Buscar

O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANTISSOCIAL E SUAS IMPLICAÇÕES NA PSICOLOGIA JURÍDICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 11 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANTISSOCIAL E SUAS 
IMPLICAÇÕES NA PSICOLOGIA JURÍDICA 
 
ANTISOCIAL PERSONALITY DISORDERS AND IT’S IMPLICATIONS IN 
LEGAL PSYCHOLOGY 
 
KARINA DE GOES MOTTA. Acadêmica de Graduação do Curso de Psicologia da 
Faculdade Sudoeste Paulista - FSP. 
FABIANA VENEGAS PIRES. Docente do Curso de Psicologia da Faculdade Sudoeste 
Paulista - FSP. 
. 
Endereço para correspondência: Rua José Chagas, 86, Jardim Ana Cecília, CEP: 
18.800- 000, Piraju, São Paulo, Brasil. 
E-mail: karinagmotta@hotmail.com 
 
RESUMO 
Ao longo da história da psicologia jurídica e sua interface com o direito destaca-se o 
transtorno de personalidade antissocial ou psicopatia como um dos mais influentes nas 
implicações legais. Dessa maneira contempla-se a vital importância da discussão de 
cunho científico que pode repelir saberes de senso comum já estabelecidos sobre o 
transtorno em questão e os manejos propostos. Este estudo teve como objetivo traçar 
paralelos entre o transtorno de personalidade antissocial e as possíveis implicações com 
a psicologia jurídica e suas funções. Foi realizada uma revisão sistemática com as bases 
de dados Scielo e Lilacs usando as palavras chaves: transtorno antissocial, DSM 
(Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais) psicologia jurídica, psicopatia 
e crime. Foram selecionados apenas artigos dos últimos dez anos, da língua portuguesa. 
A maioria dos artigos coloca os fatores de desenvolvimento como alavancas para a 
intensidade do transtorno e esclarecem o papel do psicólogo frente aos julgamentos e 
avaliações que envolvem questões ligadas ao direito. A psicologia jurídica pode ter um 
papel fundamental nas decisões judiciais incluídas no julgamento de indivíduos que 
cometem crimes através de avaliações e perícias envolvendo-se em vários aspectos para 
um parecer sobre a história e subjetividade do indivíduo. 
PALAVRAS-CHAVES: Transtorno de personalidade antissocial; psicologia jurídica; 
crime e psicopatia. 
 
ABSTRACT 
Throughout the history of legal psychology and its interface with law it stands out the 
antisocial personality disorder or psychopathy as one of the most influential in the legal 
implications. The vital importance of the scientific discussion that can repel established 
common-sense knowledge about the disorder in question and the proposed management 
is contemplated. This study aimed to draw parallels between antisocial personality 
disorder and the possible implications with legal psychology and its functions. A 
systematic review was conducted with the Scielo and Lilacs databases using the key 
words: antisocial disorder, DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental 
Disorders), legal psychology, psychopathy and crime. Only articles from the last ten 
years of the Portuguese language were selected. Most articles place developmental 
factors as levers for the intensity of the disorder and clarify the role of the psychologist 
in the face of judgments and evaluations involving issues of law. Legal psychology can 
be important in judgments included the judgment of people who commit crimes through 
assessments and expertise engaging in various aspects for an opinion the history and 
subjectivity of the individual. 
 
 
2 
2 
KEYWORDS: antisocial personality disorders; legal psychology; crime and 
psychopathy. 
 
