Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 DESEQUILÍBRIO FUNCIONAL E OBESIDADE: ALTERAÇÕES HORMONAIS, IMUNOLÓGICAS E ENZIMÁTICAS (CHEMIN & MURA) a) Insulina A resistência à insulina é definida como uma resposta biológica subnormal do organismo ao efeito da alta concentração de insulina no metabolismo de glicose. As causa de resistência podem ser atribuídas a: Fatores nutricionais (glico ou lipotoxicidade); Defeitos de sinalização de insulina nos tecidos-alvo; Aumento da produção de citocinas pró-inflamatórias. Sabe-se que a obesidade abdominal é um fenótipo característico de resistência a insulina que desencadeia todas as outras complicações envolvidas com a síndrome metabólica, culminando com o aparecimento de outras doenças crônicas. Glicotoxicidade Ingestão de carboidratos de alto índice glicêmico pode ocasionar: Lipogênese; Aumentar os níveis de triglicerídeos circulantes; Depletar as vitaminas do complexo B, vitamina C e cromo; Diminuir a saciedade e oxidação de lipídeos; Causar irritabilidade e hiperatividade; Aumentar a ingestão alimentar compulsiva (mediada pelo neuropeptideo Y); Hipertrofia pancreática e hiperinsulinismo; Aumento da produção de cortisol. Lipotoxicidade Em razão da intensa atividade da LPL em obesos, observa- se: Aumento dos triglicerídeos nos adipócitos; Aumento do fluxo de ácidos graxos livres no fígado; Diminuição da extração hepática da insulina, com hiperinsulinemia sistêmica. A exposição prolongada à hiperglicemia e à hiperinsulinemia resulta na diminuição da expressão de enzimas lipolíticas e altera o potencial para oxidação de ácidos graxos. O alto consumo de saturados e de W-6 está diretamente relacionado com menor sensibilidade à insulina, alterando o metabolismo do ácido araquidônico (via inibição da δ 5- desaturase) e desviando a cascata para produção de eicosanóides pró-inflamatórios. Defeito na sinalização intracelular de insulina – produção de citoquinas pró-inflamatórias Indivíduos obesos apresentaram duas vezes mais TNF e RNAm nos adipócitos que indivíduos magros, sendo esta correlação positiva com o aumento do IMC. Os níveis de IL-6 e IL-1 também estão aumentados em obesos. TNF-α contribui para a redução da sensibilidade à ação da insulina. Suprime a fosforilação e a atividade do receptor tirosina quinase (IR) e do substrato 1 do receptor de insulina (IRS-1) nos músculos e no tecido adiposo, o que reduz a síntese e a translocação do transportador de glicose GLUT-4 para a membrana, comprometendo a captação de glicose via ação de insulina. A redução da sensibilidade periférica à insulina favorece o aumento da gliconeogênese hepática e a redução do clearence de glicose pelos músculos esqueléticos e pelo tecido adiposo, induzindo hiperinsulinemia. O aumento do TNF no tecido adiposo acarreta diminuição da expressão dos transportadores GLUT-4. A redução do peso corporal desses indivíduos está associada à diminuição do TNF-α. Papel dos ácidos graxos essenciais no processo antiinflamatório e ativação da funcionalidade da Insulina 1)Ácido γ-linolênico (W-6 - GLA) Principal fonte: óleos vegetais e de prímula (5 a 10% do total de ácido graxo). O consumo de 1 – 2,4g/dia de GLA é suficiente para mediar efeitos imunológicos. 2)EPA e DHA (W-3) Principal fonte: óleo de peixe. Sugere-se que o EPA e DHA levam à redução das respostas de IL-1 e TNF e diminuem a produção de eicosanóides pró- inflamatórios, podendo melhorar a sensibilidade insulínica em até 38%. A recomendação de W-3 é de 3 – 4g/dia, sempre acompanhada de uma vitamina antioxidante, como 100UI de vitamina E. A suplementação de 6g/dia pode diminuir os níveis de proteína C-reativa séricos. 3)Ácido α-linolênico (W-3) Principal fonte: linhaça. Uso de 13g/dia durante quatro semanas. A adição à dieta diminui a produção de IL-1 e TNF pelos monócitos e induzir importantes efeitos imunomodulatórios. b)Cortisol A obesidade central é associada com aumento do cortisol sérico, estimulando o consumo calórico (lipídico e glicídico). Os receptores hipotalâmicos estimuladores de neuropeptídeo Y são mediados por cortisol. O fracionamento da dieta diminui os níveis de cortisol. c) Catecolaminas As catecolaminas são responsáveis pela regulação e ativação de enzimas, como a LPL e a LHS, que determinam o acúmulo ou oxidação dos triglicerídeos. As catecolaminas estimulam a lipólise via receptores beta, ao passo que estimula a lipogênese via receptores alfa. Esta regulação hormonal está prejudicada na obesidade, com aumento da função dos receptores alfa (mediada pelos moduladores da ação de corticotropina e do hormônio liberador de corticotropina). ‘ OBESIDADE Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br 2 d)Estrogênio Os estrógenos estão envolvidos com maior depósito de gordura na região glúteo-femural do que abdomial, mediado pela ação da LPL nestas regiões. Uma forma de equilibrar o excesso de estrogênio produzido é a ingestão de fitoestrógenos (isoflavonas da soja e lignanas da linhaça). Os fitoestrógenos estimulam a secreção de glucagon, leva à diminuição das enzimas lipogênicas e redução do acúmulo de gordura corporal. e)Testosterona Baixo nível de testosterona é o principal fator para o desenvolvimento de obesidade visceral. Em homens de meia-idade, os níveis de testosterona estão diminuídos, com o aumento concomitante da obesidade abdominal. O re-estabelecimento do nível de testosterona aumenta a sensibilidade insulínica no músculo esquelético, atenua a produção do cortisol e reduz os níveis de hormônio do crescimento em indivíduos com obesidade visceral. f) Hormônios produzidos pelo tecido adiposo Leptina A leptina, expressa pelo tecido adiposo como sinal de adiposidade (quanto mais tecido adiposo, maiores as concentrações de leptina), diminui a expressão do neuropeptídeo Y e reduz o consumo alimentar, da gordura corporal, dos níveis de glicose, insulina e cortisol plasmáticos e aumento do gasto energético e produção de calor. Indivíduos obesos altas concentrações de leptina resistência (?). A hiperleptinemia está associada com a hiperinsulinemia. A atividade física reduz a resistência à insulina, aumenta a atividade simpática e é importante reguladora do balanço energético. Adiponectina Diferente da leptina, os níveis de adiponectina estão reduzidos no obeso, estando ainda mais elevados em mulheres que homens. Os níveis plasmáticos de adiponectina são negativamente correlacionados com o IMC, percentual de gordura, concentração de leptina, resistência à insulina, hipertensão arterial, níveis de LDL e triglicerídeos. Resistina (COZZOLINO & COMINETTI, 2013) Apresenta importante papel na resistência à insulina, nas doenças cardiovasculares e na modulação do processo inflamatório. Estão elevadas na obesidade. A neutralização do TNF-α reduz as concentrações séricas de resistina. A resistina induz resistência à isnulina em pacientes obesos com obesidade visceral. Promove hiperglicemia por aumentar a produção hepática de glicose, além de bloquear o efeito anti-inflamatório da adiponectina no endotélio vascular. Possui potencial papel de regulação da adipogênese. g)Receptores ativadores da proliferação de peroxissomos (PPAR) Estão envolvidos na diferenciação dos pré-adipócitos, no acúmulo de triglicerídeos, no tecido adiposo e exerce efeitos regulatórios na sensibilidade à insulina. ALTERAÇÕES HIPOTALÂMICAS a)Neuropeptídeos Orexigênicos Neuropeptídeo Y Expresso no núcleo arqueado, paraventricular e lateral do hipotálamo. Parece promover atividade lipogênica no tecido adiposo, reduzindo a atividade do sistema nervoso simpático e inibindo a lipólise. É o mais potente orexígeno do SNC. Galanina Expresso no núcleo arqueado e paraventricular do hipotálamo, embora orexígeno, não promove lipogênese como o NPY. MCH (Melanin-concentrating Hormone) Expresso no núcleo lateral do hipotálamo. Possui efeito sinérgico com o NPY. O jejum leva sua hipersecreção e sua atividade estimula o eixo hipotálamo-adrenal. Hipocretina e Orexinas Localizados no núcleo lateral do hipotálamo. O jejum aumentasecreção de orexinas, menos potentes que o NPY e MCH. As hipocretinas estimulam a liberação do NPY no núcleo paraventricular. Grelina Seus efeitos são mediados pelo NPY no hipotálamo. O NPY estimula a liberação de grelina no estômago, aumentando a ingestão alimentar no obeso. A grelina age na manutenção do peso em estado de equilíbrio, estando associadas com menor peso corporal. Segundo Chemin & Mura, embora a glicose regule os níveis de grelina, o contato do nutriente com células estomacais pode ser mais importante inibidor da liberação de grelina.O consumo de dieta hipocalórica pode aumentar os níveis de grelina. b)Neuropeptídeos Anorexigênicos Serotonina A serotonina e seus agonistas inibem o consumo alimentar na parte ventromedial do hipotálamo. Intensifica o poder de saciedade dos alimentos nos componentes de pós-ingestão e pós-absorção da saciedade. Níveis de serotonina são dependentes da ingestão alimentar de triptofano e também dos carboidratos. Fontes alimentares de triptofano. Pacientes obesos apresentam maior atividade da LPL, contribuído para acúmulo de tecido adiposo. Na perda de peso, a atividade da LPL aumenta ainda mais, sugerindo uma desregulação metabólica da ação da LPL no tecido adiposo, que pode representar um set point na perda de peso, principalmente se esta perda de peso for induzida por dietas hipocalóricas. 3 Peptídeos da família do Hormônio Liberador de Corticotropina (CRH) Estão localizados no eixo paraventricular do hipotálamo e, em indivíduos magros, pode induzir anorexia. Melanocortina (MSH) São derivados do mesmo precursor da POMC. São secretadas nos núcleos paraventricular e ventromedial do hipotálamo, induzindo a inibição da ingestão alimentar. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL NA OBESIDADE EM ADULTOS Anamnese A anamnese é o primeiro passo obrigatório, onde levanta-se dados fundamentais para o estabelecimento de estratégias que serão adotadas durante o tratamento. A idade do paciente é importante. O risco para um grau comparável de obesidade parece maior entre os indivíduos com idade superior a 40 anos. A celularidade adiposa está associado a períodos críticos onde tem-se hiperplasia celular: gestação, idade pré-escolar e adolescência. Existe uma relação com a desnutrição fetal, principalmente se ocorrer após a 30ª semana gestacional e durar até o primeiro ano de vida, estimulando a produção de adipócitos. Pode associar-se ao DM2, HAS e DCV na vida adulta. Deve-se avaliar a presença de ansiedade e depressão, bem como a possibilidade de transtorno de compulsão alimentar periódica. Observar se o paciente já fez algum tratamento para perda de peso, o que inclui dietas de moda ou se teve assessoria de algum profissional ou se usou de medicações. Deve ser levantada também a história familiar de excesso de peso e de co-morbidades. Avaliar funcionamento intestinal e urinário. Realizar a anamnese alimentar através de recordatórios de 24h, frequência de consumo, registro alimentar de 3 e 5 dias. Avaliar número de refeições e hábitos. Observar concomitantemente sinais e sintomas de alterações de micronutrientes. Realizar levantamento de atividade física. a) Peso - correlaciona-se indiretamente com a quantidade de gordura total e o % em qualquer grupo etário. b)IMC Classificação do estado nutricional segundo IMC e risco de co-morbidades (CHEMIN & MURA). c) Percentual de gordura corporal Classificação de excesso de adiposidade segundo percentual de gordura corporal (CHEMIN & MURA). Equações de correção para pacientes obesos (uma vez que o uso das dobras cutâneas em obesos é de difícil aferição e implica em erros de avaliação. Para homens obesos de 24 – 68 anos: % Gordura = 0,31457 (circunferência abdominal) – 0,10969 x Peso + 10,8336 Para mulheres obesas de 20 – 60 anos % Gordura = 0,11077 (circunferência abdominal) – 0,17666 x (estatura) + 0,187 x Peso + 51,03301 d) Circunferência abdominal – Obesidade abdominal Perimetrias e risco de co-morbidades (DAN WAITZBERG, 2009). Risco de complicações metabólicas Sexo masculino Elevado Muito elevado Cintura ≥94cm ≥102cm RCQ 0,9 – 1,0 >1,0 Sexo feminino Elevado Muito elevado Cintura ≥80cm ≥88cm RCQ 0,75 – 0,85 >0,85 TRATAMENTO CLÍNICO DA OBESIDADE Tratamento médico: modificação do estilo de vida (aumento da atividade física), apoio psicológico, drogas e cirurgia; Tratamento Nutricional: mudança na escolha de alimentos, manutenção da ingestão de micronutrientes e educação nutricional. Objetivo: atingir, segundo a ADA, o melhor peso possível no contexto da saúde geral. MODIFICAÇÃO DA DIETA Os programas para perda de peso com algum grau de excesso integram mudanças alimentares com exercícios, mudança de comportamento, educação nutricional e apoio psicológico. Quando estas abordagens falham em ocasionar a redução de peso desejada, a medicação pode ser adicionada ao programa e, no caso de obesidade mórbida, a intervenção cirúrgica pode ser necessária. O atendimento em obesidade deve ser pautado nos seguintes passos: a.Histórico da obesidade (DAN 2009) - peso ao nascer; - idade de início da obesidade; e - tratamentos anteriores. 4 b.Fatores etiológicos (DAN 2009) - presença de doenças orgânicas (Cushing e outras causas endócrinas). c.Padrões de alimentação (DAN 2009) - observar presença de transtornos alimentares (como transtorno de compulsão alimentar); - verificar hábitos de alimentação. d.Comorbidades da obesidade (DAN 2009) - HAS; - DM; - dislipidemias; - apnéia do sono; - doença coronariana; - litíase biliar; - osteoartrose e alterações menstruais. e.Antecedentes familiares (DAN 2009) f.Hábitos (DAN 2009) Avalia-se presença de hábitos sociais, como: - tabagismo; - etilismo social; e - atividade física. - Exames bioquímicos - Exame físico: cardiovascular e abdome. ABORDAGEM FARMACOLÓGICA AO TRATAMENTO DA OBESIDADE Orientações do NIH dos EUA para o tratamento de indivíduos com excesso de peso ou obesos: Tratamentos para excesso de peso segundo IMC (DAN WAITZBERG, 2009). IMC (kg/m2) TRATAMENTO 25 – 26,9 com comorbidades Dieta, atividade física e terapia comportamental. 27 – 29,9 com comorbidades Dieta, atividade física e terapia comportamental e farmacoterapia. 30 – 34,9 Dieta, atividade física e terapia comportamental e farmacoterapia. 35 – 39,9 Dieta, atividade física e terapia comportamental e farmacoterapia. Possibilidade de intervenção cirúrgica em pacientes com comorbidades. ≥40 Dieta, atividade física e terapia comportamental e farmacoterapia. Intervenção cirúrgica em pacientes. TRATAMENTO CLÍNICO Visa a interrupção do ganho de peso, a obtenção e estabilização do peso que seja capaz de beneficiar a saúde do indivíduo, além de controle e prevenção de co- morbidades. ABORDAGEM DIETÉTICA: É fundamental a adoção de dietas que tenham valor calórico reduzido frente ao VT (dieta hipocalórica), porém superior ao GEB, pelo risco de doença reumatológica tipo gota, complicações cardíacas e cálculo biliar. Recomenda-se fracionamento dietético em 5 – 7 refeições diárias, redução do consumo de gorduras totais e aumento de ingestão de fibras. A restrição de gorduras, independente de outras abordagens, pode promover redução de 3 – 4kg em 6 meses. PLANOS DIETÉTICOS Todas as dietas hipocalóricas, se sustentadas em longo prazo, levam à perda de peso. Entretanto, em curto prazo, as dietas cetogênicas, ricas em gorduras e escassas em carboidratos, causam maior perda de água do que de gordura corporal. As dietas escassas em carboidratos e ricas em gorduras, especialmente saturadas em colesterol, são também ricas em proteínas animais e deficientes em vitaminas A, B6 e E, folato, cálcio, magnésio, ferro, potássio e fibras. Portanto, requerem suplementação. As necessidades calóricas em pacientes hospitalizados podem ser medidas através de calorimetria indireta ou por métodos estimativos, sendo a fórmula mais frequentemente utilizada a Harris-Benedict. As dietas restritas em calorias são consideradas os métodos mais utilizados para redução de peso. Um déficit calórico de 500 – 1000kcal atinge a meta. Suplementação vitamínica e minerálica (em especial o mineral cromo, em virtude do auxílio no tratamento da resistência à insulina) em programas com VCT inferior a 1200 kcal para mulheres e 1800 kcal para homens. Segundo CHEMIN & MURA (2011), os fundamentos dos planos alimentares para o tratamento de obesidade incluem: - promoção de balanço energético negativo, em que a reserva adiposa será usada como substrato energético; - manutenção do peso perdido; - prevenção de futuros ganhos de peso corporal. Os planos alimentares adequados não devem extrapolar a TMB e respeitar a distribuição de macronutrientes na proporção de 55 – 60% para CHO; 15 – 20% PTN (0,8 – 1,0g/kg) e 20-25% LIP, além de atender as necessidades diárias de micronutrientes Os planos podem ser subdividios em: Leve restrição ≥1200kcal/dia Moderada restrição >800kcal (1000 – 1400kcal) Grande restrição 800 – 1200kcal (10-19kcal/kg) Muito baixo VC 400-800kcal (10kcal/kg) . I. DIETAS RESTRITAS EM CALORIAS É o método mais utilizado prescrito para redução de peso. Um déficit calórico de 500 – 1000 kcal atinge a meta. Rica em carboidratos quantidades generosas de proteínas (15 – 25% VET), para prevenir a conversão da proteína da dieta em energia. Incluir fibra extra (aumenta a saciedade e reduz a eficiência de absorção intestinal). Suplementação vitamínica e minerálica em programas com VCT inferior a 1200 kcal para mulheres e 1800 kcal para homens. 5 - Características do programa alimentar: Deve-se atentar: - fracionamento: pelo menos 5 refeições/dia; - consistência: sólida, comer lentamente e mastigar bem; - volume: podem ser de grande volume, mas de baixo valor calórico; - temperatura: alimentos quentes promovem saciedade mais rápido. II. DIETAS DO SISTEMA DE SUBSTITUIÇÃO III.DIETAS COM FÓRMULAS E PROGRAMAS DE SUBSTITUIÇÃO DE REFEIÇÃO Valor calórico total variando de 1000 – 1600 kcal com bebidas ou barras substituindo refeições. IV. PROGRAMAS COMERCIAIS V.RESTRIÇÃO EXTREMA DE ENERGIA As dietas com restrição extrema de energia fornecem menos de 800 kcal/dia e a inanição ou as dietas de jejum ou de fome fornecem menos de 200 kcal/dia. a)Jejum Mais de 50% da perda rápida de peso é de líquidos, levando a problemas como hipotensão. O acúmulo de ácido úrico pode precipitar episódios de gota; e também podem ocorrer cálculos biliares. b)Dietas de valor calórico muito baixo (VLCD) Fornecem de 200 – 800 kcal. Características das VLCD: Hipocalóricas; Ricas em proteínas (0,8 – 1,5g de proteínas/kg de peso corporal ideal); Suplementadas por vitaminas, minerais e ácidos graxos essenciais; Ministradas por 12 – 16 semanas; Rápida perda de peso (20kg, com manutenção de 33 – 50% do peso perdido no ano seguinte); Reservada a indivíduos com IMC>30kg/m2 que não obtiveram sucesso com outros programas de dietas associados a psicoterapia. Ocasionalmente podem ser indicadas para indivíduos com IMC de 27 – 30 com co- morbidades ou fatores de risco. DAN WAITZBERG (2009) fornecem de 1,5 a 2,0g de proteína/kg/dia. Formas de VLCD: Dieta de jejum modificadora poupadora de proteína (PSMF) 1,5g de proteína/kg de PCI na forma de carne magra, peixe e aves, sem carboidratos e apenas gorduras contidas nos alimentos. Possui alta taxa de excreção de nitrogênio 11 – 23g declinando gradualmente nos primeiros dias (adicionar 100g de glicose/dia para prevenir futuras perdas de nitrogênio). Dietas líquidas baseadas em proteína do leite ou de ovos. Contêm 33 – 70g de proteína, 30 – 45g de carboidrato e pouca gordura. PACIENTES OBESOS HOSPITALIZADOS (DAN WAITZBERG, 2009): As necessidades calóricas em pacientes hospitalizados podem ser medidas através de calorimetria indireta ou por métodos estimativos, sendo a fórmula mais frequentemente utlizada a Harris-Benedict. Pode-se utilizar também as fórmulas preconizadas pela OMS, onde: Homens: 18 – 30 anos: 64,4 x P – 113 x A + 3000/4,25 31 – 60 anos: 19,2 x P – 66,9 x A + 3769/4,25 Mulheres: 18 – 30 anos: 55,6 x P – 1397,4 x A + 146/4,25 31 – 60 anos: 36,4 x P – 104,6 x A + 3619/4,25 Se sedentários, multiplicar por 1,3; se ativos multiplicar por 1,5. Segundo MOORE, citado por WAITZBERG (2009), o cálculo das necessidades calóricas para pacientes obesos é estimado a partir da determinação do peso ideal, multiplicando-se, segundo atividade física: - sedentário: 20 - 25kcal/kg PI; - atividade moderada: 30kcal/kg PI; ou - atividade intensa: 35 – 50kcal/kg PI. A partir daí, devem-se subtrair 500 a 1000kcal, para alcançar perda de peso de 0,5 a 1,0kg/semana. Outro fator é que o gasto basal está modificado em pessoas com peso 125% acima do peso ideal, deste modo, sugere-se ajuste do peso, onde: Peso ajustável = (peso atual – peso ideal) x 0,25 + peso ideal Uso de alimentos substitutos de gorduras e carboidratos. USO DE ALIMENTOS SUBSTITUTOS DE GORDURAS E CARBOIDRATOS A.SUBSTITUTOS DE GORDURAS ATENÇÃO – DAN WAITZBERG 2009 / CHEMIN & MURA 2011 - redução de 500 a 1000Kcal/d com relação a anamnese alimentar, para uma perda de 0,5 a 1kg por semana. 