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FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA I CURSO DE GRADUAÇÃO – EAD Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I – Profª. Ms. Juliana Brassolatti Gonçalves e Profª. Miriam Ap. de Negreiros Pereira dos Santos Olá! Meu nome é Juliana Brassolatti, resido em Ribeirão Preto – SP, e será uma imensa alegria compartilharmos, juntos, esta jornada que se inicia neste momento. Sou mestre em Matemática pela UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e fiz duas graduações: Bacharelado em Matemática pela UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) e Licenciatura em Matemática pela Unifran (Universidade de Franca). Atualmente, atuo como docente no Centro Universitário Claretiano de Batatais, no curso de Pedagogia, na modalidade EaD; sou coordenadora e docente do curso de Licenciatura em Matemática da FFCL (Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ituverava) e docente no curso de Bacharelado em Administração de Empresa. Ministro aula, ainda, nos cursos de Licenciatura em Matemática e Gestão em Logística, no Centro Universitário Barão de Mauá e no Ensino Fundamental II, no Colégio integrado Objetivo, de Ribeirão Preto. Por ser a Matemática, e suas derivações, fator predominante na atual conjuntura de desenvolvimento tanto pessoal como organizacional, tento, da melhor maneira possível, formar e informar os discentes. Para tanto, procuro me aperfeiçoar no contexto total, lecionando desde o fundamental, para entender a formação de novas ideias e entender as novas dinâmicas de formação de conceitos, até o superior, preparando novos profissionais para a labuta da vida. E-mail: jbrassolatti@claretiano.edu.br Meu nome é Miriam Ap. de Negreiros Pereira dos Santos. Sou graduada em Matemática e em Pedagogia, especialista em Psicopedagogia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e mestranda em Educação pelo Centro Universitário Moura Lacerda. Sou professora efetiva de Matemática na rede pública estadual há oito anos. Fiquei afastada da sala de aula por cinco anos, exercendo a função de Assistente Técnico-Pedagógica de Matemática na Diretoria de Ensino de Ribeirão Preto, onde trabalhei diretamente com cursos voltados para o aperfeiçoamento da atividade dos professores em sala de aula. E-mail: miriamnp@terra.com.br Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA I Juliana Brassolatti Gonçalves Miriam Aparecida de Negreiros Pereira dos Santos Batatais Claretiano 2015 Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação © Ação Educacional Claretiana, 2011 – Batatais (SP) Versão: jul./2015 510 G626f Gonçalves, Juliana Brassolatti Fundamentos e métodos do ensino da matemática I / Juliana Brassolatti Gonçalves, Miriam Aparecida Negreiros Pereira dos Santos – Batatais, SP : Claretiano, 2015. 184 p. ISBN: 978-85-8377-391-7 1. Cálculo mental. 2. Geometria. 3. Espaço e forma. 4. Grandezas e medidas. 5. Metodologias. I. Teixeira, Miriam Aparecida Negreiros Pereira dos. II. Fundamentos e métodos do ensino da matemática I. CDD 510 Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Patrícia Alves Veronez Montera Raquel Baptista Meneses Frata Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Eduardo Henrique Marinheiro Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Juliana Biggi Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz Rafael Antonio Morotti Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Claretiano - Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br SUMÁRIO CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 9 2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO ............................................................................. 14 3 E-REFERÊNCIA ................................................................................................... 32 UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO A FUNDAMENTOS E MÉTODOS DO ENSINO DA MATEMÁTICA I 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 33 2 CONTEÚDO ........................................................................................................ 34 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 34 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 36 5 O DESAFIO DE APRENDER E ENSINAR MATEMÁTICA ......................................... 37 6 MATEMÁTICA E COTIDIANO ............................................................................... 41 7 OBJETIVOS GERAIS DA MATEMÁTICA PARA O ENSINO FUNDAMENTAL ............ 43 8 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE MATEMÁTICA ...................................................... 46 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 48 10 CONSIDERAÇÕES................................................................................................ 49 11 E-REFERÊNCIAS .................................................................................................. 50 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 50 UNIDADE 2 – METODOLOGIAS E RECURSOS PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA NO CICLO I 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 51 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 51 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 52 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 53 5 O RECURSO À HISTÓRIA DA MATEMÁTICA COMO FERRAMENTA DE ENSINO ............................................................................................................... 55 6 RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS COMO PROPOSTA DE TRABALHO PARA O ENSINO DA MATEMÁTICA NO CICLO I ................................................................ 58 7 JOGOS COMO FONTE DE APRENDIZAGEM......................................................... 66 8 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO: TEMÁTICA EMERGENTE NO ENSINO DA MATEMÁTICA ..................................................................................................... 69 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 71 10 CONSIDERAÇÕES................................................................................................72 11 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................. 73 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 74 UNIDADE 3 – NÚMEROS, SISTEMA DE NUMERAÇÃO DECIMAL E NÚMEROS RACIONAIS 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 75 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 76 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 76 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 79 5 NÚMEROS .......................................................................................................... 84 6 COMO O HOMEM APRENDEU A CONTAR? ....................................................... 86 7 TRABALHANDO CONCEITOS ............................................................................... 88 8 SISTEMA DE NUMERAÇÃO DECIMAL ................................................................. 93 9 NÚMEROS RACIONAIS ....................................................................................... 96 10 SITUAÇÕES E EXEMPLOS PRÁTICOS QUE O PROFESSOR PODE USAR PARA ENSINAR NÚMEROS ......................................................................................................... 98 11 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................... 101 12 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................... 102 13 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................. 103 14 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 103 UNIDADE 4 – CÁLCULO MENTAL E OPERAÇÕES COM NÚMEROS NATURAIS 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 105 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 105 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 106 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 109 5 CÁLCULO MENTAL E CÁLCULO ESCRITO ............................................................. 110 6 ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO ....................................................................................... 115 7 ATIVIDADES DIVERSIFICADAS QUE O PROFESSOR PODERÁ UTILIZAR EM SUAS AULAS SOBRE AS OPERAÇÕES DE ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO ................................. 121 8 MULTIPLICAÇÃO E DIVISÃO ................................................................................ 124 9 ATIVIDADES DIVERSIFICADAS QUE O PROFESSOR PODERÁ UTILIZAR EM SUAS AULAS SOBRE AS OPERAÇÕES DE ADIÇÃO E SUBTRAÇÃO ................................. 126 10 CONSIDERAÇÕES................................................................................................ 130 11 RESULTADO DO CÁLCULO MENTAL .................................................................... 131 12 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................... 132 13 E-REFERÊNCIA .................................................................................................... 