INTRODUÇÃO 
O transtorno de personalidade antissocial já foi muito estudado ao longo da 
história da psiquiatria e psicologia, tendo suas definições modificadas de acordo com as 
percepções de autores e culturas em cada época. (ALVARENGA; et al, 2009). 
Com os estudos surgiram divergências entre profissionais para diagnóstico 
preciso e intervenções corretas, fazendo-se necessária a criação de algo que garantisse 
eficácia e parcimônia entre os conhecimentos dos transtornos mentais. Surgiram assim, 
através da Associação Americana de Psiquiatria (APA) e a Organização Mundial da 
Saúde (OMS) o Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais (DSM) e o 
sistema de Classificação Internacional de Doenças (CID). (ALVARENGA; et al, 2009). 
Indivíduos que se incluem nos critérios para um diagnóstico de transtorno de 
personalidade (TP) são descritos como pessoas que apresentam padrões de 
comportamentos anormais ou mal adaptados, subsequentes de desvios significativos do 
padrão cultural ao modo de sentir, agir, pensar, perceber e, sobretudo de se relacionar 
com outrem. (DSM-V, 2014). 
Segundo Hidalgo & Serafim (2016) “Os TP estão frequentemente associados a 
abuso de álcool e outras substâncias, violência (incluindo crime), e a altas taxas de 
mortalidade por suicídio”. É notório afirmar que nem todo portador desse transtorno 
sucumbirá à criminalidade, porém se o fizer, tende a ser violento. 
Assim vinculamos os saberes já postos, com os estudos acerca da relação desse 
transtorno com a criminalidade, que além de objeto de pesquisa do direito, também é 
explorado pela psicologia e criminologia em grande escala (ROCHA, 2011). 
Na ótica de Cruz (2015) “Enquanto criminosos comuns almejam riqueza, status 
e poder, os psicopatas apresentam manifesta e gratuita crueldade”. Para o criminoso 
com TP antissocial o ganho com o crime é secundário, a dominação e a sensação de 
poder são seus principais motivadores. 
Alguns desses criminosos apresentam históricos traumáticos na infância 
relativos a maus tratos físicos ou psíquicos, tendendo a isolar-se socialmente ou vingar-
se (CRUZ, 2015). Entre as condutas antissociais estão o furto, roubo, latrocínio, 
homicídio, estupro, sequestro, tráfico de entorpecentes sendo marcado por alto índice de 
reincidências e tendência a práticas criminais. Apresentam baixa tolerância a 
frustrações, agressividade facilmente eclodida, indiferença afetiva acentuada e emoções 
superficiais. (HIDALGO & SERAFIM, 2016). 
 
 
3 
3 
Gomes (2007) aponta que “Cabe definir a Criminologia como ciência empírica e 
interdisciplinar, que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do 
controle social do comportamento delitivo”. O crime faz parte da vida de um sujeito, 
desse modo nenhum crime é exatamente igual ao outro, pois cada um tem sua história e 
subjetividade. 
A psicologia jurídica consiste, para Brito (2012, apud JACÓ-VILELA, 1999) na 
“personalidade do criminoso, o papel da punição, a influência do sistema penal na 
recuperação, ou não, da delinquência, esses são os temas de seu interesse”. Anton & 
Toni (2014) completam que a psicologia jurídica é a “área da 
Psicologia que se preocupa com os temas ligados ao sistema judiciário ou 
às práticas jurídicas”. 
A avaliação dos aspectos da personalidade em psicologia jurídica é um desafio, 
pois “as pessoas com Transtorno de Personalidade Anti-Social (TPAS) e/ou traços 
psicopatas têm como característica a tendência a negar ou minimizar atributos pessoais 
socialmente inadequados”, principalmente em implicações legais. Por isso, devemos 
atentar para o fato de que as informações fornecidas pelo periciado possam ser 
distorcidas (DAVOGLIO & ARNIMON, 2010). 
 Este trabalho contempla a justificativa da importância que esse leque da 
psicologia jurídica seja discutido de maneira a repelir saberes de senso comum já 
disseminados sobre ele. Como já dito por Davoglio & Arnimon (2010) “devido às 
contravenções e transgressões da lei típicas destes indivíduos, esses conceitos se 
apresentam como temas que se colocam entre a clínica e o judiciário, sendo por isso 
alvo de atenção da Psicologia Forense”. 
O presente estudo se propõe ao objetivo de traçar laços entre o transtorno de 
personalidade antissocial e suas implicações na psicologia jurídica envolvendo questões 
legais e psicológicas. 
PRESSUPOSTOS METODOLÓGICOS 
 Revisão da literatura é o processo de busca, análise e descrição de um corpo do 
conhecimento em busca de resposta a uma pergunta específica e mais precisamente as 
revisões sistemáticas são consideradascomo “estudos observacionais retrospectivos ou 
estudos experimentais de recuperação e análise crítica da literatura.” Além de testar 
hipóteses e ter como objetivo “levantar, reunir, avaliar criticamente a metodologia da 
pesquisa e sintetizar os resultados de diversos estudos primários”. (MANUAL UNESP, 
2015) 
 
