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HISTÓRIA DA MATEMÁTICA Tema 04 Gênese do Cálculo Diferencial Professora: Luciane Adriano dos Santos Silveira Ana Lucia Alvarenga Cristiano Cesar da Silva Jefferson Machado Borges Patrícia Giane Massara RESUMO O presente artigo trata de como se deu o desenvolvimento da história do cálculo diferencial, dando maior ênfase aos trabalhos de Newton e Leibniz que, como se afirma hoje, são os “inventores” do cálculo. O principal objetivo do trabalho é demonstrar como eram feitos os cálculos de derivadas de funções sem utilizar a noção de limites, com exemplos que podem ser comparados com as técnicas modernas empregadas hoje. Palavras-chave: indivisíveis, máximo, mínimo, tangente, derivada. INTRODUÇÃO É curioso que o desenvolvimento histórico do cálculo seguiu a ordem contrária à daquela dos textos e cursos básicos atuais sobre o assunto: primeiro surgiu o cálculo integral e só muito tempo depois o cálculo diferencial. A ideia de integração teve origem em processos somatórios ligados ao cálculo de certas áreas, volumes e comprimentos. A diferenciação, criada bem mais tarde, resultou de problemas sobre tangentes a curvas e de questões sobre máximos e mínimos. Mais tarde ainda verificou-se que, salvo algumas restrições, a integração e a diferenciação estão relacionadas entre si, sendo que cada uma delas é uma espécie de operação “inversa” da outra. O cálculo da derivada e o cálculo da integral são ambos baseados na noção de limite. A questão é: “se o limite foi criado por último, como então eram feitos esses cálculos sem essa noção de limite de funções?”. O interesse maior do trabalho é mostrar como se procedia para executar o cálculo de derivadas sem a noção de limite, ocupando-se em mais detalhes, com os trabalhos de Isaac Newton (1642-1727) e Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716). Newton estendeu e unificou os vários processos de cálculo e Leibniz ligou-os através de uma notação eficaz e de um novo cálculo operacional. HISTÓRICO O século XVII foi extremamente produtivo para o desenvolvimento da matemática, graças, em grande parte, às novas e vastas áreas de pesquisa que nela se abriram. Sem dúvida, porém a realização matemática mais notável do período foi a “invenção” do cálculo, perto do final do século, por Newton e Leibniz. Com essa invenção a matemática criativa passou a um plano superior e a história da matemática elementar essencialmente terminou. Antes de aprofundar nos escritos de Newton e Leibniz sobre o cálculo, é necessário fazer um breve relato sobre suas origens e desenvolvimento. Esses conceitos têm tanto alcance e tantas implicações no mundo moderno que talvez seja correto dizer que sem algum conhecimento deles dificilmente hoje uma pessoa poderia considerar-se culta. Embora a maior parte do trabalho se situe no século XVII é importante retornar à Grécia do século III a. C. O CÁLCULO NA GRÉCIA ANTIGA: NO COMEÇO FOI O CÁLCULO INTEGRAL Arquimedes de Siracusa (287-212 a. C.) Os primeiros rascunhos com base sólida para o cálculo iniciaram-se com Arquimedes. Dos tratados de Arquimedes que se ocupavam principalmente com o método de exaustão de Eudoxo de Cinido. O mais popular era a Quadratura da parábola. Apolônio de Perga (262 a 190 a.C.) Os teoremas de Apolônio sobre máximos e mínimos são na verdade teoremas sobre tangentes. René Descartes (1596-1650) Filósofo e matemático francês, deu uma contribuição muito importante para a ideia de derivadas com a geometria analítica. Gilles Persone de Roberval (1602-1675) Gilles Persone de Roberval tornou-se bastante conhecido por seu método de traçar tangentes e por suas descobertas no campo das curvas planas superiores. Ele considerava uma curva como sendo gerada por um ponto cujo movimento se compõe de dois movimentos conhecidos. Então a resultante dos vetores velocidade dos dois movimentos conhecidos fornece a reta tangente à curva. Evangelista Torricelli (1608-1647) Evangelista Torricelli trabalhava com a mesma ideia de Roberval sobre tangente. Publicou a construção da tangente à ciclóide1 num ponto genérico da curva. Para determinar a tangente, tanto Roberval quanto Torricelli usavam o método da composição de movimentos, já descritos, quando do traçado de uma tangente à parábola. Pierre de Fermat (1601-1665) É possível que Pierre de Fermat desde 1629 estivesse de posse de sua geometria analítica, pois por essa época ele fez duas descobertas significativas. A mais importante dessas foi descrita alguns anos depois em um tratado, também não publicado durante sua vida, chamado Método para achar máximos e mínimos. Ao descrever o seu método, Fermat associou-o a um método que ele havia introduzido para determinar valores extremos (máximo ou mínimo) de quantidades conhecidas. John Wallis (1616-1703) John Wallis foi um dos primeiros a discutir as cônicas como curvas de segundo grau, em vez de considerá-las como secções de um cone. Enquanto as principais contribuições de Wallis ao cálculo se situam na teoria da integração, as mais importantes de Isaac Barrow talvez sejam aquelas ligadas à teoria da