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Prévia do material em texto

1º PERÍODO 
INTRODUÇÃO AO 
ENSINO DE HISTÓRIA
Autores
Professor Alysson Luiz Freitas de Jesus
Doutorando em História Social pela Universidade de São Paulo - USP e mestre em História 
Social e Cultural pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Atualmente é professor 
do Departamento de História da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes. 
Professora Filomena Luciene Cordeiro
Mestre em História pela Universidade Severino Sombra – USS. Atualmente é professora do 
Departamento de História da Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes.
SUMÁRIO
Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199
Unidade I: 
1.2 
1.3 . . . . . . . . . . . . 205
1.7 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215
Unidade II: 
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216
2.2 . . . . . . . . . . . . . . . . . 216
2.3 . . . . . . . . 221
2.4 . . . . . . . . . . . 223
Unidade III: O . . . . . . . . . . . 229
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229
3.2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229
3.3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231
3.4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233
Unidade IV: 
4.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237
4.2 . . . . . . . . . . . . . . . . . 237
4.3 
4.4 C . . . . . . . . . . . . . . . . . . 244
Unidade V: . . . . . . 247
5.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 247
5.2 . . . . . . . . 247
 A história e o historiador: da antiguidade aos dias atuais. . 202
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202
Reflexões sobre a História, do mundo antigo ao mundo 
contemporâneo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 202
A história como ciência a partir do século XIX
1.4 A História: do século XX ao século XXI . . . . . . . . . . . . . . . . . 206
1.5 A História hoje: ensino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207
1.6 A “História nova”: pesquisa e função social . . . . . . . . . . . . . . 212
2.5 A produção do conhecimento histórico e o ensino de história. . 225
2.6 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228
3.5 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 236
4.5 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 246
5.3 . . . . . . . . 249
5.4 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 257
Resumo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 259
História: relações entre passado e presente e a produção do 
conhecimento histórico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216
A história do ensino de história no brasil
Passado e presente: imagens construindo a história
Ensino de história: do positivismo ao marxismo
 historiador e as metodologias de ensino
O que é história?
Para que serve a história?
Como produzir história?
Análise crítica das competências do ensino de história. . . 237
O ensino e a aprendizagem de história
 A história e a historiografia no brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 240
oncepção de história e historiografia
História e ensino: novos fatos e novas abordagens
Dimensões, abordagens e domínios historiográficos
Ensino de história: novos fatos e novas abordagens
Referências básicas e complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 261
Atividades de Aprendizagem - AA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263
A disciplina Introdução ao Ensino de História é um dos conteúdos 
de fundamental importância para o profissional que atuará como 
pesquisador e professor de história. A disciplina História tem as suas 
particularidades e, por isso mesmo, tem suas próprias ferramentas e 
instrumentos de análise. Você, enquanto historiador, tem a 
responsabilidade de compreender qual o papel que exerce na sociedade e, 
principalmente, como exercer esse papel.
Com isso, essa disciplina objetiva permitir ao aluno refletir sobre 
questões teóricas e práticas do ofício do historiador. Portanto, se o “ser 
historiador” é um ofício, devemos, então compreender de que forma 
exercê-lo e, principalmente, qual a importância que o ensino da História 
tem para a sociedade em geral. Como o título da própria disciplina diz, 
trata-se de uma “introdução”, o que nos coloca diante de um desafio 
inicial, que deve ser percorrido durante todo o seu curso. Assim, quando 
estiver estudando “História Antiga”, “História do Brasil Império” ou 
“História Contemporânea”, você deve ter em mente que o ensino de 
História é o eixo que norteia toda a teoria e toda a prática da sua formação 
acadêmica.
Os objetivos dessa disciplina são muito claros:
?estabelecer uma relação entre a evolução da história e a 
função do historiador em distintos 
momentos históricos;
?compreender as relações 
entre passado e presente na produção 
do conhecimento histórico e no ofício do 
historiador;
?propiciar uma melhor 
compreensão sobre os métodos do 
historiador em sala de aula; e
?analisar as novas fontes e 
abordagens da história nas últimas 
décadas e a função do historiador nos 
dias atuais.
Tendo isso em mente, esse 
material foi produzido e dividido em 
cinco grandes unidades. 
APRESENTAÇÃO
199
Figura 01: Clio, a musa dos 
historiadores, 
inspirou vários homens a 
pensar na importância da História 
para a sociedade.
Fonte: http://www.bp3.blogger.com/.../s320/clio_car.gif
200
Introdução ao Ensino de História UAB/Unimontes
Na primeira unidade, intitulada “Da História e o Historiador: da 
antiguidade aos dias atuais”, vamos percorrer o caminho que a disciplina 
História atravessou nos últimos séculos, refletindo sobre o papel que a 
mesma exercia em diferentes sociedades. Nem sempre nos damos conta 
de que a história foi de fundamental importância para a constituição de 
inúmeras sociedades, antigas, modernas e contemporâneas.
Na Unidade 2, intitulada “História: relações entre passado e 
presente e a produção do conhecimento histórico”, você perceberá o 
quanto a história está presente no seu cotidiano e em que medida o estudo 
do passado é fundamental para compreender o mundo em que vivemos. 
Se o tempo é a principal preocupação do historiador, é no conhecimento do 
passado e no questionamento do presente que a história tem o seu sentido.
A Unidade 3, “O historiador e as metodologias de ensino” aborda 
a importância da História na sociedade, bem como as formas de se 
estruturar a produção do pensamento historiográfico por meio das suas 
metodologias de ensino.
Na Unidade 4, “Análise crítica das competências do ensino de 
História”, avaliamos mais detidamente a questão do ensino de História, a 
partir das suas possibilidades nas relações de ensino e aprendizagem.
Por fim, a última unidade, “História e Ensino: novos fatos e novas 
abordagens”, evidencia como se pode pensar os diversos domínios 
historiográficos, e os instrumentos que o historiador tem em suas mãos 
para exercer sua atividade docente.
Entender como é possível “ensinar História” é, também, 
compreender como explicar o nosso próprio mundo, o que confere ao 
historiador um papel dinâmico e central na sua sociedade. Afinal, se nem 
todos sabem para que serve a história, o historiador tem a obrigação de 
sabê-lo, para construir uma sociedade mais justa e igualitária. Você 
também tem esse papel. Então, mãos à obra.
Você perceberá, portanto, que essa disciplina será fundamental 
para todo o seu curso. Nas demais disciplinas temáticas é imprescindível 
que você saiba a função e as metodologias para o ensinoda História.
O texto está estruturado a partir do desenvolvimento das unidades 
e subunidades. Você deverá perceber que as questões para discussão e 
reflexão (são muito importantes) que acompanham o texto, bem como as 
sugestões para transitar do ambiente de aprendizagem aos sites, para 
acessar bibliotecas virtuais na web, etc. As sugestões e dicas estão 
localizadas junto ao texto, aparecendo com os respectivos ícones. A leitura 
dos textos complementares indicados também é importante, pois mostram 
os possíveis desenvolvimentos e ampliações para o estudo e a discussão. 
São recursos que podem ser explorados de maneira eficaz por você, pois 
buscam promover atividades de observação e de investigação que 
permitem desenvolver habilidades próprias da análise sociológica e 
exercitar a leitura e a interpretação de fenômenos sociais e culturais.
201
História Caderno Didático - 1º Período
Ao planejar esta disciplina consideramos que essas questões e 
sugestões seriam fundamentais, de forma a familiarizar o acadêmico, 
gradativamente, com a visão e procedimentos próprios da disciplina.
Agora é com você! Explore tudo, abra espaços para a interação 
com os colegas, para o questionamento, para a leitura crítica do texto, bem 
como para as atividades e leituras complementares.
Bom estudo!
Os Autores
1UNIDADE 1
202
A HISTÓRIA E O HISTORIADOR: DA ANTIGUIDADE 
AOS DIAS ATUAIS
1.1 INTRODUÇÃO
A própria expressão “legitimidade da história”, empregada 
por Marc Bloch, desde as primeiras linhas, mostra que para 
ele o problema epistemológico da história não é apenas um 
problema intelectual e científico, mas também um 
problema cívico e mesmo moral. O historiador tem 
responsabilidades e deve “prestar contas”.
Jacques Le Goff, In: Marc Bloch, Apologia da História ou o 
Ofício de Historiador, p. 17.
Você terá notado que a reflexão acima constitui um importante 
desafio. A sociedade não forma historiadores apenas para atuar no nível 
intelectual, mas, sobretudo, em um nível moral e cívico. “Prestar contas” à 
sociedade é fazer com que aquilo que estudamos possa atingir às pessoas 
mais “comuns”, em especial se notarmos a dimensão da responsabilidade 
do historiador.
Essa é uma das questões mais urgentes da nossa prática e que 
norteará toda a nossa reflexão. Você tem consciência dessa 
responsabilidade? Pois é para isso que refletiremos sobre o ensino da 
história.
Esta unidade está dividida nos seguintes tópicos: 
1.1 Reflexões sobre a História, do mundo antigo ao mundo 
contemporâneo;
1.2 A História como ciência a partir do século XIX;
1.3 A História: do século XX ao século XXI;
1.4 A História hoje: ensino; e
1.5 A “História nova”: pesquisa e função social.
1.2 REFLEXÕES SOBRE A HISTÓRIA, DO MUNDO ANTIGO AO 
MUNDO CONTEMPORÂNEO
Desde a Grécia antiga, a História passou a fazer parte do cotidiano 
das pessoas. É claro que não existiam historiadores oficiais. Entretanto, o 
passado era a ferramenta primordial na construção do modo de vida grego 
e, posteriormente, romano.
PARA REFLETIR
O mundo em que vivemos 
hoje tem total relação com 
o passado dos gregos e dos 
romanos, por exemplo.
