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Anais do III Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus de Tubarão Tubarão, de 28 a 31 de março de 2011 1 LEITURA E ESCRITA Alessandra Oliveira Araujo Elizandra Nazário Teixeira Leandra Ramos Maria Zoraide f. G. de Matos Telma Pugliesi Zapala Viviane Rocha Inacio Oliveira RESUMO: Este projeto de leitura e escrita foi realizado com estudantes de 1º ao 4º ano do ensino fundamental da Escola de Educação Básica Professor Clóvis Goulart situada na cidade de Araranguá, estado de Santa Catarina, realizado no contra turno com estudantes que apresentavam dificuldades na leitura e escrita nas segundas e quartas feiras. Realizado no período de agosto a dezembro de 2010. Diante de nossas observações tendo como base a experiência e convivência da assistente técnica pedagógica da escola com os estudantes, refletimos e elaboramos estratégias para que esses estudantes leiam, conseqüentemente interpretem e escrevam. Então a necessidade de encontrarmos juntos meios que busquem ajudar sanar tais dificuldades. Contudo trazendo a importância da ludicidade, buscando materiais diversificados atrativos e trocando experiências. Todavia elaboramos este projeto em processo contínuo de ação- reflexão e ação, baseando- se no que o estudante já sabe, considerando sempre o conhecimento prévio de cada um, sua singularidade. PALAVRAS-CHAVE: leitura, escrita, conhecimento prévio e ludicidade. A leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo, mas por uma certa forma de escrevê-lo ou reescrevê-lo, quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente. (FREIRE, 1988). Introdução Este estudo refere-se ao tema leitura e escrita. Nos dias atuais, em que as sociedades estão centradas cada vez mais na escrita, saber codificar e decodificar, por meio de código lingüístico, isto é, ser alfabetizado, tem se constituído condição insuficiente para responder de forma adequado as exigências do mundo contemporâneo. É necessário ir além da simples apropriação do código escrito, é preciso exercer as práticas sociais de leitura e escrita demandadas nas diferentes esferas da sociedade. No entanto, o conceito que ganha espaço e nova dimensão no mundo da escrita é o letramento, pois, não se trata de uma nova palavra, mas da emergência de um fenômeno até então não corporificado. O termo letramento referindo-se à pratica social da leitura e escrita , vem juntar-se ao conceito de alfabetização no sentido de se dar conta não apenas da dimensão do processo de apropriação do código da escrita, mas das conseqüências desse conhecimento na vida dos indivíduos. Contudo elaboramos um trabalho, no qual foi realizado com estudantes que não apresentavam domínio da leitura e escrita, conseqüentemente práticas de letramento. Tendo como objetivos, estimular no estudante o gosto pela leitura e escrita; valorizar a leitura como fonte de informação; aproveitar a leitura como instrumento de aprendizagem, levando o estudante a ler palavras, pequenos e variados textos; valer-se da leitura para melhorar a qualidade de suas relações pessoais, sendo capazes de expressar seus sentimentos, idéias e opiniões; ampliar o conhecimento do estudante em relações aos diferentes tipos de gêneros textuais; explorar a contação de historias; utilizar jogos, brincadeiras, dramatizações, musicalidade como ferramenta no desenvolvimento da leitura e posteriormente à escrita. Anais do III Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus de Tubarão Tubarão, de 28 a 31 de março de 2011 2 O lúdico foi utilizado como uma forma atrativa para as aulas no contra turno, onde sentimos a necessidade de trabalharmos uma metodologia diferenciada para que os estudantes sintam-se motivados a participarem, pois a continuidade da ação pedagógica é o que trará os resultados levantados neste trabalho. Assim podemos observar as dificuldades individuais e a partir desta observação desenvolver materiais pedagógicos de acordo com a necessidade dos estudantes, possibilitando um atendimento diferenciado, auxiliando de forma direta nas dificuldades pontuais, levando-se em conta os diferentes níveis de conhecimentos trazidos pelos estudantes e suas experiências diversas, aproveitando a sua bagagem cultural de forma que possam interagir com o grupo e desenvolver a troca significativa de conhecimentos. Leitura e escrita Leitura e escrita em uma concepção construtivista A partir da dificuldade diagnosticada pela Unidade