÍSTICA EMPRESARIAL 
 
Resenha Crítica de Caso 
Sistema Constitucional Tributário 
 
Eugenio Rodrigues 
 
 
Trabalho da disciplina Logística e 
Legislação Tributária (NPG1267) 
Tutor: Prof.ª Elca Barcelos Alves 
 
 
 
 
Salvador 
2020
http://portal.estacio.br/
 
 
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Sistema Constitucional Tributário 
BARON, David P. Tributação de Taxas de Performance. Stanford Graduate School of 
Business, Caso: P-56, 7 p., 2008. 
 
INTRODUÇÃO 
O exercício de uma determinada atividade econômica por uma organização não depende apenas 
de dispor da infraestrutura necessária de local, equipamentos e pessoal qualificado para a 
execução das etapas que constituem essa determinada atividade. É tão importante quanto ou ainda 
mais necessário, no entanto, observar as exigências legais no que diz respeito aos aspectos 
tributários a fim de que não sejam encontrados obstáculos ou fontes de incerteza para a alocação 
e realização de atividades de uma indústria ou comércio, ou para a prestação de serviços. 
Apesar de não criar os tributos, a Constituição Federal no seu papel de dispositivo legal de maior 
magnitude no ordenamento jurídico, determina que a regulação da tributação em âmbito nacional 
é estabelecida pelo Sistema Constitucional Tributário, contido nos seus Artigos 145 a 162. O 
Código Tributário Nacional (CTN), Lei Federal nº 5.172, de outubro de 1966, que dispõe sobre o 
Sistema Tributário Nacional e institui as normas gerais de direito tributáveis aplicáveis à União, 
Estados e Municípios, bem como suas leis complementares, são as referências norteadoras da 
aplicabilidade e dos limites dos tributos, direitos e deveres dos contribuintes e a atuação dos 
agentes fiscalizadores. 
A presente resenha crítica visa estabelecer uma discussão acerca do Sistema Constitucional 
Tributário Brasileiro, tendo como base o caso elaborado por David P. Baron sobre a proposta 
legislativa feita pelo Congresso Americano quanto à Lei de Redução e Reforma Tributária no ano 
de 2007. A problemática girava em torno do ajuste da taxa de imposto dos 15% para 35% sobre 
os rendimentos dos sócios de empresas privadas, empresas de capital de risco e algumas do 
mercado imobiliário, bem como outras do ramo de petróleo e gás. 
Eram apontados argumentos acerca dos impactos de tal medida, uma vez que a taxa de 
performance não mais seria vista como um ganho de capital em longo prazo, o qual possui taxa 
inferior, mas como uma renda comum passando a incidir tributos em mais que o dobro da situação 
anterior. Os defensores dessa transição do ponto de vista tributário se baseavam no fato que, 
devido à menor carga tributária, os mais ricos pagavam baixos impostos em comparação à 
população de modo geral. Além disso era questionado o fato do investimento de risco ter menor 
 
 
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tributação que a produção de um bem, por exemplo, visto que ambos os casos consistiam no 
emprego de capital para um retorno não garantido. 
Em contraponto afirmava-se que tal medida iria causar uma instabilidade legal devido à 
insegurança tributária, uma vez que se tratava da alteração de décadas de um regimento fiscal já 
estabelecido, bem como que o aumento da carga tributária nesse tipo de atividade econômica iria 
causar uma tendência de diminuição de investimentos nas empresas americanas. Do mesmo modo 
era afirmado que a menor taxa tributária seria uma compensação aos investidores por empregarem 
capital num ativo sem certeza de retorno, portanto, premiando o investimento de risco. 
DISCUSSÃO SOBRE O CASO 
O tributo é originado por força de lei, norma escrita originada a partir de um poder estatal 
competente – no Brasil podendo ser União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, o que o 
confere como características a aplicabilidade a todos, a obrigatoriedade aos que se enquadrem nas 
situações determinadas que incidam em pagamento, o fato de criar novos direitos e obrigações, e 
o fato de possuir um prazo de vigência inicial. 
O Sistema Nacional Tributário reconhece a existência das contribuições fiscais e parafiscais, 
sendo as primeiras os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria, enquanto no segundo 
grupo podem ser citados as contribuições especiais previdenciárias e sociais, além dos 
empréstimos compulsórios. Os impostos, como a nomenclatura sugere, constituem obrigação 
imposta pelo governo não sendo necessária a prestação prévia de serviço público. As taxas, de 
modo diferente, é o valor cobrado por conta de prestação de serviço de órgão público ou por 
empresa designada por este. 
As contribuições de melhoria, por sua vez, são definidas pelo Código Tributário Nacional (CTN) 
como tributo pago pelo contribuinte que será beneficiado diretamente por esta contribuição, por 
exemplo em caso de obras públicas que causarão valorização imobiliária nas suas mediações. Já 
os empréstimos compulsórios são tributos com obrigatoriedade prevista em lei que podem ser 
autorizados apenas pelo Governo Federal. Por fim, as contribuições especiais podem ter caráter 
social, de intervenção no domínio econômico ou de interesse de categorias profissionais ou 
econômicas, ou seja, estão vinculadas a uma finalidade específica. 
O artigo nº 145 da Constituição Federal determina que a União, os Estados, o Distrito Federal e 
os Municípios poderão, com base nos seus limites de atuação, instituir tributos na forma de 
impostos, taxas e contribuições de melhoria, devendo estes possuir caráter pessoal e graduados 
 