O legado da Grécia para o mundo ocidental é por todos nós 
conhecido. As suas cidades-estado, a função da mulher na sociedade, a 
estrutura tirânica e democrática de poder, enfim, são exemplos da relação 
entre o passado grego e o presente ocidental.
No tempo de Péricles, o comparecimento às assembléias era 
aberto a “todo” cidadão. As assembléias reuniam centenas de atenienses 
do sexo masculino, com idade superior a dezoito anos. Todos os que 
compareciam tinham o direito de fazer uso da palavra. As assembléias 
eram espaço para debates públicos que possibilitam o exercício da 
democracia. Elas foram um importante elemento da construção da 
História das sociedades ocidentais, inspirando seus regimes democráticos 
no exemplo grego.
Você acredita 
que a democracia é o 
d i r e i t o d e t o d o s 
participarem da vida 
pública e política? Os 
gregos nos ensinaram 
que não, pois mulheres, 
escravos e estrangeiros 
não eram considerados 
cidadãos gregos, E 
h o j e ? C o m o s e 
e s t r u t u r a a 
democracia? Talvez 
inspirados nos gregos a 
maioria dos estados ocidentais vivem sob uma “democracia 
representativa” onde, por meio de eleições, o povo se faz representado. A 
história da Grécia, portanto, nos permite pensar a nossa própria história.
Os gregos foram os primeiros a tratar a história como objeto de 
Figuras 02 e 03: Em sociedades antigas, como Grécia e Roma, a História foi 
adquirindo espaço e credibilidade nas relações sociais e políticas.
Fonte: http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=2055&iLingua=1
http://historiaeatualidade.blogspot.com/2008/05/tal-revoluo-francesa.html
DICAS
Pesquise o que é 
democracia para o povo 
grego e o que significa 
democracia para as 
sociedades atuais
Figura 04: Modelo de Assembléia democrática 
Fonte: http://www.eb23-monte-caparica.rcts.pt/webquests/republica/
images/constituint1911_s_inaug1.jpg
203
História Caderno Didático - 1º Período
pesquisa sistemática, separando as lendas dos fatos. Heródoto de 
Halicarnasso (484-425 a.C.), conhecido como o “pai da história”, relatou 
as guerras Greco-pérsicas. Ele também se preocupou em conhecer os 
povos cujas histórias contava, visitando o Egito, a Península Itálica e a Ásia 
Menor.
Outro historiador, Tucídides (460-400 a.C.), pode ser considerado 
o criador da história objetiva, escrevendo a famosa obra “História da 
Guerra do Peloponeso”.
Durante séculos, portanto, a história foi se constituindo como 
importante instrumento da compreensão e constituição das sociedades 
ocidentais. Perceba que são nessas sociedades que você se encontra, o que 
nos leva a crer que essa história construiu parte do mundo em que você 
vive.
No mundo medieval, a história esteve, por longos dez séculos, sob 
controle do monopólio da Igreja Católica. Por meio de uma cultura 
teocêntrica, quase todas as explicações sociais, políticas e culturais eram 
dadas pela igreja. Deus era a fonte de explicação de todo o cotidiano e a 
Ele eram atribuídos todos os fenômenos racionais, físicos e sociais. 
Com o advento do 
mundo moderno, a razão e o 
homem se constituíram em 
princípios fundamentais para a 
explicação do mundo pós 
século XV. Se não era Deus o 
principal responsável por um 
fenômeno como a chuva, 
cabia ao homem procurar suas 
próprias razões, em reflexões 
mais ligadas ao cotidiano das 
pessoas do que ao mundo 
espiritual. O antropocentrismo 
passou a ser a chave de 
compreensão do mundo 
racional e moderno.
No mundo em que 
você vive, você pauta as suas 
decisões impulsionado por questões de cunho espiritual ou racional? Por 
mais que a primeira opção ainda faça parte do seu dia-a-dia – em especial 
por vivermos em um país essencialmente católico – não podemos negar 
que a razão é elemento indispensável na compreensão do nosso mundo, o 
que confere ao historiador a necessidade da objetividade e do racionalismo 
no pensamento histórico.
C
A
B
F
EGGLOSSÁRIO
Teocentrismo:a concepção 
segundo a qual Deus é o 
centro do universo, tudo foi 
criado por Ele, por Ele é 
dirigido, e não há outra 
razão além do desejo divino 
sobre a vontade humana. 
Contrapõe-se ao 
antropocentrismo, 
biocentrismo, humanismo.
Figura 05: A Igreja Católica 
estabeleceu durante séculos o monopólio
do conhecimento e da cultura, 
submetendo a História ao “olhar” do clero.
Fonte: http://www.souturista.com.br/vaticano.htm
Antropocentrismo: Diz-se 
de teoria que tem o homem 
como referencial único, ou 
que interpreta o Universo 
em termos de valores, 
feitos e experiências 
humanas.
204
Introdução ao Ensino de História UAB/Unimontes
C
A
B
F
EGGLOSSÁRIO
1.3 A HISTÓRIA COMO CIÊNCIA A PARTIR DO SÉCULO XIX
No século XIX, a história vai ganhar maturidade. É consenso entre 
os historiadores que, nesse período, a históriaadquire parte do seu 
referencial teórico-conceitual. O século XIX se estruturou a partir das 
idéias liberais pós-Revolução Francesa, e os princípios de liberalismo e 
nacionalismo vão ser fundamentais para a formação e maturidade da 
história enquanto ciência. É nesse contexto, portanto, que a História 
recebe parte da sua cientificidade, estruturando a importância da mesma 
na sociedade e o papel do historiador enquanto agente transformador.
O método histórico tornou-se guia e modelo das outras 
ciências humanas. Os historiadores adquirem prestígio 
intelectual e social, pois tinham finalmente estruturado seu 
conhecimento sobre bases empíricas positivas. Aqui se deu 
o nascimento de uma nova consciência histórica: a que 
enfatiza as “diferenças humanas no tempo”. (...) Como 
conhecimento das diferenças humanas, a história científica 
dará ênfase ao evento: irrepetível, singular, individual, com 
seu valor intrínseco, único. 
José Carlos Reis, In: A história entre a filosofia e a ciência. p. 
8.
Nos últimos 150 anos, a história, portanto, se transformou em 
uma disciplina, a partir de uma concepção racional e iluminista sobre o 
mundo. Esse mundo é conseqüência do ambiente que se formou pós 
Revolução Francesa, e das idéias liberais típicas desse contexto.
Você sabia que nem todos os homens ligados às ciências humanas 
e sociais consideram a história uma ciência? Existe um debate intenso 
sobre a cientificidade da história. Historiadores franceses, ingleses, 
alemães e mesmo brasileiros vêm, nas últimas décadas, debatendo sobre 
No final do século XVIII, a França revolucionou o mundo 
derrubando definitivamente o antigo regime. O iluminismo permitiu novas 
concepções sobre o mundo e sobre o homem, a partir dos ideais de 
“liberdade, igualdade e fraternidade”.
Figuras 06 e 07: Momentos da Revolução Francesa
.
Fonte: http://www.enciclopedia.com.pt/readarticle.php?article_id=740
http://www.historiadomundo.com.br/francesa/revolucao-francesa/
ATIVIDADES
Pesquise por que a França 
é considerada o centro 
irradiador do pensamento 
cultural e liberal do mundo 
contemporâneo.
205
História Caderno Didático - 1º Período
essa questão. Marc Bloch, um dos maiores historiadores das últimas 
décadas, nos diz: A história é uma ciência, mas uma ciência que tem como 
uma de suas características o fato de ser poética, pois não pode ser 
reduzida a abstrações, a leis e a estruturas.
O positivismo, nesse sentido, permitiu à história adquirir parte da 
sua conotação científica, estruturando as suas primeiras bases 
metodológicas. A transição entre o século XIX e o século XX foi ainda mais 
produtiva.
O homem é filho do seu tempo, o que determina o olhar do 
historiador sobre o mundo.
A história é busca, portanto escolha. Seu objeto não é o 
passado: “a própria noção, segundo a qual o passado 
enquanto tal possa ser objeto de ciência é absurda”. Seu 
objeto é “o homem”, ou melhor, “os homens”, e mais 
precisamente “homens no tempo”.
Marc Bloch, In: Apologia da história ou o ofício de 
historiador. p. 24.
1.4 A HISTÓRIA: DO SÉCULO 
XX AO SÉCULO XXI
No século passado a 
história foi escrita e reescrita a 
partir de várias concepções. Os historiadores se viram diante de inúmeras 
abordagens históricas, o que permitiu um discurso cada vez mais 
aprimorado de sua ciência. A França teve um papel fundamental nesse 
processo, pois a partir da famosa Escola dos Annales possibilitou uma 
revolução na historiografia. Marc Bloch, autor já familiar no nosso curso, 
foi um dos principais nomes dessa corrente historiográfica. Marc Bloch, 
Lucien Febvre e Fernande Braudel são referências obrigatórias para o 
estudo da história no século XX.
Entre as principais idéias desses historiadores estão: 
Esses historiadores fizeram uma releitura da história enquanto 
As primeiras décadas 
do século XX foram marcadas 
por guerras, e o homem passou 
a entender o seu mundo a partir 
de uma nova concepção de 
tempo, própria do século XX.
?a substituição da tradicional narrativa de acontecimentos por 
uma história-problema;
?análise da história de todas as atividades humanas e não 
apenas história política; e
?a colaboração e aproximação com outras disciplinas, tais 
como a geografia, a sociologia, a psicologia, a economia, e tantas outras.
Na transição entre o século 
XIX e XX eclodiu a 
primeira guerra mundial. 
Você sabia que a história 
também passaria por 
intensas transformações?
Figura 08: Campo de batalha da Primeira 
Guerra Mundial
Fonte: http://forum.portaltibia.com.br/index.php
Sugestões de leituras:
Reis, José Carlos. História e 
Teoria, FGV 2006.