Escolar em questão, na apropriação da leitura e da escrita entre alguns estudantes, surge a proposta do Projeto PIBID- Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência, uma parceria da Unisul – Universidade do Sul de Santa Catarina do pólo de Araranguá com a CAPES, para desenvolvimento do Projeto de Alfabetização e Letramento, onde o objetivo do mesmo era aprimorar a formação das acadêmicas contribuindo para a melhoria da qualidade escolar da instituição. Em acordo com a instituição atendida pelo Projeto ficou estabelecida a necessidade de atendimento no contra turno de alguns estudantes de 1º a 4º ano com idades entre: 6 a 12 anos. Tendo iniciado no mês de agosto de 2010, com reuniões pedagógicas e atendimento no contra turno, sendo os estudantes encaminhados pelos professores e assistente técnico pedagógica da instituição. O atendimento dos estudantes de 1º e 2º ano acontecia no mesmo ambiente, porém no contra-turno de forma individualizada, pois tinham aprendizagens diferenciadas, ficando responsável por esse atendimento duas bolsista. E os estudantes do 3º e 4º ano eram atendidos em conjunto, pois encontravam- se com níveis de aprendizagens semelhantes, ficando responsável por este atendimento três bolsistas. Foi iniciado o trabalho com os estudantes procurando conhecer e reconhecer suas dificuldades na aprendizagem, assim como propiciar momentos de interação, troca entre os pares. Estabelecer um vínculo de confiança foi o objetivo inicial, pois a assistente técnica pedagógica e então supervisora do Projeto junto com os professores regentes das turmas já havia repassado um diagnóstico sobre as dificuldades apresentadas pelos estudantes que seriam atendidos. Com intuito de atender os estudantes no contra turno, fizemos apenas algumas observações em sala com o professor, e a partir desta observação iniciamos o trabalho. Os primeiros encontros foram desenvolvidos em forma de dinâmicas de grupo para que obtivéssemos um conhecimento prévio e individualizado de cada estudante, sendo o mesmo de forma agradável para que assim sentindo-se a vontade desejassem retornar. Estabelecido esse contato direto com os estudantes começamos as atividades lúdicas e a confecção de materiais para trabalhar as dificuldades pontuais, com o objetivo de auxiliar os estudantes a superar essas dificuldades de forma gradativa. Utilizando a musicalidade como forma de expressão e através dela superassem algumas resistências com o grupo, desenvolvendo os valores de cooperação e respeito. A contação de história como forma de despertar o interesse e gosto pela leitura, desenvolvendo e aguçando sua imaginação. Anais do III Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus de Tubarão Tubarão, de 28 a 31 de março de 2011 3 Com a dramatização de alguns gêneros textuais tentamos trabalhar a leitura de forma atrativa, pois com fantoches atrás do cenário tinham melhor fluência, desenvoltura e expressões. Os jogos tiveram uma participação significativa para os estudantes, pois os mesmos ajudaram na confecção contribuindo para sua aprendizagem. Todo o material utilizado nos atendimentos com os estudantes eram materiais atrativos, diversificados procurando despertar curiosidade e interesse nos mesmos. As imagens associadas às palavras também foram muito utilizadas, como forma de desenvolvera interpretação e o letramento. A importância da leitura O ato de ler é um processo abrangente e complexo; é um processo de compreensão, de entender o mundo a partir de uma característica particular ao homem: sua capacidade de interação com o outro através das palavras, que por sua vez estão sempre submetidas a um contexto. Desta forma a autora afirma que a recepção de um texto nunca poderá ser entendida como um ato passivo, pois quem escreve o faz pressupondo o outro. Desta forma, a interação leitor-texto se faz presente desde o início de sua construção. No entanto Souza (1992) esclarece: Leitura é, basicamente, o ato de perceber e atribuir significados através de uma conjunção de fatores pessoais com o momento e o lugar, com as circunstâncias. Ler é interpretar uma percepção sob as influências de um determinado contexto. Esse processo leva o indivíduo a uma compreensão particular da realidade (p. 22). Vislumbramos em Freire (1989) este olhar sobre leitura quando nos diz que a "leitura do mundo" precede a leitura da palavra, ou seja, a compreensão do texto se dá a partir de uma leitura crítica, percebendo a relação