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DESORDENS DE MOTILIDADE DO ESÔFAGO Acalasia > desordem do esfíncter esofágico inferior > o esfíncter esofágico inferior não relaxa. > hipertonia do esfíncter esofágico inferior. · Destruição das células ganglionares do esôfago que leva à perda da motilidade. > as alterações são consequência da degeneração dos neurônios do plexo de Auerbach, presentes na parede esofagiana. · De modo funcional, os neurônios inibitórios são responsáveis pelo relaxamento do EEI durante a deglutição e pela propagação sequencial da peristalse. Quando devo suspeitar de Acalásia? Sempre que houver difagia e perda de peso, ao longe de meses ou anos, associadas à regurgitação e tosse crônica. ENDOSCOPIA DO TRATO DIGESTIVO ALTO · Ocorre um déficit de relaxamento fisiológico do EEI durante a deglutição. · Graus variados de hipertonia, incluindo tônus normal em alguns casos. · Substituição total (100%) da peristalse normal do corpo esofagiano por contrações anormais > as peristalses anormais podem ser fracas, de pequena amplitude (acalasia clássica) ou extremamente vigorosas (acalasia vigorosa). · Usar manometria para evidenciar. · Não existe acalasia sem hipertonia do EEI. · A disfunção do EEI impede a passagem do bolo alimentar, originando o principal sintoma: disfagia de Condução, que ocorre tanto para sólidos quanto para líquidos.A presença de DRGE vai contra o diagnóstico de acalásia. DRGE é causada pela hipotonia do EEI, que permite a passagem do conteúdo estomacal para o esôfago, enquanto a Acalásia é causada pela hiperonia do EEI, que impede que o alimento adentre o estômago!! · Segundo Sabiston, “pacientes com acalasia comem devagar, bebe grandes quantidades de água para empurrar o alimento para o estômago e podem até contorcer o corpo para auxiliar o alimento a ‘descer’” · A obstrução à passagem do bolo alimentar faz com que o esôfago retenha material não digerido, podendo ocasionar dilatação em seu corpo. Sintomas · Disfagia é o sintoma principal. · Ocorre em 90% dos casos e todos têm disfagias para sólidos. · A disfagia não ocorre de maneira súbita, ela é gradual e permite que o paciente se adapte a essa mudança. · A maneira como o sintoma se instaura acaba retardando o diagnóstico. · Regurgitação. > ocorre e, 70 a 90% dos casos devido à progressão da dilatação da liz esofágica. · Dor pre-cordial. > ocorre em 25-60% dos casos geralmente nas fases precoces da doença. · Resulta da tentativa de vencer a contração do EEI com contrações vigorosas. · Ocorre em fases iniciais da doença, quando a contratilidade do corpo esofagiano ainda não foi completamente perdida. · Complicações respiratórias > tosse noturna e pneumonia resultantes da regurgitacao e aspiração. · A regurgitação do material alimentar não digerido e misturado com saliva pode resultar em crises de tosse e broncoespasmo, que geralmente aparecem quando o paciente deita. · Perda de peso > comum em fases avançadas da doença. > geralmente ocorre de maneira insidiosa, além de ser de leve a moderada, na maioria da vezes. · Quando a perda de peso for acentuada e rápida, deve-se suspeitar de câncer de esôfago. · Pirose · Halitose > em estágios avançados da doença. · Pacientes com acalasia avançada podem desenvolver ronquite, pneumonia ou abscesso pulmonar secundário a regurgitação e aspiração crônica. Diagnóstico · Quando um paciente refere disfagia, o primeiro passo essencial é a EDA. > além de possibilitar visualizar a luz do túnel, ainda é possível biopsiar possíveis vegetações, lesões.... · A EDA permite excluir anormalidades estruturais como carcinoma de esôfago ou esofagite eosinofílica. · A EDA confirma a dilatação do corpo esofágico e exclui a possibilidade de obstrução mecânica como causa de disfagia.. · Pode detectar também, uma esofagite irritativa. · Se nenhuma anormalidade é encontrada na EDA, deve-se fazer uma manometria. · Acalasia é um diagnóstico manométrico. Manometria > é o método de escolha para o diagnóstico > sensores são posicionados na luz esofágica e medem a pressão das ondas peristálticas. · Mede a pressão (força) do EE (superior e inferior),localização e relaxamento, a força e a coordenação dos músculos esofágicos ao deglutir. · A manometria demonstra ausência de peristalse