Fontana, Josep. História: 
análise do passado e 
projeto social, Edusque, 
1998.
206
Introdução ao Ensino de História UAB/Unimontes
PARA REFLETIR
DICAS
ciência, inclusive com forte crítica à escola positivista do século XIX. O que 
esses historiadores estão propondo, na verdade, é uma história “nova”, 
que repense o papel do homem na sociedade na primeira metade do 
século XX.
Pouca a pouco os annales converteram-se no centro de 
uma escola histórica. Foi entre 1930 e 1940 que Febvre 
escreveu a maioria de seus ataques aos especialistas 
canhestros e empiricistas, além de seus manifestos e 
programas em defesa de “um novo tipo de história” 
associado aos annales – postulando por pesquisa 
interdisciplinar, por uma história voltada para problemas, 
por uma história da sensibilidade, etc.
Peter Burke, A Escola dos Annales (1929-1989), p. 38.
Com a queda do muro de 
Berlim e o fim da União Soviética, o 
mundo se viu diante de novos 
desafios. Tais mudanças também 
atingiram o historiador. Será que 
ser historiador hoje requer as 
m e s m a s e s t r a t é g i a s e 
metodologias que existiam no 
século XIX? O que você acha que 
significa “ser historiador” e 
“ensinar história” no mundo de hoje?
1.5 A HISTÓRIA HOJE: ENSINO
Nas últimas décadas, a história passou por intensas 
transformações. Novas fontes, novas metodologias e novas abordagens 
passaram a fazer parte do referencial teórico do historiador. A história 
passou por uma “revolução”.
É evidente, portanto, que o historiador das últimas décadas se vê 
diante de novos desafios e, por isso mesmo, o ensino de história também 
deve ser repensado. Mas, quais são essas novidades? Um exemplo são as 
A partir da historiografia francesa, outros grandes centros 
intelectuais foram se destacando, tendo como exemplo a Inglaterra. No 
Brasil, o avanço da historiografia também se fez sentir, permitindo um 
aprimoramento no ensino e na pesquisa da história. Contudo, foi nas 
últimas décadas que a história teve os seus avanços mais siginificativos.
Com a queda do Muro de 
Berlim e tantos outros eventos no 
final do século XX, a História 
enquanto ciência passou por 
inúmeras transformações, sendo 
necessário “revolucionar” o ensino 
de História.
Pesquise na internet um 
pouco da biografia dos três 
grandes nomes da escola 
dos annales: Marc Bloch, 
Lucien Febvre e Fernande 
Braudel.
Figura 09: Queda do Muro de Berlim
Fonte: http://nacionalismo-de-futuro.blogspot.com/
2004/04/o-declnio-da-europa-e-ideologia_16.html
207
História Caderno Didático - 1º Período
ATIVIDADES
novas fontes da história.
Você sabia que um filme, uma música, ou mesmo um jogo de 
videogame são hoje objetos de estudo da história? Você sabia que a mídia 
tem hoje uma importante função no trabalho do historiador? Tudo isso 
reflete que os tempos de hoje são outros e, evidentemente, as leituras 
precisam se adaptar a essa nova realidade. Essas novas fontes podem 
oferecer uma enorme contribuição no ensino da história. 
Recursos audiovisuais, como os filmes por exemplo, são 
importantes ferramentas hoje no processo de ensino. A História é um 
recurso muito utilizado pelos diretores. Tais filmes fornecem importantes 
impressões sobre sociedades do passado e do presente.
Figuras 10 e 11: Cartazes de obras cinematográficas 
Fonte:http://minefpp.blogspot.com/2007/03/cinema-corrompido.html
http://filmes_portugueses.blogs.sapo.pt/30159.html
Duas Tribos - Renato Russo
Vou passar / Quero ver
Volta aqui / Vem você
Como foi / Nem sentiu
Se era falso / Ou fevereiro
Temos paz / temos tempo
Chegou a hora / E agora é aqui.
Cortaram meus braços / Cortaram minhas mãos
Cortaram minhas pernas / Num dia de verão
Num dia de verão / Num dia de verão
Podia ser meu pai / Podia ser meu irmão
Não se esqueça / Temos sorte
E agora é aqui / Quando querem transformar
Dignidade em doença / Quando querem transformar
Inteligência em traição / Quando querem transformar
Estupidez em recompensa / Quando querem transformar
208
Introdução ao Ensino de História UAB/Unimontes
Esperança em maldição: / É o bem contra o mal
E você de que lado está? / Estou do la...do do bem
E você de que lado está? / Estou do la...do do bem.
Com a luz e com os anjos / Mataram um menino
Tinha arma de verdade / Tinha arma nenhuma
Tinha arma de brinquedo / Eu tenho autorama
Eu tenho Hanna-Barbera / Eu tenho pêra, uva e maçã
Eu tenho Guanabara / E modelos revell
O Brasil é o país do futuro / O Brasil é o país do futuro
O Brasil é o país do futuro / O Brasil é o país
Em toda e qualquer situação / Eu quero tudo pra cima/Pra cima
http://www.musica.com/letras.asp?letra=1080692
A responsabilidade do professor de história é estar atento à esses 
novos desafios, bem como às dificuldades de utilizá-los. Para tal, não 
devemos nos esquecer que isso requer metodologias. Essas metodologias 
são fundamentais para a construção do conhecimento histórico.
A música colocada acima é um exemplo que deve ser instrumento 
do historiador. A música retrata o momento da Ditadura Militar, a violência 
do regime por meio da tortura e a ideologia dos militares que acreditavam 
estar transformando o Brasil no “país do futuro”. 
A letra da música é altamente reveladora, mas não é suficiente 
para explicá-la. O historiador deve estar atento à outros indícios que não 
são claramente revelados, como o ritmo e sonoridade da música, bem 
como o momento e o contexto em que ela foi escrita. Além de se pesquisar 
a história da banda ou dos compositores que a escreveram. Isso tudo revela 
que sem metodologias e sem uma boa qualificação profissional fica 
impossível trabalhar tais fontes.
Figuras 12 e 13: Capas de obras musicais brasileiras
Fonte: http://jukebox-br.blogspot.com/2007_11_01_archive.html
http://www.geocities.com/zelak_2000/engenheiros/disco/capa_filmes.jpg
209
História Caderno Didático - 1º Período
Várias bandas de Rock e inúmeros compositores das décadas de 
1980-1990 escreveram músicas que até hoje são símbolos de resistência, 
ou mesmo canções que representam grandes eventos históricos.
Na sala de aula, essas mídias e essas novas fontes são hoje 
referências obrigatórias do historiador. Além disso, o uso dessas fontes no 
cotidiano da sala de aula permite aproximar os alunos de suas próprias 
realidades, aproximando-os da própria história. Quantos professores já 
não ouviram a velha pergunta de um aluno: “Afinal, para que serve a 
história?”
Marc Bloch, um dos fundadores da Escola dos Annales, colocou 
esta questão em seu magistral “Apologia da História ou o Ofício de 
Historiador”. Em sua obra, o autor reafirma a importância da história para 
a sociedade. Para ele, tal questão nos coloca diante da necessidade de 
legitimar a história. Você conseguiria responder essa pergunta?
Para Marc Bloch: 
A história não apenas é uma ciência em marcha. É também 
uma ciência na infância: como todas aquelas que têm por 
objeto o espírito humano, esse temporão no campo do 
conhecimento racional. Ou, para dizer melhor, velha sob a 
forma embrionária da narrativa, de há muito apinhada de 
ficções, há mais tempo ainda coloca aos acontecimentos 
mais imediatamente apreensíveis, ela permanece, como 
empreendimento racional de análise jovem. Tem 
dificuldades para penetrar, enfim, no subterrâneo dos fatos 
de superfície, para rejeitar, depois das seduções da lenda 
ou da retórica, os venenos, atualmente mais perigosos, da 
rotina erudita e do empirismo, disfarçados em senso 
comum. Ela ainda não ultrapassou, quanto a alguns dos 
problemas essências de seu método, os primeiros passos.
Marc Bloch, Apologia da História ou o Ofício de Historiador, 
p. 47.
Vejamos um exemplo de como um texto, facilmente encontrado 
nos meios de comunicação, pode ser importante referência no trabalho do 
professor de história. No ano de 1954, um dos maiores presidentes da 
república brasileira suicidou-se com um tiro no peito. Getúlio Vargas, 
depois de vários anos como presidente do Brasil, resolvia “dar a sua vida 
para entrar na história”. A sua carta-testamento é um exemplo de como 
um bom profissional da história pode tornar atraente o evento que se 
passara naquele agosto de 1954. Reproduzimos a carta na íntegra, para 
que você tenha uma noção da importância do texto:
Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo 
coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre 
mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, 
caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam 
sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu 
não continue a defender, como sempre defendi, o povo e 
principalmente os humildes. Sigo o destino que me é 
imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos 
grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me 
chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de 
libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de 
Pesquise instrumentos da 
mídia, como filmes e 
músicas, que podem ser 
importantes no ensino da 
história.
210
Introdução ao Ensino de História UAB/Unimontes
ATIVIDADES
renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo. A 
campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se 
à dos grupos nacionais revoltados contra o regime de 
garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi 
detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário 
mínimo se desencadearam os ódios. Quis criar liberdade 
nacional na potencialização das nossas riquezas através da 
Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de 
agitação se avoluma. A Eletrobrás foi obstaculada até o 
desespero. Não querem que o trabalhador seja livre. Não 
querem que o povo seja independente. Assumi o Governo 
dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do 
trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam 
até 500% ao ano. Nas declarações de valores do que 
importávamos existiam fraudes constatadas de mais de 
100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, 
valorizou-se o nosso principal produto. Tentamos defender 
seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a 
nossa economia, a ponto de sermos obrigados a ceder. 
Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a 
uma pressão constante, incessante, tudo suportando em 
silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, 
para defender o povo, que agora se queda desamparado. 
Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as aves 
de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar 
sugando o povo brasileiro, eu ofereço em holocausto a 
minha vida. Escolho este meio de estar sempre convosco. 
Quando vos humilharem, sentireis minha alma sofrendo ao 
vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em 
vosso peito a energia para a luta por vós e vossos filhos. 
Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força 
para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu 
nome será a vossa bandeira de luta. Cada gota de meu 
sangue será uma chama imortal na vossa consciência e 
manterá a vibração sagrada para a resistência. Ao ódio 
respondo com o perdão. E aos que pensam que me 
derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do 
povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de 
quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu 
sacrifícioficará para sempre em sua alma e meu sangue 
será o preço do seu resgate. Lutei contra a espoliação do 
Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de 
peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram 
meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a 
minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro 
passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar 
na História. (Rio de Janeiro, 23/08/54 - Getúlio Vargas). 
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/cartatestamento.html
Como podemos observar, Vargas lança mão de inúmeras 
informações sobre o Brasil e o mundo em meados do século XX. Sua 
história pessoal é abordada no texto, associada às dificuldades que o país 
enfrentava, em especial devido à difícil relação com os Estados Unidos da 
América. 
Além disso, uma forte dose emocional é notável no seu 
testamento, tratando-se, portanto, de um texto com clara intenção: 
comover e chamar a atenção para o momento político que o país 
211
História Caderno Didático - 1º Período
atravessava na sua política interna e 
internacional.
Quais as questões que você, 
enquanto historiador pode fazer a essa 
fon te? Como um a luno pode 
compreender o Brasil da época e o Brasil 
de hoje a partir dessa carta-testamento? 
Seria possível relacionar a postura de 
Getúlio à alguns políticos da atualidade?
Essas questões só encontram 
respostas a partir de reflexões no 
cotidiano da sala de aula, exigindo do 
professor habilidade para lidar com as 
diferentes posições sobre o tema. 
Mesmo assim, uma questão é 
indiscutível: um historiador consciente 
do seu papel em sala de aula, ao 
trabalhar essa fonte, se verá diante de 
inúmeras possibilidades. 
1.6 A “HISTÓRIA NOVA”: 
PESQUISA E FUNÇÃO SOCIAL
Franceses e ingleses foram os principais responsáveis pelas 
inúmeras mudanças da ciência história nas últimas décadas. Com essas 
mudanças, o ensino de história se modernizou, fruto de pesquisas cada vez 
mais qualificadas.
Se as pesquisas permitiram um avanço da produção histórica, por 
que o professor não deve levar a prática da pesquisa para o ensino? Hoje é 
imprescindível que a pesquisa faça parte do cotidiano da sala de aula. Ser 
espectador do processo de ensino-aprendizagem não é mais suficiente.
A disciplina história exige que o aluno participe da construção das 
reflexões feitas na sala de aula para que, futuramente, participe também 
da construção de sua cidadania.
Não apenas a carta-
testamento de Getúlio Vargas, 
como toda a sua trajetória política, 
podem ser uma importante fonte 
para o professor de História no 
ensino da história republicana 
brasileira.
Figura 14: Getúlio Vargas foi, 
talvez, o principal representante 
da história republicana 
brasileira, e legou importantes 
fontes para a História do Brasil.
Fonte: www.br.geocities.com/.../fotos/Getul-a.gif
Figura15: Velório do Presidente Getúlio 
Vargas
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2002/
eleicoes/historia-1951.shtml
Existe diferença entre ser 
um bom professor de 
história e um bom 
pesquisador em história?
212
Introdução ao Ensino de História UAB/Unimontes
PARA REFLETIR
Como dissemos, as atuais formas de se fazer história permitem 
uma ampliação do papel do historiador e das fontes. 
A história nova ampliou o campo do documento histórico; 
ela substituiu uma história fundada essencialmente nos 
textos, no documento escrito, por uma história baseada 
numa multiplicidade de documentos (...). Uma estatística, 
uma curva de preços, uma fotografia, um filme, são, para a 
história nova, documentos de primeira ordem. 
Jacques Le Goff, A História Nova, p. 28.
Levantar uma problematização em sala de aula requer do 
professor de história uma enorme habilidade em pesquisa, isto é, ser 
historiador. Mas, a pergunta que fizemos anteriormente permanece: 
“Afinal, para que serve a história?” Vamos, portanto, aumentar o nosso 
desafio com duas novas questões: “Afinal, para que serve o ensino de 
história?” e, “Afinal, como ensinar história?”. A resposta a essas perguntas 
parece ainda mais simples: história tem uma função social. 
Nos encontramos em um momento em que o capitalismo se acha 
numa crise estrutural. Suas promessas de progresso e felicidade para todos 
não apenas não se cumpriram, como também descobrimos que são 
irrealizáveis. O que devemos fazer é começar a construir, ao mesmo tempo, 
uma nova história e um novo projeto social, para que questões como 
democracia e bem-estar social possam se tornar realidade.
O atraso social e político da América Central, a fome e as misérias 
da África, as tensões do Oriente Médio, enfim, o mundo só será 
compreendido e transformado quando descobrirmos a função social da 
história, bem como a função das demais ciências sociais.
A fome e a miséria do mundo nunca serão realmente encaradas 
com responsabilidade se não descobrirmos que a história – como tantas 
outras ciências – deve cumprir uma função social, e resolver os problemas 
das sociedades que dela necessitam.
Figura 16: A relação professor-aluno deve permitir a interação 
na construção do conhecimento.
Fonte: http://www.imagem.ufrj.br/index.php?acao=detalhar_imagem&id_img
Le Goff, Jacques, A História 
Nova, Martins Fontes, 
1988.
213
História Caderno Didático - 1º Período
DICAS
Os homens do presente precisam encontrar um sentido para o 
fato de compreender o passado. Os grandes eventos da história não 
aconteceram de repente. Eles fizeram parte da vida da maioria dos 
cidadãos que viveram tais eventos. Nem sempre a história é reivindicada 
pela sociedade. Entretanto, é na sua própria história que cada sociedade 
legitima as suas ações. Em meio à tecnologia implacável do século XXI, o 
historiador e o professor de história não devem perder de vista sua função 
na sociedade: informar ao homem sobre o mundo em que ele vive, a fim de 
contribuir na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Figuras 17 e 18: Cenas do cotidiano em África e Ìndia
Fonte: http://www.planetaeducacao.com.br/novo/artigo.asp?artigo=642
214
Introdução ao Ensino de História UAB/Unimontes
REFERÊNCIAS
BLOCH, Marc. Apologia da História ou o Ofício de Historiador. Rio de 
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.
BURKE, Peter. A Escola dos Annales (1929-1989). São Paulo: UNESP, 
1997.
FONTANA, Josep. História: análise do passado e projeto social. Bauru, SP: 
EDUSC, 1998.
LE GOFF, Jacques. A História Nova. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
REIS, José Carlos. A história entre a filosofia e a ciência. Belo Horizonte: 
Autêntica, 2004.
REIS, José Carlos. História e Teoria: Historicismo, modernidade, 
temporalidade e verdade. Rio de Janeiro: FGV, 2006.
Sites
http://www.musica.com/letras
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris
215
História Caderno Didático - 1º Período
2UNIDADE 2HISTÓRIA: RELAÇÕES ENTRE PASSADO E PRESENTE E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO
2.1 INTRODUÇÃO
Você deve ter observado na Unidade 1 que o principal objetivo foi 
analisar a evolução pela qual a história passou nos últimos séculos. Desde 
a antiguidade, em especial pelo pensamento grego, passando pela Idade 
Média, onde o mundo teocêntrico dominou o cotidiano do homem, a 
história passou por intensa transformação.
No século XIX, como vimos, a história absorveu princípios de 
ciência, e no século posterior passou a ser analisada sob diversas formas. 
Nos dias atuais, a história se transformou em uma ciência complexa, 
contribuindo na formação da nossa sociedade. Novas abordagens e novas 
metodologias permitem ao historiador aproximar a história e o ensino de 
História da realidade do seu público. 
Nossa proposta, portanto, foi avaliar como se deu essa evolução.
Nessa segunda unidade vamos analisar como a história permite 
estabelecer um diálogo entre o tempo do passado e o tempo do presente. 
Na verdade, é impossível conceber a análise histórica e o próprio ensino de 
História sem entender o diálogo fundamental entre passadoe presente.
Propomos, ainda, exemplificar como se dá a produção do 
conhecimento histórico, identificando os principais elementos que o 
professor de História deve levar em conta na produção das suas aulas e das 
suas pesquisas. Você já deve ter notado que ser professor de história é, 
também, ser um bom pesquisador... Não é mesmo?
Antes, porém, faremos uma breve análise sobre as 
transformações que o ensino de História sofreu no Brasil no último século.
Essa unidade está dividida nos seguintes tópicos: 
2.1 A História do ensino de História no Brasil; 
2.2 Passado e presente: imagens construindo a história; 
2.3 Ensino de História: do Positivismo ao Marxismo; 
2.4 A produção do conhecimento histórico e o ensino de História;
2.4.1 O tempo; 
2.4.2 Os homens; e
2.4.3 A obsessão pelas origens.
2.2 A HISTÓRIA DO ENSINO DE HISTÓRIA NO BRASIL
Estudar a história do ensino é tarefa das mais importantes para 
compreender o papel da educação e a tarefa do educador na sociedade. A 
História como disciplina escolar é fundamental no funcionamento das 
escolas primárias e secundárias.
 
216
A partir da década de 1970, vários trabalhos foram produzidos 
tendo como tema “a história do ensino de História”.