132 14 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 133 UNIDADE 5 – GEOMETRIA: ESPAÇO E FORMA 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 135 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 135 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 136 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 138 5 ORIGENS DA GEOMETRIA .................................................................................. 139 6 ENSINO DA GEOMETRIA..................................................................................... 140 7 SITUAÇÕES E EXEMPLOS PRÁTICOS QUE O PROFESSOR PODE USAR PARA ENSINAR GEOMETRIA ....................................................................................................... 147 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 161 9 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................... 161 10 RESULTADO DO TESTE ....................................................................................... 163 11 LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................ 163 12 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................. 165 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 166 UNIDADE 6 – GRANDEZAS E MEDIDAS 1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 167 2 CONTEÚDOS ....................................................................................................... 168 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................... 168 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................. 170 5 NOÇÕES DE GRANDEZAS E MEDIDAS ................................................................. 173 6 SITUAÇÕES E EXEMPLOS PRÁTICOS QUE O PROFESSOR PODE USAR PARA ENSINAR GRANDEZAS E MEDIDAS .................................................................................... 180 7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ............................................................................ 184 8 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................... 184 9 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................... 185 10 E-REFERÊNCIAS .................................................................................................. 186 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 186 Claretiano - Centro Universitário EA D CRC Caderno de Referência de Conteúdo Conteúdo ––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Introdução ao estudo dos princípios elementares da Matemática e suas aplica- ções nas séries iniciais do Ensino Fundamental. Objetivos gerais do ensino da Matemática para o primeiro e segundo ciclos do Ensino Fundamental. Números: sistema de numeração decimal e números racionais. Cálculo mental e operações com números naturais. Geometria. Espaço e forma. Grandezas e medidas. Me- todologias: história da Matemática, resolução de problemas, jogos e tecnologia da informação. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1. INTRODUÇÃO Uma das obras que compõem os Cursos de Graduação na modalidade EaD é Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemá- tica I, a qual oferece um conteúdo que é essencial para formação do futuro professor. O ensino da Matemática vem passando por transformações devido ao grande número de alunos reprovados e com baixo ín- dice de aproveitamento na disciplina. O aluno não entende e não © Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I10 aceita simplesmente o conteúdo jogado, sem nenhuma finalidade e aplicação importante. Por isso, o professor deve tomar cuidado e refletir sobre as metodologias disponíveis hoje em dia. Então, no decorrer de nossos estudos, veremos algumas for- mas, diferenciadas e usadas atualmente, de ensinar Matemáticanas séries iniciais do Ensino Fundamental. Além disso, vamos conhecer os currículos de Matemática para o Ensino Fundamental. Na área da Aritmética e da Álgebra, vamos estudar números e operações; no campo da Geometria, a teoria do espaço e das formas e, também, grandezas e medidas, que é um conteúdo que permite interligações entre as três áreas, Aritmética, Álgebra e Geometria. Neste Caderno de Referência de Conteúdo, propomos seis unidades instrucionais, por meio das quais você conhecerá as me- todologias que, hoje, são usadas no ensino da Matemática, dis- cutindo alternativas para o trabalho e sua fundamentação. Você também refletirá sobre os conteúdos de Matemática propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ciclo I do Ensino Fundamental. Apresentaremos a você, ao longo deste estudo, ati- vidades diversificadas para ensinar Matemática nas séries iniciais do Ensino Fundamental. A discussão de que o ensino da Matemática deve sofrer mu- danças e que, para alcançar esse objetivo, deve haver um ensino conjunto entre alunos e a Matemática, ou seja, uma ligação forte e que tenha sentido para sua vida, já vem de muitos tempos atrás. Existem muitas ideias efetivamente consagradas nas escolas a res- peito disso, mas qual o papel da Matemática na formação dos que já são ou dos que serão professores desses alunos? O futuro educador deve se preocupar e compreender mui- to bem quais os conteúdos devem ser ensinados e de que forma eles devem ser apresentados aos alunos, ou seja, quais as meto- dologias que ele tem como ferramenta para preparar suas aulas. Além disso, não pode se esquecer de que esses cuidados o leva- 11 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo rão a atingir duas grandes metas, que são a instrumentação para a vida e o desenvolvimento do raciocínio lógico, dando importância à participação constante dos alunos, proporcionando a eles mo- mentos de reflexão e descobertas, seguindo rigorosamente a se- quência dos assuntos e a interdependência entre eles. Com este estudo, você desenvolverá sua reflexão sobre quais são as alternativas para o ensino da Matemática e como en- siná-la aos alunos das séries iniciais do Ensino Fundamental. Esses questionamentos são essenciais para a transformação da relação de nossos alunos e, também, de nós próprios, professores, com o conhecimento da Matemática. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – Matemáti- ca para o Ensino Fundamental: O desafio que se apresenta é o de identificar, dentro de cada um desses vastos campos, de um lado, quais conhecimentos, compe- tências, hábitos e valores são socialmente relevantes; de outro, em que medida contribuem para o desenvolvimento intelectual do alu- no, ou seja, na construção e coordenação do pensamento lógico- -matemático, da criatividade, da intuição, da capacidade de análise e de crítica, que constituem esquemas lógicos de referência para interpretar fatos e fenômenos (BRASIL, 1997, p. 53). Se você já tem alguma noção sobre esse assunto, esta obra será uma boa oportunidade para aprofundar ainda mais seu conhe- cimento, trocando experiências por meio da Sala de Aula Virtual. Entretanto, se você não tem nenhuma noção, não se preocupe, pois os conteúdos que estudaremos vão auxiliá-lo nesta jornada. Desejamos a você sucesso nessa nova etapa do curso e es- peramos que interaja com seus colegas e tutor. Certamente, você gostará deste estudo, que tem muito a contribuir para sua forma- ção profissional. Para uma melhor reflexão sobre o ensino da Matemática nos dias de hoje e sua importância nesta obra, sugerimos a leitura do texto a seguir, no qual o autor fala qual Matemática deve ser aprendida nas escolas hoje: © Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I12 Que matemática deve ser aprendida nas escolas hoje? ––––– Ubiratan D’Ambrosio Ensinar Matemática nos dias de hoje não deixa de ser um desafio para o profes- sor, pois requer certos cuidados que antigamente não existiam. O grande desa- fio, segundo Ubiratan, que se apresenta para os educadores matemáticos é re- conhecer como o ensino da Matemática está inserido e contribuindo para alguns princípios maiores da educação, que são, segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 1948, três pontos: todos têm direito à educação, e a educação deve ser gratuita, ao menos nos estágios elementar e fundamental; • A educação elementar deve ser compulsória; • A educação deve ser dirigida para o desenvolvimento pleno da pessoa e para reforçar o respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. Deve promover compreensão, tolerância e amizade entre todas as nações, grupos raciais e religiosos, e deve fazer avançar os esforços para se alcançar a PAZ universal e duradoura. Esses princípios ou metas respondem a uma filosofia de educação muito dife- rente daquela que prevalecia em meados do século XIX, quando a grande parte dos conteúdos que ainda hoje são ensinados foram incorporados aos sistemas escolares. A educação não era para todos e os grandes objetivos dos sistemas educacionais visavam à consolidação de uma elite dominante. A grande maioria da população mundial vivia sob o regime colonial ou em subordinação quase- -colonial. Os programas de Matemática respondiam a essa situação. O Brasil não era exceção. Uma rápida análise da história dos currículos de Matemática no Brasil confirma isso. A partir da década de 50, deu-se início a um importante processo de expansão