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AULA 1 FERRAMENTAS DE COACHING Prof. Giancarlo Leite 2 CONVERSA INICIAL As técnicas de apoio ao desenvolvimento de pessoas, incluindo o coaching & mentoring, cresceram significativamente nos últimos anos, como uma resposta à necessidade de desenvolvimento de competências e habilidades pessoais e profissionais, para fazer frente aos desafios e problemas impostos pelo mundo corporativo. A importância do coaching e do mentoring na vida das pessoas e das organizações reside no fato de que todos temos pontos a melhorar em nosso comportamento, quer estejamos conscientes disso ou não. Não apenas os profissionais de recursos humanos, os líderes ou os executivos são impactados e beneficiam-se dessas técnicas. Qualquer profissional ou indivíduo que se relaciona com outros pode-se utilizar dessas técnicas – tanto o coaching & mentoring quanto o counselling – para gerenciar conflitos, equipes e projetos, intermediar negociações, dar feedbacks. Nesse contexto, o objetivo desta disciplina é proporcionar uma reflexão que instrumentalize o aluno a compreender os benefícios e a estrutura dos programas de coaching & mentoring, não só nas organizações como fora delas. Para cumprir com sua finalidade, os assuntos estão estruturados em seis aulas integradas e inter-relacionadas, que incluem os seguintes tópicos: 1. Conceitos de coaching; 2. Diferenciando coaching; 3. Mentoring, counselling e outras técnicas de apoio; 4. Atores do processo individual e em equipes – coach e coachee; 5. Compreendendo a tipologia do coaching; 6. Diferenciando as abordagens de coaching & mentoring. CONTEXTUALIZANDO Em termos comportamentais, sabemos que podemos entregar mais resultados tanto na vida pessoal como profissional. A crescente demanda por essa entrega é consequência da era industrial, da evolução do sistema produtivo, maneira como as empresas, as cidades e os governos se organizam. Por meio do coaching & mentoring, aprende-se que é possível conquistar resultados acima do que, sem essas técnicas, normalmente se fazia. Imagine um colaborador que trabalha há dois anos em uma empresa, na área de estoques, como supervisor da unidade. Ele recebe um feedback de que 3 necessita melhorar seu desempenho na área de relacionamento interpessoal. De que maneira um processo de coaching ou mentoring pode apoiar esse colaborador? O que seria mais indicado, coaching, mentoring, ou as duas técnicas combinadas? Além disso, quem deveria apoiar esse colaborador em seu processo de mudança? Ao final desta unidade, você será capaz de responder à indagação proposta nesta unidade, uma vez que compreenderá os conceitos e as principais diferenças entre coaching & mentoring. TEMA 1 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO COACHING O coaching evoluiu, ao longo dos anos, de uma técnica de redução de interferências internas a uma técnica ou metodologia de mudança comportamental. Diversos ramos da ciência contribuíram e ainda contribuem para a consolidação e evolução do coaching, os quais inclui a Psicologia, a Filosofia, os Esportes e os fundamentos do Cristianismo. Compreender os conceitos de coaching significa compreender como uma pessoa pode-se beneficiar da estrutura de um programa ou dos atendimentos propostos. A primeira menção histórica sobre a arte de ajudar alguém a partir de concepções próprias diz respeito ao filósofo Sócrates, o qual proporcionava benefícios a seus discípulos por meio de conversas. Esse processo consistia em fazer perguntas sistematicamente, engajando a outra pessoa em um contínuo processo de reflexão, interiorização e internalização, cuja finalidade era torná-la capaz de formular suas próprias respostas. A essa técnica denomina-se método socrático ou maiêutica. A maior influência na arte de ajudar é Jesus, cujos relatos históricos estão descritos na Bíblia, especialmente no novo testamento. Ele é constantemente citado como o maior líder e influenciador positivo de pessoas que já existiu. Além de seu exemplo de integridade, caráter e ética, também era um contador de histórias, cujas parábolas nos levam a refletir a respeito do poder do exemplo e sobre como podemos ajudar o próximo. Como você pode perceber, estamos falando sobre modos de “interferências”. O primeiro livro que faz alusão mais direta à expressão essa expressão, a qual indica que uma pessoa pode ter seu desempenho afetado tanto por influências externas como internas, é O jogo interior do tênis. Ele é considerado uma das obras mais importantes no mundo do coaching por crer que 4 nosso desempenho é fortemente influenciado pela forma como pensamos e que, se conseguirmos estar conscientes desse mecanismo, podemos retomar o equilíbrio de nossas vidas. A palavra coaching, originalmente, vem do termo húngaro kocsi, que indica uma espécie de carruagem confortável, a qual leva o nome da pequena cidade húngara de Kócs. Esse termo, em alemão, é conhecido como kutsche; em Italiano, cocchio; em espanhol, coche; e, finalmente, em inglês, coach. A origem da expressão coaching, então, está ligada ao ato de transportar pessoas de um lugar para outro, ou seja, a partir de onde estão para onde querem ir. E é isso que, modernamente, se faz nos processos de coaching: oportunizar que uma pessoa ou um grupo delas sofram uma mudança, um transporte, a partir de uma origem – situação atual – até um destino – uma meta, por exemplo. TEMA 2 – CONCEITOS DE COACHING Segundo a Federação Internacional de Coaching – International Coach Federation (ICF) – o coaching é uma relação profissional contínua e temporariamente limitada pelos critérios acordados entre o coach e o coachee. O coach é quem acelera o progresso do chachee em direção aos objetivos pré-definidos deste e acordados por ambos. Na visão da Certificação Internacional de Coaching Organizacional (CICO), esse processo é uma metodologia de trabalho que facilita o acesso das pessoas a seus próprios recursos por meio de sessões cuja a finalidade é amplificar as opções percebidas, permitindo que novas possibilidades sejam exploradas e, assim, melhores resultados sejam alcançados. Para a Escola Europeia de Coaching, a técnica consiste na arte de fazer perguntas, a fim de auxiliar na aprendizagem do processo de exploração e na descoberta de novas ideias, consequência dos resultados obtidos. Na visão de Timothy Galway, coaching é um modo de ser, é a arte de criar um ambiente de mudanças po meio de conversas que facilitem o processo pelo qual uma pessoa se mobiliza, a fim de conquistar seus objetivos, antes inimagináveis. Para John Withmore, a finalidade dos processos de coaching é liberar o potencial de uma pessoa para maximizar o seu desempenho, haja vista que essa técnica consiste em proporcionar a pessoa as condições de aprendizagem, ao invés de ensiná-la o que e como deve ser feito. 5 O psicólogo, coach e coordenador acadêmico da Escola Europeia de Coaching, Montse Sans Zapata, afirma que as distintas e complementares definições de coaching, basicamente, tomam como ponto de partida a situação atual em que uma pessoa se encontra. Deve-se concentrar no que ela está disposta a fazer para chegar aonde quer ou tornar-se o que quiser, tendo como referência o tempo estabelecido para o processo. Nessa jornada, o coachee deve estar ciente de que qualquer resultado depende das suas intenções, suas escolhas e das ações que empreender na caminhada. Quem mais tem se beneficiado dos programas de coaching são as organizações e o mundo dos negócios como um todo, pois uma das chaves do sucesso organizacional é a retenção e o desenvolvimento de talentos. As organizações têm tentando diversas estratégias de retenção de pessoas, mas nenhuma tem sido tão eficiente como os programas estruturados de coaching e mentoring, devido à capacidade de entrega de resultados em curto espaço de tempoque têm esses métodos. Na revista Exame, a Business Coach Dirlene Costa explicou que o processo de coaching consiste em explorar as possibilidades de competências do profissional em atendimento, para que ele alcance determinado resultado e desenvolva suas capacidades a fim de resolver os problemas por conta própria. Ainda segundo Costa, o coaching é um programa para quem quer fazer um plano de carreira, no qual analisa-se aonde esse profissional quer chegar e trabalha-se com ele para avaliar seus valores, competências e habilidades, fazendo-o enxergar cada desafio como uma oportunidade, e que possa [sic] transformar problemas em soluções, ajudando-o a potencializar seu talento, lapidando suas fraquezas e ampliando sua visão estratégica. (Exame, 2014) Partindo do ponto de vista da melhoria no desempenho de pessoas, equipes e, consequentemente, das organizações, o coaching é o processo que desbloqueia o potencial e desenvolve a capacidade de aprendizagem, de modo que isso gere, entre outras coisas, uma melhoria substancial no desempenho das responsabilidades. Atualmente, os projetos de coaching individual e organizacional levam em conta a conceituação e a evolução histórica dessa técnica. Quando profissionais de RH, líderes, executivos ou profissionais interessados desenham um programa de coaching, o que realmente importa é a mudança de comportamento por parte do beneficiado do programa. 