entre o texto e o contexto. Dessa forma, um leitor crítico não é apenas um decifrador de sinais, mas sim aquele que se coloca como co-enunciador, travando um diálogo com o escritor, sendo capaz de construir o universo textual e produtivo na medida em que refaz o percurso do autor, instituindo-se como sujeito do processo de ler. Nesta concepção de leitura onde o leitor dialoga com o autor, a leitura torna-se uma atividade social de alcance político. Ao permitir a interação entre os indivíduos, a leitura não pode ser compreendida apenas como a decodificação de símbolos gráficos, mas sim como a leitura do mundo, que deve ser constituída de sujeitos capazes de compreender o mundo e nele atuar como cidadãos Essa é uma perspectiva que concebe a leitura como um processo de compreensão amplo, envolvendo aspectos sensoriais, emocionais, intelectuais, fisiológicos, neurológicos, bem como culturais, econômicos e políticos. Segundo Martins (1989), o ato de ler é considerado ''um processo de compreensão de expressões formais e simbólicas, por meio de qualquer linguagem''. A criança precisa ser atraída para a leitura, desconsiderando neste processo qualquer artifício que possa tornar a leitura uma obrigação. Martins (1989) chama a atenção para o contato sensorial com o trabalho, pois antes de ser um texto escrito, um trabalho é um objeto; tem forma, cor, textura. Na criança esta leitura através dos sentidos revela um prazer singular; esses primeiros contatos propiciam à criança a descoberta do trabalho, motivam-na para a concretização do ato de ler o texto escrito. A escola torna-se fator fundamental na aquisição do hábito da leitura e formação do leitor, pois mesmo com suas limitações, ela é o espaço destinado ao aprendizado da leitura. Anais do III Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus de Tubarão Tubarão, de 28 a 31 de março de 2011 4 Apesar de todos os problemas funcionais e estruturais, é na escola que as crianças aprendem a ler. Muitas têm no ambiente escolar, o primeiro (e, às vezes, o único) contato com a literatura. Assim fica claro que a escola, por ser estruturada com vistas à alfabetização e tendo um caráter formativo, constitui-se num ambiente privilegiado para a formação do leitor. Sendo que a função da escola é socializar o conhecimento. A importância da escrita Segundo conceitos de autores como Ferreiro (1983) e Freire (1996) a aprendizagem é um processo de evolução, onde escrever e ler são duas atividades de alfabetização e a leitura de mundo antecede a da escrita. Nesse sentido a criança passa a entender o mundo da leitura e da escrita a partir dos mais variados textos (gêneros textuais). A alfabetização não é intencional, porém, decorrente da interação da criança com o mundo da escrita e com aquilo que a rodeia. Com essa perspectiva, a criança que tenha aprendido a escrever, deseja, naturalmente, mostrar já saber e poder comunicar-se com os outros através dos textos que vem dia-a-dia se firmando em sua vida como meio alternativo para expor suas idéias. A interação com as letras do seu próprio nome é fundamental para a criança incentivar-se a buscar outras letras e outros nomes, com eles relacionados. Pois, “no aprendizado da escrita a criança descobre o alcance da redação e do desenho e dispõe da cada um deles conforme seu objetivo de comunicação”. (BOTTREL, 1998, p.35). Adquiridas estas aprendizagens, a criança necessita dos textos para que tenha a oportunidade de expressar seus conhecimentos. Trabalhar conhecimentos, capacidades e atitudes envolvidas na compreensão dos usos e funções sócias da escrita implica, em primeiro lugar, trazer para sala de aula e disponibilizar, para a observação e manuseio pelos alunos, muitos textos, pertencentes a gêneros diversificados, presentes em diferentes suportes. Mas implica também, ao lado disso, orientar a exploração desses materiais, valorizando os conhecimentos prévios do aluno, possibilitando a ele deduções e descobertas, explicitando informações desconhecidas. Aprendemos construindo e, para construir, temos que pensar. Vimos ainda que o educador deva ser mediador e saber como a criança aprende. Para Ferreiro (1985), existe um sujeito que conhece e que, para conhecer, emprega mecanismo de aprendizagem. Há, na sua concepção, um papel ativo do sujeito na interação com os objetos da realidade. Dessa forma, o que a criança aprende não corresponde ao que lhe é ensinado, pois existe um espaço aberto de elaboração do