6 B.SUBSTITUTOS DE CHOS ANORMALIDADES METABÓLICAS ASSOCIADAS À OBESIDADE 1.SÍNDROME METABÓLICA (DAN 2009) A síndrome metabólica constitui diversidade de anormalidades metabólicas que são fatores de risco para DCV. Os critérios mais utilizados são os da OMS e do NCEP ATPIII. As características comuns aos grupos são OBESIDADE ABDOMINAL (IMC elevado e/ou grande circunferência de cintura), metabolismo da glicose alterado, dislipidemias e elevação da pressão arterial. A alteração do metabolismo de ácidos graxos livres associada mais especificamente à obesidade abdominal está provavelmente envolvida na patogênese da síndrome metabólica. Tabela 11: Critérios para SM segundo NCEP e OMS. NCEP ATPIII OMS Glicemia de jejum >100mg/dl >100mg/dl; ou TTOG> 140mg/dl Obesidade abd Homens Mulheres CC>102cm CC>88cm RCQ>0,9 RCQ>0,85 Ou IMC>30kg/m2 Triglicerídeos ≥150mg/dl ≥130mg/dl HDL Homens Mulheres <40mg/dl <50mg/dl <36mg/dl <39mg/dl Pressão Arterial ≥130/85mmHg ≥140/90mmHg Microalbuminúria Sim 2.RESISTÊNCIA À INSULINA (DAN 2009) A liberação excessiva de ácidos graxos livres (AGL) no plasma pelo tecido adiposo e a concentração plasmática elevada de ácidos graxos livres podem alterar a capacidade de insulina em estimular a captação de glicose pelo músculos e em suprimir a produção hepática de glicose. A resistência à insulina induzida pelos ácidos graxos livres nos músculos e fígado ocasiona portanto uma produção hepática excessiva de glicose e uma utilização de glicose insuficiente pelos tecidos periféricos. A diminuição na sensibilidade à insulina pelos ácidos graxos livres é compensada até certo ponto por um aumento na secreção de insulina induzido pelos ácidos graxos livres, que serve provavelmente como mecanismo feedback para 7 proteger o corpo dos efeitos prejudiciais da resistência à insulina. 3.DISLIPIDEMIA (DAN 2009) Durante condições pós-absortivas muitos triglicerídeos plasmáticos circulam na região central das lipoproteínas VLDL, que são produzidas e secretadas pelo fígado. Mais de dois terços dos triglicerídeos secretados pelo fígado em VLDL derivam dos ácidos graxos plasmáticos liberados durante a lipólise no tecido adiposo subcutâneo. Além disso, excessiva massa adiposa visceral também pode contribuir para a razão aumentada de secreção de TG-VLDL em pacientes obesos. Aproximadamente 20% dos AGL levados ao fígado derivam de TG do tecido adiposo visceral. Um aumento de TG plasmáticos aumenta a transferência de TG das lipoproteínas VLDL para as HDL, em troca do colesterol, o que acarreta diminuição da concentração de HDL colesterol. 4.HIPERTENSÃO (DAN 2009) Anormalidades no metabolismo de AGL ajudam a explicar a ocorrência de hipertensão e resistência à insulina. Concentração aumentada de AGL causam vasocontrição, especialmente quando a captação de glicose mediada pela insulina alterada devido a elevação da concentração plasmática de AGL. Além disso, pode ocorrer aumento de pressão arterial em conseqüênciade resistência à insulina no endotélio, outro ponto é que a hiperinsulinemia aumenta a reabsorção renal de sódio. OBESIDADE E DOENÇAS CARDIOVASCULARES 1.DISFUNÇÃO ENDOTELIAL (DAN 2009) A disfunção endotelial é considerada como evento patogênico precoce nas DCV. O endotélio vascular libera fatores vasoativos, de relaxamento e de contração, que são importantes para o controle do tônus vascular. Um desequilíbrio de fatores de controle de tônus vascular que ocasione vasocontrição promove inflamação vascular, trombose e aterosclerose. A perda da capacidade vasodilatadora na vasculatura periférica, isto é disfunção endotelial, é um bom fator de predição de eventos vasculares (AVE e ataques cardíacos). Além disso, a hiperglicemia e hipertrigliceridemia, freqüentes entre obseos, forma demonstrados alterando a vasodilatacao produzida pelo óxido nítrico. IL-=6 e TNF liberados pelo tecido adiposo, deficiência de adiponectina e resistência à leptina parecem causar vasoconstrição. 2.TROMBOSE (DAN 2009) A obesidade é considerada como condição pré-trombótica, devido à atividade aumentada da cascata de coagulação, que não é plenamente compensada pela atividade aumentada da cascata fibrinolítica. Indivíduos obesos têm concentrações elevadas de fibrinogênio, fator de Von Willebrand, fator VII e do inibidor do ativador do plasminogênio-1. Adipocinas, como IL-6 e TNF, são os principais fatores responsáveis pelo aumento nos fatores pró-trombóticos. A leptina, outra adipocina, foi apontada como responsável pela promoção de trombose. 3.ATEROSCLEROSE (DAN 2009) A resistência à insulina parece ser uma causa importante de aterosclerose, além disso, várias adipocinas, que se encontram aumentadas na circulação de indivíduos obesos (p. ex., leptina, IL-6 e TNF), forma demosntradas como promovendo o desenvolvimento aterosclerose. 4.INFLAMAÇÃO (DAN 2009) O tecido adiposo produz várias citocinas inflamatórias, que podem induzir resistência à insulina,e a adiponectina, que aumenta a inflamação diretamente ou estimulando a produção hepática da proteína C reativa. A inflamação pode portanto ser um fator importante na patogênese da síndrome metabólica, pois pode levar à resistência à insulina, e pode ser uma ligação entre síndrome metabólica e as DCV. COMPOSIÇÃO DOS PLANOS ALIMENTARES PARA PREVENÇÃO DE DCNT (CHEMIN & MURA 2011) LIP 15 – 30%VCT AGS <10%VCT AGPI 6 – 10%VCT W3 5 – 8% VCT W6 1 – 2% VCT CHO 55 – 75% VCT AÇÚCARES <10% VCT PTN 10 – 15% VCT COLESTEROL <300mg NaCl (sódio) <5g (<2g) Frutas e vegetais >400g Fibras >25g Fibras solúveis 20g COMPONENTES ALIMENTARES POTENCIALMENTE PROMOTORES DA PERDA DE PESO A ação dos componentes alimentares usados de forma isolada não provoca efeitos satisfatórios na perda de peso. Fibras: redução de esvaziamento gástrico e saciedade, promovendo redução de consumo. As fibras solúveis são potenciais sacietógenas, podem interferir positivamente no metabolismo de colesterol, estimulam a secreção de incretinas, reduzem glicemia pós-prandial, promovem menor secreção de insulina. Recomenda-se consumo >25g/dia. W3: Efeito anti-inflamatório, melhora a sensibilidade à insulina, e parecem auxiliam na modulação do excesso de peso via PPAR-gama. TCM: efeitos positivos sobre fome, saciedade, modula adipócitos e captação de glicose. W9/oliva/olegainosas: reduzem TG e colesterol total. Parece promover aumento de termogênese. W9 auxilia no controle pressórico e perfil lipídico. Soja: fitoestrógenos possuem ação em doenças cardiovasculares, DM e obesidade. Chá verde: parece possuir efeito termogênico, mas estudos mostram efeitos moderados por períodos curtos. Cálcio: a redução de concentração de cálcio no adipócito parece estimular lipólise, redução da transcrição da síntese de ácidos graxos e reduzir lipogênese. O mecanismo não está bem elucidado. 8 Capsaicina: aumenta termogênese e anorexigênica. Uso de 3mg de capsaicina promove aumento significativo de gasto energético no período pós-prandial. Quitosana: redução da absorção de gorduras por inibição d elipase pancreática. Uso de 2 a 3g junto ás refeições, entretanto com resultados questionáveis. CUIDADO NUTRICIONAL NO PRÉ E PÓS-OPERATÓRIOS DE CIRURGIA BARIÁTRICA Indicados para pacientes com IMC>40 ou a partir de 35 com outros fatores de risco. Indicações: a) presença de morbidades, que resulta da obesidade ou é por ela agravada, como apnéia do sono; b) persistência de IMC>40kg/m2 ou de excesso de peso superior a 45kg por vários anos. A faixa de IMC pode ser reduzida para 35kg/m2 na presença de comorbidades; c) fracasso de métodos conservadores de emagrecimento bem conduzidos; d) ausência de causas endócrinas de obesidade; e) avaliação favorável das possibilidades psíquicas de o paciente suportar as transformações radicais de comportamento impostas pela operação. Adiciona-se: Motivação, aceitação e conhecimento sobre os riscos da cirurgia e ausência de contraindicações. Condições que contra-indicam cirurgia: a) pneumonias graves, como enfisema avançado ou embolias pulmonares repetidas; b) insuficiência renal; c) lesão acentuada do miocárdio; d) cirrose hepática; e) distúrbios psiquiátricos ou dependência de álcool ou drogas. TIPOS DE PROCEDIMENTOS a)Restritivas: banda ajustável, gastroplastia vertical com badagem; b)Mistas: bypass gástrico em Y-Roux com estoma calibrado ou anel de Capella Perdas de peso de 35 – 40%, mantidas em longo prazo, e com taxa de reganho tão baixas quanto 