6 No estudo de caso conduzido pelo psicólogo António Jaime Carvalho Ferreira da Silva, o pesquisador apontou que “[e]ncontrar respostas para as questões essenciais da existência tem sido uma constante da espécie humana ao longo dos tempos. Nessa demanda, existe um consenso alargado sobre a saliência da trilogia: Quem sou eu? Até onde poderei ir? Qual o sentido de tudo isto? (universo, vida, morte, carreira, etc.).” (2012, p.4). Tendo isso em vista, entenda a evolução desse processo. TEMA 3 – EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO MENTORING Mentoring tem sido historicamente ligada à figura de Mentor, um personagem de A Odisséia, de Homero. Mentor é o amigo que Ulises nomeou para preparar seu filho Telêmaco como seu sucessor no reino de Ítaca. Telêmaco é um jovem inexperiente que tem de enfrentar uma situação nova: aprender a ser rei. Para isso, ele precisava do conselho de alguém mais experiente, alguém que o ajudasse a refletir nos momentos de dúvida e dificuldade. Essa pessoa, na ficção e na realidade, é Mentor, termo usado para designar um homem sábio, guia prudente e conselheiro. Segundo a professora e doutora em Ciências da Educação, Maria Rosa Soler Angles, os gregos se baseavam no princípio humano da sobrevivência, e para isso precisamos desenvolver habilidades e aprender valores a partir de outas pessoas que respeitavam ou admiravam. Esses princípios humanos da imitação, apropriados pelo mentoring, tem sido uma das chaves da continuidade das relações e da cultura entre povos e nações. Na origem e na história estão as explicações de muitos fenômenos atuais, no que se refere ao mentoring, não somente os filósofos o praticavam como um método de aprendizagem, mas como uma filosofia de trabalho, de grande aplicação atual para ambiente de negócios, para a direção, para os empreendedores. Não apenas para buscar o sucesso e alcançar resultados, mas também aprender, ensinar e aprender a ensinar as pessoas e as equipes. TEMA 4 – CONCEITOS DE MENTORING A palavra mentoring tem sido utilizada de forma ampla e irrestrita para fazer alusão à transmissão de conhecimento entre as pessoas, seja na modalidade de aconselhamento, sugestões ou treinamentos. Essa prática visa ao 7 desenvolvimento acelerado por meio da obtenção de conhecimentos como resultado da experiência de outras pessoas. Segundo a revista Harvard Business Essentials, mentoring é a oferta de conselhos, informação ou orientação de uma pessoa que tem experiência e habilidades para beneficiar o desenvolvimento pessoal e profissional de outra. Para Gordon F. Shea, no livro Mentoring: holding employees reach their full potencial, mentoring consiste em desenvolver, cuidar, partilhar e ajudar em uma relação na qual uma pessoa investe tempo, know-how e esforço para potencializar o desenvolvimento de outra, no campo do conhecimento e das competências, dando respostas às necessidades críticas da vida do sujeito, na direção que o prepara para maior produtividade ou sucesso futuro. Na visão do desenvolvedor de programas de mentoring para executivos, Jose Miguel Martinez Urquijo, da Universidade de Deusto, na Espanha, o mentoring proporciona o desenvolvimento do poder interior de indivíduos, com comportamentos baseado em valores, agilidade mental e criatividade, juntamente com uma excelente gestão do conhecimento, tomada de riscos, capacidade de resolver problemas, paixão por resultados, atividade empresarial e capacidade de criar equipes de alto desempenho. No mentoring, o mentor é quem oferece seu conhecimento, sua perspectiva, sua sabedoria, sua capacidade de compreender à outra pessoa, auxílios especialmente valiosos no momento da vida em que está recebendo essa orientação. Essa sabedoria e conhecimento acumulado é fruto de uma vida na qual se adquiriu experiência teórica e prática, significativas para um processo de mentoring ou apoio. Na Universidade de Coimbra, foi desenvolvido um programa de mentoring entre alunos veteranos e alunos calouros, para minimizar as diferenças e equalizar expectativas dos novos entrantes. O programa resultou em uma dissertação de mestrado com o título O mentoring no ensino superior, desenvolvida por Pedro Barbosa Ribeiro Girão, em 2013. O estudo de caso proposto revelou algumas vantagens da prática, entre as quais se destacam a melhoria do desempenho, o desenvolvimento do indivíduo como um todo e a orientação a respeito das escolhas. 8 TEMA 5 – COMPARAÇÃO ENTRE COACHING E MENTORING Apesar de possuírem os mesmos objetivos e finalidades, os quais envolvem o pleno desenvolvimento das pessoas e sua capacidade de utilizar seus recursos internos, coaching e mentoring possuem diferenças na forma com que são operacionalizados e conduzidos. No coaching, o que se faz é facilitar o desenvolvimento da outra pessoa, apoiando-se nas suas próprias descobertas. Já no mentoring essas descobertas são frutos da experiência de quem está conduzindo o processo, nesse caso o mentor. Larrañaga, Etayo e Benamor (2004) – especialistas em formação e desenvolvimento de pessoas – em um estudo conduzido na comunidade europeia, sinalizam algumas diferenças entre os dois processos: Coaching Mentoring Interno ou Externo (quando o coach é interno, ele costuma ser o superior direto do coachee). Interno ou Externo (quando o mentor é interno, pode ser exercido por qualquer pessoa da organização). Sempre formal. Formal ou informal. Individual ou grupal. Individual. Dirigido a todos os empregados. Dirigido às pessoas com alto potencial. Tem como objetivo melhorar o rendimento e o desempenho de forma pontual. Tem como objetivo desenvolver a pessoa para cargos ou desafios internos. O coach conhece bem a empresa, o departamento ou a área. O mentor pode conhecer ou só ter vinculação com a empresa, o departamento ou a área. A agenda é estabelecida pelo coach. A agenda é estabelecida pelo mentor. A responsabilidade da relação recai sobre o coach. A responsabilidade da relação recai sobre mentoreado. A duração é breve, normalmente entre 3 e 6 meses. A duração é longa, normalmente acima de 6 meses, podendo superar um ano. Trata de competências professionais. Trata de competências professionais e individuais. Na comparação anterior, podemos notar que as diferenças marcantes entre os processos recaem sobre a finalidade, o tempo de duração dos processos e a aplicabilidade. Enquanto no coachingtemos essencialmente um desenvolvimento das competências do coachee, por meio de descobertas, no mentoring, o mentor transfere seus conhecimentos sem que haja necessariamente esse insight de descoberta. Ainda nesse contexto, o Instituto Inglês de Desenvolvimento de Pessoas – Chartered Institute of Personnel and Development (CIPD) – com sede em Londres, assinala algumas diferenças marcantes entre ambos os processos: 9 Duração No mentoring, a relação pode durar por um longo período de tempo. No coaching, a relação dura geralmente algumas sessões. Tipos de encontros No mentoring, podem ocorrer mais reuniões informais, e pode ocorrer quando o mentorado precisa de algum conselho, orientação ou apoio. No coaching, há mais estruturação na natureza e os encontros são organizados por uma agenda. Relação com o participante No mentoring, há mais conhecimento e uma visão maior sobre a pessoa. No coaching, há foco em uma área específica do desenvolvimento da outra pessoa. Responsável pelo processo No mentoring: o mentor, que é muitas vezes mais experiente e qualificado do que o aprendiz. Geralmente, é um executivo da organização que é capaz de transmitir conhecimento e experiência àqueles com menos oportunidades. No coaching: o coaching não se baseia na ideia de que o coach tem experiência direta na posição de seu cliente. Foco do processo O mentoring concentra-se na carreira e no desenvolvimento pessoal O coaching concentra-se no desenvolvimento pessoal, resolução de problemas e desafios no trabalho. Agenda No mentoring, a agenda é definida pelo mentor, a fim de auxiliar o mentorado fornecendo apoio e orientação para que ele enfrente os desafios futuros. No coaching, a agenda está focada na realização de objetivos individuais e imediatos. Coaching e mentoring são tendências que extrapolam as salas de aula das escolas de negócio e as de reuniões das grandes empresas. Hoje não é incomum profissionais autônomos, pequenos empreendedores, como barbeiros, professores, donas de casa e aposentados, por exemplo, aderirem a programas ou processos como esses. FINALIZANDO Em alguns momentos da vida, é importante ter a orientação de uma figura sênior, chamado mentor ou coach, para nos ajudar a canalizar nosso talento e desenvolver novas competências e habilidades, visando a liberar o nosso potencial. Em qualquer um dos casos – coaching ou mentoring –, devemos saber que nós somos responsáveis pelo nosso desenvolvimento, por nossos valores, compromissos, responsabilidade, respeito e honestidade, e é isso que definirá 10 nosso sucesso. Não se pode delegar ou terceirizar a responsabilidade sobre nossas vidas, profissões e escolhas. Os programas de coaching, mentoring ou até de counselling (aconselhamento de carreira) visam a desenvolver o pleno potencial dos profissionais, ajudando-os a dar o próximo salto na sua carreira, a adaptarem-se às circunstâncias ao longo da sua trajetória e a enxergarem as situações por outra perspectiva, quando necessário. No início desta aula foi proposta uma reflexão: Um colaborador que trabalha há dois anos em uma empresa, na área de estoques, como supervisor da unidade, recebe um feedback de que necessitaria melhorar seu desempenho na área de relacionamento interpessoal. A questão para reflexão proposta: Como um processo de coaching ou mentoring podem apoiar esse colaborador? O que seria mais indicado, coaching, mentoring, ou as duas técnicas combinadas? Além disso, quem deveria apoiar esse colaborador em seu processo de mudança? Resposta O ideal seria combinar as duas técnicas. Se possível, a empresa poderia criar um programa estruturado de coaching e de mentoring. O feedback deveria ser dado pelo profissional superior mais próximo ao colaborador, como o líder imediato, por exemplo, utilizando técnicas de coaching. Na sequência, o acompanhamento do desenvolvimento das habilidades relatadas no feedback deveria ser feito pelo mentor. Nesse caso, ambos os profissionais, coach e mentor, precisariam antes alinhar expectativas e as falas com o liderado. REFERÊNCIAS CICO – Certificación Internacional en Coaching Organizacional. Disponível em: <coachinternacional.org/>. Acesso em: 7 jun. 2017. CIPD – Chartered Institute of Personnel and Development. Coaching and mentoring: learn how to use coaching and mentoring as part of an organization's overall learning and development strategy. Disponível em: <https://www.cipd.co.uk/knowledge/fundamentals/people/development/coaching- mentoring-factsheet>. Acesso em: 7 jun. 2017. 