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CAPÍTULO 4 Gerenciamento da capacidade de produção, dos estoques e suprimentos A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: 3 Conhecer e identificar os principais conceitos e variáveis relacionados à gestão da capacidade de produção, dos estoques e de suprimentos que influenciam no processo de gerenciamento da produção em uma organização. 3 Compreender as funções exercidas pelos gestores da produção, almoxarifado e de suprimentos e as suas inter-relações para uma boa gestão dos resultados do setor produtivo. 3 Elaborar um plano de ação para corrigir e melhorar possíveis problemas relacionados à gestão da produção, de estoques e da área de suprimentos. 3 Conhecer as principais métricas de avaliação utilizadas no gerenciamento da produção. 3 Utilizar as métricas de produção para avaliar um processo produtivo. 80 Gestão de Processos de Produção 80 81 Gerenciamento da capacidade de produção, dos estoques e suprimentos 81 Capítulo 4 contextualização O processo de gestão faz parte da natureza humana, visto que desde seus primórdios o homem precisou aprender a gerir suas atividades, seja no processo de caça, para cercar o animal, seja nos seus afazeres no processo de cultivo. Nessa perspectiva, lembramo-nos da Revolução Industrial que alçou o processo de gestão para outros patamares nos quais a especialização e o aperfeiçoamento se tornaram fundamentais para a evolução do sistema de gestão moderno. Também não podemos tratar da gestão sem fazermos referência a Fayol, a Taylor, a Mayo, à experiência de Hawthorn, a Peter Drucker, a Mintzberg, ao sistema Toyota de fabricação (lean manufacturing) cujas contribuições para a gestão estão presentes no dia a dia de nossas organizações, tanto pela forma de liderarmos quanto pelos sistemas de controle de resultados que utilizamos. Conforme Nóbrega (2004), a gestão é a maior inovação do século XX, porém o autor alerta que ainda é muito mal assimilada. A verdade é que gerimos as pessoas, os recursos e os resultados de forma complexa dentro das nossas organizações. Contudo, os novos sistemas de informação permitiram avanços significativos na gestão da produção e materiais. Da mesma forma, o conhecimento dos gestores, adquirido nos processos produtivos, se bem aproveitado, pode transformar-se em resultados para as organizações. Portanto, neste capítulo, estudaremos a gestão da produção e de materiais, tendo como foco a obtenção de resultados e as métricas para controle. Gestão da produção e operação A gestão da produção tem se tornado um aspecto muito importante, como bem evidencia a intensa cobrança na maioria das organizações industriais para o alcance de resultados, especialmente aqueles relacionados à produtividade, aos custos produtivos, à qualidade e aos prazos de entrega. Entretanto, a gestão da produção é muito mais abrangente, vamos explicar melhor este cenário. Para Slack e colaboradores (2009), a administração da produção e os seus focos de trabalho para a entrega dos produtos são essências para o alcance da estratégia empresarial, a qual trabalha cinco focos de desempenho da produção, os quais estão apresentados na figura 25. Também não podemos tratar da gestão sem fazermos referência a Fayol, a Taylor, a Mayo, à experiência de Hawthorn, a Peter Drucker, a Mintzberg, ao sistema Toyota de fabricação (lean manufacturing) cujas contribuições para a gestão estão presentes no dia a dia de nossas organizações, tanto pela forma de liderarmos quanto pelos sistemas de controle de resultados que utilizamos. 82 Gestão de Processos de Produção 82 Figura 25 – Funções e principais relacionamentos da gestão de operações. Fonte: Slack e colaboradores (2009, p. 60). Para Slack e colaboradores (2009), os fatores que exprimem as exigências dos clientes são definidos como fatores competitivos do negócio. Você pode identificar esses fatores e seus respectivos objetivos de desempenho na figura 26. Figura 26 – Os fatores competitivos da produção Fonte: Slacke colaboradores (2009, p. 78). Assim, entendendo os fatores competitivos e os objetivos de desempenho almejados em uma organização industrial, trabalhamos o processo de gestão da produção, definido, segundo Freitas (apud BATALHA, 2008, p. 41), como “conjunto das ações de planejamento, gerenciamento e controle das atividades operacionais necessárias à obtenção de produtos oferecidos ao mercado consumidor.” 