na educação brasileira. Hoje podemos dizer que há possibilidade de termos to- das as crianças na Educação Básica, 1ª a 4ª séries do Ensino Fundamental, somando-se à oferta de vagas das escolas públicas e gratuitas as vagas ofere- cidas pelas escolas pagas. Mas não basta colocar todas as crianças na escola se insistirmos em programas e conteúdos defasados e obsoletos, em grande parte inútil e desinteressante. Esses conteúdos foram introduzidos nos sistemas escolares com outros objetivos, e baseados em conhecimento muito limitado, que prevaleciam no século XIX e grande parte do século XX, sobre como se dá a aprendizagem e sobre a própria natureza da Matemática. Os objetivos que prevaleciam no século XIX e em grande parte do século XX so- licitavam modelos de avaliação baseados na retenção dos conteúdos ensinados. Lamentavelmente, esses modelos ainda prevalecem. Ainda se aplicam provas e testes, com resultados de aprovar ou reprovar, embora esses resultados sejam maquiados com muitos outros nomes. Um discurso de qualidade, importado dos modelos empresariais e de produção, e que pouco tem a ver com educação, é estimulado por sistemas de provas e "provões" e vestibulares. O prejuízo desse modelo de avaliação é incalculável. Pode causar evasão, frustração de alunos, pais e professores, e tem pouco efeito no grande objetivo de se atingir uma edu- cação de qualidade, no sentido que mencionei acima. Uma avaliação adequada deve ser focalizada no aluno como indivíduo, anali- sando e chamando atenção para seus erros, com muito cuidado para evitar sua humilhação perante os colegas e o seu desencanto com a sua própria aprendiza- gem. A avaliação é o grande auxiliar do professor para orientar sua ação pedagó- 13 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo gica. Permite motivar adequadamente os alunos e definir quais os conteúdos que melhor se adaptam aos interesses deles. Mas isso exige que o professor deixe de cobrar retenção de conteúdos e se liberte da idéia falsa que o programa deve ser cumprido integralmente e na ordem estabelecida. Por exemplo, não é necessário completar o estudo de inteiros para só então co- meçar a falar de frações. As frações mais simples despertam muito interesse nas crianças. Nas séries iniciais, deve-se falar em números ou em frações de forma concreta. Frações devem ser tratadas como um atributo quantitativo, assim como os números são atributos quantitativos de um conjunto de objetos. As operações não necessitamserem apreendidas em toda a generalidade, e deve-se fazer, desde cedo, ampla utilização de calculadoras. Não se pode separar Aritmética e Geometria. Do mesmo modo que a Aritmética, as noções de Geometria devem ser iniciadas logo nas primeiras séries, também de forma concreta. Familiaridade com as figuras planas e com as formas espa- ciais deve ser preliminar a toda reflexão sobre as propriedades geométricas, tais como as medidas e as relações de dimensão em geral, como a área, o volume e o perímetro, de figuras e formas. Ao se estudar essas propriedades, a Geometria espacial é mais acessível às crianças que a Geometria plana. Deve-se, desde cedo, fazer utilização de instrumentos de medida, como régua, compasso, bar- bantes e cordas. Por exemplo, vamos fazer a medida da largura da mesa a partir de canudinhos de refresco. Mas por que não podemos fazer isso com palmos? Deve-se desenvolver o conceito de um acordo estabelecido por um grupo de indivíduos sobre que padrão será adotado para medições. Na verdade, medidas é uma ampliação dos instrumentos comunicativos. Não só a linguagem serve como comunicação, mas também as quantificações de atributos de objetos ser- vem para comunicação. Assim nasceram os sistemas de numeração e o sistema métrico. Desde as primeiras séries, a evolução da Matemática ao longo da história da humanidade, como, por exemplo, os aspectos destacados acima – sistemas de numeração e de medida – deve ocupar uma parte das aulas de Matemática. A Matemática é parte integrante, de fato essencial, na evolução da humanidade. Isso deve ser destacado, dando especial atenção ao fato de diferentes culturas terem feito diferentes opções para organizarem seus sistemas de numeração e de medidas. Não há razão para ênfase no ensino de operações com inteiros, pois as cal- culadoras são partes do cotidiano de toda sociedade. Não há fundamentação convincente sobre as vantagens da chamada APL [Aritmética com papel e lápis]. Igualmente, as operações com frações dificilmente têm justificativa para conti- nuarem a ser ensinadas. Muitos perguntam: mas, então, deve-se deixar de lado o ensino de frações? Não. Conceituadas como razão de duas grandezas, elas são muito importantes. Mas o objeto fração, com o qual se realizam operações, tem nenhuma importância. Re- comenda-se muita importância a razões e proporções, que infelizmente têm sido ofuscadas pelas operações com frações. E, portanto, muita importância para a regra de três, que, com a utilização de uma calculadora, tem enormes possibili- dades de ajudar na solução e análise de situações reais. Isso vai muito além da resolução de problemas. O que queremos é desenvolver a capacidade de lidar com situações novas, que dão origem a problemas. A formulação de problemas pelos alunos, a partir de uma situação nova, é muitíssimo mais importante que a resolução de problemas dados pelo professor. O equivalente geométrico a situa- © Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I14 ções novas são as representações da realidade concreta [modelos] e da realida- de imaginária [arte]. Artes e modelagem é o melhor enfoque para a iniciação à Geometria. As artes dão grandes oportunidades de desenvolver a criatividade e a inventividade das crianças. Os modelos procuram entender e analisar situações da realidade concreta. A familiaridade com o tratamento aritmético e geométrico de representações do real concreto e do real imaginário é o principal objetivo da educação matemática nas primeiras séries do Ensino Fundamental (adaptado do site disponível em: <http://vello.sites.uol.com.br/aprendida.htm>. Acesso em: 26 jun. 2010). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Após a leitura desse texto e desta introdução aos conceitos principais desta obra, apresentamos a seguir, no Tópico Orienta- ções para Estudo, algumas orientações de caráter motivacional, dicas e estratégias de aprendizagem que poderão facilitar o seu estudo. 2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO Abordagem Geral Neste tópico, apresentamos uma visão geral do que será es- tudado nesta obra. Aqui, você entrará em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportu- nidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o co- nhecimento básico necessário a partir do qual você possa cons- truir um referencial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no futuro exercício de sua profissão, você a exerça com competência cognitiva, ética e responsabilidade social. Vamos começar nossa aventura pela apresentação das ideias e dos princípios básicos que fundamentam este estudo. A obra Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I levará você a conhecer o que os Parâmetros Curriculares Nacionais e os autores consagrados trazem sobre o ensino da Matemática, refletindo sobre pontos importantes, como: 1) Qual a importância de ensinar Matemática? 15 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo 2) Qual a forma mais adequada de ensinar Matemática nos dias de hoje? 3) Quais os conteúdos que devem ser ensinados ao público de alunos que temos hoje? 4) Quais são as metodologias ou métodos de ensino para o aprendizado de Matemática? 5) Quais os motivos que levam os alunos a terem aversão à Matemática? 6) Como avaliar o aluno de forma adequada? 7) Será que é importante utilizar caminhos diferentes do tradicional e materiais didáticos diversos, como por exemplo, jogos, resolução de problemas, História da Matemática, Tecnologia da Informação e Comunicação etc.? 8) Os alunos, de modo geral, querem saber o porquê da ne- cessidade do estudo da Matemática em suas vidas. Por isso, o professor deve estar preparado para tais questio- namentos, mostrando ao aluno que a Matemática não foi feita para atormentá-lo, mas, sim, para ajudá-lo em sua vida. 9) Assim, o professor precisa constantemente buscar novas formas de ensinar a Matemática para que seus alunos se sintam motivados a aprendê-la, e, consequentemente, sejam bem-sucedidos no estudo dessa disciplina. 