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Capítulo 14 - Sensopercepção e suas alterações

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1 Juliana F. M. de Camargo I Turma IV I 2020.2 
 
Professora Alessandra Pereira- Cap.14 
LIVRO: Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais – Paulo Dalgalarrondo 
 
 
Psiquiatria – Sensopercepção e suas alterações 
 
 
Definições básicas: 
SENSAÇÃO: 
- Fenômeno passivo gerado por estímulos 
físicos, químicos ou biológicos; 
- Gerados dentro ou fora do organismo; 
- Estimula os nossos órgãos receptores; 
 
PERCEPÇÃO: 
- Tomada de consciência 
ativa/pessoal/criativa desses estímulos 
sensoriais. 
 
Ex.: Ao visualizar 4 troncos e uma tábua em cima 
(sensação) = MESA (percepção) 
 
APERCEPÇÃO: 
- Introduzido por Leibniz (séc.17): Percepção 
100% clara; 
- Introduzido por Jung (séc.19): Pleno 
reconhecimento de um objeto já conhecido; 
_____________________________________________________ 
 
IMAGEM REAL: 
✓ Nítida; 
✓ Com corporeidade (brilho, cores) 
✓ Estável (não muda) 
✓ Extrojetiva (percebida do externo) 
Ex.: “Visualizar uma mesa de olhos abertos” 
✓ Ininfluenciável (indivíduo não modifica a 
imagem) 
✓ Completa (tem desenho completo) 
 
REPRESENTAÇÃO: IMAGEM NA CONSCIÊNCIA: 
✓ Pouca nitidez; 
✓ Pouca corporeidade (não tem vida); 
✓ Instável (aparece e desaparece com a 
consciência) 
✓ Introjetiva (espaço interno) 
Ex.: “Visualizar uma mesa de olhos fechados” 
✓ Incompleta (poucos detalhes) 
_____________________________________________________ 
 
IMAGEM EIDÉTICA: 
- Evocação voluntária de uma imagem muito 
precisa (utilizada por pintores) 
 
 
 
PAREIDOLIA: 
- Visualização voluntária de imagem por estímulos 
imprecisos. 
Ex.: Olhar nuvens no céu e enxergar animais 
 
IMAGINAÇÃO: 
- Produção de imagens sem estímulos sensoriais, pela 
memória ou criando novas. 
 
FANTASIA: 
- Produtos da imaginação; 
- A psicanálise define como algo que se origina de 
desejos e conflitos (consciente ou não) a fim de lidar 
com frustrações. 
 
Semiotécnica: 
ALUCINAÇÃO AUDITIVA: 
- Tem ouvido vozes de pessoas estranhas? 
- São ruídos ou são claras? 
- De perto ou longe? 
- Tem medo? 
- São repetições de seu pensamento? 
- Eu consigo ouvir? 
- Ouviu agora? 
 
VISUAL: 
- Viu algo estranho que ninguém viu? 
- Se mexiam? Te assustou? 
- Elas se aproximam? 
- Que horas você vê? 
- De onde vem? 
 
OLFATIVA E GUSTATIVA: 
- Tem notado cheiro estranho? 
- Alguém quer te envenenar? 
- De onde vem? 
- Passou rápido ou durou? 
 
ALUCINAÇÕES TATÉIS: 
- Sente algo estranho no corpo? 
- Sente que tocam no seu corpo? 
- São desagradáveis? 
- Tocam nos seus genitais? 
- Sente algo dentro do corpo? 
- Já sentiu inseto na pele? 
 
 
 
2 Juliana F. M. de Camargo I Turma IV I 2020.2 
 
CINESTÉSICA: 
-Tem feito movimento contra sua vontade? 
- Parte de seu corpo tem mudado de posição 
sem seu controle? 
- Sente que levita? 
- Sente que alguém a empurra? 
 
Alterações QUANTITATIVAS: 
HIPERESTESIA: 
- Percepção aumentada em intensidade e 
duração. 
- Ocorre em intoxicação por alucinógenos 
(Ex.: LSD, maconha, cocaína...), 
hipertireoidismo, epilepsia, enxaqueca e 
quadros maníacos. 
 
HIPERPATIA: 
- Sensação desagradável por leve estímulo 
da pele (queimação e dor extrema com um 
simples toque na pele) 
- Comum em síndrome talâmica 
 
HIPOESTESIA: 
- Percepção diminuída; 
- Ocorre na depressão (mundo cinza, comida 
sem sabor) 
- Hipoestesia tátil na compressão medular, 
mononeuropatia viral, diabética, nutricional 
- Pode ocorrer em transtornos histéricos, 
hipocondríacos e psicóticos. 
 