Esses autores enfocaram aspectos de grande importância 
para a compreensão da consolidação da História como 
disciplina escolar e de seu ensino como questão política 
relevante. O “caso” francês tornou-se exemplar ao deixar 
claras as vinculações entre o fortalecimento do estado-
nação, a construção e a consolidação de uma identidade 
nacional coletiva, a afirmação nacional perante outras 
nações, a legitimação de poderes constituídos e a história 
enquanto conhecimento social e culturalmente produzido e 
seu ensino nas escolas. As funções do ensino de história, as 
possibilidades de acentuação de funções morais e políticas 
para ele, as disputas pela memória nacional, sempre 
associadas à história da nação, foram alguns dos aspectos 
analisados por estudos dessa natureza.
Thaís Nívia de Lima e Fonseca, História e Ensino de 
História, p. 26.
A iconografia, isto é, o uso das imagens e ilustrações como fontes 
do ensino de História, ainda é pouco estudada e debatida pelos 
pesquisadores e professores de História. Uma imagem é, antes de tudo, 
uma representação sobre fatos e idéias do passado ou do presente. Por que 
os historiadores ainda não se preocuparam da maneira devida com 
relação a essas fontes? Mais à frente, teremos a oportunidade de pensar 
um pouco sobre essas iconografias. Voltemos ao ensino de História.
A história do ensino de História é um campo complexo, contendo 
caminhos que se cruzam e que vão além das formalidades dos programas 
curriculares, e mesmo dos livros didáticos escolares. Suas múltiplas 
relações com as várias dimensões da sociedade, sua posição como 
instrumento científico, político, cultural, para diferentes grupos, indicam a 
Em países de primeiro mundo – como a França e a Inglaterra – a 
história é tratada com enorme responsabilidade pelo Estado e pela 
sociedade. São países que vinculam a construção do seu estado nacional 
ao seu passado histórico.
Mas, existem poucos estudos que privilegiem as práticas escolares 
no ensino de História. Isso se dá talvez pela dificuldade do professor de 
História em entender o seu papel como pesquisador.
Figuras 20 e 21: Cenas de educação em países da Europa
Fonte: http://www.bonjourdefrance.com/images/photo_ado.jpg
http://www.i3.photobucket.com/.../educacao/Image5.jpg
217
História Caderno Didático - 1º Período
riqueza de possibilidades 
para seu estudo e o quanto 
ainda há para investigar.
No Brasil, nos 
últimos dez anos, poucos 
autores se preocuparam 
em pesquisar sobre o 
e n s i n o d e H i s t ó r i a . 
Professores e pesquisado-
res se debruçam, principal-
mente, sobre temas ligados 
ao cotidiano da sala de 
aula e que merecem maior 
atenção dos professores e, 
p r i n c i p a l m e n t e , d o s 
pesquisadores interessa-
dos.
Thaís Nívia de Lima e Fonseca, História e Ensino de 
História, p. 29.
No Brasil, o tema 
Ditadura Militar é recorrente nos trabalhos e pesquisas de História, pois é 
um tema muito ligado às experiências pessoais e ao cotidiano da socieda-
de brasileira.
À primeira vista, a história do ensino da disciplina no Brasil 
não parece interessar, de forma especial, os professores, e 
poucos são os historiadores da educação que a ela se 
dedicam. Ainda assim, verifica-se que muitos trabalhos que 
se propõem o estudo da história do ensino acabam, na 
verdade, por tratar das questões atinentes às práticas 
pedagógicas contemporâneas aos seus autores, sem se 
caracterizar, todavia, como uma história do tempo 
presente. Mas, sim, análises de metodologias de ensino, de 
programas curriculares ou de livros didáticos.
Figura 22: Arquivos e bibliotecas são fundame-
ntais na formação do professor de História. 
Fonte: http://anapaulass.wordpress.com/category/sem-categoria/
Pesquise na internet artigos 
e textos que reflitam sobre 
o ensino de História no 
Brasil. Ver sites sobre 
História e educação, e 
história da educação.
Figura 23: Contestação à Ditadura Militar no Brasil
Fonte: http://www.bonde.com.br/imgsistema/bondenews/2008/06/img.jpg
218
Introdução ao Ensino de História UAB/Unimontes
DICAS
O livro didático continua sendo o principal instrumento de ensino 
da maioria dos professores. Os próprios pesquisadores, quando decidem 
pesquisar sobre o ensino de História, ainda utilizam o livro didático como 
principal referência. Você sabe da importância do livro didático? Você 
sabia que o livro didático é um material fortemente regulamentado pelo 
Estado? Como é possível, portanto, ao professor de História ensinar de 
maneira livre e independente, sem a influência direta da intencionalidade 
do livro didático?
Essas questões revelam mais um aspecto da complexidade de se 
pensar e de executar o papel de professor de História.
Na Unidade 1, recorremos à carta-testamento de Getúlio Vargas 
para indicar a importância das fontes no ensino de História. Agora, 
recorreremos à fragmentos da mesma para refletir um pouco sobre a 
intencionalidade dos livros didáticos.
Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo 
coordenaram-se e novamente se desencadeiam sobre 
mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, 
caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam 
sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu 
não continue a defender, como sempre defendi, o povo e 
principalmente os humildes. Sigo o destino que me é 
imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos 
grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me 
chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de 
libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de 
renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo (...). Não 
Figuras 24 e 25: Os livros didáticos permanecem como principal fonte para os 
professores de História em sala de aula, e como principal referencia de estudo 
para os alunos.
Fonte:
http://www.livrariasaraiva.com.br/produto/produto.dll/detalhe?pro_id=341993&ID=C8DEF68F7D8081E0035200993
219
História Caderno Didático - 1º Período
querem que o povo seja independente. Assumi o Governo 
dentro da espiral inflacionária que destruía os valores do 
trabalho (...) Nada mais vos posso dar, a não ser meu 
sangue. Se as aves de rapina querem o sangue de alguém, 
querem continuar sugando o povo brasileiro, eu ofereço em 
holocausto a minha vida. Escolho este meio de estar 
sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis 
minha alma sofrendo ao vosso lado (...). Meu sacrifício vos 
manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta. 
Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na 
vossa consciência e manterá a vibração sagrada para a 
resistência. Ao ódio respondo com o perdão. E aos que 
pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. 
Era escravo do povo e hojeme liberto para a vida eterna. 
Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo 
de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma 
e meu sangue será o preço do seu resgate. Lutei contra a 
espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. 
Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia 
não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora 
vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou 
o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida 
para entrar na História. (Rio de Janeiro, 23/08/54 - Getúlio 
Vargas).
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/cartatestamento.html
Nem todos os professores sabem, mas os livros didáticos atendem 
não apenas a interesses escolares. Os livros são produzidos para serem 
comercializados e, nesse sentido, têm que atender a interesses de 
mercado. Além disso, o Estado tem um importante papel na reprodução e 
aceitação desses livros. Nada pode ser colocado em seus textos de forma a 
agredir os interesses da elite nacional. A carta de Getúlio é um exemplo.
Quase todos os livros didáticos reproduzem a sua carta-
testamento com clara intencionalidade. Revelar as habilidades do político 
brasileiro, a importância do homem na história e as relações sociais, 
políticas e econômicas com o mercado internacional são exemplos de 
algumas questões que são levantadas com o uso da sua carta. Trata-se de 
um texto intencional, e deve ser tratado como tal pelos historiadores.
A maioria dos trabalhos sobre ensino de História privilegiam os 
programas curriculares e o livro didático, procurando analisá-los na 
perspectiva da utilização do ensino de História pelo Estado e pelas elites 
detentoras do poder. Assim, as principais fontes de pesquisa são os próprios 
programas curriculares e livros didáticos. Entretanto, ensinar História é um 
ofício bem mais interessante e complexo. Na Unidade 1, apontamos a 
importância da função social da História. Para compreendê-la melhor é 
importante que possamos refletir sobre a relação entre passado e presente 
na História.
Então... Vamos lá!
220
Introdução ao Ensino de História UAB/Unimontes
2.3 PASSADO E PRESENTE: IMAGENS CONSTRUINDO A HISTÓRIA
Você saberia estabelecer uma conexão entre as duas imagens ao 
lado? Aliás, você tem noção da importância que as duas têm para a 
história? 
Perceba que as duas 
imagens foram construídas em 
dois eventos de enorme 
grandiosidade nos últimos três 
séculos. A queda da Bastilha – 
evento símbolo da Revolução 
Francesa – é datada do final do 
século XVIII. O ataque ao 
World Trade Center, datado do 
ano de 2001, é uma das 
imagens mais marcantes do 
nosso século. Mesmo distantes 
mais de duzentos anos, você 
duvidaria que essas imagens 
cumprem a mesma função 
para as sociedades de suas 
épocas? Ou melhor, será que 
elas não têm a mesma função 
para o professor de História e 
para o pesquisador? Pensemos 
um pouco.
A h i s t ó r i a d a 
Revolução Francesa inaugurou 
a época contemporânea, e 
ensinou para o mundo o 
signif icado das palavras 
“ l iberdade, igualdade e 
fraternidade”. A queda da 
Bastilha representa o fim de um 
antigo regime e o início de um 
m u n d o c o m i d e a i s d e 
cidadania e democracia. 
“Liberdade”... Uma palavra 
com um peso incalculável no 
nosso mundo.
No segundo caso, a queda das torres gêmeas também revelaria o 
início de um novo mundo. O ataque às torres representou um enorme 
desafio ao poder capitalista norte-americano. Após o 11 de setembro de 
2001, o mundo passou a conviver com uma nova realidade: a presença do 
terrorismo e os questionamentos sobre o intocável poder dos Estados 
Figura 26: A Queda da Bastilha: 
símbolo do processo revolucionário francês 
(final do século XVIII)
Fonte: http://www.klickeducacao.com.br/.../Ba/2766/1045.jpg
Figura 27: O Ataque ao World Trade 
Center: símbolo do terrorismo e da 
oposição ao Império dos EUA.