10) No decorrer de nossos estudos, veremos que o educador deve buscar outros meios de ensinar, como, por exem- plo, jogos, revistas, leituras, resolução de problemas, histórias, desafios, tratamento da informação e comu- nicação etc., lembrando sempre que os livros didáticos (que, muitas vezes, trazem conteúdos de qualidade insa- tisfatória) são importantes, mas não devem ser a única "ferramenta" de trabalho do professor de Matemática. Na Unidade 1, faremos uma abordagem geral sobre como o professor pode adquirir a formação de "professor responsável", atuante e comprometido com um ensino de qualidade, refletindo sobre a prática de ensinar Matemática tendo em vista as discus- sões acerca do papel desse ensino, no currículo do Ensino Funda- © Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I16 mental. Será importante, também, identificar e refletir quais são os objetivos gerais da Matemática para o Ensino Fundamental nas séries iniciais. Você terá a oportunidade, na Unidade 2, de compreender a História da Matemática como uma proposta de trabalho para o ciclo I. Entenderá a resolução de problemas como eixo articulador do ensino da Matemática e refletirá sobre a importância dos jogos educativos no processo de ensino e aprendizagem das crianças das séries iniciais, utilizando as tecnologias de informação como pro- posta de trabalho para a Matemática no Ensino Fundamental. Já a Unidade 3 trará uma análise e discussão sobre os objeti- vos e os conteúdos propostos para o Ensino Fundamental, segun- do o PCN, no que diz respeito aos números. Veremos a importân- cia dos conhecimentos prévios dos alunos, construídos dentro e fora do ambiente escolar, considerando a construção de escritas numéricas como exemplo. Analisaremos as propostas de trabalho que têm como finalidade a construção do conceito de número na- tural, assim como discutiremos a importânciade valorizar os er- ros dos alunos, buscando, nesses erros, caminhos que levam ao acerto. Finalizaremos essa unidade mostrando como valorizar as tentativas, as estratégias pessoais e a lógica que cada aluno utiliza para encontrar uma solução. Apresentaremos, na Unidade 4, propostas de trabalho que terão como finalidade facilitar o trabalho do professor e do aluno com relação às operações de adição, subtração, multiplicação e divisão. Discutiremos a importância do Cálculo Mental e da diver- sificação que o professor deve ter ao trabalhar as atividades pro- postas, dando ênfase ao raciocínio e à forma como a criança faz seus registros. No decorrer da Unidade 5, refletiremos sobre o ensino de Geometria nas quatro primeiras séries do Ensino Fundamental, compreendendo e identificando como acontece a construção das relações espaciais pelas crianças e refletindo, também, sobre a sua 17 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo prática quanto ao ensino da Geometria. Nessa unidade, veremos, ainda, a importância do ensino das grandezas e medidas nos ci- clos do Ensino Fundamental. Faremos, por fim, uma reflexão sobre os diversos conceitos de grandezas, seus processos de medição e suas implicações pedagógicas. Com essas unidades, esperamos ajudar você na sua cami- nhada ao elaborar e projetar suas aulas de Matemática, de modo que possa trabalhar de forma diversificada e atraente, lembrando, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997 p. 56), que a Matemática é: • um componente importante na construção da cidadania, na medida em que possibilita ao aluno apropriar-se de conheci- mentos científicos e tecnológicos, cada vez mais utilizados na sociedade atual; • uma atividade que tem por base a análise e a reflexão e, portan- to, pode capacitar o aluno a resolver problemas, a compreen- der e transformar a própria realidade; • um dos meios que possibilita ao aluno falar e escrever com re- presentações gráficas, desenhos, construções, esquemas, tabe- las, além de organizar e tratar dados da realidade. Sabemos que há a necessidade urgente de propostas inova- doras no ensino da Matemática; portanto, você, futuro educador, deve estar aberto às novas maneiras e métodos de ensinar essa disciplina. Para ajudá-lo nessa reflexão, leia, a seguir, o texto do educa- dor e professor Ubiratan D´Ambrosio (2011). Essa leitura ajudará você a repensar no ensino da Matemática nos dias de hoje. Por que se ensina Matemática? ––––––––––––––––––––––––– Essa é uma questão que todos nós professores devemos fazer. Por que se ensi- na Matemática? Se essa questão ficar clara para nós educadores, também ficará clara para nossos alunos. Veja o que diz Ubiratan D´Ambrosio (2011) sobre esse assunto. Ao abordar essa questão, estaremos necessariamente falando da inserção da Matemática no currículo e na prática docente. Há dois aspectos igualmente importantes apontados como objetivos da Educação Matemática: ser parte da educação geral, preparando o © Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I18 indivíduo para a cidadania, e servir de base para uma carreira em ciência e tecnologia. Ambos são igualmente necessários e, obvia- mente, vinculados. Mas com preocupação vejo que nem um desses dois objetivos vem sendo satisfatoriamente contemplado. E há um risco de desa- parecimento da Matemática, como vem sendo praticada atualmen- te no currículo, como disciplina autônoma dos sistemas escolares, pois ela se mostra, na sua maior parte, obsoleta, inútil e desinte- ressante. Ambos os aspectos mencionados acima devem contemplar o co- nhecimento matemático atual, como ele se manifesta no dia-a-dia e na ciência e tecnologia do momento. Mas o professor parece fo- calizar sua atenção numa espécie de romantismo matemático, en- sinando coisas que podem ter sido interessantes e úteis em outros tempos, mas que hoje estão desvinculadas do cotidiano. Para não dar a impressão, falsa, que só estou pensando no aspecto utilitário da Matemática, lembro que as formas de arte hoje atrativas para os jovens têm grande relação com Matemática, mas outra matemática. O importante relacionamento de Arte e Matemática não se faz com as músicas que eram populares no século XIX, valsas e minuetos, nem com pintura, escultura, arquitetura e literatura dessa época. A arte do século XXI para os jovens do século XXI está intimamente relacionada com a matemática do século XXI, que é muito diferen- te da matemática do século XIX. Mas, nas escolas, não se ensi- na matemática do século XXI e se ensina muito mal a matemática que está nos programas tradicionais, que é do século XIX. Mas não adianta ensinar bem, pois os alunos não se interessam por isso. A não ser se fizéssemos a matemática como história da cultura, o que é válido, mas não basta para atingir os objetivos da educação. QUESTÃO: Professor faça um retrospecto sobre quais eram seus principais interesses quando você tinha a idade de seus alunos atuais. Procure lembrar como se organizava um dia típico nessa idade (desde a hora de acordar até ir dormir). Esse comentário de Ubiratan D´Ambrosio mostra claramente e nos faz refletir sobre o fato de que a Matemática é ensinada de forma errada e desvinculada do cotidiano do aluno. A Matemática ensinada em tempos anteriores não pode e não deve ser a mesma ensinada nos dias de hoje. Portanto, devemos fazer uma reci- clagem de nossos pensamentos e métodos de ensino, levando em consideração quais são os verdadeiros interesses do aluno quanto à Matemática. Depois dessa reflexão, vamos pensar quais são os objetivos da educação, qual a diferença entre professor e educador, qual é realmente a missão do professor e como se deve ensinar de forma correta e prazerosa. Continuemos com os questionamentos de Ubiratan: Preliminarmente, faço a pergunta: o que é um educador? Qual a 19 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo diferença entre um professor e um educador? Professor é aquele que professa ou ensina uma ciência, uma religião, uma arte, uma técnica, uma disciplina. Educador é aquele que promove a educa- ção integral do ser humano. A missão do professor não é usar sua condição de professar ou ensinar uma disciplina para fazer proselitismo, isto é, converter os alunos para a sua disciplina, mas sim usar sua disciplina como ins- trumento para atingir os objetivos maiores da Educação. Em outros termos, subordinar sua disciplina, isto é, o currículo, particularmen- te, os conteúdos, a objetivos maiores. Pergunta-se então: quais são esses objetivos maiores? Dou a res- posta em termos de uma definição de educação. Educação é a estratégia desenvolvida pelas sociedades para: (i) possibilitar a cada indivíduo atingir seu potencial criativo, e (ii) estimular e facilitar a ação comum, com vistas a viver em socie- dade, exercitando a cidadania plena. O grande desafio é a escolha de conteúdos e métodos que res- pondam a esses objetivos. A História nos ensina que os conteúdos matemáticos sempre foram propostos como resposta aos objetivos da educação da época. Isto é, são sempre contextualizados no espaço e no tempo, utilizando as metodologias disponíveis no mo- mento. Surge, naturalmente, outra pergunta: como contextualizar a mate- mática? Essas duas questões estão sintetizadas no trinômio por que ensinar, o que ensinar, como ensinar, origem dos estudos sobre currículo. Insisto no princípio básico de ancorar a prática educativa nos ob- jetivos maiores da educação, que são essencialmente responder aos anseios do indivíduo e prepará-lo para a vida em sociedade, isto é, para a cidadania. O grande desafio é, portanto, combinar o individual e o social. Não priorizar um sobre o outro, mas tratá-los como dois aspectos do comportamento humano, não excludentes, mas mutuamente essenciais. Talvez esse seja um dos temas mais fascinantes no estudo da condição humana, isto é, conciliar o indi- vidual e o social. QUESTÃO: Professor,você