 
4 
4 
Primeira etapa de pesquisa denominou-se mapeamento ou levantamento 
bibliográfico, no qual foram mapeadas todas as referências encontradas sobre o tema 
proposto, sempre com procedência científica. Para a pesquisa do referencial 
bibliográfico foram usados os seguintes indexadores eletrônicos: Scielo (Scientific 
Electronic Library Online) e Lilacs (Literatura Latino-Americana e do Caribe em 
Ciências da Saúde) 
Em primeira busca foram usadas as palavras chave: Transtorno Antissocial no 
indexador Scielo, três resultados pertinentes foram encontrados, posteriormente no 
mesmo sítio de busca foram usadas: Transtorno Antissocial e DSM, a fim de observar o 
histórico do transtorno no DSM e suas edições, e um arquivo foi encontrado. Em ambas 
usaram-se todos os índices e língua portuguesa. 
No indexador Lilacs foram inseridas: psicologia jurídica e psicopatia, em página 
única e 2 resultados foram encontrados. Após: psicopatia e crime na página um, com 8 
estudos cabíveis. E por ultimo transtorno antissocial até a página dez, encontrados 12 
resultados pertinentes. Nessa primeira etapa de busca foram encontrados 22 arquivos 
com todos os índices selecionados e em língua portuguesa, que seriam de grande valia 
para este estudo. 
O critério usado para inclusão e exclusão dos artigos foi uma breve leitura de 
resumos e introduções, além dos títulos, os que destoavam do tema a ser abordado não 
foram utilizados. Foram utilizados estudos na língua portuguesa e publicados nos 
últimos dez anos. As pesquisas foram realizadas entre os dias 05 e 21 de agosto de 
2017, no período entre 10h00 e 18h00. 
Ao final do mapeamento os artigos foram lidos sistematicamente para avaliar 
sua valia a este estudo. Foram incluídos para esta pesquisa apenas artigos dos últimos 
10 anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Base de dados: Scielo 
Palavras-chave: Transtorno antissocial [todos os 
índices] e Transtorno antissocial e DSM [todos 
os índices] 
 
Base de dados: Lilacs 
Palavras-chave: Psicopatia, psicologia jurídica, 
crime e transtorno social [todos os índices] 
 
Resultado das buscas (n=238) 
Aplicação dos critérios de inclusão e exclusão 
Selecionados (n=22) 
Duplicados (n=1) 
 
 
5 
5 
 
 
 
 
Figura 1 – Número de artigos selecionados e excluídos nas bases de dados Lilacs e Scielo. 
 
A figura 1 representa o total de artigos utilizados nessa pesquisa, que de acordo 
com o delineamento metodológico foram incluídos ou não no presente artigo. 
RESULTADOS 
Os artigos selecionados para este estudo foram todos na língua portuguesa. Seis 
dos oito artigos selecionados usaram de revisão bibliográfica como método de pesquisa, 
e três com pesquisas de campo, sendo uma realizada via redes sociais a partir de 
questionários estruturados de múltipla escolha, e o outro incluindo dados demográficos 
para aplicação de questionários estruturados com conteúdo de dados sócio 
demográficos, condutas antissociais e delitivas, e esquemas de personalidade. O outro 
realizado é dividido entre infratores e não infratores através de entrevista estruturada 
dos dois grupos separadamente. 
Dois dos estudos utilizados apresentam a base histórica do transtorno antissocial 
em relação à definição patológica em várias épocas. Dois deles focam na conceituação 
da patologia de transtorno antissocial, um deles discute os interesses da criminologia 
nessa doença, outro usa o foco do crime e quatro consistem em discussões sobre o 
transtorno e a psicologia jurídica, quais as implicações multidisciplinares na análise 
desse fenômeno e os interesses dos quais se aplicam para o estudo desse tema. 
Quadro 1: Caracteriza o total de artigos desta revisão para autor – data – objetivos. 
Incluídos (n=14) 
 