sujeito. O educador deve estar atento a esses processos para promover, adequadamente, a aprendizagem. Ferreiro (1985) entende que a aprendizagem da escrita tem caráter evolutivo, no qual é relativamente tardia a descoberta de que a escrita representa a fala, não sendo necessário que se estabeleçam de início, a associação entre letras e sons. Outro aspecto importante nesta evolução refere-se ao aspecto conceitual da escrita. Para que as crianças possam descobrir o caráter simbólico da escrita, é preciso oferecer-lhes situações em que a escrita se torne objeto de seu pensamento. Este aprendizado é considerado fundamental, ao lado de outras habilidades. As idéias de Ferreiro (1992) representam um das mais valiosas e recentes contribuições numa abordagem construtuvista-interacionista da aprendizagem. Ferreiro (1981) valoriza, assim, as histórias ouvidas e contadas pelas crianças (que devem ser escritas pelo professor), bem como as tentativas de escrever seus nomes ou bilhetes. Essas atividades assumem grande importância no processo, pois são geradoras de espaço para a descoberta dos usos sociais da linguagem - que se escreve. É importante colocar a criança em situações de aprendizagem, em que possa utilizar suas próprias elaborações sobre a linguagem. O objetivo de Ferreiro é integrar o conhecimento espontâneo da criança ao ensino, dando-lhe maior significado. Conhecendo o processo pelo qual as crianças constroem Anais do III Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus de Tubarão Tubarão, de 28 a 31 de março de 2011 5 seu próprio sistema de leitura e escrita é possível nortear o ensino da linguagem escrita na escola. Escrever não é a mesma coisa que desenhar. Por vivenciar um mundo gráfico com diferentes símbolos, as crianças inicialmente começam a diferenciar desenhos de outros signos: letras e números, por exemplo. Quando chega á escola a maioria já consegue fazer essa distinção. Tendo compreendido que escrever não é desenhar, as crianças iniciam uma fase de tentar imitar as letras, os símbolos que conhecem. Essas primeiras grafias apesar de não serem mais desenhos também não são letras convencionais, são escritas que tentam se parecer com a escrita adulta. Avançado em suaconstrução da escrita, a criança percebe que para escrever utilizam-se apenas letras, passam a deixar de representar números em suas hipóteses de escrita. As letras aproximam-se cada vez mais das formas convencionais. É inegável a contribuição de Freire (1996), apontado por boa parte dos educadores, nacional e internacionalmente, como o grande pensador do século XX. A partir de suas idéias, criou-se uma nova concepção de educação, de “leitura de mundo”, proporcionando grandes mudanças no processo de alfabetização, por forte influência prático-teórica no desenvolvimento cultural, social e político do sujeito. De acordo com o pensamento expresso por Freire (1996), a leitura é importante no sentido de oferecer ao homem a compreensão do mundo e através dessa relação é possível a descoberta da realidade sobre a vida. Observa-se que na infância que a leitura expressa um mundo particular da criança e ela dá significados as coisas que lhe cercam. No momento que o homem aprende as coisas que se expressam em seu mundo, revela-se no seu processo de alfabetização uma tarefa criadora e nessa perspectiva revela-se: “a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra... a leitura do mundo e a leitura da palavra está dominantemente juntos. O mundo da leitura e da escrita se dá a partir de palavras e temas significativos”. (p. 28). Entende-se que a leitura e a escrita oferecem meios necessários ao homem se comunicar e compreender o mundo, oferecendo a oportunidade de transformar suas relações. Para o bom resultado da atividade de escrita, é importante, muitas vezes, romper alguns paradigmas criados durante a vida escolar. O processo da escrita é complexo, sim, e exige um grande esforço, mas muitas idéias inadequadas se desenvolvem na escola e na sociedade, o que nos leva a um bloqueio mental quando temos de escrever. Segundo estudos anteriores, o filósofo Heráclito, tudo é movimento e nada pode permanecer parado. E em seu famoso exemplo diz que não podemos entrar duas vezes no mesmo rio porque, ao entrarmos pela segunda vez não serão as mesmas águas que lá estarão e a pessoa também já será diferente. A importância do lúdico na aprendizagem Devemos começar com o respeito pelo reconhecimento da autonomia do outro, que