Fonte: http://www.mirrors.org/historical/2001-09-11-
World-Trade_Center/wtc/wtc_005.jpg
221
História Caderno Didático - 1º Período
Unidos da América.
Essas duas imagens demonstram claramente o quanto passado e 
presente se confundem na percepção de análise do historiador. A 
impressão que se passa é que a história estaria se repetindo, 200 anos 
depois da Revolução Francesa. Mas, será que é tão simples assim?
Uma importante questão a levantar é o impacto que tais imagens 
provocaram em suas épocas. No caso da queda da Bastilha, por mais que 
tal evento tenha sido de enorme importância, com certeza a imagem não 
teve uma exploração tão intensa quanto o caso das torres gêmeas. O 
evento de 11 de setembro de 2001 foi filmado sob diversos ângulos e 
analisado sob inúmeras perspectivas. Isso revela o quanto a mídia e os 
recursos audiovisuais são imprescindíveis para o historiador do século XXI.
A exposição da mídia torna o presente uma importante arma para 
a reflexão do historiador. A história encontra sua razão de ser nos homens 
vivos e, não só, no conhecimento do passado. Um dos aspectos mais 
importantes para se compreender “para que serve a História” é entender a 
importância que a mesma exerce no nosso dia-a-dia. 
Estudamos História para conhecer e transformar a vida. Nossas 
angústias e interrogações são a força motriz que nos impulsiona a 
conhecer o passado e, daí, tentar identificar e analisar criticamente as 
condições do nosso presente. 
O historiador Caio Boschi nos oferece uma importante reflexão 
sobre o passado e o presente na História:
Figura 29: Nos dias atuais, toda a sociedade 
interage com os recursos audiovisuais e o 
historiador não deve ignorar essas fontes. 
Liberdade, igualdade e 
fraternidade: você acredita 
nesses princípios para o seu 
cotidiano?
Terrorismo: modo de 
coagir, combater ou 
ameaçar pelo uso 
sistemático do terror. 
Fonte: http://www.valedoamanhecer.com/.../imagens/MaePaiTv.jpg
222
Introdução ao Ensino de História UAB/Unimontes
PARA REFLETIR
C
A
B
F
EGGLOSSÁRIO
O passado e os mortos se constituem no objeto de nossos 
estudos, mas é das indagações e das perplexidades do 
presente que a História vai sendo (re)escrita e 
compreendida. É a partir do contexto em que nos situamos 
e do qual somos partícipes que construímos a nossa 
História.
Cuidando em não resvalarmos para a prática do 
anacronismo, é no questionamento do passado que 
buscamos detectar e delinear nossas identidades. Essas, 
por seu turno, obviamente, só se delineiam por 
contrastação, por antinomia. Vale dizer, o estudo da 
História objetiva captar e exprimir, predominantemente, 
nossas diferenças e não nossas afinidades.
Assim, o conhecimento do passado, não sendo em si 
mesmo a História, antes de iluminar o futuro, deve 
proporcionar aos homens viverem melhor o seu presente. 
Propiciar-nos referências para a constituição de uma 
almejada sociedade mais justa e solidária.
Refletindo dessa maneira, tenho como horizonte primeiro 
as pessoas e o mundo que me cercam. Não faço abstração 
do que está longe de mim. Bem sei e reconheço que 
necessito aprender o todo. No entanto, como incita o 
poeta, é mister que eu conheça e (com)viva com o rio de 
minha aldeia para que alcance e dimensione a extensão e a 
profundidade do oceano.
A evocação final, igualmente lição assimilada, busco-a em 
Josef Fontana, quando afirma: “Entender melhor o mundo 
em que vivemos e ajudar os outros a entendê-lo, a fim de 
contribuir para melhorá-lo, (é) o que nos faz falta. Porque, 
como disse Tom Payne há mais de duzentos anos, e essas 
são as palavras que cada um de nós deveria gravar na sua 
consciência: está em nossas mãos recomeçar o mundo 
outra vez.” 
Caio Boschi, História: Por que e para que?, Revista Nossa 
História, setembro de 2004, p. 98.
2.4 ENSINO DE HISTÓRIA: DO POSITIVISMO AO MARXISMO
Duas grandes concepções teóricas dominaram o ensino de 
História nos últimos 120 anos: a Escola Positivista e a Escola Marxista. 
No final do séculoXIX, o Positivismo tornou-se a base para o 
pensamento das ciências humanas e sociais. A História adquiria, naquele 
contexto, um caráter de ciência. Segundo o Positivismo, a História deveria 
se concentrar nos eventos e nos documentos oficiais.
Para o historiador José Carlos Reis, a Escola Positivista, ou Escola 
Metódica, se fundava em alguns princípios de método, entre os quais:
?o historiador não é juiz do passado;
?não há nenhuma interdependência entre o historiador e o seu 
objeto;
?a História se oferece através dos documentos;
?a tarefa do historiador consiste em reunir um número 
223
História Caderno Didático - 1º Período
significativo de fatos;
?os fatos devem ser 
organizados em uma sequên-
cia cronológica, e todo reflexão 
teórica é nociva; e
?a História-ciência 
pode atingir a objetividade e 
conhecer a verdade histórica 
objetiva (REIS, 2004, p.17).
 
Du ran te décadas 
foram os princípios positivistas 
que nortearam o ensino da 
História. O historiador deveria 
estar atento a todas as ques-
tões mencionadas acima para 
que fosse possível compreender 
o papel da História enquanto 
ciência. A verdade e a realida-
de eram objetivos primordiais 
na produção do conhecimento 
histórico.
Historiadores como 
Marc Bloch estabeleceram uma forte crítica aos positivistas. Para Bloch, o 
historiador não deveria apenas coletar fatos e fontes, mas sim ser “o 
produto de uma construção ativa de sua parte para transformar a fonte em 
documento e, em seguida, constituir esses documentos, esses fatos 
históricos, em problema (BLOCH, 2001, p. 19).
Mesmo assim, a História 
Positivista foi fundamental em sua 
época, possibilitando à História 
absorver parte da sua cientificida-
de.
Ainda no século XIX, mas 
principalmente durante grande 
parte do século XX, o Marxismo 
possibilitou uma nova leitura da 
História.
A partir do que Marx 
chamou de materialismo histórico 
foi possível reinterpretar o ensino 
de História no mundo e no Brasil. 
Enquanto ciência da 
História, o Marxismo apresenta 
três hipóteses principais:
Figura 30: O positivismo tornou-se 
filosofia e referência das ciências humanas 
e sociais.
Fonte: http://www.i8.ebayimg.com/04/i/000/bf/f0/9d0b_1_sbl.JPG
Pesquise a biografia de Karl 
Marx e a maneira como ele 
compreendia a História.
Figura 31: Karl Marx 
Fonte: http://www.dawgsports.com
224
Introdução ao Ensino de História UAB/Unimontes
ATIVIDADES
?“enfatiza o papel das “contradições”, priorizando o estudo dos 
“conflitos sociais”;
?o Marxismo foi uma das primeiras teorias “estruturais” da 
sociedade. Assim, abandonou a ênfase no evento e abriu o caminho da 
história “científica”. “A verdade” de uma sociedade está em sua estrutura 
econômico-social; e
?mesmo sem o saber, mas podendo vir a sabê-lo, os homens 
“fazem a história”. Os homens transformam o mundo e a si mesmos (
A ex-URSS (União da Repúblicas Socialistas Soviéticas), por meio 
da Revolução Russa de 1917, foi a primeira nação do mundo a aceitar os 
princípios do marxismo e do socialismo e tentar transformar sua história a 
partir das bases teóricas propostas por Marx.
2.5 A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO HISTÓRICO E O ENSINO DE 
HISTÓRIA 
REIS, 
2004, p. 55-57). 
Com certeza você já estudou ou leu algo sobre a concepção 
marxista da História. A maioria dos livros didáticos usa as relações 
econômicas e sociais como ponto de partida para explicar os eventos 
históricos. Marx e o materialismo histórico são ainda a base nas discussões 
e debates do ensino de História. É importante frisar que, mesmo sem notar, 
os professores de História continuam se utilizando de Karl Marx nas 
relações de ensino-aprendizagem.
Ensinar História e produzir um conhecimento histórico exigem 
peculiaridades para o historiador e para o professor da disciplina. A 
História tem suas especificidades, e que devem ser respeitadas. Assim, 
destacamos pelo menos três elementos fundamentais na produção do 
conhecimento histórico: o tempo, os homens e a obsessão pelas origens. 
Figura 32: Bandeira da ex-URSS
Fonte: http://www.escudosonline.com/.../hinos_world_cups.htm
Karl Marx foi o responsável 
pela principal mudança no 
campo das ciências sociais 
e humanas nos últimos 150 
anos. O marxismo tornou-
se referência no 
pensamento historiográfico 
de vários países, entre os 
quais o Brasil.
225
História Caderno Didático - 1º Período
DICAS
2.5.1 O tempo
A História é uma 
ciência que estuda os 
homens no tempo, já dizia 
(Bloch, 2001). O historia-
dor não pensa apenas no 
“humano”, mas deve 
também entender o que é 
a duração. Contudo, o 
tempo também é perigoso 
para o historiador. Nem 
todas as sociedades e 
civilizações entendem o 
tempo da mesma forma.
Antigamente, o 
tempo era mais lento, 
ma i s g radua l , po i s 
acompanhava o ritmo do 
mundo antigo. É o caso 
de Roma, por exemplo. 
Hoje, o tempo é mais 
dinâmico, mais veloz, pois 
acompanha o r i tmo 
alucinante de um mundo 
globalizado. Será que 
viver na Nova York do 
século XIX é a mesma 
coisa que viver na Roma 
do sécu lo X? Com 
certeza, não. E somente o 
tempo pode explicar essa 
diferença. 