 
6 
6 
GOMES, Luiz 
Flávio 2007 
Definir a Criminologia como ciência empírica e interdisciplinar, que se ocupa do 
estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima e do controle social do 
comportamento delitivo. 
Hidalgo, Nathalie de 
Queiroz; Serafim, 
Antônio P. 2016 
Levantar junto ao público de uma maneira geral o conceito de psicopatia verificando 
os saberes de senso comum acerca do assunto. 
Medeiros, Verônyca 
Muniz V. 2014 
Apresentar a psicopatia, demonstrar as sanções penais aplicáveis ao psicopata 
criminoso e questionar as alternativas para as sanções penais dadas a ele a partir de 
suas dificuldades. 
Silva, Thamires C. 
O. A. 2016 
Neste trabalho também será explorado as espécies de personalidades psicopáticas, 
como elas atuam e quais seriam as possíveis consequências, além de uma discussão 
acerca de qual melhor medida a ser aplicada, penas comuns ou medidas de segurança, 
e se os psicopatas podem ser considerados seres inimputáveis, imputáveis ou semi-
imputáveis. 
Pacheco, Janaína T. 
B. Hutz, Cláudio S. 2009 
Investigar variáveis individuais e familiares preditoras do comportamento antissocial, 
num estudo com adolescentes infratores e não infratores. 
Rocha, Marseilly 
Carvalho O. 2011 
Verificar a existência de diferenças de médias de respostas para o questionário 
proposto, para diferentes crimes (roubo, homicídio, assalto, tráfico e etc) numa 
amostra de presidiários. 
Universidade 
Estadual de São 
Paulo. 2015 
Auxiliar na definição do tipo de revisão de literatura a ser realizado, 
em forma de documento conciso com algumas definições e orientações sobre 
revisões de literatura. 
 
DISCUSSÃO 
 Nesta revisão de literatura muito se observou os fatores relacionados às 
condutas antissociais delitivas, podendo ser os ambientais, que dizem do ambiente 
externo, os familiares que observa a estrutura e dinâmica familiar do indivíduo, o social 
que averigua a rede de contatos e muitos outros elementos como econômicos, por 
exemplo. Rocha (2011, apud MORANA et al, 2006) afirma que a negligência e maus 
tratos sofridos durante a infância, enquanto o cérebro ainda se forma a partir das 
Autor Data Objetivos 
Alvarenga, Marco 
Antônio S. et al. 2009 
Realizar um breve percurso sobre o desenvolvimento conceitual de um dos 
construtos psicológicos de maior evidência nos dias atuais: o transtorno de 
personalidade antissocial (TPAS). 
American 
Psychiatric 
Association. 2014 
Classificação de transtornos mentais e critérios associados que facilitam o 
estabelecimento de diagnósticos mais confiáveis desses transtornos. 
Anton, Juleine; 
Toni, Caroline 
Guisantes de S. 2014 
Compreender as práticas de trabalho do psicólogo forense, principalmente no que 
se refere à psicopatia, bem como descrever o processo de avaliação e 
reconhecimento de psicopatas. 
Bertoldi, Maria 
Eugênia; et al. 2014 
Apresentar um breve estudo sobre a Psicologia Jurídica e a sua aplicação no Direito 
Criminal, explicitando como se relacionam essas duas ciências, as características 
comportamentais dos delinquentes, as motivações que podem levar o indivíduo ao 
cometimento de atos delituosos, alguns tipos mais comuns de delitos, bem como os 
principais métodos e técnicas que subsidiam a atuação do psicólogo jurídico. 
Brito, Leila Maria T. 
Anotações sobre a 
Psicologia jurídica. 2012 
Transpassar a história da psicologia jurídica, suas definições e modificações ao 
longo dos anos de profissão. 
CRUZ, Dário 
Aquino da. 2015 
Mostrar as características da personalidade psicopática, demonstrar a razão ou a 
falta de razão para o cometimento de crimes bárbaros, analisar a formação da 
personalidade de um psicopata, trazendo também as causas 
que podem ocasionar tal transtorno. 
Davoglio, Tárcia 
Rita; Arnimon, Irani 
Iracema de Lima. 2010 
Apresentar as características básicasdo Transtorno de Personalidade Antissocial e 
da Psicopatia, focando nas suas implicações no âmbito da avaliação psicológica 
forense, priorizando a realidade brasileira. 
 
