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Da proteção da pessoa dos filhos 1. Pátrio Poder, Poder Familiar e Autoridade Parental. 2. Bases Constitucionais. a. Principio do Melhor Interesse da Criança b. Princípio da Paternidade Responsável. c. Princípio da Convivência Familiar. 3. Guarda. a. Conceito b. Modalidades > Unilateral > Compartilhada c. Evolução > CC/16 > CC/02 > Lei nº 11.698/2008. > Lei nº 13.058/2014. d. Guarda compartilhada: correntes. > Diferença entre guarda compartilhada e guarda alternada. 4. Alienação Parental > Condutas de alienação parental. > Sanções. > Síndrome de alienação parental (SAP) Da proteção da pessoa dos filhos 1. Introdução. Capítulo após a Dissolução do Casamento; institutos desvinculados à conjugalidade. “Da proteção da pessoa dos filhos”, título importado pelo Código Civil de 2002 do Código Civil de 1916, liga-se diretamente ao instituto guarda. A guarda como um dos elementos do poder familiar. Para entender o instituto da guarda, assim, precisamos compreender inicialmente o poder familiar e toda a evolução conceitual por qual ele passou. 2. Pátrio Poder, Poder Familiar e Autoridade Parental. O que hoje é chamado de Poder Familiar pelo CC era denominado de Pátrio Poder. O conteúdo do Pátrio Poder foi se modificando por diversas mudanças sociais. Supletiva e em colaboração pela mulher. Art. 1.630: alteração para “Poder familiar”. Modificação terminológica e teleológica. Igualdade entre o homem e a mulher: exercício comum. Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto menores. Titulares recíprocos. Denominação mais adequada: Autoridade parental. Lei de alienação parental. “Autoridade” x “Poder”; “Parental” x “Familiar”. 3. Bases Constitucionais. Princípio do melhor interesse da criança. A CF garante, de forma efetiva, os direitos das crianças e dos adolescentes em todos os níveis de convivência: tanto no espaço familiar como no social. Casuisticamente. Leitura do art. 227. Responsabilidade trinária. Conjunto de deveres que deixa pouco espaço ao poder. Invisibilidade → visibilidade de proteção extrema. Estado liberal → proteção. Princípio da paternidade responsável. Art. 226, §7º. Indissociável do conceito de responsabilidade. Encargo que os pais têm para com sua prole, provando assim a assistência moral, afetiva, intelectual e material. Princípio da convivência familiar. Trata da convivência presencial e relacional dos pais para com os filhos. direito do próprio filho. Inadequação do termo “direito de visitas”. Duas faces: presume-se a convivência positivamente; contudo, a presunção é relativa. Guarda compartilhada como forma de efetivar a convivência familiar, manutenção da coparentalidade. 4. Guarda. Conceito. Instituto jurídico, atributo do poder familiar, através do qual se atribui a uma pessoa, o guardião, um complexo de direitos e deveres, mais esses, a serem exercidos com o objetivo de proteger e prover as necessidades de desenvolvimento de outra que dele necessite. Guarda compartilhada e guarda unilateral. Conceitos do Art. 1.583, §1º. Sujeitos da relação. Em regra, a guarda ser atributo do poder familiar, existem guardiões sem o poder familiar. Terminologia “guarda”. Evolução. > CC/16. - Pouca intervenção do Estado nas relações privadas. - No caso de consenso, mantinha-se o que foi transacionado pelos genitores; no caso de dissenso, o Estado deferiria ao “cônjuge inocente”, o que significava, portanto, que o Estado escolheria uma guarda unilateral havendo litígio. > CC/02. - A redação original do Código Civil de 2002 em pouco mudou a tratativa dada à guarda. - Como antes, se houvesse consenso entre os pais quanto à modalidade de guarda, o juiz apenas homologava; no caso de litígio, “a guarda dos filhos era atribuída a quem revelar melhores condições para exercê-la”. > Lei 11.698/2008. - Traz explicitamente a modalidade de guarda compartilhada (não significa que passou a ser permitida a partir daí). - Fruto de movimentos sociais: guarda compartilhada como forma de se evitar a alienação parental. - Não havendo acordo, será aplicada, sempre que possível, a guarda compartilhada. - Só não seria imposta a guarda compartilhada quando o compartilhamento tornar-se inviável (conceito indefinido). - Tal imposição trouxe um problema estrutural ao judiciário: em toda demanda trazida, mesmo que consensual, que não optasse pelo compartilhamento da guarda, deveria o juiz intimar as partes para tentar converter a opção da guarda unilateral para a compartilhada. - A solução surgida como tentativa de barrar esse problema estrutural, indo de encontro com todo o fundamento da lei, foi decretar a guarda unilateral quando do dissenso. - O retrocesso à realidade anterior à nova lei fez surgir grande indignação. Após forte pressão travada por pais e mães que reivindicavam maior igualdade de direitos e deveres para com os filhos, a exemplo da luta esboçada pela Associação de Pais Separados (APASE), a edição da Lei no 13.058/2014 criou, segundo Rolf Madaleno, a figura da “dupla custódia”, compreendida como a guarda compartilhada jurídica e a guarda compartilhada física dos filhos. > Lei 13.058/2014. - Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor. - Na lei de 2008, a guarda compartilhada era preferencial, trazendo o critério subjetivo do sempre que possível. A lei de 2014 veio a obrigá-la como regra, justificada essa imposição pelo fato de a jurisprudência, na vigência da lei anterior, não vir cumprindo com a proposta da lei de 2008. A lei de 2014 quis corrigir a jurisprudência, tirando do julgador esse grau de escolha, pois as exceções para não aplicar a guarda compartilhada são previstas. Retira do juiz a possibilidade de avaliação de viabilidade. - Exceções: i. Quando o mérito colocar em dúvida a aptidão do poder familiar, como casos de abuso sexual, violência doméstica etc. Havendo dúvida, não se pode imaginar que seja mentira A PRIORI, tem que investigar, pois se pode estar diante de uma verdade ou de uma hipótese de alienação parental. ii. Quando um dos pais não quiser. Insere o poder de renunciar. Guarda compartilhada. > 1º entendimento: divisão de responsabilidade. > 2º entendimento: exige-se um elemento presencial. Obs: guarda de fato Obs: guarda compartilhada ≠ guarda alternada. 