11 DANIELE, A. Quando e por que recorrer ao coaching? Revista Exame, 16 jul. 2014. Disponível em: <www.exame.abril.com.br/carreira/quando-e-por-que- recorrer-ao-coaching/>. Acesso em: 7 jun. 2017. EHRICH, L. C. Developing performance mentoring handbook. Queensland, s/d. Disponível em: <education.qld.gov.au/staff/development/performance/pdfs/dp-mentoring- handbook.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2017. ICF – International Coach Federation. Disponível em: <coachfederation.org>. Acesso em: 7 jun. 2017. KENTUCKY Cooperative Extension, 2007 Disponível em: <psd.ca.uky.edu/files/the_mentoring_program_being_a_mentor.pdf>. Acesso em: 7 jun. 2017. LARRAÑAGA, A. B.; ETAYO, M. P. E.; BENAMOR, H. G. Coaching y mentoring como metodologias de desarrollo en las organizaciones. Revista Capital Humano, Espanha, nº 174, 2004. Disponível em: <uhu.es/yolanda.pelayo/docencia/Virtualizacion/2- contenidos/parte%204/Coaching%20y%20Mentoring.pdf>. Acesso em: 7 jun. 2017. LA UNIVERSIDAD de deusto resenta UDES. Disponível em: <noticias.universia.es/vida-universitaria/noticia/2001/11/28/639952/universidad- deusto-resenta-udes-programa-mentoring-proyecto-conecta-universidad- empresa-sociedad.html>. Acesso em: 7 jun. 2017. LUÍSA, M. Mentoring: la historia tiene rostro de mujeres. Alquimia Coach, 26 jan. 2016. Disponível em: <http://alquimiacoach.com/la-historia-del-mentoring-tiene- rostro-de-mujeres/>. Acesso em: 7 jun. 2017. SILVA, A. J. C. F. Coaching psicológico: um estudo de casos. 2012. 49 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa. Lisboa, 2012. Disponível em: <http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/8289/1/ulfpie043289_tm.pdf>. Acesso em: 7 jun. 2017. THE INNER GAME. The inner game, uma história de sucesso. The Inner Game School of Coaching. Disponível em: <theinnergame.com.br/downloads/tig_booklet.pdf>. Acesso em: 7 jun. 2017. 12 WILSON, C. What is coaching? Answering your questions. 2012. Disponível em: <coachingcultureatwork.com/wp- content/uploads/2013/05/What_is_coaching.pdf>. Acesso em: 7 jun. 2017. ZAPATA, M. S. What is coaching? Its origins, definition, different methodologies and basic principles of action of a Coach. 3 Ciências Revista de Investigación. Disponível em: <https://www.3ciencias.com/wp-content/uploads/2012/06/3.Que- es-Coaching.pdf>. Acesso em: 7 jun. 2017. AULA 2 FERRAMENTAS DE COACHING Prof. Giancarlo Leite 2 CONVERSA INICIAL Olá, caro aluno! Nesta aula, abordaremos sessões de coaching & mentoring, práticas que têm sido utilizadas com sucesso em cenários pessoais e profissionais – o que inclui ambientes corporativos de organizações públicas e privadas – no intuito de gerar mudanças significativas nos comportamentos pessoais. A principal causa do sucesso reside na forma como acontece a efetivação das mudanças: por meio de conversas. Parece simples falar ou escrever desta forma, referindo-se ao fato de sermos capazes de mudar a nós mesmos ou auxiliar na mudança dos outros a partir de uma técnica milenar, baseado no método da indagação socrático ou da maiêutica – que leva a mudanças a partir de uma série de conversas. O coach – pessoa que conduz um processo de coaching – investiga asituação de um indivíduo ou até mesmo de uma equipe não só para obter informação, mas para compreender o contexto e a realidade experimentada por esses sujeitos. Dessa mesma forma agem os mentores, em processos de mentoring, com seus mentoreados. A investigação particular do coaching e do mentoring acontece com perguntas seguidas de outras habilidades, como escuta e não julgamento. Em ambas as práticas, evidencia-se uma diferença em relação a outras técnicas de apoio – como a consultoria, a tutoria ou a mediação –, que é a necessidade das distinções, as quais ajudam na abertura a novos entendimentos e significados a respeito da mesma realidade. O contínuo questionamento dos processos conversacionais pode proporcionar condições absolutamente reveladoras, que não seriam possíveis por outras técnicas, como as instruções, o treinamento, a ordem ou as sugestões, as quais, por mais inofensivas que pareçam, condicionam mais do que expandem a consciência do indivíduo. CONTEXTUALIZANDO Como resultado de um processo de coaching e mentoring, espera-se que as pessoas tenham mais condições de estarem conscientes de suas virtudes, capacidades, motivações, de seus pontos fortes. Além disso, também é preciso saber de suas vulnerabilidades, limitações, fraquezas e autossabotagens. Imagine uma empresa de varejo no segmento esportivo. Nela, há um colaborador que manifesta para seu líder o desejo de concorrer a uma vaga para o cargo de supervisor de vendas. Essa vaga está aberta e um processo de seleção 3 interna foi iniciado, por meio de um edital indicando as condições e o perfil desejado. Uma pessoa será selecionada entre os cinco candidatos em potencial, os quais se apresentaram entre mais de vinte postulantes que, no entanto, não atendiam às condições do edital. Você é o líder da área que receberá o candidato selecionado, com o apoio do setor de recursos humanos. Para tal, é necessário iniciar o processo de seleção, que deverá durar 30 dias. A pessoa que atualmente ocupa o cargo disponível ficará por mais 45 dias, haja vista que foi promovida, mas apoiará o processo e acompanhará o(a) novo(a) colaborador(a) por 15 dias, antes da transferência à nova ocupação. Enquanto líder, que técnica você julga mais pertinente nesses processos de seleção: o coaching ou o mentoring? Como poderia ser estruturado um programa de perguntas para apoiar a descoberta sobre as reais motivações e os interesses de cada candidato? O que perguntar e o que não perguntar? TEMA 1 – COMO INICIAR A SESSÃO Os processos de coaching, assim como o mentoring, podem ocorrer formal ou informalmente, ou seja, pode-se formalizar que a conversa está ocorrendo ou abstrair-se da formalidade e apoiar a outra pessoa sem que ela perceba que está recebendo uma ajuda estruturada. As sessões formais, incluindo as realizadas interna ou externamente às organizações, normalmente são acompanhadas de um protocolo como o exposto a seguir: Formulário: processo de coaching (ou mentoring) Nome do coachee (cliente) Local dos encontros Duração estimada (ou contratada) Periodicidade Tempo de cada sessão Aspectos iniciais a considerar Desempenho atual Desempenho desejado Motivação atual Motivação cesejada Observações da sessão Tarefas realizadas 4 Tarefas propostas Acompanhamento Este exemplo representa um protocolo a ser utilizado pela área (recursos humanos, gestões ou líderes) responsável pela condução do processo. O formulário a ser preenchido após a sessão pode ser adaptado às situações práticas e contém algumas informações cujo conteúdo permite explorar detalhes do coachee. Esses processos acontecem, às vezes, por escolha de uma pessoa, de uma equipe ou a pedido da empresa ou organização, tendo em vista uma terceira pessoa designada, como um colaborador em desenvolvimento, um diretor, ou um líder de área. Em ambas as situações – tanto no início de um processo como ao longo dele –, quando se faz necessário conhecer e avaliar pontualmente o desenvolvimento ou a lacuna (gap) a ser trabalhada, pode-se abrir mão do recurso denominado “ferramentas de coaching e mentoring”. As ferramentas proporcionam uma percepção mais nítida e clara de situações e pessoas, além de maior percepção das oportunidades de melhoria. Assim, é possível agir de forma mais assertiva. Algumas das ferramentas úteis utilizadas nesse crescimento são: Ficha de entrevista Relatório de progresso Linha do tempo Plano de ação Fatores motivacionais; Escala de valores O coaching formal começa com o reconhecimento da necessidade de ajuda, por meio da declaração de uma petição ou pedido, que pode incluir: Donflito pessoal ou entre pessoas. Dificuldade de administrar o tempo. Gestão da transição de carreira. Preparação para cargos de gestão e liderança. Conquista de novas responsabilidades e funções. Adaptação na mudança de empresa ou cidade. 