 
7 
7 
experiências induz uma anomalia nos circuitos cerebrais, podendo propiciar aspectos 
como agressividade, hiperatividade, delinquência, transtornos de atenção e abuso de 
substancias ilícitas. Para a psicologia jurídica é de demasiada importância que seja 
investigada as possíveis origens desse transtorno. 
 Em concordância com isso, Pacheco & Hutz (2009) colocam que o padrão de 
comportamento antissocial é aprendido na infância, sendo diretamente produzido e 
influenciado por interações sociais, principalmente familiares, salientando que a criança 
pode moldar e manipular o ambiente com os pais e muitas das vezes com efetividade, 
isso diz de como ela aprende a interagir e lidar com outras pessoas, as atitudes 
antissociais da criança já dizem de seus futuros comportamentos na vida adulta sendo 
uma amostra do que pode acontecer posteriormente. 
 A pesquisa realizada por Pacheco & Hutz (2009) mostrou que o uso de drogas 
feito pelos adolescentes ou por familiares, o número de irmãos, envolvimento de um 
familiar com algum crime, e as práticas educativas adotadas pelos pais (aconselhamento, 
punição física, castigos, punição material, delegar responsabilidades para outras 
pessoas, conivência e reforçamento do comportamento inadequado) explicaram 53% da 
variância do comportamento infrator. Dessa maneira o autor citado revela que as 
práticas realizadas pelos pais de reforçar os comportamentos de risco dos adolescentes 
como dormir fora de casa por dias, uso de drogas e desistência dos estudos, tem direta 
influência, pois, a atitude inadequada é entendida como correta. Fica evidente que o 
aconselhamento é uma prática que deve ser realizada nas relações parentais. 
Consideramos que a porcentagem explicitada nessa pesquisa mostra até onde os pais 
podem ajudar a evitar consequências futuras que entrem nas implicações da psicologia 
jurídica, como atos infracionais. 
 Já para o DSM V (2014), esse transtorno de personalidade condiz de um padrão 
persistente de experiência interna e comportamento desviante das expectativas de 
cultura daquele sujeito, desrespeito e violação dos direitos dos outros, é inflexível e 
começa na adolescência ou no início da fase adulta, não na infância, sendo mais 
especificamente diagnosticado a partir dos 18 anos de idade, mas apresentando sinais 
completos na faixa de 15 anos. Uma observação do manual diz que em alguns casos os 
sintomas aparecem antes dos 15 anos de idade. O manual não nega ou afirma qualquer 
influencia dos pais na infância, apenas apresenta que, para o diagnóstico oficial verifica-
se uma menoridade limítrofe. Contrapondo essa ideia Medeiros (2014) diz que: “a 
psicopatia se encontra em indivíduos que possuem distúrbios de conduta que são 
exteriorizados durante a vida e que não são influenciáveis ou modificáveis por medidas 
 