83 Gerenciamento da capacidade de produção, dos estoques e suprimentos 83 Capítulo 4 As principais atividades desenvolvidas pelo gestor, de acordo com Freitas (apud BATALHA, 2008) são: gestão da demanda; planejamento do negócio; planejamento operacional (envolvendo o planejamento das necessidades de material e de capacidade de recursos) e controle da produção, como você pode acompanhar no diagrama esquemático apresentado na figura 27. Figura 27 – Diagrama das atividades organizacionais e o planejamento operacional Fonte: Batalha (2008, p. 42). Vamos analisar cada um destes quatro focos de ação do gestor de produção. a) Gestão da demanda e planejamento do negócio A gestão da demanda está relacionada com as macrodecisões da produção em relação ao negócio. Contudo, geralmente, os gestores têm dedicado pouco tempo a essa área de trabalho, já que estão mais preocupados na gestão de curto prazo. Como sugere Batalha (2008, p. 41), a gestão da demanda é “uma função de interface entre a produção e o mercado. [...] Entre suas atividades clássicas estão as previsões de demanda a longo, médio e curto prazos, bem como a administração dos pedidos”. Normalmente, a avaliação da gestão da demanda auxilia na definição de parâmetros ligados a questões da administração dos recursos produtivos da organização e do planejamento do negócio, como: As principais atividades desenvolvidas pelo gestor, de acordo com Freitas (apud BATALHA, 2008) são: gestão da demanda; planejamento do negócio; planejamento operacional (envolvendo o planejamento das necessidades de material e de capacidade de recursos) e controle da produção. A gestão da demanda está relacionada com as macrodecisões da produção em relação ao negócio. Contudo, geralmente, os gestores têm dedicado pouco tempo a essa área de trabalho, já que estão mais preocupados na gestão de curto prazo. 84 Gestão de Processos de Produção 84 • planejamento de recursos, máquinas, mão de obra, financeiros, matéria- prima, etc.; • capacidade de produção; • necessidade de investimentos; • logística; • arranjo físico, espaço para estocagem, movimentação, etc. Para você aprofundar seus conhecimentos sobre a gestão da demanda, apresentamos a seguir um texto descrevendo o Efeito Forrester (ou efeito chicote), que aborda pontos importantes em relação à previsão de demanda nas organizações. O Efeito Forrester (Ou Efeito Chicote) A troca de informações sobre a demanda entre os membros de uma cadeia de suprimentos é extremamente importante. Essas informações fazem parte do planejamento das atividades dos parceiros da cadeia de suprimentos e sinalizam sobre o nível de suas atividades produtivas. Entretanto, a informação imprecisa ou distorcida pode viajar por uma cadeia, qual um chicote em movimento, fazendo mais mal do que bem. Esse efeito chicote faz com que ordens de reposição erráticas sejam colocadas em diferentes níveis da cadeia de suprimentos, as quais não guardam ligação aparente com a demanda final do produto. Para Reid e Sanders (2002), as causas do efeito chicote são: Vejamos como age cada um deles:85 Gerenciamento da capacidade de produção, dos estoques e suprimentos 85 Capítulo 4 a) Os erros na previsão de demanda: começando com o varejista, cada membro da cadeia faz sua previsão da demanda, revendo o nível de estoques e determinando se é preciso fazer pedidos de reposição. Idêntico procedimento é repetido pelo atacadista, que agora se baseia na reposição de estoques do varejista e não na demanda final dos consumidores. Prosseguindo, os atacadistas colocam pedidos com os distribuidores e estes, em função de suas políticas de estoque, repetem o processo e colocam pedidos junto ao fabricante. No final, dada a ligação entre os elos citados da cadeia de suprimentos, a produção atenderá a reposição de estoques e cada nível da cadeia, mas não é