5 O que se faz no coaching é tentar apoiar as descobertas do cliente (coachee) por meio de perguntas que ajudem a encurtar a lacuna entre a situação atual e a desejada. A ruptura entre as situações não é necessariamente ruim, pois as mudanças envolvem uma ampliação no espaço de possibilidades. Algumas perguntas são mais apropriadas para o início da sessão, independentemente da problemática ou das circunstâncias, por exemplo: O que está acontecendo? Como você lida com isso? Como está seu nível de motivação para enfrentar essa situação? Como você gostaria de ver isso resolvido? O que de melhor poderia acontecer? TEMA 2 – GERENCIANDO AS EXPECTATIVAS E A REALIDADE DAS PESSOAS Uma vez iniciados os processos de coaching e mentoring, as sessões transcorrem seu curso progressivo, visando auxiliar as descobertas, o crescimento e o aumento da performance das pessoas beneficiadas. No início da prática, são necessários ajustes de expectativas, que começam com o esclarecimento dos papéis do coach e do mentor, de suas responsabilidades, atribuições, limites e do grau de subordinação, quando em processos organizacionais. Ademais, por parte do coachee e do mentoreado – pessoas que recebem e se beneficiam do processo –, deve-se identificar as expectativas visando aos ajustes e alinhamentos iniciais. A psiquiatra Ana Escobar, no artigo “Qual sua expectativa de vida?” (2016), explica que passamos boa parte da nossa existência buscando satisfazer nossas expectativas, e que o destino dessa caminhada é determinado por uma combinação de variáveis. Nos processos de coaching, o que se faz, ou pelo menos se tenta fazer, é gerir essas expectativas em termos de alcance de resultados, em relação ao que o sujeito pretende atingir e/ou evitar em sua vida. A compreensão dessas perspectiva permite iniciar uma caminhada rumo às mudanças, de forma mais clara, consciente e profunda, pois essa jornada será uma convocação para a autorresponsabilidade. O que se pratica, então, é o esclarecimento das próprias expectativas de cada pessoa, de suas motivações e aspirações, para que não se viva de acordo com a 6 possibilidade de outros. No livro 1,000+ little things happy successful people do differently, os autores Marc e Angel Chernoff defendem a ideia de que, se tivermos atitudes diferentes, não só estaremos mais consciente, mas também nos sentiremos melhor e nos tornaremos mais inspirados para vencer a procrastinação, perdoar alguém, curar a si mesmo ou estabelecer direção na vida. Fazer coisas diferentes e de formas diferentes são questões que estão no cerne dos processos de coaching ou mentoring, evidenciando que a novidade traz consigo o desafio de pensar, sentir e agir rompendo os padrões até então estabelecidos. Em uma sessão de coaching e mentoring, as duas ações que são diretamente responsáveis por permitir um melhor gerenciamento dasexpectativas compreendem as habilidades de perguntar e ouvir. Perguntamos para descobrir e ouvimos para compreender, a medida que exploramos as distintas faces da realidade do sujeito que estamos ajudando. O Center for Coaching Excellence – Centro de Excelência em Coaching –, com sede nos Estados Unidos, a partir do artigo “How important are questions?”, explica que as perguntas levam a melhores respostas e constituem a maneira mais adequada de obter ideias mais profundas, porque evocam exploração, insight, descoberta e ação. De forma simplificada, as perguntas são apresentadas e definidas como: Perguntas gerais: realizadas de forma geral, sem uma referência direta ao tema específico da conversa, por exemplo: Como as coisas na sua vida poderiam ser melhores? Como você lida com o nível de exigência do seu cargo atual? Perguntas específicas ou contextuais: realizadas de forma direta, com referência ao tema específico da conversa ou ao contexto do assunto em questão, por exemplo: Como a nova gerente poderia ter um melhor desempenho? Como tem sido o relacionamento com seu filho desde nossa última conversa? Ao conduzir uma sessão de coaching, a ênfase deve estar toda na abordagem não diretiva; já na sessão de mentoring, a ênfase está na abordagem diretiva. No coaching, o que se faz é buscar o desenvolvimento das pessoas apoiando-se na capacidade que cada um tem de aprender e desenvolver-se. Rogers, citado por Leitão (1986), explica que a abordagem não 7 diretiva é um estilo de interação centrada na pessoa, levando-se em conta que todos têm uma propensão natural para aprender, recriar, participar responsavelmente e tornar-se um autor da sua história. O que se busca na abordagem não diretiva, portanto, é que a própria pessoa faça suas descobertas. Já no mentoring, que tem como pilar a abordagem diretiva, o que se faz é diametralmente oposto, pois se valoriza a transferência do conhecimento, os conselhos pontuais e a orientações de conduta. TEMA 3 – DEFININDO OBJETIVOS E APOIANDO AS METAS DE DESEMPENHO Os aspectos que motivam os processos de coaching e mentoring, realizados nas organizações ou fora dela, estão relacionados ao desenvolvimento de pessoas, de suas motivações e valores, com a aprendizagem de novas competências e com o empoderamento desses sujeitos. Esse crescimento afeta positivamente a vida pessoal, o trabalho em equipe e a cultura das organizações. Esses aspectos relacionam-se cotidianamente aos problemas e desafios que enfrentados por pessoas, equipes e organizações. Nesse contexto, para resolver problemas ou superar desafios, Pablo (2011) afirma que a utilidade do conhecimento que adquirimos e a eficácia das ações que adotamos dependerão da qualidade das perguntas que fizermos, pois são elas que abrem as portas ao diálogo e à descoberta, e são um convite à criatividade e ao pensamento progressivo. Para o autor, as perguntas devem dirigir a atenção e a reflexão a um nível mais profundo, e contínuo processo de fazer perguntas a alguém no intuito de ajudá-la a resolver seus problemas ou superar seus desafios implica em: Fazer perguntas para que a outra pessoa entenda a situação em que se encontra e identifique suas próprias respostas. Fazer perguntas para ajudar o sujeito a descobrir por si mesmo. Fazer perguntas voltadas ao futuro e às soluções. Utilizar o silêncio de forma eficaz. Os objetivos e as metas de desempenho, a nível pessoal e organizacional, constituem um elemento importante tanto no coaching quanto no mentoring. A prática consiste em ajudar as pessoas a definir suas próprias metas e objetivos, assim como o nível de entregas dos resultados, para que se tenha um desempenho compatível com a expectativa desejada. O guia de aplicações 8 técnicas de coaching, elaborado por Emílio Gonzáles Vicente (2013), pondera que o coaching, como um conjunto de ferramentas destinadas a alcançar objetivos e metas, é muito eficaz, uma vez que trabalha em uma análise precisa de qual é a meta a ser alcançada a partir da situação atual e o que é necessário para alcançar esse propósito. Em termos práticos, tanto no coaching como no mentoring, para se atingir objetivos, deve-se seguir uma sequência ordenada de passos: Passo 1: determine seus objetivos de vida. Passo 2: desmembre esse objetivo em metas menores. Passo 3: tenha objetivos de curto prazo. Passo 4: seus objetivos de curto prazo devem ser os passos rumo ao objetivo de vida. Passo 5: adapte suas metas periodicamente. Uma técnica bastante difundida no meio acadêmico e profissional é o método SMART, um acronismo de algumas palavras da língua inglesa: S (specific) – Específica M (measurable) – Mensurável A (attainable) – Alcançável R (realistic) – Realista T (timely) – Temporal Esse método visa simplificar e organizar as ações em torno de cinco elementos, constituindo-se um guia para elaborar e alcançar metas. É considerado rápido e fácil, pois permite uma visualização imediata do que e como se quer atingir. As perguntas devem ser orientadas em função de cada estágio durante as sessões. Em termos práticos, uma pessoa que necessite gerenciar um projeto empresarial, poderia aplicar a técnica SMART e, assim, definir o escopo de seus atributos. Por exemplo: S Em quando tempo necessito finalizar esse projeto? M O resultado desse projeto é mensurável em termos de valores a serem entregues? A Os resultados previstos são alcançáveis nas condições e com os recursos atuais? R Esse projeto é realista? 9 T Em quanto tempo gostaríamos ou podemos alcançar os resultados desejados? TEMA 4 – IDENTIFICANDO RESULTADOS ALCANÇÁVEIS NA SESSÃO Quando definimos objetivos e metas pessoais e profissionais em nossas vidas particulares, ou metas de desempenho vinculadas a uma organização, somos imediatamente convidados ou convocados a definir como os resultados serão alcançados. Inicia-se, então, a construção de planos de ação ou ações de curso, que visam justamente dar vazão aos desfechos hipotéticos definidos a priori. Nas sessões de coaching ou mentoring, dá-se ênfase à ação, pois somente quando se age é que se pode efetivamente mensurar o comprometimento com os resultados que se quer alcançar com a mudança na vida pessoal ou profissional. Algumas perguntas estimulam a reflexão: Que ações precisam ser adotadas para alcançar as metas? O que você estaria disposto a fazer? O que precisa ser feito para evitar os resultados indesejados? Como você iniciaria? Qual seu nível de comprometimento com os resultados desejados? Qual o plano de ação ideal nessas circunstâncias? Ao proporcionar condições para que se elabore um plano de ação, deve-se observar quais informações são relevantes. A Universidade de Cincinnati propõe que os modelos de planos de ação orientados para o coaching organizacional devem levar em conta as características ambientais (internas e externas à organização). Se beneficiarem as pessoas de duas maneiras, terão mais chance de sucesso. Para isso, é preciso: 1. Estabelecer uma direção para os esforços, criando ações consistentes por meio dos denominados ciclos de desenvolvimento, os quais levam em conta as características individuais . 2. Concentrar os esforços em uma ou duas habilidades que devem permitir o alinhamento entre o emprego e as áreas de desenvolvimento. 