PARESTESIA: 
- Sensações táteis desagradáveis 
 
DISESTESIA TÁTEIS: 
- Sensações anômalas (Ex.: Coloca-se algo 
quente em contato com a pele e a pessoa 
sente frio) 
 
Alterações QUALITATIVAS: 
ILUSÃO: 
- Percepção deformada de um objeto real e 
presente. Ocorre em: 
1. Estado de rebaixamento do nível de consciência 
(percepção fica imprecisa) 
2. Fadiga grave ou inatenção marcante (Ex.: Ao 
acordar ou antes de ir dormir) 
3. Estados afetivos (afeto intenso deforma a 
sensopercepção – ILUSÃO CATATÍMICA) 
 
TIPOS DE ILUSÃO: 
 
Visuais: vê pessoas, monstros, animais a partir de 
roupas, objetos, figuras. 
 
Auditivas: ouve seu nome, palavras ou 
chamamentos a partir de estímulos sonoros. 
 
ALUCINAÇÃO: 
- Percepção de objeto sem estímulo 
sensorial. Tipos: 
1. ALUCINAÇÃO AUDITIVA: 
- Mais frequente 
1.1) SIMPLES: 
- Somente ruídos; 
 
OBS.: TINNITUS não é considerado: alteração de 
sistema auditivo, aneurismas. 
 
1.2) COMPLEXA: 
- Alucinação áudio-verbal; 
- Ameaçam, insultam, falam conteúdo depreciativo. 
Voz de comando e comentário de ação são 
comuns. 
 
OBS.: Ocorre com maior frequência na esquizofrenia, 
também em transtorno do humor, alcoolismo 
crônico, transtorno de personalidade (histriônico, 
borderline, esquizotípica) 
 
➔ Outros: 
 
SONORIZAÇÃO DO PENSAMENTO: ouvir o 
pensamento no momento que está pensando. 
ECO DE PENSAMENTO: ouvir após pensar 
2.1) Sonorização do próprio pensamento: ouve 
claramente sua voz 
2.2) Sonorização como vivência alucinatório-
delirante: pensamentos introduzidos em sua cabeça, 
de forma completamente involuntária. 
 
PUBLICAÇÃO DO PENSAMENTO: Sensação que as 
pessoas ouvem seu pensamento no exato instante 
em que está pensando. 
 
2. ALUCINAÇÃO MUSICAL: 
- Tons, ritmos e melodias 
- São raros e podem ser contínuas ou intermitentes; 
- Ocorre principalmente em mulheres idosas, com 
perda progressiva da audição, em demências e 
transtorno depressivo. 
 
3. ALUCINAÇÃO VISUAL: 
3.1) SIMPLES: 
- Fotopsias- presença de percepção de flashes de luz 
(cores, bolas, pontos) 
- Exemplo: ESCOTOMAS (alterações do campo 
visual, traduzem diminuição parcial ou total da 
capacidade de enxergar, sempre rodeados por um 
campo de visão normal. Não é doença, mas um 
sintoma que pode aparecer em várias doenças). 
 
 
3 Juliana F. M. de Camargo I Turma IV I 2020.2 
 
3.2) COMPLEXA: 
- Figuras, imagens de pessoas, partes do corpo, 
entidades, animais, objetos inanimados. 
- Exemplo: 
CENOGRÁFICAS: cenas completas (Ex.: casa 
pegando fogo) 
LILIPUTIANA: cenas com personagens 
pequenos 
 
• CAUSAS DA ALUCINAÇÃO VISUAL: 
- Podem ocorrer em estados normais (alucinação, 
hipnagógica – quando vai dormir, hipnopômpicas- 
quando vai acordar, fadiga e emoção intensa) 
- As alucinações complexas podem ocorrer nesta 
ordem: 
✓ Narcolepsia com cataplexia 
✓ Demência de Lewy 
✓ Doença de Parkinson 
✓ Delirium 
✓ Esquizofrenia 
✓ Demência vascular 
✓ Doença de Alzheimer 
✓ Doença oftalmológica 
 
4.ALUCINAÇÃO TÁTIL: 
- Espetada, choques ou insetos correndo na pele 
Ex.: Síndrome de Ekbom 
- Frequentes na esquizofrenia, quadros histéricos, DT 
(Delirium Tremens), psicoces tóxicas induzidas por 
cocaína. 
 