É nesse sentido que o historiador deve usar o tempo como uma das 
suas principais ferramentas na pesquisa e no ensino de História.
2.5.2 Os homens
Não existe sentido em estudar História senão for para 
compreender e mudar a vida dos homens. A História é uma ciência 
humana e, como tal, deve se preocupar com os problemas dos homens em 
seus tempos. Para Marc Bloch, “o bom historiador se parece com o ogro da 
lenda. Onde fareja carne humana, sabe que ali está a sua caça.”
Nesse sentido, a História deve pensar antes de tudo nos homens, 
para compreendê-los e para apresentar soluções para as suas vidas. As 
Figura 33: O tempo em Roma indicava a forma 
como os romanos encaravam o mundo - lento, 
cotidiano simples. 
Fonte: http://www.soparaajudar.blogger.com.br/roma5.jpg
Figura 34: O tempo na cidade de N. York 
(EUA), em pleno século XXI, demonstra um 
tempo dinâmico
Fonte: http://static.hsw.com.br/gif/capitalism-1.jpg
226
Introdução ao Ensino de História UAB/Unimontes
guerras, a fome e a miséria só serão compreendidas com o estudo dos 
homens no seu tempo.
2.5.3 A obsessão pelas origens
Bloch (2001) nos deixa ainda uma última lição: o historiador deve 
ser obcecado pelas origens.
Conforme nos propusemos nessa unidade, estabelecer uma 
ligação entre passado e presente é fundamental para entender História. 
Por mais que nossas indagações sejam fruto de nossas experiências do 
presente, é no passado que buscamos as respostas. Assim, se não 
compreendermos as origens dos fatos, dificilmente conseguiremos ensinar 
História com qualidade. Onde estariam as origens da corrupção o Brasil? 
Onde estariam as origens do ódio entre judeus e palestinos? Onde estariam 
as origens do poder dos Estados Unidos da América sobre o restante do 
mundo?
Essas questões revelam que o historiador e o professor de História 
devem, incessantemente, buscar as origens dos fatos. Somente assim é 
possível produzir um conhecimento histórico que atinge diretamente o 
interesse dos alunos.
Somente assim é possível responder à inquietante pergunta que 
ainda atormenta tantos e tantos profissionais da área de História: “Afinal, 
para que serve a História?”
227
História Caderno Didático - 1º Período
BLOCH, Marc. Apologia da História ou o Ofício de Historiador. Rio de 
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2001.
FONSECA, Thaís Nívia de Lima e. História e Ensino de História. Belo 
Horizonte: Autêntica, 2004.
LE GOFF, Jacques. A História Nova. São Paulo: Martins Fontes, 1988.
REIS, José Carlos. A História entre a Filosofia e a Ciência. Belo Horizonte: 
Autêntica, 2004.
REVISTA Nossa História. Caio César Boschi, História: Por que e para que?, 
setembro de 2004.
Sites 
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris
228
Introdução ao Ensino de História UAB/Unimontes
REFERÊNCIAS3.1 INTRODUÇÃO
Esta unidade objetiva apresentar o significado de história e sua 
utilidade no âmbito intelectual e social, assim como discutir acerca da 
produção histórica.
3.2 O QUE É HISTÓRIA?
Definir história parece, à primeira vista, extremamente fácil, pois 
logo se relaciona o termo ao cotidiano do homem. Hoje, a imprensa falada 
e escrita usa e abusa o tempo todo dos termos “história” e “fazer história”. 
Verifica-se essa afirmação por meio dos Jogos da XXIX Olímpiada, 
realizados em Pequim, China durante o mês de agosto de 2008. Os 
jornalistas salientavam o papel dos atletas enquanto sujeitos da história, 
marcando presença, sobretudo, através das vitórias conquistadas e das 
medalhas garantidas para o seu país. Enfim, utiliza-se o termo com 
frequência, por isso muitas vezes deixa controvérsias e ambiguidades.
A palavra história vem do grego, correspondendo a “his” + 
“oren”, que significa apreender pelo olhar aquilo que se sucede 
dinamicamente, ou seja, testemunhar os acontecimentos, a realidade.
Heródoto, ao pesquisar as Guerras Médicas e escrever sobre ela 
constrói o saber histórico representado por meio da escrita dos 
acontecimentos humanos.
Nesse sentido, Bloch (2001), na tentativa de possibilitar a 
compreensão do termo história, coloca pai e filho frente a frente para 
3UNIDADE 3
229
O HISTORIADOR E AS METODOLOGIAS DE ENSINO
Figura 35: Futebol feminino nas Olímpiadas de 2008. 
Destaque da jogadora Marta Medeiros.
Fonte: http://duard.com.br/. Acesso em: 29 agosto 2008.
decifrá-lo e entendê-lo.
Borges (1985) remete ao Dicionário Aurélio, simplificando a 
explicação acerca do que é história, que poderia ser:
ão as estórias das fadas madrinhas, do Chapeuzinho 
Vermelho, Cinderela, Branca de Neve e tantas outras que levam a lições de 
moral.
 história apresenta várias versões, assim como é 
relativa, pois as fontes podem alterá-la. Dessa forma, qual a história 
verdadeira?
Borges (1985) descarta as definições de história enquanto 
narração, conto, “lorota” e “complicação”, acolhendo as duas primeiras 
definições, que apresentam ambigüidades e deixam incertezas acerca do 
que é história, porém passíveis de serem explicadas. Com o objetivo de 
contornar essa dificuldade em definir história como acontecimentos do 
passado ou estudo desses acontecimentos, acrescenta três palavras-
chaves que ajudam na compreensão do termo. As três palavras são: 
ACONTECIMENTO, PROCESSO e CONHECIMENTO.
A palavra ACONTECIMENTO é explicada a partir do 
entendimento do homem como ser social, que vive em grupo e estabelece 
regras e normas para a convivência. O homem não é uma ilha, por isso se 
relaciona com o outro e o meio em que vive. Essas relações cotidianas 
resultam em acontecimentos que abrangem todas as dimensões possíveis 
para o homem nas suas vivências, ou seja, políticas, religiosas, 
econômicas, culturais, afetivas, etc. O acontecimento histórico é o objeto 
de análise do conhecimento histórico. O acontecimento histórico é aquilo 
que aconteceu com o homem, a natureza o universo e o estudo desses 
acontecimentos.
A palavra PROCESSO remete à idéia de caminhada ou etapas que 
devem ser cumpridas, ou seja, nada acontece do dia para a noite, mas de 
forma gradativa tendo todas as dimensões vividas e construídas pelo 
homem contempladas. Dessa forma, rememorar a trajetória da 
humanidade desde o princípio até os dias de hoje é salutar, pois colabora 
na construção dessas etapas. 
?o passado da humanidade: os acontecimentos realizados pelos 
homens em um tempo definido, ou seja, o PASSADO;
?o estudo desse passado: a construção do conhecimento por 
meio do estudo dos acontecimentos realizados pelos homens no passado;
?narração: é o relatar, contar ou narrar os acontecimentos 
realizados pelo homem no passado, porém sem análise ou leituras nas 
suas entre-linhas e passíveis de serem decifradas.
?conto: s
?Lorota: a
?Complicação: a história que faz parte do mundo da 
“decoreba”,ou seja, saber de cor nomes de pessoas, os acontecimentos e 
as datas. Por isso, a história é muito complicada e difícil.
230
Introdução ao Ensino de História UAB/Unimontes
Exemplo: O homem de 700.000 a 10.000 a. C. era caçador e 
coletor e extraia da natureza o necessário para sua sobrevivência. De 
10.000 a 7.000 a. C. o homem se torna, não do dia para a noite, mas 
enquanto PROCESSO, pastor e agricultor. A partir dessa data, as civiliza-
ções de regadio ou hidráulicas surgem, pois o homem precisa da água 
para cultivar a terra e cuidar dos animais. Mas e as civilizações que não 
ficam às margens dos rios como o Egito, Mesopotâmia - atual Iraque - Índia 
e China? Essas civilizações procuram alternativas para sobreviver, como o 
comércio; dentre elas, cita-se Fenícia - atual Líbano - e Grécia. Verifica-se, 
posteriormente, o surgimento de um grande império: o império Romano. 
Em 476, é invadido pelos “Bárbaros” e inicia-se um novo período histórico, 
a Idade Média, que apresenta um modo de viver diferente da Idade Antiga. 
Em 1453, nasce outra fase, a Idade Moderna, quando o homem valoriza a 
ciência e a razão. Em 1789, a Idade Contemporânea marca, através da 
Revolução Francesa, um outro tempo. Enfim, tudo isso não ocorreu como 
um passe de mágica. Consistitiu na caminhada do homem desde a sua 
origem até os dias de hoje, ou 
seja, foi um PROCESSO.
A p a l a v r a 
CONHECIMENTO remete à 
construção do saber, nesse caso 
específico, da área de história. 
São as informações, as experiên-
cias do homem inserido na sua 
realidade e contexto político, 
econômico, religioso, afetivo, 
social e tantos outros, que serve 
de análise e estudo para o 
historiador. Para compreender 
melhor o homem e o que ele faz 
com a sua vida constrói-se o CONHECIMENTO HISTÓRICO, sendo o 
historiador, o produtor desse saber.
Dessa forma, e de acordo com De Decca, A HISTÓRIA NÃO É O 
PASSADO MORTO, mas possibilidades de explicar o universo social do 
homem através do historiador, profissional da área de história; a cuja 
matéria-prima utilizada são as FONTES HISTÓRICAS, que constituem os 
vestígios do passado.
3.3 PARA QUE SERVE A HISTÓRIA?
A história, de acordo com Reis (1996), é constituidora da cultura 
ocidental. A civilização ocidental é histórica: os gregos criaram o gênero 
histórico; os romanos utilizaram da história para conquistar outros povos e 
expandir seu território; e na Idade Média, os cristãos, profundamente 
Figura 36: Historiador
Fonte: http://historiador.png&imgrefurl=http:/ 
Acesso em: 29 agosto 2008
Procurar conhecer 
os seus antepassados. 