concorda com esses objetivos maiores da educação? Se respondeu sim, diga como a matemática pode se enquadrar nesses objetivos. Se respondeu não, proponha outros objetivos e justifique como a matemática responde a eles. É importante que você reflita sobre a questão exposta por Ubiratan, pois será instiga- do a buscar outras formas interessantes de ensinar a Matemática para seus alunos. © Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I20 Como vimos, devemos conciliar Matemática com o presente, o individual, o social, preparando nossos alunos para a vida em sociedade, ou seja, para a cidadania. Mas não vamos parar por aqui, certo? Vamos agora tentar responder à principal pergunta, que é: por que ensinar Matemática? Como podemos fazer isso? Ob- serve o que diz Ubiratan D´Ambrosio: Por que ensinar Matemática? A Matemática comparece como disciplina obrigatória e dominante em todos os currículos de Ensino Fundamental e Médio, em todos os sistemas escolares. A pergunta que todos deveriam fazer é "Por quê?". Muitos fazem essa pergunta. E respondem de várias maneiras: • Porque Matemática é importante para o dia-a-dia e sem Mate- mática não podemos viver no mundo moderno. • Porque Matemática ajuda a pensar melhor e desenvolve o ra- ciocínio. • Porque Matemática está em tudo. É a matéria mais importante, que rege a vida das pessoas. E assim por diante. A questão "Por quê?" deveria estar permanen- temente presente na prática docente. Uma pesquisa sempre inte- ressante, mesmo que já tenha sido feita inúmeras vezes, é sentir a opinião do professor, do profissional, do jovem, do indivíduo comum, sobre essa questão básica. Isto seria um excelente tema para uma pesquisa. E tenho certeza que notaríamos respostas atreladas a mi- tos e crenças, sem nenhuma capacidade de explicação convincente por parte dos entrevistados. Cabe aqui uma pequena metáfora: Um grupo de cientistas e pesquisadores colocou cinco macacos numa jaula. No meio, uma escada e no alto da escada um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para pegar as ba- nanas, um jato de água fria era jogado nos que estavam no chão. Depois de um certo tempo, quando um macaco subia a escada para pegar as bananas, os outros que estavam no chão o pegavam e en- chiam de pancada. Com mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas. O jato de água fria tornou-se desnecessário. Então substituíram um dos macacos por um novo. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo retirado pelos outros que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não subia mais a escada. Um segundo substituto foi colocado na jaula e o mesmo ocorreu com este, tendo o primeiro substituto participado com entusiasmo na surra ao nova- to. Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu. Um quarto e afinal o último dos cinco integrantes iniciais foi substituído. Os pesquisado- res tinham, então, cinco macacos na jaula que, mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse pegar as bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles por- 21 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo que eles batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza, dentre as respostas, a mais freqüente seria: "Não sei, mas as coisas sempre foram assim por aqui." Com preocupação percebo que a resposta à pesquisa proposta, se aprofundada, seria como a dos macaquinhos! E com muito maior preocupação acredito que também professores de matemática e formadores de futuros professores teriam a mesma resposta. E ain- da mais grave é o fato de não haver outra resposta: o programa é esse porque...sempre foi esse! Por isso, vejo o risco de desaparecimento da Matemática como disciplina autônoma dos sistemas escolares. Mas, repito o que disse acima neste trabalho, se ela continuar a ser ensinada da maneira como vem sendo, isto é, obsoleta, inútil e desinteressante. Se ela for renovada e atualizada, ela estará com muito vigor nos sistemas escolares, pois a matemática é a espinha dorsal da sociedade. Mas, repito, não a matemática dos progra- mas atuais. Os testes revelam uma queda livre do rendimento da mate- mática e não há como reverter essa tendência. Vou elaborar sobre isso. QUESTÃO: Professor faça um elenco das razões que você considera vá- lidas para ensinar matemática. Em seguida, examine, para cada item do programa [ponto, na linguagem tradicional!], como cada uma das razões apontadas por você está presente nesse ponto. Aí está mais uma questão fundamental para nosso aprofundamento. Será que conseguimos respondê-la? Será que sabemos quais são, de fato, as razões que consideramos válidas para ensinar Matemática? Pense nisso! E, agora, para finalizar nossas reflexões, vamos pensar no currículo. Veja o que diz Ubiratan: Repensar o currículo Tenho me referido com freqüência ao Ensino Fundamental, propondo um novo trivium, organizado em instrumentar o aluno para viver na sociedade moderna, através de três vertentes: Instrumentos comunicativos: é a capacidade de processar informação escrita, o que inclui leitura, escritura e cálculo, na vida quotidiana. Instrumentos analíticos: é a capacidade de interpretar e manejar sinais e códigos e de propor e utilizar modelos na vida quotidiana. Instrumentos tecnológicos: é a capacidade de usar e combinar instru- mentos, simples ou complexos, avaliando suas possibilidades e suas limi- tações e a sua adequação a necessidades e situações diversas. Não se trata apenas de apreender técnicas, mas o importante é que o espírito crítico esteja permeando a prática. Essa proposta facilita a abor- dagem dos Temas Transversais, propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Os Temas Transversais sintetizam, a meu ver, o objetivo mais importante dos 1°, 2° e 3° graus. E o trivium proposto acima é fundamen- tal para a abordagem dos Temas Transversais. © Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I22 A prioridade não pode ficar em ensinar uma disciplina pela disciplina, jus- tificada dizendo-se que aquilo que consta dos programas será útil para algo. Acredito que uma boa formação de professores e de profissionais, alertas para os avanços científicos e tecnológicos, é essencial para que as escolas sobrevivam. Particularmente importante é o caso da Matemática. Há grande neces- sidade de uma matemática atual. Se os Educadores Matemáticos não assumirem seu ensino, este será feito por outros e a Matemática será incorporada a outras disciplinas e perderá seu caráter de disciplina autô- noma no currículo do futuro. Você pode estar se perguntando: essa não é uma questão preocupante? De- vemos ter consciência de que nosso papel nesse processo é importante. Não podemos ignorar essa observação e deixar que a Matemática perca seu caráter de disciplina autônoma! Isso é verdade na vida profissional. Aceita-se que a matemática é essen- cial para o sistema de produção, mas tolera-se que a matemática seja inacessível para aqueles que produzem. Este é um dos principais fatores de desigualdade social. Na entrevista gravada que deu para o Oitavo Congresso Internacional de Educação Matemática, Paulo Freire diz: "eu acho que uma preocupação fundamental, não apenas dos matemá- ticos, mas de todos nós, sobretudo dos educadores, a quem cabe certas decifrações do mundo, eu acho que uma das grandes preocupações deveria ser essa: a de propor aos jovens, estudantes, alunos homens do campo, que antes e ao mesmo em que descobrem que 4 por 4 são 16, descobrem também que há uma forma matemática de estar no mundo. Eu dizia outro dia aos alunos que quando a gente desperta, já cami- nhando para o banheiro, a gente já começa a fazer cálculos matemáti- cos. Quando a gente olha o relógio, por exemplo, a gente já estabelece a quantidade de minutos que a gente tem para, se acordou mais cedo, se acordou mais tarde, para saber exatamente a hora em que vai chegar à cozinha, que vai tomar o caféda manhã, a hora que vai chegar o carro que vai nos levar ao seminário, para chegar às oito. Quer dizer, ao des- pertar os primeiros movimentos, lá dentro do quarto, são movimentos matematicizados. Para mim essa deveria ser uma das preocupações, a de mostrar a naturalidade do exercício matemático. Lamentavelmen- te, o que a gente vem fazendo, e eu sou um brasileiro que paga, paga caro... Eu não tenho dúvida nenhuma que dentro de mim há escondido um matemático que não teve chance de acordar, e eu vou morrer sem ter despertado esse matemático, que talvez pudesse ter sido bom. Bem, uma coisa eu acho, que se esse matemático que existe dormindo em mim tivesse despertado, de uma coisa eu estou certo, ele seria um bom professor de matemática. Mas não houve isso, não ocorreu, e eu pago hoje muito caro, porque na minha geração de brasileiras e brasileiros lá no Nordeste, quando a gente falava em matemática, era um negócio para deuses ou gênios. Se fazia uma concessão para o sujeito genial 23 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo que podia fazer matemática sem ser deus. E com isso, quantas inte- ligências críticas, quantas curiosidades, quantos indagadores, quanta capacidade abstrativa para poder ser