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Medicina FTC – 2020.2 Catarina Viterbo LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO Reumatologia – Prof. Emanuela– 09/09/2020 Conceito • Doença inflamatória crônica • Autoimune • Etiologia pouco conhecida • Desequilíbrio do sistema imunológico e de produção de autoanticorpos Epidemiologia • Mulheres – 10:1 • 2ª e 3ª décadas de vida • Brasil: 4,8 a 8,7 casos por 100.000 habitantes/ano • Doença universal – Todas etnias • Afrodescendentes: na mulher negra e jovem é uma doença muito mais grave, muito pior nos primeiros 5 anos de doença. Etiologia • Multifatorial • Genética o Gêmeos monozigóticos: concordância de até 29X • Hormonal: o Estrogênio – estimula várias células imunes: mulheres jovens que tem lúpus que faça uso de anticoncepcional que seja com apenas progesterona. o Fatores ambientais ▪ Luz ultravioleta – amplificação da reposta imune → O paciente devo usar o protetor e reaplicar sempre, pois o UV acelera a atividade de doença. • Vírus → EBV, CMV QUADRO CLÍNICO Manifestações gerais O paciente quem tem todos esses sintomas a gente vai investigar outros sintomas. • Anorexia • Perda de peso • Febre • Linfadenopatia Manifestações cutâneas • 70% início • 80-9-% evolução da doença • Rash malar – “asa de borboleta” o 30-60% o Fotossensibilidade o Hiperpigmentação – após controle de atividade de doença. Forma generalizada → parece um rash viral • Rash maculopapular/ dermatite lúpica/ fotossensível • Erupção exantematosa ou mobilidade generalizada Lúpus cutâneo subagudo Lesão mais avermelhada com o centro mais hipocrômicas. • Placas eritematosas escamativas em áreas expostas • Intensa fotossensibilidade (07-27%) • Associada a anti-ssa Lesão discoide • Placa eritematosa • Cicatriz central hipopigmentada com atrofia (nessa área de atrofia geralmente não nasce cabelo) • Face, couro cabeludo, pavilhão auricular e pescoço Úlceras orais Nem sempre que tiver você vai pensar, existem outras patologias que podem gerar essas úlceras. • Indolores • 25% Alopecia difusa • Maior atividade de doença • Até 50% Vasculite cutânea É uma manifestação grave porque se você não controla pode gerar uma ferida, ela necrosa e você pode perder até um dedo. • 20-70% • SEMPRE que tiver essa vasculite tem que afastar a síndrome do anticorpo anti-fosfolípide, que é aquela síndrome que predispõem a trombose, que tem anticorpos circulantes que predispõem a trombose. Raynaud É o vaso espasmo, que tem as fases. Primeiro fica branco porque perdeu a vascularização, depois fica roxo (cianose) e depois a vermelhidão que corresponde a retomada da circulação. • Pode ser primeira manifestação • ANIT-RNP Manifestações articulares • 75 A 85% • Artralgia: simples dor articular, mas pode ser uma dor que limite muito o paciente. • Artrite: edema com sinais flogisticos. o Poliartrite simétrica o Rigidez matinal • Artropatia de Jaccoud (08-10%) Artropatia de Jaccoud: Tem uma deformidade nas mãos como se fosse a da artrite reumatóide, pescoço de cisne e dedo e botoeira. • Acometimento inflamatório de tendões e ligamentos: se fizer um RX não vê nem erosões e nem cistos. NÃO tem alterações radiográficas. RAIO X NORMAL. O RX na AR é totalmente alterado. • Deformidades articulares: Diferente da AR aqui elas são REVERSÍVEIS. Na AR você tem uma dificuldade de fechar as mãos por conta dessa deformidade na Artropatia de Jaccoud não, você consegue abrir e fechar as mãos normalmente. Pescoço de cisne Dedo em botoeira Manifestações pulmonares • Pleurite (30-60%) • Derrame pleural (16-40%): bilateral. TEM que afastar infecção. Tem que coletar o líquido, fazer a tomografia, para estudar o líquido e ver se