Construir a sua genealogia. 
História é a ciência 
que estuda a mudança. 
História é vida, é 
movimento, é 
transformação. História 
estuda a vida humana 
através do tempo: estuda o 
que os homens fizeram, 
pensaram ou sentiram 
enquanto seres sociais. 
História é o processo de 
transformação onde todos 
os homens são agentes das 
constantes mudanças que 
ocorrem: processo 
histórico. 
231
História Caderno Didático - 1º Período
PARA REFLETIR
ATIVIDADES
históricos e historiadores, utilizaram da história para criarem raízes e se 
identificarem enquanto povo de Deus em busca da terra prometida. Enfim, 
a civilização ocidental, diferente das outras civilizações, cultivou a sua 
memória deixando marcas e registros contendo informações que diziam 
respeito a ela.
Porém, qual a importância de registrar os acontecimentos do 
passado? Qual a diferença entre conhecer ou não o passado do homem? 
Para quê analisar esse passado? Porque compreender o que o homem 
fazia no tempo de “ontem”? Tudo isso parece sem sentido ou significado. 
José Carlos Reis diz que essas questões geram dúvidas sobre a validade da 
história. 
Bloch (2001) explica a validade da história quando se depara, 
conforme abordagem acima, com o filho questionando o pai acerca da 
utilidade da história. A questão é posta e aguarda resposta. Marc Bloch é 
tranqüilo em responder quese a história não tivesse uma utilidade 
significativa como outras ciências, ela serviria para divertir as pessoas, 
satisfazer um gosto ou uma curiosidade ou apenas para o prazer de 
conhecer o ser humano e a possibilidade dele se reconhecer nele. E se a 
história fosse considerada apenas uma poesia, ela revelaria e tocaria a 
sensibilidade do homem por meio da forma inteligente de abordá-lo.
A sociedade moderna valida os conhecimentos pela sua utilidade. 
Mas a história serviria para quê? Se a história estuda e analisa o passado 
como não consegue evitar as epidemias, guerras, catástrofes, infelicidade 
e conflitos? Se o passado não se repete, para quê conhecê-lo? Marc Bloch 
afirma que conhecer o acontecimento do PASSADO é referência para o 
PRESENTE. O conhecimento histórico para Marc Bloch é um prazer, pois 
possibilita conhecer o outro, ou seja, saber o que o outro viveu e sentiu 
durante a sua trajetória e sua luta pela sobrevivência. A história coloca o 
HOMEM DO PRESENTE em contato com o HOMEM DO PASSADO e, por 
sua vez, se reconhece nele.
Lucien Febvre diz que a história possibilita o diálogo dos vivos com 
os mortos. A aliança PASSADO – PRESENTE é significativa, porque o 
Figura 37: Movimento estudantil em Montes Claros, MG. 
Junho de 2008.
Fonte: http://farm4.static.flickr.com/ 
Abaixo algumas disciplinas 
auxiliares da História.
Arqueologia: estuda 
objetos, restos de animais e 
plantas, ossos humanos e 
outras antiguidades.
Filologia: procura entender 
as línguas e os textos 
antigos.
Cronologia: estabelece 
corretamente as datas 
históricas.
Diplomática: serve para ler, 
interpretar e compreender 
documentos políticos do 
passado.
Genealogia: procura 
entender a origem e 
desenvolvimento das 
famílias, desde os seus 
mais remotos antepassados 
até os dias de hoje.
REIS, José Carlos. A história 
entre a filosofia e a ciência. 
São Paulo: Àtica, 1996.
232
Introdução ao Ensino de História UAB/Unimontes
C
A
B
F
EGGLOSSÁRIO
DICAS
homem organiza o primeiro em função do segundo.
Nesse sentido, a história dá a dimensão do homem na sociedade 
procurando ver as transformações que ocorreram ao longo do tempo. A 
história serve para dar consciência aos homens do seu poder de 
transformar a realidade.
Porém, a história, tendo como objeto de estudo o homem, precisa 
do auxílio de outras ciências para compreendê-lo melhor, como a 
sociologia, antropologia, economia, arqueologia, filologia, diplomática, 
genealogia, cronologia, geografia, psicologia, demografia e outras.
3.3.1 Como compreender a história de um povo?
Conforme abordagem anterior, os europeus ocidentais criaram o 
gênero histórico. Dessa forma, o modelo para apresentação da história da 
humanidade se apresenta a partir da evolução da sociedade européia. 
Porém, ressalta-se que cada povo constrói a sua história a seu modo, de 
acordo com sua realidade e contexto histórico. Por isso, cuidados são 
necessários no momento do estudo de um povo, pois cada sociedade deve 
se explicar por si mesma, conforma afirma ( BORGES, 1985).
É interessante lembrar que a história é um processo histórico, 
dessa forma, não obedece um tempo linear e a diversidade cultural de um 
povo, assim como as escolhas que fazem revelarão os caminhos que 
percorreram ao longo da sua existência.
3.4 COMO PRODUZIR HISTÓRIA?
O historiador é o profissional que estuda para conhecer as teorias 
e métodos com o objetivo de produzir o saber histórico. Porém, o 
historiador não dá conta de trabalhar todos os acontecimentos, 
documentos ou versões históricas de uma sociedade. Por isso, o historiador 
precisa fazer recortes definidos como o tempo, o espaço e o tema.
Exemplo:
O historiador para trabalhar o patrimônio cultural deve recortar 
visando dar conta de estudar e apresentar resultados para a sociedade que 
analisa. Então, estudando o patrimônio cultural pode fazer o seguinte 
recorte:
?tema: Políticas públicas de patrimônio documental;
?tempo: 1987 a 2006. Período em que se cria os arquivos 
públicos na cidade estudada; e
?espaço: Montes Claros, Minas Gerais.
O historiador é por natureza curioso. Questionamentos invadem 
sua mente e o levam a pesquisar e querer conhecer o passado. As seguintes 
questões fazem parte para concretização da produção do conhecimento 
Filme denominado “Idade 
da Inocência” de François 
Trulfaut, produzido em 
1976. Mostra como é 
possível documentar os dias 
de hoje.
233
História Caderno Didático - 1º Período
PARA REFLETIR
Figuras 38 e 39: Processo produzido pelo Fórum Gonçalves Chaves sob custódia 
da Unimontes. Ação de crédito – 1797. Transcrição da Ação de Crédito.
Fonte: Fotografia de Filomena Cordeiro datada de 2002.
histórico do historiador:
?O quê?
?Quando?
?Onde?
?Por quê?
?Para quê?
?Como?
?Para quem?
?Contra quem?
?A favor de quem?
A partir dessas curiosidades, o historiador busca sua matéria-
prima, ou seja, as fontes históricas que são os vestígios do passado. De 
acordo com Edgar De Decca, o historiador no momento da construção do 
conhecimento histórico deve estar atento às seguintes questões relativas às 
fontes, que constituem uma diversidade enorme, pois são os vestígios 
deixados pelo homem no decorrer da sua existência:
a) O olhar sobre as fontes:
?deve ser cauteloso;
?ter apurado senso crítico; e 
?estar atento às várias versões. 
b) As fontes são marcas do passado, ou seja, não são o passado. 
Por isso, apresentam o modo de viver do povo de uma determinada época e 
espaço geográfico, inserido em um contexto político, econômico, social, 
cultural, religioso, etc.
234
Introdução ao Ensino de História UAB/Unimontes
c) O historiador executa uma pesquisa empírica. Para que esse 
trabalho historiográfico possa acontecer, o diálogo entre fontes, teoria e 
conceito deve ser observado e constante.
d) O recorte temporal e espacial deve ser observado e explicado 
na pesquisa de forma clara e objetiva.
e) O historiador, ao fazer seu estudo, não parte de acontecimentos 
cristalizados, prontos e acabados, mas de fontes que são indícios, registros, 
rastros ou vestígios do que aconteceu com a humanidade, aliando 
conceito e teoria.
f) Na história, tudo é relativo, pois a verdade na história varia de 
acordo com as fontes trabalhadas.
Nesse sentido, a história é diferente das ciências naturais, pois não 
pode levar os acontecimentos para um laboratório como ocorre com a 
biologia. Por outro lado, a história não é uma opinião qualquer, que não 
demanda estudo, pesquisa e análise de documentos, independente do seu 
caráter, fazendo uma aliança entre fonte-teoria-conceito.
Dessa forma, o conhecimento do historiador é:
?provisório, pois nova fonte pode alterá-lo;
?descontínuo, pois não se pode estudar toda a história da 
humanidade;
?seletivo, porque o historiador escolhe o seu problema e objeto 
de estudo; e
?limitado, porque o conhecimento é um trabalho infinito.
Nessa perspectiva, a história, então, não é:
?superposição da história dos outros povos, pois todos têm seu 
papel na sociedade em que vive e colabora para a sua construção. Cada 
sociedade se explica por si mesma; e
?descoberta de uma regra que, como uma equação 
matemática, chega a uma resposta exata e definitiva.
Pensar a história nessa perspectiva é tomá-la como um processo 
criterioso do conhecimento e de produção de explicação do universo social 
do homem, o seu sujeito e protagonista. 
?resultado de uma memorização dos acontecimentos da 
humanidade desde a sua origem até os dias de hoje. Não basta decorar os 
acontecimentos e datas históricas;
235
História Caderno Didático - 1º Período
BRASIL. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Fundamental. 
Parâmetros Curriculares Nacionais: História. Brasília: MEC/ESF, 1998.
BRAUDEL, Ferand. O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo na Época de 
Felipe II. Lisboa: Martins Fontes, 1983.
BURKE, Peter (Org.). A escrita da história: novas perpectivas. São Paulo:

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