concreta, perdemos. Eu acho que, nesse congresso, uma das coisas que eu faria era não um apelo, mas eu diria aos congressistas, professores de matemática de várias partes do mundo, que ao mesmo tempo em que ensinam que 4 vezes 4 são 16 ou raiz quadrada e isso e aquilo outro, despertem os alunos para que se assumam como matemáticos". A mistificação do saber matemático, reforçado pelos testes e exames ro- tineiros, é a maior causa de se negar, ao povo, o importante instrumento de crítica proporcionado pela matemática. Os testes e exames, ao mesmo tempo em que negam à grande maioria da população o acesso à cidadania plena, tampouco estimulam o indi- víduo a realizar todo o seu potencial criativo. Assim, nenhum dos dois objetivos maiores da educação é atingido. E quanto ao uso da tecnologia e de instrumentos comunicativos? Será que a utilização desses recursos leva o aluno a se interessar mais pela Matemática? Como os instrumentos comunicativos, analíticos e tecnológicos respondem aos objetivos maiores da educação? Calculadoras, computadores e uma nova matemática Com a disponibilidade das calculadoras e dos computadores, o ensino da Matemática deve mudar radicalmente de orientação. Lamentavelmente, ainda permanece a insistência em ensinar "rigorosamente" como fazer operações e resolver equações. Não é de estranhar o desencanto cada vez maior dos alunos com a matemática. O mesmo se pode dizer sobre a Física, a Química e, praticamente, todas as disciplinas tradicionais. É interessante notar que Rui Lopes Viana Filho, o "garotão nota 10" que obteve uma medalha de ouro na 39ª Olimpíada Internacional de Matemá- tica, diz que: "Se me pedirem para fazer uma multiplicação de números na casa de milhões ou bilhões, terei muita dificuldade e provavelmente errarei. Isso é coisa de máquina, função de uma boa calculadora ou de um computador. As pessoas acham que o bom matemático é aquele sabe fazer contas mirabolantes. Não é verdade. Em geral, os melhores matemáticos têm aversão a esse tipo de operação. A maioria dos gênios calculistas são autistas ou débeis mentais." Os alunos estão aprendendo mal os programas tradicionais. Mas isso não faz falta. O mais grave é que não estejam aprendendo coisas realmente importantes nos cursos de matemática. Insistir no inútil, desinteressante e obsoleto esgota o tempo e a energia do aluno, e prejudica, até impede, o aprendizado de coisas úteis, interessantes e modernas, essenciais para viver na sociedade moderna. Quase todos os nossos currículos, em todos os graus de ensino, igno- ram os avanços das últimas décadas. Com o argumento falso que é © Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I24 necessário uma base clássica para se entender o que é novo, tem se insistido numa pedagogia que eu chamo propedêutica, na qual se está, permanentemente, preparando para estudos seguintes. Seria importante desenvolver uma pedagogia em direção contrária, parecida com o que os pós-modernistas chamam desconstrução quando tratam da análise literária. A estratégia é deixar a mente "brincar" com pressuposições e in- tertextualidade. Curioso que meus colegas da área de computação usam o termo "brincar" para se referir à maneira mais praticada de adquirir do- mínio do computador. Isso em matemática é possível. Um exemplo muito intrigante é o curso de Física lecionado por Richard P. Feynman, um dos mais destacados físicos do século. O seu curso básico, para calouros da universidade, dispensa pré-requisitos matemáticos. É um curso difícil. Feynman observa, no Prefácio, sobre sua experiência em ensinar cursos tradicionais: "Os alunos ouviram muito sobre quão interessante e desafiador é a Física – a teoria da relatividade, mecânica quântica, e outras idéias modernas. No fim de dois anos [no curso tradicional], os estudantes ficavam desen- corajados, pois havia poucas idéias grandes, novas, modernas apresen- tadas para eles. Eles eram obrigados a estudar planos inclinados, eletros- tática, e assim por diante, e depois de dois anos estavam absolutamente emburrados". Claro, Feynman está se referindo aos cursos universitários. Mas a situa- ção é ainda mais grave no ensino fundamental e médio. O desencanto dos alunos com os cursos é o maior empecilho ao seu rendimento na escola. A razão pela qual menciono essa experiência é que Feynman desenvolve, à medida que o curso avança, toda a matemática necessária, sempre fazendo referência ao porque tal e qual teoria surgiu. A matemática vai sendo desenvolvida à medida que se faz necessária. O mesmo pode ser feito através de um novo enfoque à resolução de problemas. A modela- gem é o melhor exemplo desse enfoque. Vale ressaltar que a resolução de problemas de ensino será discutida no de- correr de nossos estudos. Veremos que essa forma é vista hoje como uma das melhores maneiras de unir a Matemática com o cotidiano do aluno. Pense nisso! Gosto de repetir um problema que pode ser usado em todos os níveis de escolaridade. Mapear o trajeto da casa para a escola. Perguntas como: Qual a representação gráfica do trajeto? Quanto tempo para percorrê-lo? Qual é a distância percorrida? Qual a velocidade do percurso? Como en- contrar trajetos alternativos? Que critérios usar para decidir entre vários trajetos possíveis? Não vejo outro exemplo tão simples para trabalhar espaço e tempo, medidas e operações aritméticas. Sobretudo tendo uma calculadora. 25 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo Sobretudo tendo uma calculadora... que já temos! Uma vez aceita a calculadora sem restrições, estaria desfeito o nó górdio da Educação Matemática. Isto porque a calculadora sintetiza, na matemá- tica, as grandes transformações de nossa era e a entrada de uma nova tecnologia em todos os setores da sociedade. Basta lembrar que, com a adoção do sistema de numeração indo-arábico na Europa, no século XIII, abriu-se toda uma nova organização mercantil. E dificilmente Newton teria avançado tanto sem as novas possibilidades que a invenção dos decimais e dos logaritmos abriu para os cálculos. Não consigo entender por que razão a calculadora ainda não se incor- porou integralmente à matemática escolar. Alguns admitem o uso das calculadoras, mas... E por conta desse "mas" vêm as restrições, todas baseadas em idéias falsas, verdadeiros mitos na Educação Matemática. A incorporação de toda a tecnologia disponível no mundo de hoje é essencial para tornar a Matemática uma ciência de hoje. Duas sugestões que podem tornar a Matemática uma disciplina apreciada e útil na escola: 1) integrar a Matemática no mundo moderno, discutindo e analisando os problemas maiores da humanidade; 2) recuperar o lúdico na Matemática. De outra maneira, aMatemática poderá encontrar seu fim nos currículos escolares. QUESTÃO: Reflita sobre quantas vezes num dia você utiliza uma calcu- ladora ou algum instrumento que se assemelha a uma calculadora [tele- fone, controle remoto, painel de elevador, e tantos outros] (D’AMBROSIO, 2011). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Terminamos nossa reflexão e percebemos, com ela, que muito tem de ser mudado e repensado no ensino da Matemáti- ca. Portanto, futuro professor, cabe a cada um de nós, educadores matemáticos, buscar formas interessantes de ensinar que estejam ligadas ao cotidiano do aluno. No decorrer dos nossos estudos, você terá a oportunidade de refletir sobre esses questionamentos, mas é importante que busque pesquisar e, assim, formar sua própria opinião para ser um excelente professor nessa área. © Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I26 Glossário de Conceitos O Glossário de Conceitos permite a você uma consulta rápi- da e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de co- nhecimento dos temas tratados na obra Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I. Veja, a seguir, a definição dos princi- pais conceitos: 1) Epistemologia: conjunto de conhecimentos que têm por objetivo o conhecimento científico, visando explicar os seus condicionamentos (sejam eles técnicos, históricos, ou sociais, sejam lógicos, matemáticos, ou linguísticos), sistematizar as suas relações, esclarecer os seus vínculos e avaliar os seus resultados e aplicações (DICIONÁRIO ELETRÔNICO AURÉLIO). 2) Estatística: "disciplina de Matemática que trata das for- mas de coletar, organizar, representar, analisar e inter- pretar os dados de um estudo" (COLL; TEBEROSKY, 2000, p. 235). 3) Geoplano: "é um pedaço de madeira, de forma quadra- da, com vários pregos cravados, à meia altura, formando um quadriculado. É importante ressaltar que a distância de um prego para outro, tanto na horizontal quanto na vertical, é a mesma. O Geoplano é um recurso utiliza- do para auxiliar os professores no trabalho com figuras e formas geométricas planas. No Geoplano, pode ser trabalhado o conceito de medida, de vértice, de aresta, de lado, de simetria, área, perímetro, multiplicação nas séries iniciais, entre outros. Nele formam-se polígonos variados, cujas áreas e perímetros podem ser calcula- dos. É um grande material no auxílio aos professores. Os polígonos são formados por borrachinhas. Hoje em dia, com o auxílio de recursos computacionais, foi criado um software do Geoplano. É mais uma forma de interação da máquina com o homem em benefício da construção de conceitos matemáticos" (SCRIBD, 2011). 