pode se traduzir na criança por seu meio de apreender o mundo, de sentir seus limites, suas potencialidades, seus desejos e fantasias. Segundo Damazio (1994) “Ser sujeito não quer dizer que a criança se mantenha sozinha e por sua própria conta, mas sim deixá-la ser o que é respeitá-la como sujeito e tentar dialogar com ela. O que de saída pressupõe ouvi-la.” Dizer que a criança é um sujeito de direito é fácil, respeitá-la como tal é outra situação, assim como podemos supor que teremos adultos abertos ao dialogo se não estivermos abertos a ouvir e trocar opiniões? Querer que o educando saiba posicionar-se é fundamental, como ser crítico e participativo se não puder expressar suas opiniões? A família tem papel fundamental nesse processo tanto quanto a escola, educandos que não são ouvidos e amparados com carinho no âmbito familiar, podem ter dificuldades no convívio social, demonstrando agressividade e falta de atenção. Anais do III Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus de Tubarão Tubarão, de 28 a 31 de março de 2011 6 Para que o processo de ensino-aprendizagem seja pleno o apoio da família é primordial, não tratando a criança como um ser intocável e sim a preparando para o convívio com pessoas de diferentes opiniões e culturas, para que saibam respeitar e se fazerem respeitar. Na vida temos contato com a coletividade e essa experiência pode começar na escola, tendo novas experiências, relacionando-se com diversas pessoas e treinando para sua vida social e profissional. Com esse pensamento ser educador não é somente cumprir currículos, programas pré- estabelecidos e sim recriar conteúdos e métodos, sendo capaz de identificar e analisar problemas na aprendizagem, elaborar propostas diferenciadas a diferentes situações educativas, tendo sempre a consciência e a sensibilidade da sua importância em parceria com a família de assumir uma visão emancipadora, transformando a informação em conhecimento prática e em consciência crítica, formando cidadãos. É fato de que o saber não vem pronto e sim que está em processo, sendo assim a formação docente deverá ser sempre aprimorada com muito estudo, pesquisa e leitura de mundo, aliando a prática a estratégias de ensino inovadoras, para que com isso possamos obter melhores resultados, planejar e seguir a risca o que foi idealizado pode não ser uma boa estratégia, é fundamental planejar, porém alguns não aprendem da mesma forma que outros e o desafio que temos são de oportunizar enquanto educadores métodos para atingir todos os educandos e assim aprender a ensinar refletindo o que obteve sucesso ou não, visando uma educação de qualidade com compromisso ético essencial e não como profissão meramente técnica. A relação entre o afetivo e o cognitivo é fundamental na prática diária escolar, principalmente quando se trata de pedagogos, pois somos nós que muitas vezes recebemos pela primeira vez na escola as crianças de educação infantil e assim iremos marcar para sempre suas vidas, pois seremos mediadores no processo de aprendizagem. Tendo está visão humana devemos sempre ter em mente que o caminho é lento e árduo, mas devemos acreditar na vitória da educação, porque devemos ser capazes de refletir nossas práticas e adequá-las as necessidades dos educandos naquele momento, visando construir junto um sentido, uma significação para que aprender torne se um momento prazeroso de trocas, onde todos são ouvidos, respeitados, reconhecendo sempre que esse processo exige o nosso comprometimento, dedicação, esforço e pode nos dar uma grande satisfação em observar avanços alcançados por todos. Conforme Alves (2002) “Dar significação no que ensinamos é bem importante, conhecer o contexto dos educandos nos dá base de sustentação para que possamos dar significado ao conteúdo trabalhado e também exercer o trabalho com emoção e alegria.” Assim surge a importância do lúdico que é comprovada cientificamente, devendo ser planejada e dirigida a um objetivo para não haver a banalização e sim uma ressignificação no aprendizado onde a troca de experiências apresenta a multidisciplinaridade contemplando diversas áreas em uma atividade, auxiliando o desenvolvimento integral do sujeito, no campo afetivo, cognitivo e social. As atividades lúdicas têm o poder sobre a criança de facilitar tanto o progresso de sua personalidade integral, como o progresso de cada uma de suas funções psicológicas, intelectuais e morais. Valorizando sempre a bagagem cultural