algumas vezes associado ao aumento da pressão intra-esofágica próprio da estase de alimento e o relaxamento incompleto do EEI. · É o exame diagnóstico mais sensível, pois detecta a doença emu ma fase precoce em que ainda não ocorreu dilatação do esôfago e retenção de alimentos. · Manometria de alta resolução > evolução do diagnóstico > considerada o método de escolha > possui maior sensibilidade e especificidade no diagnóstico, com uma menor chance de diagnóstico incorreto. · Permitiu diferenciar a acalasia em 3 tipos diferentes, que são classificadas de acordo com o padrão de pressurização do esôfago aperistáltico. Tipos de acalasia > o uso do HRM (high resolution manometry) permitiu classificar a acalásia em três subclasses clinicamente relevantes, baseadas no padrão de contratilidade do corpo esofágico · Tipo 1 > não são identificadas ondas de pressão no esôfago distal. · Tipo 2 > pressurizações pan esofágicas. · Tipo 3 > pelo menos 20% das deglutições revelam um espasmo simultâneo a uma contração rapidamente se propagando. · É importante ressaltar que o resultado do tratamento depende dessa nova subclassificação e, portanto, o subtipo pode ser usado para prever a resposta ao tratamento: Todos os estudos observaram uniformemente que a melhor resposta ao tratamento foi observada em pacientes com acalásia tipo II (95-96%) ea pior resposta em pacientes com acalasia tipo III (29-70%) [6-9]. A subclassificação é relevante, especialmente para pacientes com megaes tipo III, uma vez que a taxa de sucesso do tratamento é menor para a dilatação pneumática em comparação com a miotomia laparoscópica de Heller em um estudo randomizado (40 vs 86%). · Pressão de Relaxamento Integral: que mede o relaxamento do esfíncter esofagiano inferior(<8-10mmHg) · Integral Contrátil Distal: que avalia o vigor contrátil da onda peristáltica(450-5000mmHg) · Latência Distal: que mede o tempo da peristalse, desde o início da deglutição até a ampola epifrênica(>4,5segundos) Radiologia > radiografia de deglutição de bários. · Pode ser usada como método complementar na investigação principalmente com endoscopia “normal”. · O estudo radiológico pode demonstrar o corpo esofágico dilatado, com ou sem ar na luz e um achado típico seria o chamado “bird-beak” · O aspecto é de dilatação do esôfago com esvaziamento incompleto, nível hidroaéreo e afinamento na região do EEI. · A radiografia simples pode nos indicar ausência de bolha gástrica, massa mediastinal ao lado da aorta e nível hidroaéreo no mediastino, na posição ereta, indicando o material estagnado. Etiologia · Pode ser dividida em primária (idiopática) ou secundária (Doença de Chagas).Diagnóstico diferencial > EED,pseudocalásia e doença de Chagas. > a doença de Chagas é endêmica em regiões centrais do Brasil, propagada pelo Barbeiro infectado por Trypanossoma cruzi. A fase crônica da doença começa vários anos depois da infecção e causa a destruição de células ganglionares do corpo inteiro. > a infiltração tumoral de fundo gástrico ou esôfago distal pode simular a acalásia idiopática. > a pseudocalásia é responsável por 5% dos casos e é mais frequente em indivíduos idosos. · Esofagopatia Chagástica > em áreas endêmicas da doença (centro e norte do BR). · Invasão do plexo mioentérico > plexos de Auerbach e Meissner, pelo protozoário flagelado Trypanossoma Cruzi, causa disfunção e posterior necrose dos interneurônios responsáveis pelo relaxamento do EEI. · A doença é mais prevalente no sexo masculino e possui o mesmo quadro clínico da acalasia idiopática. · “mal do engasgo”. · Ocorre o envolvimento de outros órgãos > miocardiopatia e megacolon. · Exame manométrico e baritado. · Diferenciado pela sorologia > teste ELISA ou reação da Machado-Guerreiro. · Pseudoacalásia > fenômeno paraneoplásico ocorrendo devido a invasãotumora da JEG. · Prestar atenção quando os sintomas iniciarem em pacientes com idade superior a 50 anos, pois os sintomas são abrupto e causam uma rápida perda de peso. Tratamento > o objetivo é reduzir a pressão do EEI, de modo que seja promovido o relaxamento do EEI e esvaziamento do esôfago. · A peristalse normalmente nunca volta ao normal. · Nitratos > inibem a contração do EEI. > poucos estudos foram conduzidos. · Inibidores do canal de cálcio > diminui a pressão do EEI por bloqueio da captação células de cálcio. · Nidedipina 10 a 20 mg sublingual, 15 a 60 minutos antes das refeições. · Sildenafil > medicamento que diminui a pressão do EEO devido ao bloqueio da fosfodieterase tipo 5. · Dose de 50mg seria benéfica, mas o uso é limitado devido ao custo elevado e aos efeitos colaterais. · Os tratamentos farmacológicos são, de certa maneira, ineficazes e são usados como medida temporizadora. Tratamento endoscópico · Toxina botulínica > aplicação intramural e circunferencial > curta duração 3 a 6 meses. · Normalmente utilizada em pctes com alto risco cirúrgico. · Inibe a liberação de acetilcolina pelas terminações nervosas e melhora a disfagia em cerca de 66% dos casos em pelo menos 6 meses. · Dilatação pneumática > é realizada a dilatação de um balão, que demonstrou alívio sintomatológico em grande parte dos pacientes usando balões de 30, 35 e 40mm.Quando ocorre perfuração espontânea do esôfago, a condição é denominada SÍNDROME DE BOERHAAVE. · Utiliza um balão cilíndrico não complacente, que é posicionado ao longo do EEI. · Não se faz diretamento com o balão maior, pois pode causar perfuração. · Pode causar perfuração esofágica (2 a 6% dos casos) e recidiva dos sintomas em 50% dos casos. · Deve ser realizado e imediatamente após, deve ser prescrito o uso de IBP, pois o pcte irá apresentar refluxo. Tratamento cirúrgico · Miotomia laparoscópica (de Heller) > indicada em casos refratários ou recidivantes. · É realizada através da secção das camadas longitudinal e circular da musculatura lisa do esôfago distal. · Vários autores indicam a necessidade de todas as fibras do EEI serem incluídas na miotomia, aumentando sua extensão para até 2 cm abaixo da Cárdia e indicando a necessidade da realização de uma fundoplicatura parcial para evitar o desenvolvimento de DRGE. · European Achalasia Trial > estudo que comparou a dilatação pneumática com a miotomia de heller > não houve diferença entre os grupos estudados ao longo de 2 anos. · Ressecção esofágica > em pacientes que possuem doença avançada e não respondem ao balão ou a miotomia. · A ressecção ocorre com tração do estômago ou interposição de um segmento de cólon transverso. · Pode ser a única opção antes da gastrostomia. Espasmo Esofágico. · Doença rara de etiologia desconhecida, sem fatores de risco associado. · Ocorre uma perda entre o mecanismo de indução e inibição de motilidade esofágica. · É evidenciada por episódios de disfagia e de dor torácica atribuível a contrações esofágicas anormais, com relaxamento normal do EEI. · Ocorre uma perda entre o mecanismo de indução e inibição da motilidade esofágica. · O peristaltismo normal é substituído por intensas contrações não propulsivas fásicas, principalmente nos 2/3 inferiores do esôfago. · Sintomas: · Dor precordial não relacionada a esforço físico. · É muito semelhante à angina. · O indicativo de que a dor possui relação com o esôfago é de que não está relacionada com o esforço, é prolongada, interrompe o sono. Está relacionada aos períodos de alimentação. · Dor é aliviada por antiácidos e acompanha-se de pirose, disfagia ou regurgitação. · O diagnóstico de doença esofágica deve ser firmado somente após a exclusão de doença cardíaca. · Disfagia intermitente e desencadeada por certos tipos de líquidos. · Perda de peso. · Diagnóstico: realização de Manometria · No espasmo esofágico distal pode pocorrer aperistalse em mais de 30% das deglutições. · 20 % das contrações são prematuras, sem estímulos. · Já nas patologias com peristalse hipertensiva, é usado um parâmetro que mede o vigor da onda contrátil, levando em consideração a amplitude, a duração e o tamanho. · É preciso definir o espasmo pela ocorrência de contrações no esôfago distal com latência curta em relação ao tempo de contração faríngea. · Normalmente a manometria encontra anormalidades leves. · Na manometria ao lado > topografia das pressões esofágicas > o esôfago em quebra nozes é caracterizado por contrações vigorosas e repetitivas, que possuem início normal da peristalse e latência normal de contração. · Na radiografia o EED se caracteriza por contrações terciárias > esôfago em saca-rolhas. · Tomografia de tórax > pode evidenciar espessamento da mucosa em pacientes com