5%. São consideradas o padrão-ouro, indicadas à maioria dos obesos mórbidos. c)Disabsortivas/Malabsortivas: derivação biliopancreática de Scopinaro e duodenal switch de Heiss Indicadas para superobesos, oferecem perda de peso de 40 – 45% e para aqueles que não aceitem restrição alimentar. BALÃO INTRAGÁSTRICO (BIG) Trata-se de um procedimento endoscópico, e não de uma cirurgia propriamente dita. Pode ser utilizado como método auxiliar para perda de peso no pré-operatório. Só se pode utilizar o balão por até seis meses e, se houver necessidade de recolocá-lo, deve-se aguardar um intervalo de 30 dias. Apesar de ser um procedimento de baixo risco, em geral cursa com reganho de peso após sua retirada A.ORIENTAÇÕES NO PRÉ-OPERATÓRIO Deve ser realizada anamnese clínica e nutricional. Deve ser elaborado o diagnóstico da situação e estimular a motivação para o seguimento das orientações dietéticas, como a importância de macro e micronutrientes após bariátrica, detectar carências nutricionais no pré-operatório, como deficiência de ferro e B12. b.COMPLICAÇÕES Entre as complicações relacionadas com a banda gástrica, há deslizamento gástrico da banda com aumento ou obstrução do neoestômago, erosão da banda, infecção do portal e dilatação esofagiana. As complicações pós-operatórias mais comuns de todas as técnicas descritas são tromboembolismo pulmonar, deiscência da sutura, fístulas, estenoses, infecções e 9 hemorragia (mais comuns no pós-operatório precoce), hérnia e torção de alça intestinal (mais comuns no pós- operatório tardio). Nas técnicas disabsortivas e, em menor grau, na DGYR, há maior risco de se desenvolver diarreia com flatulência excessiva, desnutrição proteica, anemia ferropriva, deficiência de vitaminas e doenças osteometabólicas. A síndrome de dumping pode ocorrer após DGYR, quando houver ingestão de alimentos doces ou hiperosmolares. Tratamento nutricional a)Preparo pré-operatório Avaliação do estado nutricional: 1.Bioquímica; 2.Antropométrica; 3.Anamnese alimentar Tabela 12: exames laboratoriais pré-operatórios. Compreensão do tratamento e educação nutricional. b)Tratamento pós-operatório Volume Nas cirurgias com bypass em Y-Roux, com reservatório gástrico em torno de 20mL, a ingestão aceitável é de no máximo 50mL por refeição. Nas derivações biliopancreáticas, com volume gástrico de 200 – 500mL, a ingestão pode ser de 300 – 500mL por vez. No duodenal switch, com capacidade gástrica de 150mL, a ingestão aceitável é de 200mL. Recomenda-se evitar período de jejum superior a 3h, para prevenir hipoglicemia.Com a introdução da alimentação com consistência normal, pode-se evoluir o volume, como por exemplo, no bypass em Y-Roux a 200/250mL por refeição. NECESSIDADES NUTRICIONAIS (CHEMIN & MURA) Líquidos 2000 mL/dia; Proteínas 60 – 80g/dia. Em caso de depleção de proteína e glicogênio repõe-se de 1,5 – 2g/kg de peso corrigido/dia; Carboidratos avaliar a presença de Dumping, nestes casos, açúcares e alimentos ricos em açúcar simples deve ser excluído; Gorduras uso de alimentos e preparações com pouco gordura, por conta do alto valor calórico; Vitaminas e Minerais avaliar carências específicas (B12, ferro, cálcio em especial); Fibras introduzidas a partir do quarto mês como suplemento. Fibras solúveis – Benefiber®; Mix de fibras – Stimulance®. Evolução da alimentação Aumenta-se a consistência dos alimentos a cada 2 meses, podendo variar de acordo com a tolerância individual. No pós-operatório, após liberação dietética, inicia-se com a ingestão de água, progredindo com dieta de líquidos claros (ficando de 4 a 7 dias nesta conduta). O paciente evolui, segundo tolerância para a dieta líquida, permanecendo por 15 dias. Na quarta semana de pós- operatório faz-se uma dieta de transição para dieta pastosa. 10 A segunda fase do tratamento corresponde à dieta pastosa com duração de 15 dias a 1 mês,a depender da tolerância individual. A terceira fase corresponde à dieta branda com duração de 15 dias. A dieta branda possui duração até a consistência normal, permanecendo o controle de volume. A quarta fase, ou fase de dieta normal, atenta-se às adequações nutricionais, preocupando-se com a seleção dos alimentos ricos em proteínas, cálcio, ferro, vitaminas A e C e folatos, avaliar demais carências nutricionais. O controle de volume deve ser mantido. PROTOCOLO DO DAN WAIZTBERG (2009) NO PÓS- OPERATÓRIO DE CIRURGIA BARIÁTRICA ORIENTAÇÕES NO PRÉ-OPERATÓRIO (DAN 2010) Deve ser realizada anamnese clínica e nutricional. Deve ser elaborado o diagnóstico da situação e estimular a motivação para o seguimento das orientações dietéticas, como a importância de macro e micronutrientes após bariátrica, detectar carências nutricionais no pré-operatório, como deficiência de ferro e B12. ORIENTAÇÕES NO PÓS-OPERATÓRIO (DAN 2010) A ingestão de alimentos inicia-se após período de 12 a 24horas pós-operatório, com líquidos em pequenos goles e fracionados. A dietética é dividida em quatro fases. Período 1: Alimentação líquida A duração desta fase é de duas semanas. A alimentação liquida ajuda a diminuir as chances de complicações mecânicas. Preconiza-se 30mL/hora. Conforme tolerância, pode-se evoluir para 100-120ml/hora durante o dia. Não utilizar canudos (possibilita aerofagia). Evitar bebidas com gás, café e bebidas alcoólicas. Beber bastante líquido, o ideal é 1200 a 1800ml/dia. Toda vez que houver ajuste da banda, voltar para a alimentação do período por uma semana. Período 2: Alimentação liquidificada (baixa em gordura e doce concentrado). Aproximadamente duas semanas após a intervenção cirúrgica. Todos os alimentos são liquidificados para a consistência de purê, cremes e papas. Este período de tratamento se mantém por duas semanas. Só é permitido 4 colheres de sopa (60g) por refeição. Ao sentir-se satisfeito deve para de comer. O mínimo recomendado de líquidos é 6 a 8 xícaras de chá (600 a 800ml), sendo as bebidas de baixa caloria. O ideal é consumo hídrico de 2,5 a 3,0L/dia. Nunca beba e coma ao mesmo tempo, esperar 30 minutos antes e após as refeições. Comer devagar, uma refeição deve durar de 30 a 45 minutos. As frutas devem ser cozidas, amassadas ou raspadas. Período 3: Alimentação pastosa (baixa em gordura e doce concentrado). Aproximadamente quatro semanas após a operação poderá ocorrer a progressão para a dieta pastosa, com duração de uma a duas semanas. Os alimentos são oferecidos sem passar no liquidificador, mas podem ser amassados com o garfo. Produtos cárneos devem ser servidos moídos, desfiados ou cortados em pequenos cubos. Ingerir primeiro os alimentos ricos em proteína. Meta: 70g de proteína/dia. As frutas devem ser amassadas ou raspadas. Evitar jejum superior a 3 horas. Período 4: Dieta normal (baixa em gordura e doce concentrado). Evitar frituras. Carnes devem ser preparadas grelhadas, assadas e cozidas. Ingerir primeiro os alimentos ricos em proteína. Meta: 70g de proteína/dia. Evitar jejum superior a 3 horas. c) Complicações As complicações mais temidas no pós-operatório são sepse de origem abdominal, causada por deiscência de sutura, e o tromboembolismo pulmonar. Outras complicações menos graves: atelectasia pulmonar, hipoventilação, seroma, infecção de ferida operatória, hérnia incisional, litíase biliar e 11 obstrução intestinal. A baixa ingestão de água é de risco para nefrolitíase. Nas cirurgias restritivas e mistas, alimentos protéicos mal mastigados podem impactar o reservatório gástrico proximal, formando benzoares. A má absorção nas cirurgias mal absortivas pode causar flatulência e diarréia/esteatorréia, sendo inconvenientes. Podem ser contornados com dieta pobre em gordura e metronidazol. d)Monitoração Além da avaliação da ingestão alimentar, do peso corporal e alterações de composição corporal, dentre outros parâmetros. Tabela 14: exames laboratoriais pós-operatórios. e)Atividade física recomenda-se, pelo menos, 30min de caminhada diária associada com hidroginástica, esporte ou dança. O exercício contribui para o emagrecimento e manutenção do peso perdido. f) Falha da cirurgia Perda de peso em excesso inferior a 50% caracteriza falha no tratamento. O emagrecimento insuficiente está relacionado à escolha inadequada da técnica, abuso de alimentos calóricos ou sedentarismo. DEFICIÊNCIAS NUTRICIONAIS NO PÓS-OPERATÓRIO (SAWAYA ET AL, 2013) Ferro: a absorção está comprometida pela redução de consumo de alimentos fonte, pela diminuição de ácido clorídrico e pela modificação de trânsito. Cálcio e Vitamina D: realizar correção de déficit de vitamina D antes da cirurgia. Em virtude da absorção de cálcio em duodeno e jejuno, o desvio de trânsito pode comprometer a absorção. Tiamina: pode ocorrer de forma aguda pelo excesso de vômitos e está associada a doenças neurológicas irreversíveis. Vitamina B12: pode-se observar deficiência até 6 meses pós-operatório por Y-Roux. Pode ser por redução de HCl e de fator intrínseco. Folato: ocorre por diminuição de ingestão e não por má absorção. Outro fator é a deficiência de vitamina B12, dificultando a ativação do mesmo em THF. Zinco: é absorvido em duodeno e jejuno proximal. Pode- se ter diminuição de função imune, problemas de cicatrização e queda de cabelo. ACOMPANHAMENTO (DAN WAITZBERG, 2009) Tabela 15: Acompanhamento laboratorial segundo DAN WAIZTBERG (2009). 