tem infecção. o Lembrar que muitas vezes o paciente nem faz febre. • Síndrome do pulmão encolhido • Hemorragia alveolar difusa: altas chances de óbito. o Dispneia de início súbito o Tosse o Hemoptise o Queda hb Hipertensão pulmonar • LES: aqui o LÚPUS de fato causa da HAP. • Valvulopatia cardíaca • DIP • Embolia pulmonar: nesses casos afastar SAF • No caso dessas suspeitas o paciente tem que ir para o cateterismo de coração direito para confirmar essa hipertensão pulmonar. • No caso de HAP causada por lúpus, além do tratamento normal da HAP tem que imunossuprimir esse paciente. • PNEUMONITE AGUDA E CRÔNICA: pode evoluir para uma fibrose Manifestações cardíacas • Pericardite (primeira manifestação 5%) • Miocardite • Endocardite de libman-sacks: não é infecciosa. Manifestações neuropsiquiátricas • afastar outras causas: infecção, outras doenças, iatrogenia. • 25-70% • Pode ser a primeiras manifestações da doença • PSICOSE – 10% → ela pode ser pelo uso de corticoides. Então, vamos diferenciar pela vivência clínica. Se você tem um paciente que já estava em uso de corticoide em doses altas e nunca teve nada, é porque provavelmente é da doença. Se você colocou o corticoide e o paciente começou a desenvolver uma psicose pode ser que seja uma psicose pelo corticoide. • Convulsões – GDE mal • AVC – afastar SAF • Mielite transversa – afastar SAF Manifestações renais • 74% • Gravidade – padrão histológico • Glomerulonefrite – ativas e/ou crônicas → se tem fibrose/esclerose e isso diz se tem lesões ativas ou crônicas, isso acaba norteando o tratamento. o Mesmo que não consiga fazer a biópsia tem que fazer o tratamento. Se chegar um paciente com urina espumando, proteína de 3 na proteína de 24h e uma disfunção renal. TEM que tratar esse paciente com corticoide e imunossupressão. • Bx renal • Necessária • Não postergar tto na ausência: Mesmo que não consiga fazer a biópsia tem que fazer o tratamento. Se chegar um paciente com urina espumando, proteína de 3 na proteína de 24h e uma disfunção renal. TEM que tratar esse paciente com corticoide e imunossupressão. Manifestações hematológicas • Leucopenia • Linfopenia • Plaquetopenia o pode ser o primeiro sintoma o SEMPRE que tiver uma plaquetopenia tem que colocar lúpus com DD • Anemia o Hemolítica o Doença crônica. EXAMES LABORATORIAS • Presença de autoanticorpos • FAN (>98%): tem um padrão nuclear, centromêrico, citoplasmático, entre outros. Se o FAN for positivo, você pede os outros auto-anticorpos. o FAN + homogêneo → ligado ao DNA o FAN pontilhado grosso → ligado a ANTI-SM o FAN homogêneo + DNA → Ligado a doença renal o FAN pontilhado grosso + ANTI-SM → doença mais grave o FAN + ANTI-SSA E SSB → Lúpus + brando LEMBRAR → FAN + não quer dizer que você tem a doença. De 2-24% da população tem FAN + e não tem nada. NÃO tratamos exames e sim doença. Importante: Se pediu FAN 1 vez e é de um laboratório confiável não precisa repetir. • DNA (40%) • ANTI-SM (35%) • ANTI-P (15%): muito ligado a psicose. • ANTI-SSA E SSB: lúpus mais brando e muito ligado a Síndrome de Sjogren. • ANTI-RNP • ANTICOAGULANTE LÚPICO E ANTI-CARDIOLIPINA → AFASTAR SAF Outros EXAMES LABORATORIAIS • Hemograma • COMPLEMENTO → imprescindível. Na atividade de doença o complemento está DIMINUIDO. Sempre pedir, independente, na fase de doença. O complemento diminui porque na fase de inflamação ocorre um consumo de complemento, na cascata de inflamação. • Sumário de urina • Enzima hepáticas • Enzimas musculares • VHS/PCR: Não tem tanta valia no lúpus quando tem infecção o PCR geralmente está aumentado não tem muita valia. DIAGNÓSTICO • Combinação de manifestações clínicas e laboratoriais • Diagnóstico