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1 FLAMBAGEM DE COLUNAS 1. FLAMBAGEM DE COLUNAS No projeto de elementos estruturais mecânicos, faz-se necessário conhecer os comportamentos físicos existentes para que se possa definir os critérios de projeto adequados para o dimensionamento, a fim de se evitar falhas estruturais. Sempre é necessário que o projeto satisfaça requisitos específicos de resistência, deflexão e estabilidade, de acordo com Hibbeler, R. C. (2010). Elementos estruturais esbeltos, quando submetidos a cargas axiais suficientemente grandes de compressão, podem apresentar uma instabilidade lateral, gerando uma deflexão lateral (denominada flambagem). A carga axial máxima que uma coluna pode suportar quando está na iminência de sofrer flambagem é denominada carga crítica, 𝑃𝑐𝑟. O ponto de transição onde a carga é igual ao valor crítico é denominada ponto de bifurcação. Em resumo, para cargas inferiores à carga crítica, não ocorrerá flambagem. Para um carregamento igual à carga crítica, a estrutura estará na iminência de sofrer flambagem. Como 𝑃𝑐𝑟 é independente do pequeno deslocamento angular da barra, qualquer leve perturbação aplicada ao mecanismo não fará com que ele se afaste mais do equilíbrio, nem que retorne a sua posição inicial. Em vez disso, a barra permanecerá defletida. 2 Figura 1 – Carga Crítica e Ponto de Bifurcação 1.1.COLUNA IDEIAL COM APOIOS DE PINOS Considera-se que a coluna em questão é ideal, o que significa uma coluna perfeitamente reta antes da carga, feita de material homogêneo e na qual a carga é aplicada no centroide da seção transversal. Leva-se ainda em consideração que o material se comporta de uma maneira linear elástica e que a coluna sofre flambagem em um único plano. Na realidade, as condições de perfeita retidão da coluna e aplicação de carga nunca são cumpridas; todavia, a análise a ser realizada em uma coluna ideal é semelhante à usada para analisar colunas inicialmente fletidas (tortas) ou sobre as quais são aplicadas cargas excêntricas. Visto que uma coluna ideal é reta, teoricamente a carga axial P poderia ser aumentada até ocorrer falha por ruptura ou escoamento do material. Contudo, quando a carga crítica P é atingida, a coluna está na iminência de tornar-se instável, de modo que uma pequena força lateral F, fará com que ela permaneça na posição defletida quando F for removida. Qualquer ligeira redução na carga axial P em relação a P, fará com que a coluna se endireite e qualquer ligeiro aumento em P, que ultrapasse P provocará aumentos adicionais na deflexão lateral. O fato de a coluna continuar estável ou tornar-se instável quando sujeita a uma carga axial dependerá de sua capacidade de restauração, que é baseada em sua resistência à flexão. Por consequência, para determinar a carga crítica e a forma da coluna quando flambada, aplica- se a Equação 8 que relaciona o momento interno na coluna com sua forma defletida, isto é: 3 𝑬𝑰 𝒅²𝒗 𝒅𝒙² = 𝑴 (8) Figura 2 - Aplicação de Carga - Apoios de pinos Somando momentos, o momento interno é 𝑀 = −𝑃𝑣: 𝑬𝑰 𝒅²𝒗 𝒅𝒙² = −𝑷𝒗 (1) 𝒅²𝒗 𝒅𝒙² + 𝑃 𝐸𝐼 𝒗 = 𝟎 (2) Essa é uma equação diferencial linear homogênea de segunda ordem com coeficientes constantes. Sabe-se, pelo método das equações Diferenciais que a solução geral é do tipo: 𝒗 = 𝑪𝟏 𝐬𝐢𝐧 √ 𝑷 𝑬𝑰 𝒙 + 𝑪𝟐 𝐜𝐨𝐬 √ 𝑷 𝑬𝑰 𝒙 (3) As duas constantes de integração são determinadas pelas condições de contorno nas extremidades da coluna. Visto que 𝒗 = 𝟎 em 𝒙 = 𝟎, então 𝑪𝟐 = 𝟎. E, considerando 𝒗 = 𝟎 em 𝒙 = 𝑳, 𝑪𝟏 𝐬𝐢𝐧 √ 𝑷 𝑬𝑰 𝑳 = 𝟎 (4) Tem-se a possibilidade de satisfazer a equação com 𝑪𝟏 = 𝟎; porém, 𝒗 = 𝟎, o que é uma solução trivial que exige