12 O termo abaixo do peso se aplica a indivíduos que estão 15 a 20% ou mais abaixo do peso padrão aceitável. Um baixo IMC está associado a maior risco de mortalidade do que os indivíduos normais, especialmente com o envelhecimento. IMC<18,5 promove: subfunção da hipófise, tireóide, gônadas e adrenais, maior suscetibilidade a infecções e traumatismos assim como uma imagem corporal distorcida e problemas psicológicos. O baixo peso pode ser causado por: a) ingestão insuficiente; b) atividade excessiva (aumento do gasto); c) baixa absorção e/ou utilização de nutriente; d) patologias com aumento de necessidades (estado hipercatabólico); e) estresse psicológico ou emocional. E importante avaliar a causa e a extensão do baixo peso antes do início do programa de tratamento. Avaliar: I) história clínica; II) dados antropométricos (peso, altura, padrão de crescimento, dobras cutâneas, área muscular e adiposa do braço – permitem avaliar se existe realmente o risco de saúde pelo baixo peso); III) dados biquímicos. Em relação ao tratamento, deve-se começar pela causa do baixo peso (infecção, trauma, dentre outros). O apoio nutricional e dietético são efetivos juntamente ou após o tratamento do distúrbio subjacente ou quandoa causa do baixo peso é de origem somente nutricional. Medidas mais utilizadas na avaliação de estado nutricional: peso e estatura. Índices utilizados: - menores de 5 anos: * peso/idade (P/I); * estatura/idade (E/I); e * peso para estatura (P/E). (DAN 2010): Déficit de E/I indica um processo crônico ou pregresso de retardo de crescimento linear. Déficit de P/E indica acúmulo insuficiente de massa corporal ou catabolismo de tecidos corporais e, portanto, uma depleção aguda. O P/I expressa alterações agudas e crônicas. - indivíduos com idade > 5 anos – usa-se o IMC. Em adolescentes, pode-se combinar o IMC com o índice E/I. Os índices P/I, E/I e P/E podem ser expressos de acordo com diferentes critérios de classificação: porcentagem de adequação, percentil e Escore-Z. Mais utilizados: percentil e Escore-Z. Tabela 1: Classificação de gravidade para crianças segundo a OMS - DAN 2009). Classificação da gravidade da desnutrição Indicador P/E Normal Leve Moderada Grave Escore-Z ±1Z -1,1 a -2Z -2,1 a -3Z <-3Z % adequação 90-110 80-89 70-79 <70 Classificação da gravidade da desnutrição Indicador E/I Normal Leve Moderada Grave Escore-Z ±1Z -1,1 a -2Z -2,1 a -3Z <-3Z % adequação 95-105 90-94 85-89 <85 Entre adultos, a OMS estabeleceu pontos de corte para baixo peso, sobrepeso e obesidade, segundo IMC. - IMC < 18,5kg/m2 baixo peso. A desnutrição é classificada, em adultos, pelo IMC: 17,0-18,4 Kg/m2 - depleção grau I 16,0-16,9 Kg/m2 - depleção grau II <16,0 Kg/m2 - depleção grau III EFEITOS DA DESNUTRIÇÃO EM LONGO PRAZO (DAN 2009) Teoria da Programação metabólica fetos humanos possuem a capacidade de adaptação frente à oferta de nutrientes insuficientes. O sistema endócrino possui papel fundamental nessa adaptação e que, no longo prazo, aumentaria o risco de doenças relacionadas à obesidade na vida adulta, como diabetes e hipertensão. TRATAMENTO DA CRIANÇA DESNUTRIDA (DAN 2009) O tratamento da criança desnutrida não deve ser enfocada apenas nas alterações de saúde, mas também nos problemas sociais e familiares em toda sua complexidade, como déficit de renda, analfabetismo materno, condições inadequadas de saneamento básico, presença de violência nos bolsões de pobreza e a quantidade e qualidade da dieta das populações pobres. Incluir medidas como: - programas de monitoramento de crescimento infantil; - programa de educação nutricional e orientação, em especial sobre amamentação e higiene; - promoção da segurança alimentar e nutricional. (DAN 2009): Ambulatórios de Recuperação Nutricional CREN. Objetivos: - promover recuperação nutricional efetiva de lactentes e pré-escolares com desnutrição primária; - prevenir ocorrência de patologias; - diagnosticar e tratar intercorr6encia clínicas; - promover desenvolvimento global da criança; - realizar abordagem educativa familiar; - diagnosticar e corrigir erros alimentares da família e da criança; - facilitar o acesso das famílias mais carentes aos recursos sociais disponíveis na região. Para atingir esses objetivos, faz-se necessário uma abordagem multiprofissional. Nos CREN, a criança fica 10 horas por dia, de segunda a sexta-feira, recebe cinco refeições que contemplem no mínimo 70% das necessidades energéticas e 100% das necessidades protéicas corrigidas para o percentil de adequação de seu peso e estatura e a sua faixa etária. DESNUTRIÇÃO Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br 13 A família é orientada a fornecer mais uma refeição no domicílio (as famílias recebem uma cesta básica/mês como complemento de tratamento). Entretanto, no Brasil, os CREN são isolados. Em relação às orientações ambulatoriais, deve-se incluir: orientação ao aleitamento materno exclusivo até o sexto mês, orientação para a introdução de alimentos complementares adequados ao final do sexto mês de vida, com manutenção do aleitamento até 2 anos ou mais, monitoramento do crescimento com anotações no cartão da Criança, orientações de higiene e preparo de alimentos, cuidados com a água, entre outros. DESNUTRIÇÃO PRIMÁRIA E SECUNDÁRIA (DAN 2009) A desnutrição hospitalar pode ser resultado de uma conjugação entre a desnutrição primária, conseqüente do baixo nível socioeconômico que dificulta a aquisição de aporte protéico-calórico adequado, e a desnutrição secundaria, conseqüente à doença do paciente, como câncer, infecção ou doenças crônicas. DESNUTRIÇÃO TERCIÁRIA (DAN 2009) Conforme aumenta o tempo de internação hospitalar, também aumentam o risco de desnutrição. O aumento da desnutrição durante a internação hospitalar pode ser explicado por uma soma de condições, incluindo fatores causais da desnutrição no momento da admissão, maior consumo das reservas energéticas e nutrici 14 onais do enfermo em resposta a tratamentos graves (cirurgia, QT, RT) e eventuais perdas por distúrbios digestivos (náuseas, vômitos, íleo paralitico e diarréia). Também pode ser decorrente de iatrogenia. TIPOS DE DESNUTRIÇÃO 1.DESNUTRIÇÃO AGUDA (DAN 2009) Anteriormente chamada de kwashiokor. Diagnóstico: - albumina <2,8g/dL; - transferrina <150mg/dL; - linfócitos <1500mm3; - anergia ao teste cutâneo. Sinais clínicos: - edema nutricional / ascite; - hepatomegalia; - alteração de cabelo e pele; - hipoalbuminemia; - diminuição de função imune; - ligada a trauma e infecções, principalmente entre pacientes internados em UTI recebendo soluções glicosadas a 5% por 10 a 15 dias. 2.DESNUTRIÇÃO CRÔNICA (DAN 2009) Considerado o estágio final do processo de caquexia, na desnutrição crônica os depósitos orgânicas de gordura estão reduzidos. Causada por doenças crônicas e indolentes, a desnutrição crônica é de fácil diagnóstico pelo exame clínico do paciente, que se encontra emagrecido e sem massa gordurosa e muscular. Diagnóstico: - Peso <80% do ideal; - DCT <3mm; - CMB <15cm; - Altura <60% do padrão; - Hipoalbuminemia não inferior a 2,8g/dL. Sinais clínicos: - emagrecimento; - diminuição de temperatura corpórea; - diminuição de freqüência cardíaca e TMB; - constipação e em alguns casos diarréia de jejum (fezes com muco). 3.DESNUTRIÇÃO MISTA (DAN 2009) Ocorre quando um paciente com desnutrição crônica é submetido ao estresse metabólico, promovendo aparecimento de edema, entretanto não há despigmentação de cabelo. CORRELAÇÃO CLÍNICA – CHEMIN & MURA a)Marasmo: anorexia nervosa, DEP secundária à AIDS; b)Kwashiokor: DEP secundária ao prejuízo na absorção de proteínas. RESPOSTA METABÓLICA AO JEJUM AGUDO (DAN 2009) A resposta orgânica ao jejum agudo implica adaptações metabólicas deflagradas pela hipoglicemia, que ocorre após 15horas de jejum, por exaustão de glicogênio hepático, muscular e de glicose circulante. Tem-se redução da insulina plasmática e elevação de glucagon, catecolaminas e cortisol. A elevação dos contrarreguladores promove estímulo à gliconeogênese hepática e renal. Os principais aminoácidos gliconeogênicos são ALANINA e GLUTAMINA. Ocorre aumento da oxidação de ácidos graxos como fonte de energia (observa-se QR ±0,7), além de queda da TMB (queda do consumo de oxigênio de 20 – 30%). Esses eventos promovem rápida perda de peso (2,2 a 4,5kg) na primeira semana, que diminui posteriormente para 220g/dia. Na ausência de estresse este evento é rapidamente revertido com a administração de calorias ou proteínas externas. RESPOSTA METABÓLICA AO JEJUM PROLONGADO (DAN 2009) Após as primeiras 72 horas de jejum, se estabelecem alterações adaptativas do jejum prolongado. Ocorre maior utilização de lipídios e redução da degradação protéica. Os lipídios se convertem na principal fonte de energia e os corpos cetônicos no principal meio de troca energética. A GLUTAMINA, metabolizada pelo rim, é responsável por 45% da produção de glicose no jejum prolongado. A utilização de corpos cetônicos pelo SNC e sua difusão pela barreira hematoencefálica é facilitada. Esse processo é rapidamente revertido com a administração de glicose ou AA. RESPOSTA ORGÂNICA AO TRAUMA (DAN 2009) A resposta dependera da intensidade e duração da agressão inicial e da resposta dopaciente. Existem diferenças entre a resposta orgânica em casos de desnutrição complicada (trauma) e não complicada (crônica). Na desnutrição complicada, a necessidade energética, a produção de insulina, os hormônios contrarregulatórios, a água corporal total e a proteína visceral estão aumentados. O combustível primário é misto, tem-se QR ~0,85, associado a elevadas taxas de proteólise, gliconeogênese e perda de peso. As cetonas estão ausentes. Na desnutrição não-complicada, a necessidade energética, produção de insulina, água corpórea total e proteólise estão diminuídas. O combustível primário é o lipídio (QR ~0,75) Cetonas estão presentes e os hormônios contrarregulatórios atingem seu nível basal. EVOLUÇÃO CLÍNICA DO DOENTE COM DESNUTRIÇÀO (DAN 2009) Quando o suprimento protéico-calórico para os tecidos e células não pode ser mantido, ocorre grave descompensação orgânica (rim, coração, fígado e intestino) com conseqüente acidose, coma e morte. A descompensação metabólica, promovida pela desnutrição protéica grave, pode ocorrer em poucas horas e inclui distúrbios de coagulação e icterícia, uma vez que o fígado não é capaz de produzir fatores de coagulação e proteínas de transporte. Causas mais comuns de óbito: edema pulmonar com broncopneumonia, sepse, gastroenterite e desequilíbrios hidroeletrolíticos. 