10 Nesse contexto de necessidade da criação de planos de ação objetivos e voltados para o direcionamento dos esforços de coaching e mentoring, o modelo predominante e referência na construção de planos de ação é o 5W2H, cuja estrutura básica deve ser formada por sete elementos: Esses planos de ação servem ao propósito final das sessões: empoderar os sujeitos para que consigam visualizar o que deve ser feito ou evitado. As perguntasorientam as ações, os pontos fortes direcionam os esforços e auxiliam no comprometimento. As individualidades devem ser respeitadas, pois nem todos têm habilidades ou disposição de organizar planos de ação de forma completa. O coach ou mentor deve perceber essas diferenças e trabalhar ou lidar com elas, explorando as singularidades de cada indivíduo. TEMA 5 – COMO ENCERRAR A SESSÃO Os processos de coaching e mentoring acontecem efetivamente nas sessões. No entanto, as mudanças são efetivadas no cotidiano dos indivíduos, quando eles estão vivenciando as experiências e colocando em prática as reflexões proporcionadas nas análises. O início da sessão é uma oportunidade de se definir objetivos, ajustar expectativas, esclarecer papéis e responsabilidades. Durante essa situação, as reflexões proporcionam momentos para se aprofundar nos temas e tópicos da realidade apresentada, visando a ressignificação dos eventos. A finalização da sessão envolve: A construção do plano de ação que direcionará os esforços e as atitudes. A remoção dos obstáculos e das barreiras naturais que podem impedir o melhor desempenho. O fortalecimento dos pontos fortes, que apoiarão a pessoa nos momentos de dificuldades e desânimos. 11 O comprometimento e a responsabilidade para ação. A compreensão do grau de motivação para seguir em frente. FINALIZANDO As sessões de coaching e mentoring, no contexto organizacional, podem ser formais ou informais; entretanto, os resultados e o compromisso tornam-se mais efetivos na medida em que as pessoas sabem o que estão fazendo. A expectativa quanto ao desempenho de uma terceira pessoa deve ser ajustada no início do processo, para evitar cobranças a respeito de algo que pode não ter sido admitido ou combinado. Os resultados desses processos são sempre proporcionais à qualidade das perguntas produzidas durante os encontros. Em termos práticos, a utilização organizacional ocorrerá na medida em que se identificarem as lacunas de desempenho por parte das pessoas. No início desta aula foi proposta uma reflexão: a necessidade, em uma empresa de varejo do ramo esportivo, da contratação de um colaborador para substituir outro. Um colaborador interno dessa organização manifesta, ao seu líder, sua vontade e preferência pessoal de concorrer à vaga em aberto para o cargo de supervisor de vendas. A questão para reflexão proposta foi: você, enquanto líder, qual técnica julga ser mais pertinente nesse processo de seleção, o coaching ou o mentoring? Como poderia ser estruturado um programa de perguntas para apoiar as descobertas das reais motivações e dos interesses de cada candidato? O que perguntar e o que não perguntar? Resposta: Nesse caso e em outros similares, a técnica de coaching é a que deve ser utilizada. Algumas perguntas podem apoiar nessa etapa, como: “o que lhe motiva nesta vaga?”, “Como você poderia contribuir ainda mais à empresa, atuando frente a esses novos desafios?”, “De que maneira seus pontos fortes podem apoiar sua trajetória?”. Na continuidade da seleção do candidato, pode-se explorar o colaborador sênior em processo de transferência, para apoiar seu desenvolvimento e seu aprendizado por meio do mentoring. 12 REFERÊNCIAS CHERNOFF, A.; CHERNOFF, M. 1,000+ little things happy successful people do differently. Disponível em: <www.marcandangel.com/book/>. Acesso em: 10 jun. 2017. COMO definir metas. Disponível em: <pt.wikihow.com/Definir-Metas>. Acesso em: 10 jun. 2017. ESCOBAR, A. Qual é sua expectativa de vida?. G1, 05 dez. 2016. Disponível em: <g1.globo.com/bemestar/blog/doutora-ana-responde/post/qual-e-sua- expectativa-de-vida.html>. Acesso em: 10 jun. 2017. PROJECT COACHING. Preguntas que resuelven problemas. Disponível em: <projectcoaching.es/preguntas-que-resuelven-problemas/>. Acesso em: 10 jun. 2017. UGT-CEC. Secretaría de Salud Laboral. Guia. Aplicación de técnicas de coaching en el establecimiento de planes de estímulo de la utilización de las medidas de Prevención de Riesgos Laborales establecidas por la empresa. Disponível em: <fspugtalmeria.org/drupal/sites/default/files/politica%20sindical/GuiaCoaching%2 0WEB.pdf>. Acesso em 10 jun. 2017. UNIVERSITY OF CINCINNATI. Creating a coaching plan toolkit. Disponível em: <uc.edu/content/dam/uc/hr/toolkits/managers/perf-mgt/coaching/Creating-a- Coaching-Plan-Manager-GuideUC.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2017. VERSTRAETE, M. How important are questions?. CCE. Disponível em: <centerforcoachingexcellence.com/blog/how-important-are-questions>. Acesso em: 10 jun. 2017. AULA 3 FERRAMENTAS DE COACHING Prof. Giancarlo Leite 2 CONVERSA INICIAL Olá, caro aluno! Nesta aula, falaremos sobre o processo de coaching e mentoring, os quais são considerados técnicas poderosas de desenvolvimento de pessoas. As práticas podem tanto ocorrer individualmente como serem utilizadas em conjunto, a fim de potencializar ainda mais um indivíduo, uma equipe ou a organização como um todo, e ainda podem ser associadas ao couselling. Nos processos de mentoring, utiliza-se uma pessoa (mentor) com mais experiência e conhecimento em determinados tópicos, que ajuda outras, as quais não têm o mesmo conhecimento e experiência, a desenvolverem-se a partir de referências, conselhos e observações do mentor. Já nos processos de coaching, acontece exatamente o oposto, pois uma pessoa (coach) que está disposta a ajudar outras assim o faz sem experiência e conhecimento no tema, pois o foco está na técnica – as conversas de coaching – e não nos conselhos e nas observações do coach, como ocorre com o mentor. Ambos os processos possuem o mesmo objetivo: melhorar o rendimento dos sujeitos envolvidos em curto prazo. Consideradas como os ativos mais importantes das organizações, as pessoas são o foco dos processos de coaching e mentoring. Ao deparar-se com desafios, problemas pessoais e profissionais, o sujeito recorre aos profissionais dessas práticas, algumas vezes impulsionados por incentivo das organizações, outras por sua própria iniciativa. Para que haja melhoria do rendimento e, consequentemente na performance, o foco dos processos deve-se concentrar no desenvolvimento das habilidades e competências, previamente identificadas em uma sessão específica de diagnose, ou a partir de avaliações anteriores, que podem ter sido realizadas pela própria pessoa ou por setores da organização, como o RH. CONTEXTUALIZANDO Os processos de coaching e mentoring, longe de serem meras conversas informais, desestruturadas ou sem foco, evoluíram enquanto frutos das experiências compartilhadas entre profissionais, os quais vêm estudando e aprimorando as técnicas. O foco, atualmente, está no planejamento dos processos, na estruturação das sessões, na organização dos atendimentos. Imagine a realidade de determinada empresa que você conhece – por exemplo, a empresa em que você atua neste momento, ou atuou recentemente, 3 ou até mesmo conhece por outra pessoa –, a qual vem passando por sérias dificuldades de retenção de talentos – pessoas com alto potencial de desempenho. Essa empresa atua no ramo de alimentos, especificamente como um restaurante na modalidade buffet por quilo, atende de segunda a sábado no horário do almoço, conta com 19 funcionários contratados, incluindo o gerente geral, o supervisor de atendimento, cinco garçons, dois operadores de caixa, um assistente administrativo, sete pessoas na cozinha e duas na limpeza. Está localizada em uma região urbana com alta concentração de escritórios corporativos, comerciais e de serviços, que realizam suas refeições nesse restaurante diariamente. Ele as empresas por convênio e aceita cartões. Recentemente, foi contratada uma consultoria para sanar alguns problemas relacionados ao atendimento, após algumas queixas de clientes. A partir dasreclamações, foram detectados atrasos na reposição do buffet, falta de limpeza nos banheiros, falta de simpatia dos caixas, atrasos nos pagamentos dos fornecedores e descuido na compra de matérias-primas. Os donos não estão presentes diariamente na gestão do restaurante, pois têm outros negócios e confiam na gerência e na supervisão para administrar o estabelecimento. De posse do resultado da pesquisa realizada pela consultoria, como você acha que os donos deveriam conduzir o processo de melhoria no restaurante, envolvendo sessões de coaching e/ou mentoring? Quais resultados seriam desejados? Quem conduziria o processo? Quanto tempo deveria durar? TEMA 1 – DEFININDO UM PROCESSO DE COACHING E MENTORING Com o passar do tempo, coaching e mentoring se tornaram processos planejados, formais, estruturados, intencionais e sistemáticos, com objetivos e focos estabelecidos, alinhados com as estratégias das organizações. Essa formalização dos processos deu origem aos programas de curta e média duração, que normalmente visam atender a objetivos pré-definidos, como: Déficits de desempenho Melhoria nas relações Alcance de metas Alinhamento estratégico Gestão de projetos 4 Os programas podem ajudar nesses processos, à medida que auxiliam na maior conscientização das pessoas, tornando-as capazes de perceber por si o que está ocorrendo. E, ao longo do percurso, veem-se capazes de promover as mudanças e melhorias desejadas. Os programas normalmente estão estruturados em: Sessões individuais: visam a situações específicas ou tópicos, normalmente relacionados a um assunto pontual, algo que antecede uma negociação ou tomada de decisão. Nessas situações, as sessões são destinadas a empoderar o sujeito em questão, preparando-a para o desafio que virá em seguida. Série de sessões: visam a um conjunto de sessões com uma agenda ou pauta pré-definida. Nesse caso, um leque maior de temas normalmente é tratado, relacionados ao desenvolvimento e à aquisição de competências. Em ambas as situações de um programa de coaching e mentoring, podem ocorrer as modalidades sessões individuais ou série de sessões. Contundo, o que os distingui é a natureza do processo à qual dá-se mais ênfase: à transferência de conhecimentos ou ao desenvolvimento do indivíduo. 