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CONTRATOS · Conceito Um negócio jurídico bilateral, por meio do qual as partes, visando a atingir determinados interesses patrimoniais, convergem as suas vontades, criando um dever jurídico principal (de dar, fazer ou não fazer), e, bem assim, deveres jurídicos anexos, decorrentes da boa-fé objetiva e do superior princípio da função social. Em um estado verdadeiramente democrático de direito, o contrato somente atenderá a sua função social no momento em que, sem prejuízo ao livre exercício da autonomia privada: •Respeitar a dignidade da pessoa humana (direitos e garantias fundamentais); •Admitir a relativização do princípio da igualdade das partes contratantes - somente aplicável aos contatos verdadeiramente paritários, que atualmente são minoria; •Consagrar uma cláusula implícita de boa-fé objetiva - ínsita em todo contrato bilateral, e impositiva dos deveres anexos de lealdade, confiança, assistência, confidencialidade e informação; •Respeitar o meio ambiente; •Respeitar o valor social do trabalho. TODAS ESSAS CIRCUNSTÂNCIAS, REUNIDAS, MOLDAM O PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO, ASSSENTADOS NO ART. 421 DO CC. · Princípios O PRINCÍPIO da autonomia da vontade ou do consensualismo; O PRINCÍPIO da força obrigatória do contrato; É o famoso pacta sunt servanda - Conhecido pelo brocardo “o contrato faz lei entre as partes” O PRINCÍPIO da relatividade subjetiva dos efeitos do contrato; O PRINCÍPIO da função social do contrato; O PRINCÍPIO da boa-fé objetiva; O PRINCÍPIO da equivalência material. Localizando-se! Os contratos estão previstos no Código Civil de 2002: No Livro I da Parte Especial – Do Direito das Obrigações Título V – Dos Contratos em Geral – arts. 421 a 480,CC Título VI – Das Várias Espécies de Contratos – arts. 481 a 853, CC Contrato de adesão: é o contrato cujo conteúdo é determinado unilateralmente pela parte economicamente mais forte. São contratos que não admitem a discussão de suas cláusulas, que devem ser aceitas em bloco pelo aderente. São características dos contratos de adesão: a pré-disposição das cláusulas contratuais; a unilateralidade e a rigidez do conteúdo. · Contrato, convenção e pacto Contrato, convenção e pacto não se confundem, embora na prática sejam constantemente utilizados como sinônimos. Convenção – é o acordo de vontades de caráter patrimonial ou não. Trata-se de expressão genérica que designa qualquer tipo de acordo de vontades. Contrato – relação jurídica subjetiva caracterizada por ser um complexo de atos econômicos e sociais que geram efeitos não só entre as partes contratantes, mas também geram reflexos no meio social. Pacto – expressão utilizada para designar negócios jurídicos acessórios (ex.: pacto de retrovenda, pacto antenupcial...) · Plano de existência, validade e eficácia do negócio jurídico I. Plano da existência, relativo ao ser, isto é, à sua estruturação, de acordo com a presença de elementos básicos, fundamental, para que possa ser admitido, considerado; II. Plano de validade, dizendo respeito à aptidão do negócio frente ao ordenamento jurídico para produzir efeitos concretos; III. Plano de eficácia, tendo pertinência com a sua capacidade de produzir, desde logo, efeitos jurídicos ou ficar submetido a determinados elementos acidentais, que podem conter ou libertar tal eficácia. Os pressupostos de validade são: a) agente capaz (trata-se de capacidade de exercício ou de fato – vide sistema de incapacidades nos arts. 3º. e 4º., CC ); b) objeto lícito (que não contraria a lei, a moral ou os bons costumes), possível (física e juridicamente) e determinado ou determinável; c) forma prescrita ou não defesa em lei (princípio do consensualismo e do formalismo). Quanto à validade dos contratos, conforme disposto no art. 2.035, CC, deve ser aplicada a lei vigente no momento da sua celebração. Os pressupostos de eficácia relacionam-se às consequências desejadas pelas partes contratantes e variam de acordo com cada espécie contratual; com a presença de elementos acidentais (termo, condição e encargo) e com as consequências do inadimplemento (juros, cláusula penal, perdas e danos...). Quanto à análise da eficácia, em conformidade com o art. 2.035, CC, devem ser aplicadas as normas vigentes no momento da produção dos efeitos. Exemplos: Por isso, é possível termos: 1. Contrato inexistente: ex.: contrato firmado com a utilização de documentos furtados por terceiro. Em face daquele que teve os documentos furtados, evidencia-se a ausência de vontade e, portanto, um contrato inexistente. 2. Contrato existente, inválido e eficaz: ex.: contrato de compra e venda de um lanche na cantina, realizado por um menor de dezesseis anos, desacompanhado de sua mãe. Tecnicamente o negócio jurídico é nulo, mas gerou o efeito pretendido pelas partes que era a aquisição e o consumo do lanche. 3. Contrato existente, válido e ineficaz: ex.: contrato de compra e venda de bem imóvel com valor superior a trinta salários mínimos, realizado por escritura pública firmada entre pessoas capazes, mas não levado a registro. O negócio jurídico só gerará o efeito de transmissão da propriedade se a escritura for levada a registro; enquanto isso não for feito, a propriedade não se transmite. 4. Contrato existente, inválido e ineficaz: ex.: contrato de doação de bem imóvel em que o devedor transmite ao seu irmão a propriedade, mas mantém-se possuidor (como usufrutuário) do bem. O negócio além de ser anulável por fraude contra credores, em face desses não produzirá nenhum efeito. 5. Contrato existente, válido e eficaz: ex.: contrato de compra e venda de um carro, feito pelo pai (casado no regime de comunhão universal de bens), a um dos seus filhos, com autorização do cônjuge e dos demais filhos. · Formação dos contratos A formação do contrato é um processo composto por uma série de atos e comportamentos das partes contratantes tendentes à realização de um interesse comum. Na doutrina identificam-se quatro fases de formação do contrato: negociações preliminares (ou puntuação); proposta (oblação ou policitação); contrato preliminar; contrato definitivo ou conclusão do contrato. É bem verdade que nem sempre a formação do contrato passará obrigatoriamente por todas essas fases, bem como, nem sempre elas aparecerão de forma tão visível. No entanto, é preciso conhecê-las para conhecer seus efeitos jurídicos