5. ALUCINAÇÃO OLFATIVA: 
- Relacionada a interpretação delirante 
Ex.: Comida está com cheiro de inseticida, 
pois querem me envenenar 
 
6. ALUCINAÇÃO GUSTATIVA: 
- Rara; 
- Relacionada a alucinação olfativa; 
 
7. ALUCINAÇÃO CENESTÉSICA 
- Sensação incomum em diferentes partes do corpo; 
Ex.: fígado apodrecendo (Síndrome de 
Cotard- rara doença mental em que a 
pessoa afetada detém a crença delirante de 
que ela já morta), cérebro encolhendo 
 
8. ALUCINAÇÃO CINESTÉSICA 
- Sensação alterada do movimento do corpo; 
Ex.: Corpo afundando, membro encolhendo 
 
9. ALUCINAÇÃO FUNCIONAL: 
- Desencadeado por estímulo sensorial, mas não é 
ilusão, pois não há objeto 
Ex.: Abre torneira e ouve vozes 
 
10. ALUCINAÇÃO SINESTÉSICA 
- Alucinações de vários tipos ao mesmo tempo 
Ex.: vê música colorida, cor com nota musical 
- Comum em alterações de consciência 
 
11. ALUCINAÇÃO EXTRACAMPINA: 
- Percepção fora do alcance do campo 
sensoperceptivo 
Ex.: Vê através da parede 
 
12. ALUCINAÇÃO AUTOSCÓPICA: 
- Enxerga a si mesmo, vê seu corpo na terceira 
pessoa; 
- Chamado de fenômeno do duplo (Doppelganger) 
- Situação semelhante a sensação de umapresença, ser invisível o acompanha; ( O paciente 
pode até conversar com “esse ser”) 
 
13. ESTRANHEZA DO MUNDO: 
- Acredita que o mundo foi modificado ou se 
transformou. 
- Semelhante a desrealização 
 
ALUCINOSE: 
- Paciente percebe que é um fenômeno estranho e 
patológico 
- Ocorre com maior frequência em quadros 
orgânicos, em sua modalidade visual, ocorre mais 
nas intoxicações. 
1. Penducular (de Lhermitte): 
- Ocorre a tarde; 
- Obnubilação da consciência; 
- Causado: lesão vascular ou neoplásica em 
pedúnculo cerebral 
2. Auditiva: 
- Comum em etilistas; 
- São vozes que falam do paciente em 3ª 
pessoa 
Ex.: “Ele está feio, ele é um fracassado” 
 
Teorias etiológicas: 
TEORIA PSICODINÂMICA: 
- Movimento inconsciente de expulsar de seu 
interior conteúdos conflituosos e insuportáveis 
 
TEORIA IRRITATIVA CORTICAL: 
- Refere que lesões degenerativas 
produziriam afasias, paralisias, hiperestesias 
 
TEORIA NEUROBIOQUÍMICA: 
- Relacionada à hiperativação de circuitos 
serotoninérgico e dopaminérgico. 
- Quando utilizado psicotrópicos, há 
manutenção da consciência e alucinações 
poucos precisas, amenizam as alterações 
 
 
 
4 Juliana F. M. de Camargo I Turma IV I 2020.2 
 
FENÔMENO DE DEAFERENTAÇÃO: 
- SNC ao ser privado de estímulo externo, 
produz seu próprio estímulo, fenômeno 
sensorial para manter equilíbrio, ou seja, é um 
fenômeno compensatório. 
 
TEORIA DA DESORGANIZAÇÃO GLOBAL: 
- Lesões com inibição superior favorecem o 
aparecimento de alucinações, ilusões e 
outros automatismos. 
 
ANATOMIA: 
Temporal, parietal e frontal: 
- Alucinação hiperativada; 
 
Área temporal: 
- Vozes externas que o paciente ouve; 
 
Área de Broca: 
- Alucinação por voz interna 
 
OUTROS: 
Pseudo alucinação: 
- Não apresenta aspecto vivo, é uma 
imagem representativa; 
- Paciente relata “é uma voz, mas não é” 
- Pode surgir, em alguns casos, de um 
pensamento intenso sobre algum assunto. 
 
Imagem pós óptica: 
- Fisiológico; 
- Persistência de imagens que viu 
previamente ou por um tempo prolongado 
- Ex.: Patologista que fecha os olhos e vê 
células 
 
Alucinação psíquica: 
- Imagem alucinatória sem caráter sensorial 
- Ex.: Voz sem som, pensamentos sem 
conteúdo. 
 
Alucinação negativa: 
- Percepção ausente de objeto real 
- Negação de um “objeto” percebido como 
indesejável ou intolerável. 
 
Ex.: Paciente deixa de ver uma pessoa por motivos 
próprios, pode ser por vergonha ou deixa de 
enxergar objetos que fazem mal à ele.

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