do educando, reestruturando o aprendizado para resignificar o aprendizado, pois de acordo com Maranhão (2003) “cientes de que precisamos buscar meios para tornar eficiente e atraente a relação ensino-aprendizagem, precisamos fazer com que os conteúdos programáticos tenham aplicabilidade prática.”, relacionando os conteúdos a suas aplicabilidades e potencializando o que os educandos Anais do III Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus de Tubarão Tubarão, de 28 a 31 de março de 2011 7 podem desenvolver a partir desse conteúdo, fazendo com que seja garantido o desenvolvimento da criatividade individual dos mesmos. Aprender de forma lúdica significa... Construir conhecimentos por meio de vivencias prazerosas significativas, tendo o jogo à brincadeira como base da aprendizagem. Através do lúdico aprender a respeitar os pares e suas criatividades individuais, podendo ser na expressão artística, realizando atividades que exijam equilíbrio físico, liderança, pesquisa e muito conflito de idéias. Desta forma o corpo ganha um espaço na brincadeira, no jogo, e as regras são criadas ou recriadasa partir de um consenso que auxilia o desenvolvimento da consciência social, onde o educador é mediador da relação entre os educandos e direciona o aprendizado para que haja uma relação entre o lúdico e o abjeto de estudo. Segundo Maranhão (2003) “O educador preocupado em desenvolver todas as possibilidades de seus alunos se utiliza de todas as formas possíveis para oportunizar situações onde seus alunos aproveitem e sintam vontade de buscar. O ambiente da sala de aula deve ser propicio ao descobrir, desvendar, um laboratório de permanente aprendizado e troca de experiências. Para que juntos tenham a oportunidade de registrar suas informações, expor trabalhos e transformar o conhecimento em aprendizado e construção permanente. De acordo com Gadotti “a educação é necessária para a sobrevivência do ser humano. Para que ele não precise inventar tudo de novo, necessita apropriar-se da cultura, do que a humanidade já produziu. Educar é também aproximar o ser humano do que a humanidade produziu. Se isso era importante no passado, hoje é ainda mais decisivo numa sociedade baseada no conhecimento.” É com base neste pensamento de que somos seres inacabados em constante processo que nosso currículo deve ser modificado de acordo com as necessidades, muitas vezes um planejamento acabado impossibilita o crescimento dos educandos, é necessário ouvir, aproveitar situações e valorizar as potencialidades que encontramos nas diversas turmas onde trabalhamos. Só assim o educando passará a ser um sujeito de direito. Partimos do principio da importância do trabalho com a literatura infantil e da contribuição que esse trabalho traz para a aquisição da leitura e da escrita. Procuramos, sempre, incentivar o manuseio de livros de diferentes gêneros textuais, propiciando o contato direto, para melhor compreensão do uso social da escrita, assim como a contação de historias. A contação de histórias age na formação da criança em várias áreas. Contribui no desenvolvimento intelectual, pois desperta o interesse pela leitura e estimula a imaginação por meio da construção de imagens interiores e dos universos da realidade e da ficção, dos cenários, personagens e ações que são narradas em cada história. Contudo a linguagem que constrói a Literatura Infantil se apresenta como mediadora entre a criança e o mundo, propiciando um alargamento no seu domínio lingüístico e preenchendo o espaço do fictício, da fantasia, da aquisição do saber. Vista assim, a produção literária- o livro de imagem inclusive- não tem fronteiras. Ela desvela o maravilhoso, o ilimitado, o maleável e o criativo universo infantil, explora a poesia e suscita o imaginário. (Carvalho & Mendoça, 2006, p.129). Outro ponto em que atua é no desenvolvimento comunicativo devido a sua provocação de oralidade que leva a criança a dialogar com seus colegas ouvintes e a (re) contar a história para seus amigos que não estavam presentes naquele momento. Com isso também é desenvolvida a interação sócio-cultural da criança ao proporcionar essa interação entre crianças e a criação de laços sociais e formação de gosto pela literatura e artes. A criança recebe influência até em seu desenvolvimento físico-motor, devido à manipulação do corpo e da voz de que faz uso ao ouvir e recontar as histórias. As escolas devem promover a formação de seus professores das séries iniciais