1.1 Processos de coaching O Escritor Eduard Stomp (2011), no livro “El Exito del Liderazgo” explica que um processo de coaching tem dois objetivos: alcançar as metas pessoais e organizacionais e realizar um desenvolvimento pessoal. Esses objetivos caminham paralelamente, pois, quando acontece o desenvolvimento pessoal – incluindo conhecimentos, competências e experiências –, ocorre consequentemente um melhor desempenho da função exercida profissionalmente pelo sujeito. Fernandez explica que o trabalho fundamental de um coach é conseguir que seu coachee (pessoa ajudada) alcance seus objetivos, porque desses resultados depende em parte o sucesso do coach. Nesse sentido, o autor sistematizou seis passos essenciais para um processo altamente eficaz: 1. Listar objetivos altamente definidos e desejáveis. 2. Reduzir a zona de conforto. 3. Agir de forma planificada. 4. Controlar e monitorar o progresso. 5 5. Expandir as crenças. 6. Ter supervisão e empuxo. Essa sequência organizada de ações possibilita tornar a pessoa envolvida mais preparada para a própria fixação de metas, o desdobramento em ações, a descoberta de suas capacidades reais e a de alcançar objetivos mais altos. 1.2 Processos de mentoring Partindo da definição de mentoring enquanto uma técnica na qual uma pessoa (mentor) com mais experiência ajuda e apoia outra em suas descobertas, quando se organiza um processo de transformação organizacional, algumas ações são necessárias entre os participantes, a fim de que sejam proporcionadas condições de melhorar os resultados: 1. Desenvolver a relação entre mentor e mentorado. 2. Planejar o futuro. 3. Definir metas e objetivos de curto prazo. 4. Dar e receber feedbacks constantes. 5. Criar uma agenda, priorizando o cumprimento de uma pauta. 6. Definir tarefas realizáveis. Nesse contexto, algumas habilidades que incluem atitudes práticas são recomendáveis ao mentor, incluindo a sua capacidade de escuta ativa, de motivação do mentorado, de criar e cumprir uma agenda de compromissos e manter-se imparcial nas descobertas. TEMA 2 – ESTRUTURA DO PROCESSO DE COACHING E MENTORING As maiores beneficiadas dos programas de coaching e mentoring são as organizações. Nesse contexto, essas práticas ganham mais relevância e, consequentemente, têm mais chance de sucesso, quando: Recebem o apoio contínuo dos executivos. Envolvem o maior número possível de níveis hierárquicos. Proporcionam feedback constante aos envolvidos. Envolvem coaches e mentores internos. Estão alinhadas com as estratégias. São desmembradas e alcançam o nível das ações. 6 Formam parte de um programa mais amplo de desenvolvimento de talentos. Embora os processos devam ser programados e estruturados, eles não devem ser rígidos e prescritivos, por exemplo, ter uma agenda inflexível pré-definida por parte do coach ou mentor. Afinal, os beneficiados – coachee e mentoreado – têm suas próprias indagações, necessidades e objetivos. Em outras palavras, coaches e mentores devem ser flexíveis e perspicazes na gestão desses processos, a fim de combinar necessidades de desenvolvimento por parte da organização, mas também levar em conta a realidade de cada participante. As conversas (microuniverso) representam o que está acontecendo ou deveria estar, e os processos (macrouniverso) descrevem as intervenções mais amplas e a própria jornada. São exemplos de conversas pontuais (microuniverso): Como você está desde nosso último encontro? Como tem sido a sua agenda? Como você tem sentido sua equipe? Como está o equilíbrio entre sua vida pessoal e profissional desde que você tem observado sua rotina? O que é possível mudar nessas observações? Como está sua motivação e comprometimento? São exemplos de conversas gerais (macrouniverso): Como você tem contribuído para o desempenho da organização? Você percebe se a organização está no caminho que deveria estar? Os esforços de todos estão sendo gerenciados rumos aos melhores resultados? Como você poderia absorver melhor as pessoas e influenciá-las de forma diferente? Se você pudesse mudar algo em seu comportamento, o que seria? Como você poderia tornar-se mais efetivo no cumprimento e desdobramento das suas ações? No ambiente das mudanças que as organizações desejam, as perguntas realizadas exercem o papel de promover a constante reflexão e incentivar novos 7 insights, além de estimular a capacidade questionadora nos envolvidos. Em uma situação prática, uma empresa que esteja passando pela implementação de um sistema de avaliação de desempenho, os gestores poderiam promover a reflexão com os envolvidos utilizando a técnica de coaching, a partir de perguntas pertinentes, como: O que queremos avaliar? Quem serão as pessoas envolvidas, avaliadas e afetadas? Quem serão as pessoas beneficiadas por essa avaliação? Quais mudanças essa avaliação poderá trazer para a organização? O que queremos evitar com essa avaliação? TEMA 3 – HABILIDADES E COMPETÊNCIAS DO COACH E DO MENTOR Coaching e mentoring visam a mudanças de comportamentos, preferencialmente que sejam perenes e duradouras. Essas transformações dependem da capacidade dos participantes de aprenderem e desenvolverem novas habilidades e atitudes, as quais resultem em novas entregas. A efetivação desse processo recai sobre as figuras do coach e do mentor, pessoas que conduzem os processos e que devem possuir um conjunto significativo de habilidades e competências,que os distingue de outras pessoas na organização. As pesquisadoras Cobo, Maté e Manrique (2013) apontam algumas habilidades que o coach deve possuir, como requisito para o desenvolvimento da sua função: Fazer boas perguntas, no sentido socrático. Praticar a escuta ativa e a reformulação. Facilitar as mudanças comportamentais. Permanecer centrado nos resultados. Basear-se no princípio da realidade. Manter uma distância ideal do problema. Ter capacidade de ser assertivo. Pesquisas realizadas no Programa Executivo de Mentoring, do Center for Health Leadership & Practice Public Health Institute, indicam que, se algumas habilidades-chaves estão presentes no mentor, os processos tendem a ter mais êxitos, entre as quais se destacam: 8 Escuta ativa: escuta ativa ou empática ocorre quando se consegue, ao mesmo tempo, escutar e nos colocar na posição da outra pessoa. Construção gradual da confiança: a confiança ocorre quando se investe tempo de qualidade na vida da outra pessoa, mostrando legítimo interesse por suas questões. Estabelecimento de metas e desenvolvimento de capacidades: as metas precisam ser quantificadas em números que representem o que e quando se quer atingir, para que as competências e habilidades necessárias sejam aplicadas. Motivação, alento e inspiração: quando se inicia um processo com a motivação adequada, tende-se a gerar e criar mais alento e inspiração para a ação. As referidas pesquisas apontam ainda que o mentor deve mostrar um genuíno interesse pelo crescimento e desenvolvimento da outra pessoa, manter uma comunicação constante e compartilhar uma visão comum pelos interesses relatados. TEMA 4 – HABILIDADES E COMPETÊNCIAS DO COACHEE E DO MENTORADO Assim como o coach e o mentor possuem qualidades básicas exigidas para o desempenho da função, recomenda-se que o coachee e o mentorado – pessoas que recebem e participam dos processos – também possuam ou desenvolvam algumas características que podem facilitar justamente o seu desenvolvimento e o aprimoramento de novas habilidades. Partindo do princípio de que ambas as técnicas são conversas que levam à ação a partir da reflexão, da observação e da descoberta, a literatura tem apontado e identificado alguns traços de comportamentos que, somados a outros em desenvolvimento nos processos, aumentam a chance de sucesso, dos quais se destacam: Aceitar ser acompanhado. Ser capaz de explicitar o tipo de ajuda de que precisa. Refletir e definir sobre as mudanças que gostaria que ocorressem. Definir metas e objetivos de transformação. Disponibilizar tempo necessário para receber ajuda. Compreender qual o melhor processo para si. Auxiliar na criação da confiança. 