4) Heurística: "arte de inventar, de fazer descobertas; ciên- cia que tem por objeto a descoberta dos fatos; ramo da 27 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo História voltado à pesquisa de fontes e documentos; mé- todo de investigação baseado na aproximação progres- siva de um dado problema; método educacional que consiste em fazer descobrir pelo aluno o que se lhe quer ensinar" (HOUAISS, 2011). Esquema dos Conceitos-chave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignificando as informações a partir de suas próprias percepções. É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en- tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos de ensino. Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende-se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esque- mas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu conhecimen- to de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pedagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendizagem. Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es- colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es- tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. © Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I28 Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape- nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci- so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con- siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei- tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog- nitivas, outros serão também relembrados. Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor- nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe- cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele- cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon- ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2011). 29 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo P O R M E IO D E M E TO D O LO G IA S : H IS TÓ R IA D A M AT E M Á TI C A , J O G O S , R E S O LU Ç Ã O D E P R O B LE M A S E TC N Ú M ER O S E O PE R A Ç Õ ES ES PA Ç O E F O R M A G R A N D EZ A S E M ED ID A S TE C N O LO G IA D A IN FO R M A Ç Ã O JO G O S R ES O LU Ç Ã O D E PR O B LE M A S H IS TÓ R IA D A M AT EM Á TI C A TE C N O LO G IA D A IN FO R M A Ç Ã O E D C O M U N IC A Ç Ã O Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave de Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I. © Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I30 Como pode observar, esse Esquema oferece a você, como dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais im- portantes deste estudo. Ao segui-lo, será possível transitar entre os principais conceitos e descobrir o caminho para construir o seu pro- cesso de ensino-aprendizagem. Por exemplo, a Matemática utiliza os jogos como ferramenta no ensino de números e operações ou a resolução de problemas para estudar grandezas e medidas etc. Sem o domínio con ceitual desse processo explicitado pelo mapa, pode-se ter uma visão confusa do tratamento da temática do ensino de Matemática proposto em nossos estudos. O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien- te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza- das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co- nhecimento. Questões Autoavaliativas No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas. Responder, discutir e comentaressas questões, bem como relacioná-las com a prática do ensino de Pedagogia pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a re- solução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se preparando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional. As questões de múltipla escolha são as que têm como respos- ta apenas uma alternativa correta. Por sua vez, entendem-se por questões abertas objetivas as que se referem aos conteúdos 31 Claretiano - Centro Universitário © Caderno de Referência de Conteúdo matemáticos ou àqueles que exigem uma resposta determinada, inalterada. Já as questões abertas dissertativas obtêm por res- posta uma interpretação pessoal sobre o tema tratado; por isso, normalmente, não há nada relacionado a elas no item Gabarito. Você pode comentar suas respostas com o seu tutor ou com seus colegas de turma. Bibliografia Básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus estudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as biblio- grafias complementares. Figuras (ilustrações, quadros...) Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte- grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra- tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con- teúdos, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o con- ceitual faz parte de uma boa formação intelectual. Dicas (motivacionais) O estudo desta obra convida você a olhar, de forma mais apu- rada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao com- partilhar com outras pessoas aquilo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido percebido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. Você, como aluno dos Cursos de Graduação na modalidade EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri- © Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I32 mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas. É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode- rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ- ções científicas. Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure- cimento intelectual. Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores. Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a esta obra, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você. 3. E-REFERÊNCIA D’AMBROSIO, U. Porque ensinar matemática? Disponível em: <http://www.ciadaescola. com.br/eventos/reuniao2004/natureza/pos/por_que_se_ensina_matematica.pdf>. Acesso em: 27 jul. 2011. 1 EA D Introdução a Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I 1. OBJETIVOS • Responder às seguintes questões: Por que ensinar Mate- mática? Quais são as reais necessidades do aluno? Qual a melhor metodologia? Quais são os conteúdos essenciais? Por que a maior parte dos alunos não entende Matemá- tica? Por que é preciso ensinar Matemática nas séries ini- ciais do Ensino Fundamental? • Adquirir formação de professor responsável, atuante e comprometido com um ensino de qualidade, estabele- cendo contato com as mais recentes pesquisas na área da Matemática e na Educação Matemática. • Compreender sobre a prática de ensinar Matemática ante as discussões acerca do papel desta no currículo do Ensi- no Fundamental. • Identificar os objetivos gerais da Matemática para o En- sino Fundamental nas séries iniciais e refletir sobre eles. • Reconhecer os objetivos dos processos de avaliação da Matemática. "Os números são as regras dos seres e a Matemática é o Regulamento do Mundo" (SÓ MATEMÁTICA, 2011). © Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I34 Centro Universitário Claretiano 2. CONTEÚDO • Objetivos do ensino da Matemática para o Ciclo I do Ensi- no Fundamental. • Avaliação em Matemática. • Desafio de ensinar Matemática. • Matemática e cotidiano. • Por que ensinar Matemática nas séries iniciais? 3. ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE Antes de iniciar o estudo desta unidade, é importante que você leia as orientações a seguir: 1) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos expli- citados no Glossário e suas ligações pelo Esquema dos Conceitos-chave para o estudo de todas as unidades deste obra. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desempenho. 2) Lembre-se de que o ensino da Matemática deve ser atraente e dinâmico. Pesquise em livros ou na internet como ensinar Matemática nos dias de hoje e, se encon- trar algo interessante, disponibilize tal informação para seus colegas. Lembre-se de que você é o protagonista deste processo educativo. 3) Leia os livros da bibliografia indicada para que você am- plie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático e discuta a unidade com seus colegas e com o tutor. Recomendamos a você, futuro professor, o livro A criança e o número, da autora Constance Kamii, editado pela Papirus em 2003. 4) Para enriquecer os seus conhecimentos, é necessário que saiba que "os Parâmetros Curriculares Nacionais constituem referencial de qualidade para a educação no Ensino Fundamental em todo o país. Sua função é 35 Claretiano - Centro Universitário © U1 – Introdução a Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I orientar e garantir a coerência dos investimentos no sis- tema educacional, socializando discussões, pesquisas e recomendações, subsidiando a participação de técnicos e professores brasileiros, principalmente daqueles que se encontram mais isolados, com menor contato com a produção pedagógica atual" (BRASIL, 2008). Portanto, não deixe de consultar, com regularidade, os PCNs de Matemática, que estão disponíveis em: <http://portal. mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf >. Acesso em: 24 jan. 2008. Assim, você estará por dentro do que acon- tece com a educação em nossas escolas. 