 
8 
8 
educacionais ou correcionais”. Sendo assim não há consenso entre a origem do 
transtorno e a eficácia de medidas tomada pelos pais e familiares. 
Para Medeiros (2014) o transtorno antissocial apresenta uma anormalidade nos 
instintos e na conduta, afetando primordialmente a capacidade de vivenciar a culpa e o 
arrependimento. Uma das características da psicopatia é não assimilar mudanças 
decorrentes de suas vivências. São incapazes de autorreflexão e de sentir tristeza pelas 
perdas, valorizam as qualidades como o poder e desprezam capacidades aprendidas pelo 
esforço. Silva (2016) concorda com isso e completa: “esses sujeitos não possuem 
consciência moral, ética e humana, além de possuírem atitudes sem vínculos de 
comprometimento com os demais indivíduos na sociedade, com as normas da 
sociedade”. Hidalgo & Serafim (2016) nomeiam ainda características como: falta de 
empatia, egocentrismo, falta de autopercepção, emoções superficiais, impulsividade, 
baixa tolerância a frustação, ausência de remorso e irresponsabilidade, alerta também 
sobre o alto índice de indivíduos que possuem o transtorno envolvidos na criminalidade, 
com constantes reincidências e indiferença afetiva exacerbada. 
 Entrando no âmbito das implicações na psicologia jurídica que esse transtorno 
pode trazer devido a sua ligação com a criminalidade, Bertoldi et al (2015) pontua que 
“Quando o indivíduo não apresenta sensibilidade alguma – com ausência total de 
remorso ou arrependimento – ficando indiferente, isso pode levá-lo a um 
comportamento delituoso recorrente” E continua: “as reações emocionais primárias: 
medo, ira, atração amorosa possessiva; podem não ser eficaz na tarefa inibidora ou 
educativa – repressão, derivação ou sublimação social – e pode levar muitos indivíduos 
à delinquência em grandes níveis” Conforme a gravidade do delito a origem psicológica 
daquele crime para o indivíduo aparecerá menos ou mais claramente. Cabe ao psicólogo 
jurídico identificar possíveis distúrbios de personalidade que podem levar o sujeito à 
prática de um ato delituoso. E encerra dizendo: “para que isso seja possível se faz 
necessária à utilização de métodos, técnicas, exames psicológicos e exames 
criminológicos.” Dessa maneira o objetivo da utilização dessas técnicas é analisar o 
perfil do indivíduo, em cunho mental e de personalidade. Pacheco e Hutz (2009) 
concordam que: “É preciso considerar que o comportamento anti-social 
ocorre dentro de um contexto social e econômico mais amplo”, ou seja, ao avaliar o 
criminoso devemos também avaliar o ambiente em que se insere o individuo. 
Anton & Toni (2014) constatam que “para se trabalhar com esses 
indivíduos deve haver um amplo estudo, contando com habilidades dos 
profissionais atuantes dessa área, além do conhecimento no manuseio dos 
 
 
9 
9 
instrumentos de avaliação.” E insere o conceito de que mesmo os indivíduos com TPAS 
devem ser tratados com respeito, evitando rótulos. 
 Na ótica de Silva (2016) a psicologia jurídica pode dizer que “O psicopata, 
portanto, está consciente de seus atos, mas não é um ser consciente, devido as suas 
incapacidades emocionais.” E enfatiza que “justamente por não possuírem suas 
emoções, utilizam sua inteligência de forma mais proveitosa do que o resto da 
sociedade, entretanto é aí que se reside a diferenciação do cérebro de um psicopata e o 
de uma pessoa normal”. O autor especifica que “segundo estudos científicos médicos o 
cérebro de um psicopata é fisicamente diferente a de uma pessoa comum, e que algumas 
partes do cérebro não são ativadas, o que provoca a deficiência emocional e de 
julgamentos morais para o indivíduo”. Sendo assim, o indivíduo possuinte do transtorno 
antissocial pode ser penalizado pelos seus crimes? Levando em vista que nem todos os 
psicopatas são criminosos, mas Medeiros (2014) propõe que: “Quando criminosos, os 
psicopatas são mais propensos a cometerem delitos mais cruéis e com emprego de 
violência, do que os demais criminosos, por costumarem ser mais agressivos”. 
 Medeiros (2014) ajuda a olhar para essa questão: “Os psicopatas vêem as outras 
pessoas como objetos que eles usam quando precisam para satisfazer as suas 
necessidades, tendo por elas somente o sentimento de posse, não compreendendo que 
essas pessoas são vulneráveis e passíveis de sofrimento”. Sendo que os possuintes do 
transtorno costumam reincidir cinco vezes mais do que outros tipos de criminosos nos 
primeiros anos de liberdade. São três tipos de denominações para criminosos: os 
imputáveis (responsáveis), os inimputáveis (que não podem ser responsabilizados) e 
uma categoria específica que são chamados de semi-imputáveis (de responsabilidade 
diminuída). Medeiros (2014) classifica que “indivíduo psicopata se enquadra na 
definição de semi-imputabilidade por possuir um transtorno que afeta a personalidade, 
diferentemente do transtorno mental que afeta a lucideze desequilibra as emoções 
como, por exemplo, a esquizofrenia e a depressão”. E completa: “Do ponto de vista 
doutrinário e jurisprudencial, o psicopata é considerado semi-imputável”, do ponto de 
vista psicológico-legal, “afirma-se que ele possui completo entendimento do caráter 
ilícito do fato, o que é afetada é a sua capacidade de autodeterminação, não excluindo 
sua culpabilidade”. Assim justifica-se que o psicopata tenha sua responsabilidade 
diminuída e não anulada. 
 Na lente de Silva (2016) os semi-imputaveis são aqueles que vivem no limiar da 
loucura e da sanidade e elenca que “é necessário que no momento da prática do fato 
delituoso a semi-imputabilidade seja constatada. Ou seja, a redução da capacidade 
 