9 Adotar atitudes positivas. Ser transparente. Agir com ética. Engajar-se nas mudanças identificadas. Para um processo exitoso, não basta que essas caraterísticas estejam presentes no coachee ou no mentorado. A empresa interessada em programas deve treinar e desenvolver os participantes, além de criar condições adequadas para que o aprendizado seja efetivamente colocado em ação. Algumas perguntas de apoio podem auxiliar o mentorado e o coachee, visando às definições e ao engajamento no processo de mudança: Estou em um bom momento da minha vida para mudanças? Quais mudanças eu gostaria de realizar? Estou disposto a me comprometer com essa jornada de mudanças? Estou com tempo para me dedicar a reuniões periódicas? Estou disponível a cumprir uma agenda coach ou mentor? Estou disposto a definir objetivos e metas reais e consistentes? Estou disposto a ser transparente e honesto com meu coach ou mentor? Quem poderia me ajudar nesse processo? TEMA 5 – PERFORMANCE INDIVIDUAL Vivemos na era da performatividade, na qual o desempenho individual de equipes e organizações tem um valor diferente quando comparado a décadas atrás. Afinal, diversos sistemas de controle e avaliação de desempenho têm sido desenvolvidos, os quais permitem um melhor monitoramento e acompanhamento dos resultados. A palavra performance está associada a um comportamento que relaciona a entrega de resultados por meio da execução, e a consequência dessa entrega resulta em um desempenho, que pode ou não corresponder às expectativas. A medida comum entre todos os sistemas recai sobre os indicadores, métricas utilizadas para mostrar o quanto se está na direção correta dos resultados desejados. Bernardez (2006) define a performance como a relação entre o valor de um resultado ou produto e o custo de tarefas, atividades, processos ou recursos necessários para alcançar o objetivo. Assim, performance envolve realizar atividades e tarefas que integrem conhecimentos, habilidades e atitudes, visando 10 à geração de resultados desejados. A área de gestão de pessoas ou a gestão corporativa, o que inclui os gestores e líderes, preocupa-se justamente com a performance do ponto de vista da entrega desses resultados por parte dos colaboradores, por isso preocupa-se tanto em gerenciar as expectativas e avaliar desempenhos, para fins de dar feedbacks. Do ponto de vista prático das metodologias de coaching e mentoring, a performance é importante pois, a partir da avaliação do quanto uma pessoa está ou não entregando as competências e habilidades, pode-se desenhar processos de atendimentos de uma ou de outra metodologia em questão, com o objetivo de corrigir ou adequar essas lacunas na performance. A medição dos resultados é feita em avaliações de desempenho, que podem ser formais e informais, e incluem uma série de medidas que objetivam proporcionar condições para o levantamento das informações que serão utilizadas nos processos, entre as quais estão: Auto-avaliação: a própria pessoa avalia sua performance. Avaliação 360º: várias pessoas são envolvidas, normalmente uma pessoa é avaliada por colegas, superiores e subordinados. Feedback: uma pessoa recebe uma retroalimentação de seu comportamento diretamente de uma pessoa, como seu líder ou gestor de RH. O feedback pode ser combinado com observação, entrevistas ou como resultado da avaliação 360º. Apesar de existirem diversas avaliações, cada qual tem uma finalidade e deve ser ajustada à realidade, ao momento e à necessidade de conhecer mais da outra pessoa, de um setor ou da organização como um todo. Na formatação de cada avaliação, alguns critérios de julgamento e características são importantes, como: Objetivos: para qual finalidade e interesse a avaliação está sendo realizada. Após essa etapa, poderão ser realizados treinamentos, processos de coaching e mentoring para ajustar o desempenho mensurado. Tempo: quanto será destinado ao processo, em termos de dias. Instrumento: qual técnica será utilizada para realizar as perguntas, de forma impressa ou eletrônica, e o que será investigado. 11 Periodicidade: de quanto em quanto tempo a avaliação será realizada, podendo ocorrer de forma semestral, anual ou de acordo com outro critério específico. Fase: que período ou fase anterior à data atual será utilizado como base para fazer-se menção na avaliação. Participantes: quais e quantas pessoas estarão envolvidas em termos de interesses no resultado. Responsabilidade: quem são as pessoas responsáveis pela condução da avaliação e pela apresentação dos resultados. Consequências: quais as consequências práticas que a avaliação terá para a organização, em termos de vantagens e benefícios. Do ponto de vista do coaching e do mentoring, as avaliações de desempenho que impactam na performance são especialmente importantes e necessárias, pois a partir dela se desenvolvem, desenham e orquestram os processos de atendimentos às pessoas, visando identificar seus gaps (lacunas) como possíveis oportunidades de melhorias eressignificação de comportamentos. Notadamente, a área de RH ou gestão de pessoas tem sido responsável por iniciar, gerenciar e finalizar todas essas atividades – avaliação de desempenho, coaching e mentoring, treinamentos – como técnicas de melhorias e aumento da capacidade de entregar resultados nas organizações. FINALIZANDO Programas de coaching e mentoring, são formados basicamente por uma estrutura organizada e sistematizada, ao mesmo tempo flexível, para atender a necessidades especiais das pessoas, equipes e organizações. Algumas competências e habilidades se destacam e são importantes nesse processo, incluindo saber perguntar e ouvir, criar e manter uma agenda e focar nas necessidades do indivíduo. A questão da performance individual está associada à capacidade de identificar onde se está e qual o desempenho atual, para onde se pretende ir, qual o desempenho associado a essa nova performance e identificar as ações necessárias para fazer frente a esse desafio. No início desta aula foi proposta uma reflexão: a realidade de uma empresa no ramo de alimentos – um restaurante na modalidade buffet por quilo – localizado 12 em uma região urbana com alta concentração de escritórios corporativos, comerciais e de serviços, que ali realizam suas refeições diariamente. Recentemente, foi contratada uma consultoria para sanar alguns problemas relacionados ao atendimento, após algumas queixas de clientes. A partir disso, foram detectados atrasos na reposição do buffet, falta de limpeza nos banheiros, falta de simpatia dos caixas, atrasos nos pagamentos dos fornecedores e descuido na compra de matérias-primas. A questão para reflexão proposta foi: de posse do resultado da pesquisa realizada pela consultoria, como os donos deveriam conduzir o processo de melhoria no restaurante, envolvendo sessões de coaching e/ou mentoring? Que resultados seriam desejados? Quem conduziria o processo? Quanto tempo deveria durar? Resposta Quando um terceiro, como uma consultoria, realiza uma pesquisa sobre o desempenho de determinada empresa, espera-se uma objetividade e um alto grau de imparcialidade, haja vista o pouco ou nenhum contato anterior com a realidade da empresa. De posse do resultado, você, enquanto gestor ou líder da organização, poderia propor a seguinte intervenção: Ação 1: treinamentos de atendimento, que visem anular as queixas existentes a respeito da postura, falta de cordialidade, polidez e simpatia dos atendentes, garçons, caixa etc. Ação 2: mapeamento dos processos organizacionais referentes a todas as atividades realizadas, com o objetivo de criar um manual com os procedimentos e as tarefas que cada pessoa ou setor deve desenvolver. Ação 3: sessões de mentoring e coachin para a gerência e supervisão, a fim de diminuir os gaps de desempenho referentes a possíveis falta de conhecimento ou dificuldades na gestão das pessoas e da rotina. REFERÊNCIAS STOMP, E. El exito del coaching. Colombia: Editora Oxfam Nobib, 2011. FERNANDEZ, T. Coaching de intervencion estrategica: los 6 pasos maestros para hacer un proceso altamente efectivo de coaching. espanha. Tino Fernandez Coaching. Disponível em: <http://www.tinofernandezcoaching.com/wp- 13 content/uploads/2015/11/Los-6-pasos-maestros-de-un-proceso-de-coaching- altamente-efectivo.pdf> Acesso em: 6 jul. 2017 LÓPEZ , J. N. A. et. al. Performance individual: evaluación y selección de intervenciones bajo el modelo de HPT. VI Congreso de Análisis Organizacional. Instituto Tecnológico de Sonora. México, 2008. AULA 4 FERRAMENTAS DE COACHING Prof. Giancarlo Leite 2 CONVERSA INICIAL Olá, caro aluno! Nesta aula, veremos as aplicações de coaching, mentoring e counseling. Como técnicas transformacionais, as práticas são diferentes; no entanto as três se propõem a criação de condições para que haja descobertas por parte das pessoas envolvidas, e que resultem em novos comportamentos. Estudos, pesquisas acadêmicas e de mercado têm mostrado a efetividade dessas técnicas, assim como relatos de profissionais declaram com clareza o impacto resultante em suas vidas. De fato, há um diferencial nas práticas de coaching, mentoring e counseling em termos de estrutura dos processos, de metodologia empregada e também da diversidade de ferramentas e habilidades pertinentes e exclusivas, aplicáveis a cada uma delas. Aceita-se ou concorda-se, na literatura técnica, que há um número crescente de empresas e pessoas recorrendo e sendo beneficiadas por esses processos. Afinal, se bem aplicados e conduzidos, podem de fato cumprir com a promessa de gerar novos e melhores resultados na vida das pessoas e das organizações. De forma ampla, as empresas recorrem às técnicas de apoio com o objetivo de aumentar as chances de que seus colaboradores, líderes, gestores e executivos se tornem mais efetivos. Por outro lado, as pessoas também têm buscado individualmente, pois identificam nessas práticas novas possibilidades de ressignificar eventos e situações. Em termos mercadológicos, o crescimento dessas ações – em especial do coaching – é resultado direto da capacidade de compreender e gerenciar um número significativo de variáveis e interferências que estão presentes e afetam vidas no trabalho e fora dele. O processo de coaching, por exemplo, torna esse gerenciamento mais consciente e autoadministrável, mantendo no indivíduo o controle da sua vida, a responsabilidade de tomar decisões e administrar o tempo de forma mais assertiva. No cenário da assertividade, o mentoring permite uma melhor compreensão dos processos de aprendizagem conduzidos por terceiros. CONTEXTUALIZANDO As situações propícias para os processos de coaching, mentoring e counseling são inúmeras, como os momentos de tomada de decisão, administração das incertezas, aumento da produtividade, transição