 
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segundo a capacidade econômica do contribuinte. De acordo com o artigo nº 150 da Constituição 
Federal é vedado à União, aos entes federados, ao Distrito Federal e aos municípios, a exigência 
ou a promoção de aumento de tributos sem lei que o estabeleça, sendo denotado no inciso II o 
princípio da isonomia, ao afirmar que é proibido estabelecer tratamento desigual entre os 
contribuintes que se encontrem em situação equivalente. 
No Brasil é factível afirmar que existe uma alta carga tributária a qual não se aplica apenas sobre 
produtos, serviços e renda das pessoas jurídicas, mas também sobre os salários das pessoas físicas. 
Isso é observado como um fator de desvantagem econômica à economia nacional, dado o fato que 
as políticas fiscais podem ocasionar alterações no que diz respeito à intensificação do nível de 
consumo, bem como no que diz respeito ao investimento de capital e na geração de postos de 
trabalho, fatores que influenciam diretamente o fluxo de renda no mercado. 
Apenas para exemplificar o modo como os tributos afetam direta ou indiretamente as operações 
logísticas de uma organização pode-se observar os impostos, taxas e contribuições que são 
aplicadas ao setor de transporte. Desde a produção, até a aquisição de veículos podem ser citados 
o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), imposto federal que varia de 2% a 8% de acordo 
com a potência do motor para veículos produzidos em território nacional, e de 32% a 38% sobre 
veículos importados. Do mesmo modo é aplicável a Contribuição para o Financiamento da 
Seguridade Social (COFINS) que incide sobre a receita auferida pela pessoa jurídica, deste modo 
sendo repassado ao valor total do veículo, e utilizado para financiar o Instituto Nacional de 
Seguridade Social (INSS). 
Além destes, as operações de transporte são oneradas pelo Imposto sobre Circulação de 
Mercadorias e Serviços (ICMS) que tem como fato gerador a circulação de mercadorias e 
prestação de serviços e transporte interestadual e intermunicipal, também aplicada aos serviços 
de comunicação. Outro exemplo de imposto sobre serviços, mas na esfera municipal é o Imposto 
Sobre Serviço de Qualquer Natureza (ISSQN) cuja base de cálculo é o valor do serviço cobrado, 
com uma alíquota em torno de 2% e 5% desse valor. 
As contribuições ao Programa de Integração (PIS), destinadas ao financiamento do seguro-
desemprego, também incidem sobre a atividadeeconômica em questão, assim como o Imposto 
de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CLSS) que é 
cobrada numa alíquota de 12% aos serviços de transporte também são aplicáveis. 
 
 
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Apenas a observação de alguns tributos incidentes sobre uma operação específica já possibilita 
ter uma dimensão da complexidade do sistema fiscal brasileiro e dos possíveis impactos destes 
sobre as atividades de uma organização. Essas considerações também se estendem à realização 
de investimentos visto que, sob o ponto de vista dos investidores, o aumento de tributos sobre a 
rentabilidade de capital causa a redução da eficiência marginal do investimento, tornando menos 
plausível a assimilação do risco mediante emprego de capital numa determinada atividade 
econômica. 
CONCLUSÃO 
O Sistema Tributário Brasileiro é o conjunto de disposições constitucionais, leis, decretos, 
portarias, normas, e demais dispositivos presentes no ordenamento jurídico com a finalidade de 
nortear a criação, a cobrança, a arrecadação e a destinação dos tributos pelos entes federados 
constitucionalmente competentes de impetrar tributos, sendo regido pela Emenda Constitucional 
nº 18 de dezembro de 1965, em leis complementares e resoluções do Senado Federal. 
No contexto do regimento legal tributário brasileiro é necessário às organizações observarem os 
diferentes tipos de tributos passíveis de serem cobrados pela União, pelos Estados, pelo Distrito 
Federal e pelos Municípios, o que, devido à variedade e quantidade, pode representar entraves 
para a implantação e execução e determinadas atividades. Outra consideração importante a este 
respeito é o impacto econômico que estes elementos possuem sobre os processos a serem 
realizados e sobre o produto final ou serviço. 
Nessa discussão, no entanto, se torna imprescindível observar a importância dos tributos para a 
manutenção da infraestrutura governamental, assim como para a execução de serviços públicos e 
para a implementação de políticas governamentais que visem medidas de compensação e 
promoção de justiça social. 
Porém deve-se atentar à busca por um equilíbrio entre arrecadação pública e o estabelecimento 
de um ambiente saudável e atrativo para a realização de investimentos, de modo que, se utilizar 
do aumento da tributação sobre determinados produtos ou investimentos como medida para 
aumentar os ganhos por parte do Estado, pode não ter o efeito esperado dada a possibilidade da 
redução destas atividades. 
De modo contrário é esperado que a promoção de investimentos, isenções e subsídios 
compensatórios tenham o efeito de impulsionar a economia devido à maior atratividade do 
 
 
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mercado em questão, o que causa a entrada de empresas e investimentos e o consequente aumento 
do fluxo de renda.

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