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1 INSTITUTO BRASILEIRO DE FORMAÇÃO – IBF PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO DE MATEMÁTICA E CIÊNCIAS NATURAIS ENSINO DE MATEMÁTICA Alysson Wander Souza dos Santos TENDÊNCIAS EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: As diversas formas de ensinar e aprender matemática O ensino de matemática vem sendo pensado e repensado ao longo das últimas décadas no sentido de melhorar qualitativamente o processo de construção do conhecimento matemático, levando em consideração a pretensão de formar pessoas que exerçam plenamente sua cidadania por meio da percepção e análise da sua realidade, condição esta que também é desenvolvida através do processo de ensino e aprendizagem de matemática. Nesse contexto, é de fundamental importância que o educador se atente para as orientações elaboradas nos últimos anos no que tange o processo ensinar aprender matemática, uma vez que essas orientações têm o intuito de direcionar o professor no uso de práticas de ensino que alcancem positivamente o principal objetivo da educação, que é levar aos discentes uma significativa aprendizagem carregada de conhecimentos e maneiras de trabalhar tais conhecimentos no cotidiano vivido no mundo contemporâneo. Em consequência das orientações e estudos realizados no campo da educação matemática surgem propostas que se apresentam como ferramentas que ampliam e facilitam o processo de ensino e aprendizagem, dentre essas propostas estão as chamadas “Tendências em educação matemática” que dizem respeito às metodologias, métodos e concepções de ensino-aprendizagem. Atualmente podemos considerar as tendências em educação matemáticas como sendo: Etnomatemática, Modelagem Matemática, Resolução de Problemas, História da Matemática, Jogos no Ensino de Matemática, e uso de TIC’s (tecnologias da informação e comunicação). “Etnomatemática é a matemática praticada por grupos culturais, tais como comunidades urbanas e rurais, grupos de trabalhadores, classes profissionais, 2 crianças de uma certa faixa etária, sociedades indígenas, e tantos outros grupos [...]” definiu assim o professor Ubiratan D’Ambrosio (2011), um dos fundadores, e considerado Pai da Etnomatemática. O cotidiano está impregnado dos saberes e fazeres próprios da cultura. A todo instante, os indivíduos estão comparando, classificando, quantificando, medindo, explicando, generalizando, inferindo e, de algum modo, avaliando, usando os instrumentos materiais e intelectuais que são próprios à sua cultura. [...] é uma etnomatemática não apreendida nas escolas, mas no ambiente familiar, no ambiente dos brinquedos e do trabalho, recebida de amigos e colegas. (D’AMBROSIO, 2011) Nesse entendimento a Etnomatemática consiste em compreender e valorizar a matemática escolar1 presente nas vivências e práticas de diferentes povos e ou grupos sociais. Por sua vez a Modelagem Matemática é definida como “a arte de transformar problemas da realidade em problemas matemáticos e resolvê-los interpretando suas soluções na linguagem do mundo real” (BASSANEZI, 2002, apud MAGNUS, 2010, p. 16). Nesta tendência o aluno é convidado a abordar a matemática escolar a partir da sua realidade e práticas cotidianas. Através da modelagem matemática o aluno se torna mais consciente da utilidade da matemática para resolver e analisar problemas do dia-a-dia. Esse é um momento de utilização de conceitos já aprendidos. É uma fase de fundamental importância para que os conceitos trabalhados tenham um maior significado pra os alunos, inclusive com o poder de torná-los mais críticos na análise e compreensão de fenômenos diários (D’AMBROSIO, 1989). Sobre essa perspectiva as situações problemas baseadas em Modelagem Matemática desenvolverão nos alunos habilidades de interpretação, levando-os a tomarem decisões críticas diante delas no intuito de encontrar soluções práticas, o que é fundamental para a resolução de qualquer problemática da vida cotidiana. De forma análoga, a proposta da Resolução de Problemas é levar aos alunos a análise de situações problemas diversamente contextualizadas a fim de capacitá- los, por meio de habilidades desenvolvidas na busca por soluções, para enfrentarem as adversidades que possam vivenciar no dia a dia. É preciso tornar os alunos pessoas capazes de enfrentar situações e contextos variáveis, que exijam deles a aprendizagem de novos 1 Matemática escolar, vista como um conjunto de práticas e saberes associados ao desenvolvimento do processo de educação escolar em matemática (que não se restringem ao que se ensina aos alunos na escola, porque inclui também, por exemplo, os saberes profissionais vinculados ao trabalho docente nesse processo) (DAVID; MOREIRA; TOMAZ, 2013). 