15 CUIDADO NUTRICIONAL As dietas ricas em energia para o ganho de peso devem ser somente iniciadas após o planejamento dietético, que pode revelar inadequações de consumo e ingestões nutricionais específicas. Deve-se prescrever refeições em horários fixos. Recomenda-se ainda acréscimo calórico de ~500 a 1000kcal nas necessidades calculadas para o indivíduo, segundo sexo, idade e atividade física, calculadas com base no peso atual do indivíduo. A ingestão deve ser aumentada gradualmente até os valores programados para evitar o desconforto gástrico e períodos de desânimo, além de prevenir desequilíbrios eletrolíticos e de funcionamento cardíaco (síndrome do roubo celular ou realimentação/overfeeding). O planejamento dietético baseia-se na atrofia da mucosa intestinal. A distribuição energética dos macronutrientes deve ser: a) lipídeos – 30%; b) proteínas – 12 a 15%; c) carboidratos – complementar o VCT. Às vezes podem ser necessárias suplementações básicas de vitaminas e minerais dependendo do estado nutricional. Caso necessário, utilizar suplementos líquidos, de alta densidade energética. ALTERAÇÕES FUNCIONAIS E ENDOCRINOLÓGICAS Pacientes com DPE podem apresentar as seguintes alterações: Hematológicas: pode ocorrer diminuição das concentrações de hemoglobina e de hemácias, relacionada à necessidade de oxigênio aos tecidos. Com o início do tratamento nutricional, começa a haver síntese tissular, aumento da massa magra e da atividade física sendo necessário quantidades suficientes de ferro, ácido fólico e vitamina B12. Cardiovascular: o fluxo sanguíneo renal e a taxa de filtração glomerular podem estar reduzidas como consequência da diminuição do débito cardíaco. Respiratória: atrofia da musculatura acessória e do diafragma. Aparelho DigestIvo: absorção intestinal prejudicada de lipídeos e dissacarídeos e uma taxa diminuída de absorção de glicose ocorrem na deficiência grave de proteínas. O trato gastrointestinal e o pâncreas se atrofiam. Há diminuição da produção das secreções gástrica, pancreática e biliar,com concentrações normais ou baixas de enzimas e de ácidos biliares conjugados . Em decorrência da hipocloridria, hipomotilidade intestinal e deficiências imunológicas (diminuição de IgA secretora), ocorre supercrescimento bacteriano no intestino delgado. Sistema Imune: redução do número de linfócitos T auxiliares pela diminuição da atividade da interleucina 1, redução da razão T4/T8 e da produção de linfocinas e monocinas. Na desnutrição protéico-calórica grave há uma diminuição da atividade da IL-1. Os níveis de TNF parecem estar elevados, o que pode estar associado à anorexia, degradação muscular e alteração do metabolismo de lipídeos (hipertrigliceridemia). Composição Corpórea: quando há perda de mais de 20% de proteína corpórea, a maioria das funções fisiológicas está significativamente alterada. Outras: Na DPC, ocorre diminuição do potássio corpóreo total devido à redução das proteínas musculares e à perda do potássio intracelular. Tabela 2 Alterações hormonais na desnutrição e seus efeitos metabólicos – DAN WAIZTBERG (2009) 16 Existem características que Indicam Mau Prognóstico em Pacientes com DPE (DAN WAITZBERG) Idade menor que 6 meses. Déficit de peso com relação à altura menor que 30%, ou peso para a idade maior que 40%. Esturpor, coma, ou outras alterações no estado mental ou nível de consciência. Infecções (broncopneumonia ou sarampo). Petéquias ou tendências a hemorragias. Desidratação e desequilíbrios eletrolíticos (hipocalemia e acidose severa). Taquicardia persistente. Anemia severa. Icterícia clínica ou elevação de bilirrubinas. Lesões cutâneas exsudativas ou esfoliativas. Hipoglicemia ou hipotermia. Proteínas séricas totais muito diminuídas. As causas mais comuns de morte são: edema pulmonar com broncopneumonia, sepse, gastroenterite e desequilíbrios hidroeletrolíticos. 17 18 19 I. ANOREXIA NERVOSA (AN) È uma condição clínica de inanição voluntária e emaciação, com perda de peso vista como sinal de alcance extraordinário e autodisciplina, com ganho de peso visto como inaceitável. O diagnóstico é indicado com o déficit de peso (perda de >25% do peso usual) ou peso corporal inferior a 85% do esperado associado aos critérios do DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders). O retardo de crescimento é visto em crianças em idade pré-puberal, acometidas por este distúrbio. Se ocorrer o retardo do crescimento, o déficit de peso deve ser calculado usando-se o percentil de altura pré-mórbido do paciente. A etiologia da Anorexia é multifatorial, incluindo fatores genéticos, biológicos, interpessoais, familiares, socioculturais no desenvolvimento e manutenção do distúrbio. O início é mais comum na adolescência, uma vez que a mudança com o corpo na fase puberal aumentam a preocupação com a forma e tamanho do corpo. Critérios de diagnóstico da para Anorexia Nervosa Recusa em manter o peso normal ou acima do mínimo normal de peso para a idade e altura (peso corporal inferior a 85% do padrão esperado), ou seja, ocorre a presença de 15%, pelo menos, de déficit em relação ao padrão de peso ideal; Medo intenso de ganhar peso ou engordar ou, até mesmo, de ficar sobrepeso, mesmo estando magra; Distúrbio na maneira em que visualiza o peso ou tamanho corporal, excessiva influência na auto-avaliação do peso ou do tamanho corporal ou não considera o baixo peso preocupante; Amenorréia em mulheres pós-menarca (ausência de pelo menos três ciclos menstruais consecutivos). Existem dois padrões de Anorexia Nervosa: 1)Restrição: durante o atual episódio de anorexia, o indivíduo não apresenta comportamento de ingestão excessiva de alimentos/purgação. 2)Compulsão periódico-purgativa: durante o atual episódio de purgação o indivíduo apresenta regularmente episódios de ingestão excessiva e purgação. Aspectos clínicos e complicações: As complicações clínicas nos portadores de transtornos alimentares podem representar risco de vida estando associadas a fatores como tempo de evolução; idade de início do quadro; intensidade da redução ponderal e tipos e freqüência de métodos compensatórios. Os sinais e sintomas físicos associados à AN são: Emagrecimento, cuja perda acentuada de peso promove o aparecimento dos ossos e à diminuição acentuada do tecido adiposo; Hirsutismo (pele coberta por uma fina camada de pêlos); Lanugem; Hipercarotenodermia; Pele ressecada, apatia, falta de disposição e cansaço. Complicações endócrino-metabólicas: Amenorréia; Em homens, esterilidade e perda de desejo sexual; Anormalidade ou discreto aumento de GH e diminuição da somatomedina (estimulando a lipólise, como na desnutrição);Intolerância ao frio; Hipoglicemia, hipotermia e desidratação. Complicações cardiovasculares: Bradicardia e hipotensão (em decorrência da desidratação e da diminuição das catecolaminas); Arritmias (decorrente de distúrbios hidroeletrolíticos). Complicações do TGI: Obstipação; Saciedade precoce; Alterações de paladar; Diarréia (presente somente no abuso de laxantes, provocando má absorção) não é complicação comum. Complicações hematológicas: Leucopenia e linfopenia; Anemia. Complicações ósseas: Osteoporose e osteopenia, podendo ocasionar fraturas. Complicações renais: Diminuição da TFG e risco para formação de cálculos (decorrente da desidratação e da hipocalemia). II. BULIMIA NERVOSA (BN) A bulimia é um distúrbio caracterizado por episódios recorrentes de ingestão excessiva de alimentos seguidos de um ou mais comportamentos compensatórios impróprios para prevenir o ganho de peso, que englobam vômito auto-induzido, abusos de laxativos e diuréticos, jejuns prolongados e em excesso ou exercício compulsivo. Diferentes dos pacientes com anorexia nervosa, pacientes bulímicos estão dentro da variação de peso normal, embora alguns estejam ligeiramente abaixo do peso ou com sobrepeso. Alguns fatores etiológicos foram propostos para o desenvolvimento de Bulimia Nervosa e inclui dependência, familiar, nível sócio-cultural, cognitivo-comportamento e psicodinâmico. Critérios de diagnóstico para Bulimia Nervosa Repetidos episódios de ingestão excessiva de alimentos. Crises caracterizadas por: 1) consumo em períodos isolados (2h, por exemplo) de quantidades de alimentos definitivamente maiores do que muitas pessoas considerariam normais; 2) perda do senso de controle ao se alimentar durante a crise. TRANSTORNOS DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR Prof. José Aroldo Filho goncalvesfilho@nutmed.com.br 20 Repetidos comportamentos compensatórios, não apropriados, para controle do peso; Os episódios de comer em excesso ocorrem pelo menos 2 vezes por semana durante os últimos 3 meses; Transtorno da imagem corporal; Na presença de bulimia do tipo purgativo, não ocorrerá anorexia. Existem dois padrões de Bulimia Nervosa: 1) Purgação: durante o atual episódio de Bulimia Nervosa, a pessoa está regularmente envolvida na auto-indução de vômitos, abuso de laxativos ou diuréticos ou enemas; 2) Não purgação: durante o atual episódio de Bulimia a pessoa tem o hábito de usar mecanismos compensatórios inapropriados, como jejuns ou excesso de exercícios, mas não apresenta regularmente episódios de purgação. CHEMIN & MURA – Os sinais e sintomas físicos associados à BN são: Sobrepeso ou peso próximo ao normal; Aumento de glândulas parótidas, sublingual e submandibular (reflexo dos vômitos induzidos); Sinal de Russell (calos em mãos); Dentes em perimólise (erosão de esmalte dentário ou cárie de língua); Fraqueza física e personalidade transtornada e extremista, associada à depressão e risco de suicídio. Complicações endócrino-metabólicas: