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PROCESSO PENAL P R O F . T A S S I O D U D A 2020 Processo Penal Tema: Formas de Instauração do IP II Prof. Tassio Duda Fala pessoal, tudo bem? É importante saber as formas de instauração do inquérito policial (IP) nas diferentes espécies de ação penal. O tema merece especial atenção, pois, a depender da modalidade de ação, será necessária uma “autorização” para instauração do IP. Iremos abordar, no presento resumo, as formas de instauração do IP na ação penal pública condicionada e ação penal privada. Nos crimes de ação penal pública condicionada, o inquérito policial é instaurado mediante representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça. É o que estabelece o art. 5º, § 4º, do CPP. Acerca da representação, Renato Brasileiro (2020, pg. 200) esclarece que: Nesses casos, a instauração do inquérito policial estará vinculada à manifestação da vítima ou de seu representante legal. A instauração do inquérito policial, nos crimes de ação penal pública condicionada, também pode ser feita em razão de auto de prisão em flagrante. É imprescindível, contudo, que haja autorização do ofendido. Veja: Importante registrar que não se exige rigor formal na elaboração da representação, sendo suficiente que contenha a inequívoca intenção de ver apurada a responsabilidade penal do autor da infração. É muito comum que a vítima, no seu depoimento perante a delegacia de polícia, autorize expressamente a instauração do inquérito policial. Ademais, semelhantemente ao que ocorre nos crimes de ação penal pública incondicionada, é possível que o inquérito policial seja instaurado mediante requisição do juiz ou do Ministério Público. A diferença é que a requisição está condicionada à existência de representação prévia da vítima ou de quem a represente. 1. INTRODUÇÃO 2. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO Por representação, também denominada de delatio criminis postulatória, entende-se a manifestação da vítima ou de seu representante legal no sentido de que possuem interesse na persecução penal, não havendo necessidade de qualquer formalismo. Considerando que o auto de prisão em flagrante é forma de início do inquérito policial e levando-se em conta a regra inserida no art. 5.º, § 4.º, do CPP, deduz-se que a lavratura do flagrante nos crimes de ação penal pública condicionada à representação exige que a vítima ou seu representante estejam presentes no momento da formalização do auto de prisão e manifestem perante a autoridade policial a vontade de ver apurada a infração penal. (Avena, 2019, pg. 339) Processo Penal Tema: Formas de Instauração do IP II Prof. Tassio Duda Vale ressaltar que, após o advento da Lei n. 13.964/19 (Pacote Anticrime) alguns doutrinadores, como Renato Brasileiro (2020, pg. 198), têm alertado que NÃO é mais possível ao juiz requisitar a instauração do IP, sob pena de violação ao sistema acusatório e à imparcialidade do magistrado. Veja: Sob a visão desse entendimento, ao se deparar com informações acerca da prática de um crime, cabe ao juiz, apenas, encaminhá-las ao Ministério Público, nos termos do art. 40 do CPP. Um outro ponto importante é que o direito de representação está sujeito à decadência. Caso não exercido pelo respectivo legitimado no prazo legal de seis meses contados da ciência quanto à autoria do fato, ocorrerá a extinção da punibilidade (arts. 103 e 107, IV, do CP e 38 do CPP). De acordo com a doutrina, a requisição do Ministro da Justiça funciona como condição necessária para apuração dos seguintes crimes: a) Crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7.º, § 3.º, b, do Código Penal); b) Crimes contra a honra cometidos contra o Presidente da República ou Chefe de Governo estrangeiro (art. 141, I, c/c o art. 145, parágrafo único, ambos do CP); Nas duas situações acima, Norberto Avena (2019, pg. 341) defende que não pode ser considerada, exatamente, uma forma de início do inquérito policial. Segundo o autor: Apesar de o art. 5º, inciso II, do CPP, prever que a autoridade judiciária pode requisitar a instauração de um inquérito policial, entende-se, majoritariamente, que essa possibilidade não se coaduna com o sistema acusatório adotado pelo art. 129, I, da CF. (...) Em um sistema acusatório como o nosso, onde há nítida separação das funções de investigar (e acusar), defender e julgar (CPP, art. 3º-A, incluído pela Lei n. 13.964/19), não se pode permitir que o juiz instaure ou requisite a instauração de um inquérito policial. 3. AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA O ofício requisitório não é destinado ao delegado, mas sim ao Ministério Público. A este, quando receber a requisição, cabe verificar se estão presentes os pressupostos necessários ao desencadeamento da ação penal – indícios suficientes de autoria e prova da materialidade de fato típico. Constatando a presença destes elementos, deverá oferecer denúncia, conforme se infere do art. 39, § 5.º, do CPP. Ausentes estes vetores e sendo necessárias outras diligências, deverá o parquet determinar à autoridade policial a instauração de inquérito policial para angariá-los. Portanto, o início do procedimento investigatório não será a requisição do Ministro da Justiça, mas sim a requisição do Ministério Público feita ao delegado. Processo Penal Tema: Formas de Instauração do IP II Prof. Tassio Duda c) Crimes previstos na Lei 7.170/1983 (Lei de Segurança Nacional). Nos termos do art. 31 da Lei 7.170, o inquérito policial poderá ser instaurado pela Polícia Federal de ofício, mediante requisição do Ministério Público, de autoridade militar responsável pela segurança interna ou do Ministro da Justiça. Nessa hipótese, a requisição surge como uma das formas de provocação do Delegado, sendo considerada uma forma de início do inquérito. Em se tratando de crime de ação penal de iniciativa privada, o Estado permanece condicionado ao requerimento do ofendido ou de seu representante legal. Nesse sentido, estabelece o art. 5º, § 5º, do CPP, que a autoridade policial SOMENTE poderá proceder a inquérito nos crimes de ação privada a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la. Quando houver morte ou ausência do ofendido, o requerimento poderá ser formulado por seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão, nos termos do art. 31 do CPP. O requerimento funciona como condição de procedibilidade do próprio inquérito policial, sem o qual a investigação não poderá ser iniciada. 4. AÇÃO PENAL PRIVADA CAPA PROCESSO PENAL.pdf INQUÉRITO POLICIAL - FORMAS DE INSTAURAÇÃO II.pdf
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