na carreira e mudança de área. 3 Tendo em vista um gerente de vendas de uma papelaria que precisa tomar decisões em sua carreira, evidencia-se que as técnicas de apoio de mudanças podem ser especialmente úteis nessa situação. Esse gerente está trabalhando na empresa há 17 anos: iniciou como auxiliar administrativo e evoluiu anualmente até ocupar o cargo atual, depois de já estar na empresa há dez anos. Assim, faz sete anos que ele gerencia a papelaria e as duas filiais, na mesma cidade, reportando- se diretamente à dona da empresa. Um atacadista de materiais de escritório, com sede em São Paulo, capital, está abrindo uma filial na cidade em que o gerente vive e trabalha. Uma empresa de RH – especialmente contratada – após um exaustivo processo de caça talentos identificou, nesse gerente, a pessoa ideal para comandar as operações do atacadista. Após ser abordado pela empresa de RH em uma entrevista, o gerente resolveu pedir algumas semanas para decidir sobre a proposta de emprego e buscar apoio nas técnicas de coaching, mentoring. Nesse caso, o que seria mais ideal para o gerente consultar: um coach, um mentor ou um conselheiro? O que diferenciaria cada técnica? Como deveria ser direcionado o processo? Qual a estrutura das sessões? Quais os resultados esperados na vida do gerente? Quais os resultados esperados para as empresas envolvidas – o RH, a papelaria e o atacadista? TEMA 1 – DIFERENCIANDO MOMENTOS PROPÍCIOS PARA APLICAR COACHING, MENTORING E COUNSELING Quando se pensa em mudanças de comportamento, imediatamente se faz menção às técnicas de coaching, mentoring e counseling, pois elas estão intimamente ligadas aos procedimentos e resultados desejados, oriundos dessas mudanças. Algumas variáveis são levadas em conta nesses processos e avaliadas como mais representativas na coleta de informações, a saber: Variável Coaching Mentoring Counseling Tempo Os processos de coaching são mais curtos, haja vista a natureza das descobertas nas conversas. Os processosde mentoring podem ser de média ou longa duração, pois envolvem a transferência total de conhecimento e experiências. Os processos de couseling são sempre de curta duração, pontuais, para necessidades específicas. Descoberta O coachee (aprendiz) é O mentoreado (aprendiz) é O aconselhado (aprendiz) é 4 conduzido a aprender sozinho, a partir de sua própria capacidade e seu ritmo. conduzido a aprender a partir da experiência da pessoa que está conduzindo o processo. conduzido a aprender a partir de conselhos pontuais, úteis e válidos para situações específicas. Empoderar e encaminhar ações O empoderamento, para entrar em ação, é imediato, pois o coachee é desafiado a experimentar o novo comportamento a qualquer momento em que se sinta à vontade. O empoderamento, para entrar em ação, é gradativo, pois o mentoreado é desafiado a experimentar o novo comportamento assim que se depare com a situação. O empoderamento, para entrar em ação, é imediato, pois o aconselhado recebe conselhos práticos e de fácil implantação. Responsabilizar a pessoa A pessoa é responsabilizada e encorajada, desde a primeira sessão, a experimentar os novos comportamentos. A responsabilização é gradativa ao longo do processo. A responsabilização ocorre somente se a pessoa adotar o comportamento prescrito no conselho. Utilização e indicação Situações que envolvem a autodescoberta Situações que envolvem o aumento do conhecimento. Situações que envolvem resultados rápidos. TEMA 2 – COACHING, MENTORING E COUNSELING PARA A VIDA Na esfera da vida de uma pessoa, uma complexidade de variáveis emerge e, ao mesmo tempo, impactam na rotina e no planejamento. Em alguns momentos, essas variáveis podem ser objetos dos processos de coaching, mentoring e counseling. As questões que envolvem o ambiente de cada pessoa dizem respeito aos aspectos comportamentais e práticos, incluindo a tomada de decisão sobre: Relacionamentos pessoais e familiares Negociações e conflitos Habilidades pessoal e interpessoal Mudanças de cidade Mudanças de emprego Transições na carreira Empreendedorismo Concursos prestados 5 Gerenciamento de filhos, dependentes e companheiros Administração do tempo Gestão financeira pessoal A necessidade do contínuo aperfeiçoamento pessoal e profissional conduz às pessoas a busca de apoio ou auxílio em seus momentos importantes. No caso específico da aprendizagem de competências e habilidades, o coaching tem se mostrado eficiente e adequado, haja vista o aumento da consciência e da responsabilização da pessoa para a ação. Nesse sentido, a empresa poderia implantar um programa de coaching em diversas oportunidades, das quais se destacam: Aprendizagem de competências e habilidades para ocupar um novo cargo. Aprendizagem de competências e habilidades para gerenciar projetos. Aprendizagem de competências e habilidades para administrar equipes de trabalho. Aprendizagem de competências e habilidades melhorar a produtividade pessoal, incluindo a administração do tempo. Aprendizagem de competências e habilidades para fazer frente aos desafios de gestão e resolução de conflitos. Essas técnicas também têm se revelado úteis e eficientes ao longo do tempo no auxílio à busca de respostas e no encontro de soluções para os dilemas que a vida proporciona. Na prática, as técnicas auxiliam na identificação de alternativas viáveis que determinam novos cursos, a partir de novas possibilidades. As mudanças constantes impõem às pessoas o desafio de perceber novas situações, adequar-se aos novos contextos e desenvolver habilidades para fazer frente a essas demandas. Em relação aos desafios da vida cotidiana, as técnicas contribuem de forma especifica: Coaching: a partir do coach (pessoa que conduz o processo), o coaching provê uma série de habilidades e recursos para o coachee (pessoa beneficiada), o que o provoca a refletir e buscar suas próprias soluções, e descobrir experimentando. Mentoring: a partir do mentor (pessoa que conduz o processo), o mentoring provê uma série de habilidades e recursos para o mentorado (pessoa 6 beneficiada), o que que o provoca a refletir e buscar as soluções, e descobrir experimentando a partir das experiências do Mentor. Counseling: a partir do counselor (pessoa que dá conselhos), o counseling ou prática de aconselhamento provê conselhos técnicos e pontuais que inspiram e motivam a outra pessoa a agir de determinada forma. Nas questões que envolvem decisões práticas, rotineiras e não programadas ou de baixa estruturação, as técnicas podem ser combinadas ou adotadas individualmente, face às demandas da pessoa envolvida. Quando as decisões envolverem assuntos recorrentes, estruturados, recomenda-se os processos de coaching, a fim de esclarecer as alternativas. Nos desafios empresariais que envolvem questões estruturadas, repetidas, a empresa deve adotar uma sequência de passos: Definir procedimentos, normas, processos e padrões de trabalho. Divulgar e conscientizar o uso dos processos. Treinar as pessoas envolvidas. Acompanhar o desempenho das pessoas. Proporcionar coaching quando não estiver ocorrendo a performance desejada. Desse modo, os programas de coaching que incluem sessões diretas estariam sendo aplicados às pessoas que, após ter sido conscientizadas e treinadas, estão apresentando baixo resultado em termos de competências e habilidades. TEMA 3 – COACHING, MENTORING E COUNSELING PARA A CARREIRA Segundo Peres (2011), a palavra carreira define a trajetória da vida profissional de uma pessoa e tem tomado maior amplitude nos últimos anos, pois expressões como “espaço de vida” e “projeto de vida” tem aparecido constantemente nas conceituações de carreira. Na visão de Comin e Costa (2014), a carreira, que pode tratar de vários estágios em diferentes períodos na vida dos indivíduos, interfere tanto as pessoas quanto as empresas em que elas estão inseridas. Nas últimas décadas, as trajetórias profissionais têm ganhado o apoio das ferramentas de planejamento, como os planos de carreira, que tem por objetivo direcionar as ações e iniciativas dos envolvidos. Afinal, a criação de estratégias e 7 objetivos de carreira antecipa uma série de passos que devem ser adotados para se atingir as metas. As técnicas de coaching, mentoring e counseling fazem sentido e ganham importância quando compatibilizadas com a etapa de planejamento ou na execução das ações. Independentemente da técnica de apoio, na visão de Carteri, Gonçalves e Rodrigues (2016), para uma trajetória profissional bem-sucedida, um dos pontos essenciais é a preparação e a elaboração de um plano de carreira eficiente, que deve levar em conta: Desenho de metas profissionais. Análise minuciosa de suas qualidades e seus defeitos. Atenção às mudanças. Em termos de alinhamento de ações e estratégia, o setor de RH ou gestão de pessoas (em parceria com outras áreas da empresa) é responsável por desenhar, aprovar e implantar um programa de coaching ou mentoring. Recomenda-se que as três técnicas possam ser combinadas ou utilizadas individualmente, de acordo com as necessidades, expectativas, os recursos e interesses particulares. Ações individuais, combinadas com apoio e acompanhamento, multiplicam as chances de sucesso dos planos de carreira. TEMA 4 – COACHING, MENTORING E COUNSELING PARA LÍDERES Levando-se em consideração que a liderança é um tema importante para as organizações, devido ao papel fundamental que os líderes desempenham na eficácia do grupo e da empresa, essa característica pode ser definida como o processo de dirigir e influenciar as atividades relativas às tarefas dos membros de variados grupos. Visando aprimorar
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