Hipoglicemia e hipercolesterolemia; Irregularidade menstrual (não amenorréia); Distúrbios hidroeletrolíticos (complicação mais grave. Distúrbios de sódio, cloreto, fósforo, potássio e magnésio são os mais importantes); Desidratação e alcalose metabólica ocasionados pelo excesso de métodos purgativos (vômitos, diuréticos e laxantes). Complicações cardiovasculares: Arrtimias cardíacas causadas por alterações em eletrólitos. Complicações do TGI: Sensação de náuseas e salivação excessiva, como reflexo da indução de vômitos; Obstipação ou diarréia; Alterações de cavidade oral (perda de dentes, cáries e aumento de glândulas salivares) face de meia- lua; Esofagite e até hemorragia alta; Dilatação gástrica e ulcerações; Alterações enzimáticas em fígado e pâncreas. Complicações hematológicas: Anemia em indivíduos com sintomatologia intensa. Complicações renais: Diminuição de cloretos e potássio; Desidratação e risco aumento para nefroitíase. Tabela 1: Comparação dos transtornos alimentares (TA) – CHEMIN & MURA. III. TRATAMENTO DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES Acompanhamento deve ser realizado por equipe multidisciplinar: médico (avaliação clinica), nutricionista (reeducação alimentar e nutricional), psiquiátrica e psicológica. Início do tratamento: ambulatório / consultório. Freqüência: semanal. Objetivo interrupção da perda de peso, melhora da subnutrição e nos parâmetros clínicos. Em pacientes bulímicos, avaliar também as intercorrências gastrointestinais. DAN WAITZBERG (2009) Equipe multidisciplinar – acompanhamento psiquiátrico, nutricional e psicoterapia. META: ganho de peso até IMC>19kg/m2. 1.Terapia Medicamentosa Os antidepressivos são eficazes na redução do impulso sobre a alimentação excessiva e levam ao bem-estar do doente. A fluoxetina tem sido utilizada. Uso de fluoxetina, com maior sucesso quando administrada em doses >20mg. OBS: também usado em AN é anorexígeno! Outros medicamentos utilizados para atenuar os sintomas: lítio, antiácidos, antiespasmódicos e analgésicos 2.Terapia cognitivo-comportamental Pode ser feita em grupos ou individual. Em pacientes jovens é aconselhável a presença e apoio familiar, uma vez que o fator predisponente ao transtorno pode estar relacionado à família e sua estrutura. 21 CHEMIN & MURA (2011) Em relação ao cálculo das calorias, utiliza-se a fórmula do Harris & Benedict, com fator injúria de 1,3 (desnutrição) e aumento paulatino semanal das quantidades calorias a serem oferecidas (200 a 500kcal/semana) até chegar a um valor de 3000kcal/dia, dependendo do metabolismo basal. O VET deve ser suficiente para proporcionar retorno da menstruação e cessar a perda de peso. Fracionar a dieta entre 6 a 8 refeições por dia (ou a cada 3h) com a seguinte distribuição de macronutrientes: CHO: 54 – 58%VET; PTN: 0,8 a 1,2g/kg peso atual; LIP: completar o VET. Tenta ajudar o paciente a encontrar formas para substituir os comportamentos negativos por maneiras mais construtivas e positivas no modo de agir, procurando evitar a convicção catastrófica a respeito do próprio corpo. 3. Terapia Nutricional Manejo dietético: - Anorexia nervosa – recuperação do peso, avaliado pelo IMC/Idade, sexo e curva de crescimento e o restabelecimento do padrão alimentar, baseado na reeducação alimentar. Tabela 2: Aspectos na anamnese de pacientes com TA (CHEMIN & MURA) O papel do nutricionista está em ajudar a suspender as restrições e/ou orgias alimentares. Como estratégia de ação do nutricionista, o uso de diário alimentar tem se mostrado útil na prática clínica. Etapas da terapia nutricional (DAN WAIZZTBERG, 2009): 1.Educacional – coleta de dados do paciente, hábitos alimentares e histórico da doença, conceitos de alimentação e nutrição dentre outros. 2.Experimental – habilidades terapêuticas para abordar a relação do paciente com o corpo e com os alimentos. Ferramenta essencial na terapia nutricional – DIÁRIO ALIMENTAR, que serve como instrumento de automonitorização, onde o paciente se torna mais consciente de sua alimentação e de sua doença. Um DIÁRIO ALIMENTAR para acompanhamento de pacientes com ANOREXIA NERVOSA deve conter: - horário/refeição; - local da refeição; - alimento/quantidade; - presença de compulsão; - presença de purgação; - periodicidade do episódio de purgação; - escala de fome; - saciedade; - sentimento. A internação é indicada em casos de declínio persistente da ingestão oral e peso, para prevenir ou tratar instabilidades clínicas (desidratacao, distúrbios hidroeletrolíticos, bradicardia, hipotensão, hipotermia) ou quando o tratamento ambulatorial não obteve os resultados satisfatórios. DAN (2009) O ganho de peso deve ser controlado (900 a 1300g/semana para pacientes internados e de 250 a 450g/semana para pacientes ambulatoriais). Avaliação Nutricional A avaliação nutricional de rotina engloba a história dietética bem como a avaliação dos índices bioquímicos, metabólicos e antropométricos do estado nutricional. História Dietética As diretrizes devem englobar a ingestão deenergia, macro e micronutrientes, atitudes e comportamentos alimentares. Pacientes com AN geralmente possuem ingestão calórica inadequada (~1000 kcal) ao passo que a ingestão calórica na BN é imprevisível. CUIDADO NUTRICIONAL NA ANOREXIA NERVOSA Os objetivos são: - restaurar um peso mínimo saudável (quando a menstruação retorna); - restaurar hábitos alimentares saudáveis e o prazer de se alimentar; - tratar ou restaurar as complicações físicas; - redimensionar pensamentos, sentimentos e crenças inadequadas relacionadas à alimentação; - Proporcionar o apoio familiar; - Prevenir recaídas. No monitoramento, a ADA preconiza o ganho de 2,2 – 4,4kg por semana se o paciente é acompanhado em ambulatório e 4,4 – 6,6kg se hospitalizado. Essa meta é difícil de ser alcançada, dependendo do grau de desnutrição. Alvarenga recomenda o ganho de 1kg/semana na fase inicial de tratamento, objetivando, ao término dessa fase, IMC 19kg/m2 ou atingir 85% do peso alvo. Pode-se realizar o cálculo com base na anmnese alimentar. As alterações decorrentes do aporte calórico insuficiente só se normalizarão com a correção do peso do paciente. 1. Fase inicial: 30 – 40kcal/kg de peso atual/dia (1000 – 1600kcal/dia) DAN 2009 CHEMIN & MURA 2011 2. Fase de ganho de peso controlado: 70 – 100kcal/kg de peso atual/dia - DAN 2009 ATENÇÃO: para se evitar a síndrome de realimentação, inicia-se o processo de realimentação considerando as necessidades do metabolismo basal e ir aumentando a ingestão calórica de forma gradual, 200-250kcal a cada 0,5- 1,3kg/semana. Atentar-se aos eletrólitos: fósforo e potássio (o fósforo chega ao nível mais baixo de concentração durante os primeiros 7 dias de início da realimentação, justificando a sugestão de monitoramento diário de eletrólitos). 22 As pacientes podem receber dietas com VCT inicial de 1500 kcal para repor o gasto energético basal, que serão acrescidas semanalmente de 500 – 750 kcal até atingir um VET de 3000 – 4000 kcal, proporcionando ganho de peso de 500 a 1000g/semana. A via de administração pode ser enteral, quando há intenso processo de depleção corporal ou quando há recusa para se alimentar. A realimentação com alimentos é a primeira escolha para a recuperação do peso, porém, em alguns casos, o nutricionista poderá recomendar suplementos alimentares para suprir as necessidades nutricionais. Em relação aos macronutrientes: A) Proteínas Mínimo: RDA g/kg de peso ideal para a idade. 15 – 20% VCT, fontes de AVB. B) Carboidratos 50 – 55% VCT; Estimular o consumo de fibras insolúveis para o tratamento da constipação. C) Lipídeos 25 – 30% VCT; Estimular pequenos aumentos no consumo de lipídeos até atingir a meta; Fornecer fontes de ácidos graxos essenciais. Em relação aos micronutrientes: 100% das RDA de suplemento multivitamínico com minerais; Notar que o teor de ferro das fórmulas pode agravar a constipação. CUIDADO NUTRICIONAL NA BULIMIA NERVOSA Os objetivos são: - normalizar o comportamento alimentar; - modificar as atitudes relacionadas ao alimento, ao peso e à imagem corporal; - proporcionar o apoio familiar; - prevenir recaídas. Como os padrões de fome e saciedade estão alterados na bulimia nervosa, uma ingestão aumentada pode ser necessária para normalizar as sensações, mesmo com sobrepeso. Outras informações a serem obtidas na anamnese: - histórico familiar alimentar; - padrão alimentar atual; - identificar se há padrões comportamentais; - preferências e aversões alimentares; - padrão de atividade física atual e antes da doença instalada; - frequência e tipos de comportamentos compensatórios ou purgativos associados. RECOMENDAÇÕES DIETÉTICAS NA BN DAN WAIZTBERG (2009) Objetiva cessar o ciclo da BN. Educar sobre o papel da restrição alimentar como iniciadora e perpetuadora do ciclo. O DIÁRIO é considerado uma estratégia importante, que provê avaliação constante e pode simbolizar a relação entre o terapeuta nutricional e o paciente. O DIÁRIO de um paciente com BN deve conter: - Horário e o que consumiu; - Compensação; - Sentimentos. O paciente deve ser esclarecido que a atitude purgativa possui conseqüência e, além disso, é ineficiente como método para perda de peso, uma vez que até 50% do que foi ingerido numa compulsão pode ser retido após vômitos e absorvido. Estudos mostram que episódios mais calóricos (3.530kcal) ou menos calóricos (1.549kcal) possuem retenção igual de calorias (~1.128kcal). A orientação dietética específica deve ser absolutamente individualizada, com padronização de horários, proposta de inclusão de grupos alimentares e educação nutricional. NÃO EXISTE PARA BN UMA DETERMINAÇÀO DE CONSUMO DE ENERGIA ESPECÍFICA. Deve-se adequar o padrão alimentar e não exatamente aumentar ou diminuir o consumo energético. Deve-se estimular uma alimentação balanceada com inclusão de alimentos de TODOS os grupos alimentares. Até mesmo a inclusão dos alimentos “perigosos”. Pacientes com BN normalmente tem peso normal ou acima do normal, que pode apresentar/mascarar uma desnutrição, chamada de “fome oculta” – deficiência de micronutrientes. Os pacientes devem ser instruídos sobre as alterações nas sensações de fome, apetite e saciedade. TRATAMENTO HOSPITALAR – CHEMIN & MURA Em geral, os pacientes respondem de maneira satisfatória ao tratamento ambulatorial, que é feito semanalmente. Ele deve englobar uma equipe multidisciplinar. A hospitalização pode ser necessária para corrigira intensa desnutrição (peso menor que 75% do esperado para estatura e idade ou IMC <14kg/m2) e complicações clínicas gravemente instaladas, ou nos processos intensos e descontrolados de purgação, associados com altos graus de depressão e risco de morte. As pacientes podem ser internadas em enfermarias de psiquiatria ou clínica médica, de acordo com a presença de co-morbidades. ATENÇÃO – CHEMIN & MURA As pacientes bulímicas chegam a ingerir de 400 a 5000 kcal em um único episódio de compulsão, seguido de purgação. O objetivo é realizar educação nutricional e manter estado nutricional, além de observar os fatores desencadeadores de compulsão, vômitos e jejum assim como a freqüência destes comportamentos. 