diferencial • Critérios diagnóstico (4 de 11): não deixa de dar diagnóstico se tiver só 3. Por exemplo, um paciente que tem queda de cabelo, dor articular e FAN +, não vai deixar de dar o diagnóstico dele • ATIVIDADE DE DOENÇA o SLEDAI o BILAG o SLAM o SLICC Tratamento Definir extensãoe gravidade da doença Equipe multidisciplinar Terapia não medicamentosa • Nutrição • Reabilitação • Atividade física Terapia medicamentosa • Pedra do tratamento – antimaláricos o Hidroxicloroquina → prescrição independente da gravidade. Prescreve para todos os pacientes. • Glicocorticoides o Cautela: antigamente se usava de forma desenfreada; o Efeitos colaterais o Objetivo: suspensão → Justamente pelos efeitos colaterais. Imunossupressores → Escolhidos de acordo com o órgão acometido. • Azatioprina • Micofenolato → pacientes que estão com acometimento renal, começa com esse medicamento e depois entra com a azatioprina ou também pode manter o micofenolato. o Pode induzir remissão de pulmão e rim tanto com micofenolato ou com ciclofosfamida (venoso) e depois fazer a manutenção com azatioprina e micofenolato • Ciclosporina → Ela é usada, porém, tem muito efeito colateral. Como a hipertensão e hipertrofia gengival. • Metotrexato → para quem ter dores articulares. Prognóstico • Óbito 2,98x • Risco de morte por dça cardiovascular 2,7x • Infecção 4,0 • Insuficiência renal 7,9x • Sobrevida em 5 anos – 95% • Pior prognóstico: SLEDAI alto + envolvimento cv/ neurológico/ renal/ plaquetopenia grave → renal e plaquetopenico são os piores de todos. CASOS CLÍNICOS CASO 2 Paciente de 22 anos, feminina, internada com falta de ar progressiva há 2 semanas, febre diária não aferida, tosse seca e irritativa. Evoluiu com piora da dispneia e hemoptise há 3 horas. Em insuficiência respiratória, hipotensa e FC de 180 bpm/min, rítmicos. Realizada reposição volêmica e ventilação mecânica. Exames admissionais: Hb 4 g/dL, leucócitos 2500, neutrófilos 1500, linfócitos 1000, plaquetas 120.000, DHL 600, haptoglobina 120 mg/dL (VR < 120), bilirrubina direta 0,3 mg/dL e bilirrubina indireta 0,8 mg/dL Comentário: É um paciente que tem lúpus, porém evolui para um quadro mais grave. Lembrem da queda de HB, dispneia, então seria uma hemorragia alveolar difusa. O paciente faz uma hipotensão, ele choca então ele precisa de corticoides, uma imunossupressão mais pesada. CASO 2 Paciente de 45 anos é atendida com quadro de Raynaud e isquemia digital. Há dois anos apresentando xeroftalmia e xerostomia. Ha ́ seis meses notou linfadenopatia generalizada, aumento intermitente das parótidas, perda de peso e, no último mês, febre e sudorese noturna. Ao exame físico: emagrecida, parótidas aumentadas, linfadenopatia axilar e inguinal bilateral. FAN nuclear pontilhado fino 1/320 e fator reumatoide positivos. Raio-X do tórax normal. Fígado aumentado com múltiplas áreas hiperecoicas e esplenomegalia leve na ultrassonografia abdominal. Comentário: Paciente lúpica, que além do lúpus tem uma S. de Sjogren. Quando tem o S. Sjogren mais uma xeroftalmia, ter uma doença associada é muito comum, que é um linfoma (linfadenopatia generalizada, perda de peso...) CASO 3 Mulher, 50 anos, com artrite reumatoide há ́ 20 anos, em uso de metotrexato e adalimumabe há ́ 6 meses, apresenta um quadro recente de piora da artrite, alopecia, rash cuta ̂neo, FAN e anti-dsDNA reagentes. Comentário: nesse caso podemos ter o lúpus induzido por drogas. Quando você suspende a medicação melhora os sintomas. Nesse caso a medicação foi a adalimumabe. • Anti-histona: anticorpo mais comum para lúpus induzida por drogas. Drogas → Anti-TNF, Penicilamina, hidantal
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