 
10 
10 
mental do agente que está praticando o delito seja constada” contendo laudos e perícias 
para comprovação. Em caso de constatação pode ser que haja redução da pena ou 
medida de segurança, caracterizada como de finalidade preventiva, a fim de evitar que o 
individuo cometa novos crimes, considerando que possa ser perigosa sua liberdade. 
Apenas pode ser sancionada uma dessas opções, não há coexistência entre pena e 
medida de segurança (SILVA, 2016). 
 Atualmente na justiça brasileira o psicopata pode ser considerado pelo juiz como 
imputável ou semi-imputável, sendo a segunda opção com possibilidade de redução de 
pena ou internação em hospital de custódia. Quando há pena, e são cumpridas em 
sistema prisional comum, o nível de reincidência é alto. Ao individuo reincidente é 
recomendado pela lei que se aplique na segunda vez a pena em vez de medida de 
segurança, pois mostra-se que há periculosidade na liberdade do sujeito. (SILVA, 2016) 
Assim, vemos que atualmente as implicações da psicologia jurídica estão em avaliar, 
examinar, e periciar fatores relacionados aos indivíduos possuintes do TPAS, a fim de 
aplicação de leis diante da criminalidade. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 É notório que, nem todo indivíduo com transtorno de personalidade antissocial 
sucumbe ao crime, mas tem maior propensão de fazê-lo. Caso ele cometa algum tipo de 
crime o psicólogo jurídico tem o dever de avaliar o diagnostico do indivíduo, 
observando sistematicamente os sintomas colocados pelo DSM V (2014), e seus níveis 
de periculosidade frente à liberdade do sujeito. 
 Periciar o caso do crime quando solicitado pelo juiz para avaliar a pena ou 
medida de segurança também está entre as implicações da psicologia jurídica. Destaca-
se a importância de considerar o avaliado como ser humano que possui história, 
subjetividade, família e costumes, tendo um olhar mais abrangente. 
Considerar o histórico familiar é de extrema importância em uma avaliação, as 
condições em que se deram o desenvolvimento, e em caso mais graves como 
homicídios olhar para esse enfoque mais atentamente ainda. 
 A aplicação de testes regulamentados cientificamente também é uma 
possibilidade de avaliação, apesar de auxiliarmos nos laudos ao juiz, deve-se lembrar 
que quem decide qualquer tipo de pena ou medida de segurança é o juiz segunda a 
regulamentação de leis brasileiras vigentes. 
 
REFERÊNCIAS 
ALVARENGA, Marco Antônio S. et al. Evolução do DSM quanto ao critério categorial de diagnóstico 
para o distúrbio da personalidade antissocial. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, 2009, 
vol.58, n.4,. Disponível em: 
 
 
11 
11 
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0047220852009000400007&script=sci_abstract&tlng=pt> 
Acesso em: ago/2017. 
 
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-5 – Manual Diagnóstico e Estatístico de 
Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2014. 
 