que a coluna permaneça sempre reta, ainda que a carga faça com que a coluna se torne instável. A outra possibilidade é 4 𝐬𝐢𝐧 √ 𝑷 𝑬𝑰 𝑳 = 𝟎 (5) satisfeita por √ 𝑷 𝑬𝑰 𝑳 = 𝒏𝝅 (6) Ou, 𝑷 = 𝒏²𝝅²𝑬𝑰 𝑳² (7) O menor valor de P é obtido quando 𝒏 = 𝟏, de modo que a carga crítica ocorre para esse primeiro autovalor, onde o auto vetor é 𝒗 = 𝑪𝟏 𝐬𝐢𝐧 𝝅ℷ 𝑳 (8) Sabe-se que n representa o número de ondas na forma defletida da coluna. Por exemplo, para 𝒏 = 𝟐, aparecerão 2 ondas na forma flambada. Deve-se observar que a carga crítica é independente da resistência do material, ou seja, ela depende da configuração geométrica do elemento estrutural (comprimento e momento de inércia de área) e do material (módulo de elasticidade). É importante ter claro que, em uma coluna, a flambagem ocorrerá em torno do eixo principal da seção transversal que tiver menor momento de inércia. É muito comum se escrever a flambagem em termos de tensão crítica, expressando 𝑰 = 𝑨𝒓² (9) onde A é a área da seção transversal e 𝒓 é o raio de giração. 𝝈𝒄𝒓 = 𝝅²𝑬 (𝑳 𝒓⁄ )² (10) A relação L/r é conhecida como índice de esbeltes. 1.2.COLUNA IDEAL ENGASTADA Considera-se que a coluna em questão é ideal, o que significa uma coluna perfeitamente reta antes da carga, feita de material homogêneo e na qual a carga é aplicada no centroide da 5 seção transversal. Leva-se ainda em consideração que o material se comporta de uma maneira linear elástica e que a coluna sofre flambagem em um único plano. Para determinar a carga crítica e a forma da coluna quando flambada, aplica-se a Equação 19 que relaciona o momento interno na coluna com sua forma defletida, isto é: 𝑬𝑰 𝒅²𝒗 𝒅𝒙² = 𝑴 (11) Figura 3 - Aplicação de Carga - Apoios de pinos Somando momentos, o momento interno é 𝑀 = 𝑃(𝛿 − 𝑣): 𝑬𝑰 𝒅²𝒗 𝒅𝒙² = 𝑷(𝜹 − 𝒗) (12) 𝒅²𝒗 𝒅𝒙² + 𝑃 𝐸𝐼 𝒗 = 𝑃 𝐸𝐼 𝜹 (13) Essa é uma equação diferencial linear não homogênea de segunda ordem com coeficientes constantes. Sabe-se, pelo método das equações Diferenciais que a solução consiste em uma solução geral, bem como uma solução particular, a saber: 𝒗 = 𝑪𝟏 𝐬𝐢𝐧 √ 𝑷 𝑬𝑰 𝒙 + 𝑪𝟐 𝐜𝐨𝐬 √ 𝑷 𝑬𝑰 𝒙 + 𝜹 (14) As duas constantes de integração são determinadas pelas condições de contorno nas extremidades da coluna. Visto que 𝒗 = 𝟎 em 𝒙 = 𝟎, então 𝑪𝟐 = −𝜹. Além disso, 𝒅𝒗 𝒅𝒙 = 𝑪𝟏√ 𝑷 𝑬𝑰 𝐜𝐨𝐬(√ 𝑷 𝑬𝑰 𝒙) − 𝑪𝟐√ 𝑷 𝑬𝑰 𝐬𝐢𝐧( √ 𝑷 𝑬𝑰 𝒙) (15) Em 𝒙 = 𝟎, 𝑑𝒗 𝑑𝑥 = 𝟎, de modo que 𝐶1 = 𝟎. A curva de deflexão é, portanto, 6 𝒗 = 𝜹 [𝟏 − 𝐜𝐨𝐬(√ 𝑷 𝑬𝑰 𝒙)] (16) Considerando que a deflexão no topo da coluna é δ, isto é, em 𝒙 = 𝑳, 𝒗 = 𝜹, exige-se 𝜹 𝐜𝐨𝐬(√ 𝑷 𝑬𝑰 𝐿) = 𝟎 (17) A solução trivial 𝜹 = 𝟎 indica que não ocorre nenhuma flambagem, independentemente da carga aplicada. Em vez disso, 𝐜𝐨𝐬(√ 𝑷 𝑬𝑰 𝐿) = 𝟎 ou √ 𝑷 𝑬𝑰 𝐿 = 𝒏𝝅 𝟐 (18) Ou, 𝑷 = 𝒏²𝝅²𝑬𝑰 𝟒𝑳² (19) O menor valor de P é obtido quando 𝒏 = 𝟏. 1.2.1. COLUNA IDEAL COM OUTROS APOIOS Da mesma forma com que se resolve o problema de flambagem pelas equações diferenciais apresentadas anteriormente, pode-se chegar ao cálculo de diversas formas de apoio. Como já apresentado, a fórmula de Euler (equação 7) foi desenvolvida para o caso de uma coluna com extremidades presas por pinos ou livres para girar. Em outras palavras, L na equação representa a distância sem apoio entre os pontos de momento nulo. Se a coluna for apoiada de outros modos, pode-se calcular um novo L (L efetivo) para o cálculo da carga crítica. Desta forma, 𝑳𝒆𝒇 = 𝑲𝑳, onde K é o fator de comprimento efetivo e varia para cada tipo de fixação: 7 Figura 4 - Fatores K de comprimento efetivo 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HIBBELER, RUSSELL CHARLES. Resistência dos Materiais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, SP, 2010.