possibilitando o contato com conceitos e técnicas de formação para contadores de histórias para Anais do III Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus de Tubarão Tubarão, de 28 a 31 de março de 2011 8 capacitá-los para a percepção e uso dos valores do texto, das múltiplas possibilidades de abordagem do texto literário, para vivenciarem o contar histórias associando à teoria e a prática a partir do acervo pessoal como a memória afetiva e as histórias da infância e assim promover a interação de suas interfaces com os demais textos, e posteriormente, divulgar a arte de contar histórias com seus diversos enfoques de leitura, (re) apresentação e representação. As histórias também desenvolvem uma função de construção de conhecimento social da realidade junto a formação de valores e conceitos. Em uma sociedade tecnicista como a sociedade atual, contar e ouvir histórias são uma possibilidade libertária de aprendizagem e uma atividade de suma importância na construção do conhecimento e do desenvolvimento ético e significativo da criança enquanto ser humano. Notamos que, desde pequenas, as crianças constroem o conhecimento em sala aula, sobre os objetos que as cercam, sobre as seqüências de ações mediando essa construção com conhecimentos prévios e a partir do suporte oferecido pelas professoras. Esse conhecimento tem características que se vão transformando ao longo do desenvolvimento. As crianças de constroem seu conhecimento, utilizando procedimentos lúdicos como suporte para a aprendizagem. O lúdico não se refere somente as brincadeiras livres, como as do recreio ou planejadas como as elaboradas por professores com fins didáticos; ele é utilizado como suporte pelas crianças: a imaginação é um processo que possibilita a construção do conhecimento de forma diferenciada e é um instrumento de aprendizagem das crianças menores. Nesse sentido o educador, vê a importância do lúdico na escola, pois, possibilita o prazer de aprender a aprender; Aumenta a motivação para aprendizagem e concretização do conhecimento. A perspectiva sócio-histórica construtivista da psicologia tem procurado compreender as formas como diferentes grupos e indivíduos se apropriam de novos conceitos e atividades, considerando as influencias da história e da cultura no desenvolvimento humano e na aprendizagem. Assim, buscamos observar as crianças quando estão em interação com seus pares e com os professores durante as aulas de leitura e escrita. Pensamos que o desenvolvimento humano está relacionado de forma dialética com o aprendizado e que esse desenvolvimento é um processo de mudança com direcionamento. Assim, ao analisarmos as interações, procuramos entender o que está acontecendo em cada momento, no seu desenrolar ao longo da aula ou em outro período de tempo. O desenvolvimento ocorre ao longo da vida, nas relações de troca com o ambiente, na construção dos contextos, ou seja, nas interações que derivam das condições de sociabilizarão. Desse modo todos agimos sobre o ambiente. O que é importante no processo de ensino- aprendizado é verificar como cada um e o coletivo agem em relação às atividades que se desenvolvem em sala de aula. A aprendizagem depende de nossa história pessoal, dos processos afetivos e cognitivos com os quais nascemos como seres humanos e das condições de desenvolvimento e, inclusive de aprendizado, na medida em que o educador planeja um ensino significativo em que a criança possa apropriar-se do novo conhecimento. Quando uma criança nasce, passa a se relacionar com a cultura do seu grupo, a participar da história desse grupo e da história da humanidade e a se sociabilizar em diferentes contextos. Os contextos vão se diferenciando na medida em que a criança se desenvolve e vai- se tornando autônoma. Um desses contextos é a escola, a comunidade escolar e os significados construídos nesses ambientes: os vários conhecimentos que podem aprendidos, o desenvolvimento moral, as trocas possíveis, a aprendizagem da variante padrão da língua, a leitura e a escrita, que são importantíssimas para todo o processo de escolarização e dependem do desenvolvimento de competências de compreensão de textos. Nessa perspectivas, a criança não aprende apenas quando está prestando atenção ao educador ou fazendo as tarefas, mas Anais do III Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus de Tubarão Tubarão, de 28 a 31 de março de 2011 9 aprende a partir das trocas geradas continuamente na escola