3 conhecimentos e habilidades. [...] um dos veículos mais acessíveis para levar os alunos a aprender a aprender é a resolução de problemas. (POZO, 1998, p. 9, apud SIQUEIRA, 2007, p. 36). Vale ressaltar que a utilização da Resolução de Problemas em sala de aula, além de realizar o envolvimento com a matemática, promove no aluno um pensamento produtivo, desenvolve seu raciocínio lógico e oportuniza a capacidade criativa para solucionar problemas da prática cotidiana. Por vezes, mediados pela resolução de problemas os Jogos Matemáticos inseridos como ferramenta no processo de ensino aprendizagem propiciam a apreensão de conceitos matemáticos através do lúdico, permitindo um caminho de construção do conhecimento que vai do imaginário à abstração de ideias. Para Trobia, I.A. e Trobia, J.: O jogo faz parte do cotidiano das crianças. A atividade de jogar é uma alternativa de realização pessoal que possibilita a expressão de sentimentos, de emoção e propicia a aprendizagem de comportamentos adequados e adaptativos. A utilização de ambientes virtuais de aprendizagem, associada a uma metodologia adequada, favorece o desenvolvimento de iniciativa, motivação, autodisciplina e autonomia no aluno. (TROBIA, I.A.; TROBIA, J., 2016) Nesse contexto fica claro que usados como uma alternativa didático pedagógica, os Jogos despertam o gosto em aprender matemática, além de possibilitarem o desenvolvimento de qualidades, como por exemplo concentração e autonomia, em todos os envolvidos. Sobre a História da Matemática, é uma Tendência em Educação Matemática que possibilita ao aluno compreender a origem dos conteúdos trabalhados, exprimindo o estudo de maneira prazerosa e desafiadora, de modo que possa reconhecer o contexto presente através das vivências dos povos passados. Nesse sentido faz-se necessário que o educador desenvolva situações baseadas no contexto histórico do surgimento dos conceitos com a problematização matemática contemporânea. Conhecer historicamente, pontos altos da matemática de ontem poderá […], orientar no aprendizado e no desenvolvimento da matemática de hoje. Mas o conhecer teorias e práticas […] que serviram para resolver os problemas de ontem pouco ajuda nos problemas de hoje. (D’Ambrósio, 2010, p. 30) Desse modo, a referida ferramenta de ensino se revela facilitadora na compreensão dos conteúdos matemáticos a partir de suas origens, motivando e 4 despertando o interesse dos alunos em estudar os saberes que lhes estão sendo apresentados, e observando suas aplicações na realidade de determinada época, e/ou na realidade atual. Além de todas as tendências ora expostas, o professor de matemática também pode trabalhar com as TIC’s (tecnologias de informação e comunicação) como um suporte educacional para o aprimoramento do processo de ensino aprendizagem e ou forma de motivar os alunos para a produção conhecimento. Dentre as TIC’s podemos mencionar o computador, celular, TV, softwares educativos, entre outros. A tecnologia eletrônica como a televisão, o vídeo, a máquina de calcular, o computador e o Datashow pode ser utilizada para gerar situações de aprendizagem com maiorqualidade. Neste sentido, age para criar ambientes de aprendizagem em que a problematização, a atividade reflexiva, atitude crítica, capacidade decisória e autonomia sejam privilegiadas. (PCN’s, 1997, apud MAGNUS, 2010, p. 21) Ressalta-se ainda que além de contribuir com o ensino e aprendizagem de matemática e despertar o interesse dos discentes, as TIC’s no contexto educacional