5) No decorre deste estudo, você poderá conhecer os obje- tivos gerais do ensino da Matemática e os objetivos es- pecíficos do primeiro ciclo (1ª e 2ª séries) e do segundo ciclo (3ª e 4ª séries) do Ensino Fundamental. 6) Para evitar confusão entre o sinal "x" e a icógnita da equação "x" é importante que não se esqueça de usar como sinal de multiplicação o ponto (.), e não o xis (x). 7) Antes de iniciar os estudos desta unidade, pode ser in- teressante conhecer um pouco da biografia dos pensa- dores cujo pensamento norteia o estudo desta unidade. Para saber mais, acesse os sites indicados. Ubiratan D´Ambrósio Doutor em Matemática e atual presidente da Holos-Brasil, Ubiratan D’Ambrósio é um dos maiores pesquisadores da visão holística em Ciências, Educação, História, Arte, Reli- gião e Filosofia. Membro do Conselho de Pugwash Confe- rence on Science and Word Affairs e presidente da Socie- dade Latino-Americanade História das Ciências e da Tec- nologia, foi também signatário das Declarações de Vene- za, de Dagomys e de Vancouver, e autor de aproximada- mente 200 obras, entre trabalhos e livros (imagem disponí- vel em: <www.emis.ams.org/journals/NNJ/EB-Dambrosio.html>. Acesso em: 20 out. 2010. Texto disponível em: <http://www.comciencia.br/entrevistas/ambrosio. htm>. Acesso em: 3 out. 2010). © Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I36 Pitágoras Pitágoras foi um filósofo e matemático grego que nasceu em Samos pelos anos de 571 a.C. e 570 a.C. e morreu, provavelmente, em 497 a.C. ou 496 a.C. em Metaponto. A sua biografia está envolta em lendas. Diz-se que o nome significa altar da Pítia ou o que foi anunciado pela Pítia, pois sua mãe, ao consultar a pitonisa, soube que a criança seria um ser excepcional. Pitágoras foi o fundador de uma escola de pensamento grega chamada em sua homenagem de pitagórica (ima- gem disponível em: <http://educacao.uol.com.br/biogra- fias/pitagoras.jhtm>. Acesso em: 11 fev. 2011. Texto disponível em: <http://www. auto-ajuda2.com.br/filosofiagrega.htm>. Acesso em: 3 out. 2010). 4. INTRODUÇÃO À UNIDADE Atualmente, sabemos o grande desafio que é ensinar Mate- mática em um mundo que está crescendo cada vez mais, tal qual a tecnologia. Dessa forma, os professores que vão trabalhar com Matemá- tica devem refletir sobre o ensino dessa disciplina, tendo em vista a futura atuação profissional de seus alunos. Você, possivelmente, em algum momento já se perguntou: 1) Quais os objetivos de ensinarmos Matemática? 2) O que realmente o aluno precisa aprender? 3) Qual é a melhor estratégia de trabalho? 4) Quais os conteúdos básicos para seu aprendizado? 5) Por que a maior parte dos alunos não entende Matemática? O estudo desta obra ajudará você a encontrar essas respos- tas e a construir uma outra visão sobre o ensino da Matemática, mais contextualizado, divertido e criativo. Segundo os PCNs – Matemática para o Ensino Fundamental: O ensino de Matemática costuma provocar duas sensações contra- ditórias, tanto por parte de quem ensina como por parte de quem aprende: de um lado, a constatação de que se trata de uma área de conhecimento importante; de outro, a insatisfação diante dos resultados negativos obtidos com muita freqüência em relação à sua aprendizagem (BRASIL, 2011). 37 Claretiano - Centro Universitário © U1 – Introdução a Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I Com isso, observou-se a urgência em rever a forma de en- sinar a disciplina, os conteúdos, os objetivos e, principalmente, buscar novas formas e metodologias de ensino compatíveis com a formação que hoje a sociedade reclama. Não basta o professor conhecer apenas o conteúdo de Mate- mática a ser ensinado; ele precisa ter uma visão geral e ampla da es- trutura do currículo, conhecer bem os Parâmetros Curriculares Na- cionais de Matemática para o Ciclo I e entender as várias propostas de trabalho para a Matemática disponíveis hoje em dia, tais como: 1) História da Matemática. 2) Resolução de problemas. 3) Recurso do uso de jogos em sala de aula. 4) Introdução da Tecnologia da Informação. Para iniciar nosso estudo na obra Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I, vamos conhecer e refletir sobre o que ensinar em Matemática, quais são os conteúdos exigidos atual- mente, qual a finalidade deles, por que esses conteúdos precisam ser ensinados e, também, quais são os critérios para a avaliação. 5. O DESAFIO DE APRENDER E ENSINAR MATEMÁTICA Antes de iniciarmos este tópico, conheça uma atividade que você poderá realizar com seus alunos, estimulando o raciocínio deles: Número Mágico –––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Você conhece o número mágico? 1089 é conhecido como o número mágico. Veja por quê: Escolha qualquer número de três algarismos distintos: por exemplo, 875. Agora escreva este número de trás para frente e subtraia o menor do maior: 875 - 578 = 297 Agora inverta também esse resultado e faça a soma: 297 + 792 = 1089 (o número mágico) Aviso: lembramos que devem ser usados três dígitos no cálculo. Exemplo: 574 - 475 = 099 099 + 990 = 1089 (SÓ MATEMÁTICA, 2007). –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– © Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I38 A Matemática é um instrumento de leitura, análise, descrição, interpretação e compreensão do mundo, pois faz parte da cultura humana, de nossa realidade, tem sua dimensão histórica e não é, sob nenhum aspecto, um conhecimento acabado e imutável. Refletindo sobre esse contexto, de acordo com Halmensch- lager (2001, p. 13): O ensino da Matemática, em relação aos saberes escolares ofereci- dos aos estudantes, ao longo dos tempos, tem sido mera transmis- são de conhecimentos do professor ao estudante, apresentando terminologia própria e usando exemplos, muitas vezes irreais, que simplificam a situação examinada. Hoje ainda nos deparamos com um número muito grande de professores que ensinam Matemática como um conjunto de técni- cas, como se fosse um conhecimento pronto e acabado, transmi- tindo o conteúdo matemático de forma mecânica e acrítica. O ensino assim transmitido fica desvinculado da realidade do aluno, predominando a memorização de informações descon- textualizadas. Como assinala D´Ambrósio (in HALMENSCHLAGER, 2001, p. 15): Aprender não é o mero domínio de técnicas, de habilidades, nem a memorização de algumas explicações teóricas. Para o autor, a aprendizagem é entendida como [...] a capacidade de explicar, de aprender e compreender, de enfrentar criticamente situações no- vas. Partimos do pressuposto de que a aprendizagem só ocorre com base nos interesses, nas necessidades e nas particularidades dos alunos, considerando sempre sua bagagem cultural e social; só assim a Matemática terá sentido para eles. Além do processo de ensino e aprendizagem do aluno, é fundamental que o professor construa o seu próprio processo de aprendizagem. Dessa forma, a formação continuada do professor confere à Matemática um caráter inovador, visto que é uma ciên- cia que exige constantes reflexões, pois não há soluções perma- nentes. 39 Claretiano - Centro Universitário © U1 – Introdução a Fundamentos e Métodos do Ensino da Matemática I Segundo Nunes (2005, p. 11): [...] a ciência Matemática é um produto cultural, resultado de uma longa evolução, e está em contínuo desenvolvimento. Essa ciência precisa ser transformada em um currículo que possa ser ensinado, e esse currículo deve considerar o atual momento de desenvolvi- mento da Matemática. Conceitos e instrumentos Matemáticos que não existiam no século passado, mas existem hoje, não podem ser ignorados, devemos nos perguntar como e quando esses conceitos serão ensinados. Nesse contexto, o professor deixa de ser aquela figura que traz o conhecimento pronto e acabado e passa a fazer parte inte- grante do grupo de investigação. Esse professor prefere adotar um método mais intuitivo, in- dutivo, em que são respeitados os conhecimentos já construídos pelo aluno, ao mesmo tempo em que lhe são dadas oportunidades de realizar experiências, descobrir propriedades, estabelecer rela- ções entre elas, construir hipóteses e testá-las, chegando a deter- minado conceito. Os erros passam a ter um novo enfoque: são parte do pro- cesso de ensino e aprendizagem e devem ser explorados e utiliza- dos para gerar novos conhecimentos, apontando novos rumos na discussão dos problemas. Nessa perspectiva, o papel do professor é, então, o de fo- mentar discussões, valorizar as ideias que surgem de seus alunos e instigá-los a aprofundar a busca de soluções para os problemas apresentados, sempre de forma contextualizada. Vejamos como os PCNs descrevem a contextualização: [..] o conhecimento matemático formalizado precisa, necessaria- mente, ser transformado para se tornar passível de ser ensinado / aprendido; ou seja, a obra e o pensamento do matemático teórico não são passíveis de comunicação direta com o aluno. Essa
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