e fora dela. A escolatem por objetivo propiciar uma aprendizagem sistematizada, diferente daquela que a comunidade propicia. A tarefa da escola e de todos os educadores que nela atuam, é a de aumentar o repertorio dos aprendizes, facilitarem a aprendizagem, gerar condições e ambiente para o estabelecimento de articulação entre informações e conexões múltiplas, analises e sínteses. É ensinar que ler e escrever promove socialmente, dão acesso à cultura e ao conhecimento, é um modo de relacionar o que se faz na escola com o que existe fora dela. Nesse sentido, a prática de ler e escrever desenvolve-se através de responsabilidade partilhada entre o aluno e o educador, em que o primeiro atua como guia, apoio, mediador de cultura e o segundo como sujeito ativo da aprendizagem. Considerações Finais Consideramos que o projeto que vem sendo realizado na Escola de Educação Básica Professor Clóvis Goulart, está trazendo resultados significativos acerca das dificuldades encontradas pelos alunos no processo da leitura e da escrita. A experiência obtida com o trabalho está sendo relevante em todos os aspectos educacionais. Os conhecimentos adquiridos serviram-nos como suporte para a prática pedagógica. No entanto acreditamos que para acontecer o avanço na prática da leitura e da escrita é preciso que os professores sejam comprometidos com a desmistificação das relações sociais, tenham clareza teórica e estimule a presença, a discussão, a pesquisa, o debate e enfrentamento de tudo que constrói o ser. Além do mais, que esse profissional seja reflexivo em sua prática pedagógica, deve ser sensível a apreensão de possibilidades alternativas, deve ter consciência que é passível de erros, esteja sempre se questionando no seu fazer em sala de aula, indo além das atividades imediatistas, tendo em mente o tipo de homem que quer formar. Compreendemos que o processo de leitura e escrita inicia muito antes da criança entrar em contato com o mundo adulto, recebendo estímulo para depois chegar à escrita convencional. A preocupação que devemos ter enquanto educadores é a de criar situações significativas para os estudantes, adotando uma postura que desenvolva o interesse pela leitura e escrita. E partir sempre do conhecimento prévio e das necessidades de ouvir os estudantes. Para com isso mobilizar os mesmos a realizarem as atividades com entusiasmo. Estabelecer uma relação de mundo com a escola possibilita aproximar o estudante do mundo letrado mesmo quando não sabem ler. Pois o mesmo sem saber ler é capaz de produzir linguagem escrita, recontando e produzindo oralmente à interpretação de texto trabalhada em sala de aula. Portanto, são fundamentais que sejam garantidos momentos diários de leitura pelo educador e pelos educandos. Fazendo assim, com que a linguagem existente fora da escola, seja utilizada como forma de comunicação e participação plena no mundo letrado dos educandos, partindo assim do seu próprio contexto. Facilitando o mesmo a enfrentar as dificuldades no processo de aquisição do código, propiciando momentos literários de troca que poderão significar a conquista na construção progressiva da autonomia do estudante, de forma que o educador seja apenas um mediador. Despertar no estudante uma consciência de mundo é estabelecer um contato direto com os acontecimentos sociais e reais, dando maior ênfase à importância da leitura e da escrita no seu cotidiano para que o mesmo possa atuar na sociedade de forma participativa. Entende-se que a leitura e a escrita são indispensáveis ao processo do desenvolvimento humano, especialmente no momento que o conhecimento se expressa como fator fundamental Anais do III Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus de Tubarão Tubarão, de 28 a 31 de março de 2011 10 para mudanças na vida social. Também é expressa no mundo contemporâneo a leitura e escrita serem revelados de forma diversificadas, nesse caso na escola as variedades devem ser incentivadas. Enfim, a escola deve priorizar no contexto de sua atuação o aprendizado da leitura e escrita, o aluno, de acordo com a realidade que vivencia, e essa reflexão pode ser benéfica no sentido de elevar o nível sócio-cultural dos sujeitos na sociedade. Verificamos, portanto, que a criança vai descobrindo as propriedades da leitura e escrita através de um processo construtivo e esse desenvolvimento variam de criança para criança. Referências BOTTREL, I. A. 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