23 EXERCÍCIOS DE OBESIDADE, DESNUTRIÇÀO E TRANSTORNOS ALIMENTARES 1) Alessandra, 25 anos, internou pela quinta vez devido a anorexia nervosa, apresentando desnutrição grave (IMC=13kg/m2). Logo pós a internação, foi encaminhado parecer à Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional, sendo indicado início imediato de terapia nutricional enteral. Em relação à anorexia nervosa, é correto afirmar que: (Residência HUPE - 2006) (A) podem ocorrer alterações hidroeletrolíticas graves (B) muitos pacientes possuem taxas metabólicas altas (C) mais energia é requerida para ganhar tecido muscular do que tecido gorduroso (D) ocorre depleção significativa das reservas adiposas e de proteínas viscerais e somáticas 2) Isabela, adolescente de 13 anos de idade foi encaminhada para o ambulatório de Nutrição com quadro de anorexia nervosa. Iniciou a restrição alimentar com o objetivo declarado de emagrecer. Perdeu cerca de 30kg em três meses, pesando atualmente 35kg e medindo 1,48m. De acordo com a história dietética a alimentação constituía em: Desjejum: 1 biscoito água e sal e café com adoçante. Almoço: verduras mais uma colher de sopa de arroz e, às vezes, um pedaço de carne. Ao exame físico apresentou: FC 56bpm FR 18irpm Edema 3+/4+ PA 76/49 mmHg As possíveis complicações que Isabela pode desenvolver como conseqüência da restrição alimentar são: (Residência HUPE - 2007) (A) diarréia sanguinolenta, esofagite e fissura no estômago (B) esôfago de Barret, cálculo biliar e síndrome de Mallory- Weiss (C) esvaziamento gástrico retardado, atonia intestinal e constipação (D) hipertrofia de parótida, dores abdominais e incidência aumentada de cáries dentais. 3)Sinais físicos da bulimia nervosa incluem: (NutMed) (A) danos nos dentes e inflamação esofágica (B) hidratado, lábios sem lesões. (C) inflamação esofágica e hipercalcemia (D) desidratado e sangramento nasal 4)Na anorexianervosa devemos iniciar a necessidade Energética para ganho de peso a partir: (NutMed) (A) 25 Kcal/kg (B) 35 Kcal/kg (C) 27 Kcal /kg (D) 70 Kcal/kg 5) No início do tratamento, as dietas ricas em energia para a recuperação do peso corporal devem contemplar (CEPERJ 2011): (A) 3000 kcal (B) 3400 kcal (C) 12 a 15 % de proteínas (D) 35 % de lipídios do VE 6) Ana Carolina tem 14 anos e procurou o AGN com queixa de excesso de peso. Na consulta relatou perda ponderal de 10kg em 6 meses, dado que você correlacionou com baixa ingestão e amenorréia há 4 meses. Sua avaliação antropométrica revela: P: 34kg Est: 1,61m PCT: 5mm PCSE: 6mm CB: 16mm Após o atendimento você remarcou Ana Carolina para o ambulatório de anorexia nervosa, pois de acordo com o DSM-IV, Ana Carolina apresenta (Residência HUPE 2008): (A) métodos para combater o ganho de peso e sinal de Russel (B) IMC <18,5kg/m2 e amenorréia por 3 ciclos consecutivos (C) transtorno de imagem corporal e aceitação do baixo peso corporal atual (D) recusa em manter seu peso dentro do ideal e menos que 85% de adequação do peso 7) Ana Carolina precisou ser internada devido ao agravamento do seu quadro, sendo necessário TNE, via SNG. No plano dietoterápico de Ana Carolina, o valor da prescrição calórica inicial visando repor o GEB e o acréscimo calórico semanal, até que se atinja um VET de 3500kcal corresponde, respectivamente a (Residência HUPE 2008): (A) 1500: 500 – 750 (B) 1200: 300 – 500 (C) 1800: 200 – 400 (D) 800: 750 - 1000 8) A adolescente A.M.R. apresentou-se com severo quadro de emagrecimento, com diagnóstico de transtorno de comportamento alimentar. O quadro de bulimia foi diferenciado da anorexia nervosa pela presença de (EAOT 2005) (A) cabelo seco e quebradiço. (B) dentes com perfil de meia lua. (C) amenorréia. (D) perda muscular e edema. 9) São características dos pacientes com anorexia nervosa, EXCETO (EAOT 2007): (A) pele seca. (B) hipertensão. (C) cianose de extremidades. (D) cabelo quebradiço e sem brilho. 10) Coloque V ou F nas afirmativas abaixo em relação à anorexia nervosa e, em seguida, assinale o correto (CSM 2005): ( ) o consumo calórico diário deve ser de 130% do gasto calórico calculado. ( ) o consumo é aumentado em 100 – 200kcal em poucos dias para promover ganho adequado de peso. ( ) mesmo que os pacientes estejam abaixo do peso ideal, o gasto energético é semelhante àqueles com peso normal. ( ) 50 – 55% CHO, 15 – 20% PTN e 25 – 30% LIP. ( ) deve-e estimular pequenos aumentos no consumo de gordura, lembrando-se sempre de fornecer AGE. (A)F; V; F; V; V (B)V; V; F; V; F (C)V; V; F; V; V (D)F; F; F; F; V (E)V; F; V; V; V 11) Pacientes com anorexia nervosa geralmente requerem hospitalização para iniciar o processo de realimentação. Nestes casos, o acompanhamento nutricional é indispensável para a completa recuperação do paciente. São condutas nutricionais importantes para a recuperação da anorexia nervosa, EXCETO (EAOT 2009): 24 (A) Aumentar a prescrição calórica em 100 a 200kcal/dia. (B) Estimular o consumo de fibras insolúveis. (C) Fornecer fontes de ácidos graxos essenciais. (D) As proteínas devem totalizar não mais do que 10% do VCT. 12) (Residência UFF – 2010) Com relação às diferenças entre o catabolismo da inanição e o catabolismo relacionado ao estresse, podemos afirmar que, em ambos os casos, ocorre: (A) aumento da taxa metabólica. (B) intensa cetogênese. (C) aumento da glicemia. (D) predomínio da secreção do glucagon sobre a de insulina. 13) (Residência UFRJ – 2010) A desnutrição se caracteriza por uma alteração no estado nutricional decorrente da deficiência na ingestão de nutrientes e pode piorar o prognóstico do paciente hospitalizado. As características antropométricas, bioquímicas e clínicas nos dois tipos clássicos de desnutrição protéico-energética podem diferir e se observa que: (A) no marasmo a adequação do peso corporal para estatura é de 80% e ocorre hipoalbuminemia acentuada (B) no kwashiorkor ocorre perda de peso acentuada e preservação relativa das proteínas viscerais (C) no kwashiorkor o paciente apresenta medidas antropométricas normais e arrancamento fácil dos cabelos (D) no marasmo verifica-se baixa ingestão protéica e edema nutricional com despigmentação dos cabelos 14) (IABAS 2010) Para o tratamento do paciente obeso, deve-se aconselhar a ingestão, por dia, de: (A)40% de açúcar simples (B)Menos de 0,8g de PTN/kg (C)20 – 30g de fibras (D)Cerca de 350mg de colesterol (E)25-35% LIP, sendo 10% SAT, 7% PUFAS e 15% MUFAS 15) (FIOCRUZ 2010) O tratamento nutricional para pacientes obesos consiste num plano alimentar hipocalórico com a seguinte distribuição dos macronutrientes energéticos: (A) carboidratos de 50 a 55% do VET, proteínas de 15 a 25% do VET e lipídeos de 20 a 30% do VET. (B) carboidratos de 55 a 65% do VET, proteínas de 15 a 25% do VET e lipídeos de 25 a 35% do VET. (C) carboidratos de 55 a 65% do VET, proteínas de 25 a 30% do VET e lipídeos de 25 a 35% do VET. (D) carboidratos de 55 a 60% do VET, proteínas de 15 a 25% do VET e lipídeos de 25 a 35% do VET. (E) carboidratos de 55 a 65% do VET, proteínas de 15 a 25% do VET e lipídeos de 30 a 35% do VET. 16) (Residência INCA – 2010) A obesidade é uma doença multifatorial, que pode ser caracterizada como um desequilíbrio entre a ingestão e gasto de energia com acúmulo excessivo de gordura, que compromete a saúde. Leia as afirmativas abaixo e marque a opção correta: I A obesidade ginoide, caracterizada pelo acúmulo abdominal de gordura, está relacionada ao alto risco cardiovascular. II A obesidade generalizada está associada a um maior risco cardiovascular e surgimento de artroses. III A obesidade androide, caracterizada pelo depósito de gordura central, está associada com maior risco de doença renal crônica. (A) As afirmativas I e II estão erradas. (B) As afirmativas I, II e III estão erradas. (C) Apenas a afirmativa III está correta. (D) Apenas a afirmativa II esta correta. 17) O tratamento dietético de indivíduos obesos é um desafio da prática clínica, que muitas vezes leva ao emprego de suplementos. Dentre os suplementos citados a seguir, aquele que apresenta evidência científica de benefício para os obesos é (CEPERJ 2011): (A) garcínia cambogia (B) ma huang (efedra) (C) sene (D) cromo 18) No início do tratamento, as dietas ricas em energia para a recuperação do peso corporal devem contemplar (CEPERJ 2011): (A) 3000 kcal (B) 3400 kcal (C) 12 a 15 % de proteínas (D) 35 % de lipídios do VE 1 – A 2 – C 3 – A 4 – B 5 – C 6 – D 7 - A 8 – C 9 – B 10 – C 11 - D 12 – D 13 – C 14 – C 15 – A 16 – B 17 – D
Compartilhar