distúrbio motor esofágico. Tratamento empírico e de suporte · Doença de natureza benigna. · Uso de relaxantes musculares: isossorbida 10mg, nifedipina 10mg ou diciclomina 20mg · Medicamentos antidepressivos: amitriptilina 25-50mg na hora de dormir, imipramida 25-50mg antes de dormir e trazodona 50mg 3x ao dia. · Podem ser indicados exercícios de relaxamento, biofeeback e orientação psicológica adjuvantes. · A única classe de drogas que demonstrou benefícios foram os ansiolíticos. · Tratamento cirúrgico > miotomia longitudinal deve ser considerado somente quando há emagrecimento extremo ou em casos em que a dor torna-se insuportável. HÉRNIA DE HIATO · Ocorre a protusão do estômago para dentro da cavidade torácica, acima do diafragma. · Hérnia por deslizamento: tanto a junção esofagogástrica quanto o fundo gástrico são jogados para o tórax, através do diafragma. Pode ocorrer por 3 motivos: 1) Enfraquecimento dos ligamentos que unem a junção gastro-esofágica com o diafragma. 2) Contração longitudinal do esôfago. 3) Aumento de pressão abdominal. · Esse tipo de hérnia é comum e pode ser encontrada em até 15% da população. > Sua incidência aumenta com a idade. · Não é causa de DRGE, mas pode estar associada à doença, agravando sua condição. · Hérnia paraesofágica: hérnia por rolamento > o fundo gástrico se hérnia para cima do diafragma, mas a junção esofagogástrica continua em sua localização normal. · Normalmente é assintomática. · Hérnia mista: mistura entre a hérnia por deslizamento e por rolamento. · Além de a junção se herniar, o estômago acaba ultrapassando a herniação da junção e se dobrando sobre ela. · Hérnia gigante: apresentam outros órgão herniados, além do estômago. · A hérnia de hiato pode complicar, ocasionando dor torácica aguda, disfagia e uma sensação de massa mediastinal. Pode ocorrer tb sangramentos por isquemia e consequentes erosões e ulcerações. > tratamento cirúrgico. Síndrome de Mallory Weiss · É definida como uma laceração do esôfago distal e do esôfago proximal que ocorre em resposta a vômitos vigorosos. · É comum em alcoólatras. > episódios eméticos repetitivos. · Presença de hipertensão portal com varizes esofágicas aumenta o risco de surgir a síndrome. · É importante lembrar que qualquer aumento de pressão intra-abdominal, como tosse intensa ou grande esforço para evacuar, pode causar lacerações na junção esofagogástrica. · AS LACERAÇÕES ACOMETEM APENAS A MUCOSA. > não são transmurais. · O sintoma mais comum é a Hematêmese > vômito com sangue vivo, em volume importante > sangramento digestivo alto. · O tratamento consiste em hemostasia endoscópica. · Em alguns casos graves ocorre a perfuração ou ruptura do esôfago, originando mediastinite e derrame pleural. Infecções de esôfago · Cândida albicans · Fungo que habita normalmente a flora oral, que podem ter seu crescimento favorecido em algumas situações como tratamentos a longo prazo com antibióticos de largo espectro, altas concentrações de glicose na saliva, comprometimento de imunidade celular e estase esofágica. · Os pacientes podem ser assintomáticos ou possuírem queixa de Disfagia, odinofagia. · Ocorre comumente em pctes imunocomprometidos. · A endoscopia revela presença de pequenas placas mucosas amarelo-esbranquiçadas, que possuem aumento progressivo.· Coleta do material + cultura > diagnóstico. · Tto em pacientes com SIDA deve ser realizado com NISTATINA oral (solução) que deve ser bochechada e deglutida. · Fluconazol oral · Casos resistentes: fluconazol venoso. · Herpes simples · Odinofagia intensa, com sintomas sistêmicos, como febre e vesículas labiais. · Prevalente em indivíduos imunocomprometidos. · A endoscopia revela lesões ulcerosas bem delimitadas com espaço de mucosa normal entre as lesões e vesículas. · A biópsia revela corpúsculos de inclusão típicos. · Tto realizado com aciclovir na dose de 400mg, de 4 em 4h, VO, por 14 dias. · Tto endovenoso para pacientes com acometimento mais extenso. · Citomegalovírus · Úlcera mais profunda e mais isolada. · Muito mais disfagia. · Tto com Ganciclovir venoso 5mg/kg/dose a cada 12h por 14 a 21 dias. · OU tto com Foscarnet 60mg/kg. · Profilaxia secundária pode ser necessária. Caroline Zanella ATM 2022/a 2
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