5. Alienação parental. Lei 12.318/2010. - Um dos principais fatores para o surgimento da guarda compartilhada como maior ideal para compatê-la. - Conceito trazido pela lei, art. 2º, caput. O alienador não é, necessariamente, um dos genitores. Atos simples aos mais severos. - E, justamente da possibilidade de ocorrer condutas severas, surgiu uma verdadeira necessidade de se prevenir, de não se admitir a convivência para depois apurar. - Não cabe mais ao Estado desacreditar da criança. Lei nº 13.010/14,”lei das palmadas” ou “lei do menino Bernardo”. Direito da criança e do adolescente de serem educados e cuidados sem o uso de castigos físicos ou de tratamento cruel ou degradante. i. Condutas de alienação parental. - Art. 2º, parágrafo único e incisos. São aquelas que, ao se repetirem, acabam afastando os pais e filhos. Rol exemplificativo. - Art. 6º. Caso de comprovada alienação, o juiz poderá aumentar o poder do alienado frente ao alienador, alterando o regime de convivência para com os filhos. Essa decisão pode vir tanto em ação autônoma paratal, como de forma quanto incidental em outro processo, caso constatadas. As sanções podem ser: Advertência → multa → mudança de regime de convivência → inversão da guarda → até a sanção mais grave de SUSPENSÃO do poder familiar. ii. Síndrome de alienação parental (SAP) - É a alienação não tratada, consolidada, irreversível em quase todos os casos, é quando os filhos definitivamente se afastam, tirando o sentimento de paternidade. Para que a Síndrome de Alienação Parental se instale é preciso que haja muitas condutas, reiteradas, de alienação parental. [CF] Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas. Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. [CC/02] Art. 1.630. Os filhos estão sujeitos ao poder familiar, enquanto menores. Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. § 1o Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5o) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. [CC/16] Art. 325. No caso de dissolução da sociedade conjugal por desquite amigável, observar-se-á o que os conjugues acordarem sobre a guarda dos filhos. Art. 326. Sendo o desquite judicial, ficarão os filhos menores com o conjugue inocente. [CC/02] Art. 1.583. No caso de dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal pela separação judicial por mútuo consentimento ou pelo divórcio direto consensual, observar-se-á o que os cônjuges acordarem sobre a guarda dos filhos. Art. 1.584. Decretada a separação judicial ou o divórcio, sem que haja entre as partes acordo quanto à guarda dos filhos, será ela atribuída a quem revelar melhores condições para exercê-la. Parágrafo único. Verificando que os filhos não devem permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, o juiz deferirá a sua guarda à pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, de preferência levando em conta o grau de parentesco e relação de afinidade e afetividade, de acordo com o disposto na lei específica. [Lei 11.698/2008] § 2o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, será aplicada, sempre que possível, a guarda compartilhada. [Lei 13.058/2014] § 2o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor. [LEI DE ALIENAÇÃO PARENTAL. Lei 12.318/2010]. Art. 2o Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculos com este. Parágrafo único. São formas exemplificativas de alienação parental, além dos atos assim declarados pelo juiz ou constatados por perícia, praticados diretamente ou com auxílio de terceiros: I - realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da paternidade ou maternidade; II - dificultar o exercício da autoridade parental; III - dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; IV - dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; V - omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; VI - apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente; VII - mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós. Art. 6o Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso: I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; III - estipular multa ao alienador; IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão; VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; VII - declarar a suspensão da autoridade parental. Parágrafo único. Caracterizado mudança abusiva de endereço, inviabilização ou obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá inverter a obrigação de levar para ou retirar a criança ou adolescente da residência do genitor, por ocasião das alternâncias dos períodos de convivência familiar.
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