como um todo estimulam sua inserção na chamada sociedade tecnológica, potencializando competências e habilidades que possibilitam a construção de novos saberes. Por tudo exposto, fica indubitável que as propostas apresentadas trazem grandes avanços no sentido de aperfeiçoar as práticas pedagógicas utilizadas pelos educadores para se concretizar satisfatoriamente o processo de ensino aprendizagem de matemática, fazendo uso de ferramentas adequadas em cada situação, tais como: a modelagem matemática, a história da matemática, as novas tecnologias, etc., privilegiando o despertar do interesse dos alunos para a busca, construção e reconstrução de conhecimentos e contribuindo para que docentes e discentes vivenciem inovadoras formas de ensinar e aprender matemática. 5 REFERÊNCIAS D’AMBROSIO, Beatriz S. Como ensinar matemática hoje? Temas e Debates. SBEM. Ano II, n. 2. Brasília, 1989. Disponível em <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1953133/mod_resource/content/1/%5B19 89%5D%20DAMBROSIO%2C%20B%20- %20Como%20Ensinar%20Matem%C3%A1tica%20Hoje.pdf> Acesso em 08/09/2020. D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação Matemática: da teoria á Pratica. Papirus. 21ª Edição: 2010 – Campinas – SP ______. ETNOMATEMÁTICA – Elo entre as tradições e a modernidade/ Ubiratan D’Ambrosio. – 4. ed. 1. reimp. – Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2011. DAVID, Maria Manuela; MOREIRA, Plínio Cavalcanti; TOMAZ, Vanessa Sena. MATEMÁTICA ESCOLAR, MATEMÁTICA ACADÊMICA E MATEMÁTICA DO COTIDIANO: uma teia de relações sob investigação. 2013. p. 4. Disponível em <https://www.repositorio.ufop.br/bitstream/123456789/4785/1/ARTIGO_Matem%C3 %A1ticaEscolarMatem%C3%A1tica.pdf> Acesso em 09/09/2020. MAGNUS, Maria Carolina Machado. Professor e tecnologia: a postura do educador de matemática no município de São João do Sul/SC, diante dos avanços tecnológicos. Disponível em <http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/wp- content/uploads/2013/10/Maria-Carolina-Machado-Magnus.pdf> Acesso em 09/09/2020. SIQUEIRA, Regiane Aparecida Nunes de. Tendências da educação matemática na formação de professores / Regiane Aparecida Nunes de Siqueira. 2007. 50 f. Monografia (Especialização em Educação Científica e Tecnológica) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Ponta Grossa. Ponta Grossa, 2007. Disponível em <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/mydownloads_01/visit.php?cid= 80&lid=1011> Acesso em 10/09/2020. TROBIA, Isabelle Alves; TROBIA, José. Jogos matemáticos: uma tendência metodológica para ensino e aprendizagem de matemática. In: ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, 7., 2016, São Paulo. (Anais eletrônicos)... São Paulo: Sociedade Brasileira de Educação Matemática, 2016. Disponível em <http://www.sbem.com.br/enem2016/anais/pdf/4743_2260_ID.pdf> Acesso em 10/09/2020. https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1953133/mod_resource/content/1/%5B1989%5D%20DAMBROSIO%2C%20B%20-%20Como%20Ensinar%20Matem%C3%A1tica%20Hoje.pdf https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1953133/mod_resource/content/1/%5B1989%5D%20DAMBROSIO%2C%20B%20-%20Como%20Ensinar%20Matem%C3%A1tica%20Hoje.pdf https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/1953133/mod_resource/content/1/%5B1989%5D%20DAMBROSIO%2C%20B%20-%20Como%20Ensinar%20Matem%C3%A1tica%20Hoje.pdf https://www.repositorio.ufop.br/bitstream/123456789/4785/1/ARTIGO_Matem%C3%A1ticaEscolarMatem%C3%A1tica.pdf https://www.repositorio.ufop.br/bitstream/123456789/4785/1/ARTIGO_Matem%C3%A1ticaEscolarMatem%C3%A1tica.pdf http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/wp-content/uploads/2013/10/Maria-Carolina-Machado-Magnus.pdf http://www.uniedu.sed.sc.gov.br/wp-content/uploads/2013/10/Maria-Carolina-Machado-Magnus.pdf http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/mydownloads_01/visit.php?cid=80&lid=1011 http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/mydownloads_01/visit.php?cid=80&lid=1011 http://www.sbem.com.br/enem2016/anais/pdf/4743_2260_ID.pdf
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