diferenciação. Isaac Barrow (1630-1677) Isaac Barrow explica um método de tangentes que é virtualmente idêntico ao usado no cálculo diferencial. É muito semelhante ao de Fermat, mas usa duas quantidades, em vez da letra E única de Fermat. Essas quantidades equivalem aos modernos Dx e Dy. Isaac Newton (1642-1727) Newton parece ter atingido as fronteiras do conhecimento matemático e estava pronto para fazer contribuições próprias. Suas primeiras descobertas, datando dos primeiros meses de 1665, resultaram de saber exprimir funções em termos de séries infinitas. Newton também começou a pensar, em 1665, na taxa de variação ou fluxo de quantidades variáveis continuamente ou fluentes, tais como comprimentos, áreas, volumes, distâncias, temperaturas. Newton ligou esses dois problemas, das séries infinitas e das taxas de variação como “meu método”. Newton fez uma descoberta muito importante, o método dos fluxos ou das fluxões, Para Newton, nesse trabalho, uma curva era gerada pelo movimento contínuo de um ponto no tempo. Feita essa suposição, a abscissa e a ordenada de um ponto gerador passa a ser, em geral, quantidades variáveis. Determinou máximos e mínimos, tangentes a curvas, curvaturas de curvas, pontos de inflexão e convexidade e concavidade de curvas; aplicou-o a muitas quadraturas e retificações de curvas. Também demonstrou habilidade extraordinária na integração de equações diferenciais. Seu trabalho inclui também um método (do qual uma variação é conhecida agora pelo nome de Newton) para aproximação dos valores das raízes de uma equação numérica, algébrica ou transcendente2. Ainda com Newton a ideia de que a diferenciação e a integração eram operações inversas foi firmemente estabelecida. Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) Leibniz, por volta de 1676, tinha chegado à mesma conclusão a que Newton chegara vários anos antes: que ele possuía um método que era altamente importante por causa da sua generalidade. Quer uma função fosse racional ou irracional, algébrica ou transcendente (palavra que Leibniz inventou), suas operações de achar somas e diferenças podiam sempre ser aplicadas. Cabia, pois a ele desenvolver uma linguagem e notação adequada para o novo assunto. Método de Leibniz Desenvolvendo sem utilizar as regras (que é o método de hoje, embora seja de Leibniz). Assim, d(2x3 + 3x -1) = 2(x + dx)3 + 3(x + dx)-1- (2x3 + 3x -1) = 2(x3 + 3x2dx + 3x(dx)2 + (dx)3 )+ 3x + 3dx -1- 2x3 - 3x +1 6x dx 3x(dx) (dx) 3dx = 2 + 2 + 3 + = 6x2dx + 3dx = (6x2 + 3)dx , ou,= 6x2 + 3 dx df Método de Newton Faça f (x, y) = f (x) - y = 2x3 + 3x -1- y = 0 . Trocando x por x + x o e y por y + y o , teremos então 2(x + x o )3 + 3 (x + x o ) -1- ( y + y o ) = 0 . Consequentemente, 2x3 + 6x2 x o + 6x(x o )2 + 2(x o )3 + 3x + 3x o -1- y - y o = 0 . De 2x3 + 3x -1- y = 0 , desprezando os termos em que o figura com expoente igual ou superior a dois (ou então dividindo por o e desprezando os termos que ainda têm o ), chega-se a 6x2 x + 3x - y = 0 . Daí, y / x = 6x2+3 Método Moderno Pelo método moderno é possível calcular a derivada dessa função em apenas uma linha utilizando os teoremas sobre derivação, e obtemos: f (x) = 6x2 + 3. Claro que neste caso o método dito moderno é o de Leibniz quando se usa as regras de derivação apontadas por ele. CURIOSIDADES • O alemão Wilhelm Schickard em 1623, inventou a calculadora. • Ela era uma calculadora mecânica com polias e engrenagens de relógio. • A primeira calculadora que multiplicava foi inventada por Léon Bollée aos 19 anos de idade. A INTRODUÇÃO DO CÁLCULO NO CURRÍCULO DO ENSINO MÉDIO No Brasil, em dois momentos, houve a introdução do cálculo no currículo do Ensino Médio, especialmente na 3ª série. O primeiro momento ocorreu por volta de 1891, com a reforma proposta por Benjamim Constant (1767), e o segundo no início da República, ocorrido em 1943, aproximadamente, quando foi instituída uma reforma do ensino secundário que ficou conhecido como Sr. Gustavo Campanema que era o ministro da educação na época. Nas décadas de 60 e 70, o movimento denominado Matemática Moderna, mudou significativamente o ensino da matemática no Brasil, e em outros países, onde estudiosos da época defendiam que era preciso modernizá-lo. A tônica dessa modernização foi uma ênfase excessiva no rigor e no formalismo das apresentações, à custa inclusive, de retirar de antigos programas tópicos importantes no ensino, como geometria e cálculo. Nos Estados Unidos, por exemplo, o cálculo é ensinado nas escolas secundárias, e às vezes em quantidade substancial, possibilitando o aluno que ingressar na universidade dispensá-la no primeiro semestre ou completamente, cursando assim disciplinas mais avançadas. Com isso podemos ver a importância do aprendizado do cálculo no ensino médio, como auxílio de funções polinomiais do segundo grau e algumas aplicações permitiu identificar o quanto o estudo do Cálculo auxilia na compreensão do estudo de funções e suas aplicações, e que os alunos de ensino médio, conseguem acompanhar o raciocínio, sim, desde que seja apresentado de forma simples e adequado ao seu nível.