ANTON, Juleine; TONI, Caroline Guisantes de S. A Psicologia Forense e a Identificação de Indivíduos 
Psicopatas. Revista Unioeste, Paraná. v. 16, n. 24, Jul/Dez 2014 Disponível em: <http://e-
revista.unioeste.br/index.php/fazciencia/article/viewFile/11403/9724> Acesso em: ago/2017 
 
BERTOLDI, Maria Eugênia; et al. Psicologia jurídica aplicada à criminologia e sua relação com o direito. 
São Paulo, v. 4, n. 4 2014. Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/967-1095-1-
pb.pdf> Acesso em: ago/2017 
 
BRITO, Leila Maria T. Anotações sobre a Psicologia jurídica. Psicologia ciência e 
profissão, Brasília, v. 32, n. spe, 2012. Disponível em: 
<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=282024795013> Acesso em: ago/2017 
 
CRUZ, Dário Aquino da. Influência do Transtorno de Personalidade Antissocial no Cometimento de 
Crimes. Revista Científica do Isctac, v. 2, n. 6, dez/2015. Disponível em: 
<http://isctac.org/revista/index.php/revistacientifica/article/view/54>. Acesso em: ago/2017. 
 
DAVOGLIO, Tárcia Rita; ARNIMON, Irani Iracema de Lima. Avaliação de comportamentos anti-sociais 
e traços psicopatas em psicologia forense. Revista Avaliação Psicológica, Ribeirão Preto - SP v. 9, n. 1, 
abril/2010. Disponível em: <http://www.redalyc.org/pdf/3350/335027281012.pdf> Acesso em: ago/2017 
 
GOMES, Luiz Flávio. A criminologia como ciência empírica e interdisciplinar: conceito, método, objeto, 
sistema e funções da criminologia. Revista dos Tribunais, São Paulo, 5ª ed. revisada e atualizada, 2007. 
Disponível em: <http://www.egov.ufsc.br:8080/portal/sites/default/files/anexos/13515-13516-1-PB.pdf> 
Acesso em: ago/2017 
 
HIDALGO, Nathalie de Q.; SERAFIM, Antônio P. Psicopatia: o que as pessoas sabem de fato sobre este 
conceito. Revista Universidade Metodista De São Paulo, São Paulo, v. 24, n. 2, 2016. Disponível em: 
<https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/MUD/article/view/6987/5477> Acesso em: 
ago/2017 
 
MEDEIROS, Verônyca Muniz V. A psicopatia como semi-imputabilidade no sistema penal. 2014, 
52f. Dissertação (Graduação em Direito), Centro Universitário de Brasília - UniCEUB. Disponível em: 
<http://repositorio.uniceub.br/handle/235/5516> Acesso em: ago/2017 
 
SILVA, Thamires C. O. A. A penalização do psicopata frente ao ordenamento jurídico brasileiro. 
Revista Intertemas, Presidente Prudente – SP, v. 32, n. 32, 2016. Disponível em: 
<http://intertemas.unitoledo.br/revista/index.php/Juridica/article/viewArticle/5862> Acesso em: 
ago/2017 
 
PACHECO, Janaína T. B. HUTZ, Cláudio S. Variáveis Familiares Preditoras do Comportamento Anti-
Social em Adolescentes Autores de Atos Infracionais. Revista Psicologia: Teoria e Pesquisa, Rio 
Grande do Sul, v. 25 n. 2, Abr/Jun 2009, Disponível em: 
<http://www.scielo.br/pdf/ptp/v25n2/a09v25n2.pdf> Acesso em: ago/2017 
 
ROCHA, Marseilly Carvalho O. Estudo das condutas antissociais e delitivas e esquemas de 
personalidade numa amostra de presidiários. 2011. 210 f. Dissertação (Mestrado em Ciências 
Humanas) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2011. Disponível em: 
<http://repositorio.ufu.br/handle/123456789/17136> Acesso em: ago/2017 
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SÃO PAULO. Tipos de Revisão de Literatura, Manual da UNESP, 
Botucatu, 2015. Disponível em: <http://www.fca.unesp.br/Home/Biblioteca/tipos-de-evisao-de-
literatura.pdf> Acesso em: ago/2017

Continue navegando