possível garantir que esta reposição estará ligada à demanda final dos consumidores. b) O agrupamento de pedidos: em vez de colocar os pedidos de reposição a cada vez que uma unidade é vendida, a empresa espera algum tempo, soma o número de unidades vendidas e, então, coloca o pedido. Isso elimina a demanda contínua de produto e a substitui por demanda em ondulações, onde alguns níveis da cadeia podem experimentar períodos sem demanda. Políticas de agrupamento de pedido amplificam a variabilidade no tempo e no tamanho dos pedidos. c) As flutuações de preços: levam as empresas a comprar produtos antes que precisem deles. As flutuações de preços permitem promoções especiais, como, por exemplo, descontos de preços ou descontos por quantidade. Sendo os preços mais baixos, os membros da cadeia de suprimento são tentados a comprar em quantidades maiores, criando, a partir daí, mais variabilidade de demanda dentro de cada cadeia de suprimentos. d) O racionamento de produtos e o jogo com as quantidades: resultam do excesso da demanda sobre o fornecimento. Os produtos são racionados aos membros da cadeia de suprimentos. Sabendo de antemão que os fabricantes racionarão os itens a pedir, os clientes dentro da cadeia de suprimentos tendem a exagerar suas necessidades. Tal jogo acabará por distorcer a informação sobre a demanda verdadeira no sistema. Para contrabalançar o efeito chicote, pode-se tentar mudar a forma como a demanda é projetada (diminuindo o horizonte de previsão, por exemplo), ao mesmo tempo disponibilizando rapidamente a informação a todos os atores da cadeia de 86 Gestão de Processos de Produção 86 suprimentos. Além disso, pode-se eliminar o argumento dos pedidos, para isso diminuindo antes o custo de colocar um pedido, por exemplo, por meio de uso de tecnologia de informação, com auxílio do EDI para transmitir a informação. Podem-se buscar também formas de promover a estabilização de preços e eliminar o jogo das quantidades. Em vez de aceitar um pedido baseado em dada porcentagem, os fabricantes podem alocar produtos com base nas vendas passadas. Os clientes estão deixam de ter incentivo para pedir grandes quantidades que visem a garantir seu próprio fornecimento. FONTE: MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008.p. 436-437. Você lembra o que é EDI (Electronic Data Interchange) ou Intercâmbio Eletrônico de Dados? Trata-se da troca eletrônica (sem papel) de documentos como ordem de compra, autorização, faturas e notas fiscais em formatos padronizados, de computador para computador, entre aplicações de sistemas de teleinformática, de empresas com negócios em comum, com uma intervenção mínima manual. Refere-se à troca contínua de informações, através da rede de informação, entre fornecedores e clientes para obter vantagens: eliminação de pedidos escritos, transação em tempo real, faturamento automático, eliminação de documentos e sistema de planejamento/programação integrado e comum. b) Planejamento operacional (envolvendo o planejamento das necessidades de material e de capacidade de recursos) Afirmamos, no tópico anterior, que o gestor de produção dedica pouco tempo para trabalhar o processo de gestão da demanda e o planejamento do negócio, mas dispensa um tempo maior para o planejamento operacional do processo produtivo, vamos entender melhor os motivos dessa ação. O gestor se envolve mais com o planejamento do fluxo e da capacidade operativa da produção, pois busca estudar antecipadamente a capacidade instalada, 87 Gerenciamento da capacidade de produção, dos estoques e suprimentos 87 Capítulo 4 analisar os fatores de produção e equipamentos disponíveis, comparando- os com as necessidades geradas pelo plano de vendas e equilibrando com a disponibilidade dos recursos produtivos. Neste sentido, Slack e colaboradores (2008) apresentam quatro pontos importantes que podem influenciar a execução e os resultados das estratégias operacionais: • o que a empresa deseja que a produção deva fazer; • o que as experiências do setor indicam que a produção deveria realizar; • o que os recursos de produção conseguem produzir; • o que o mercado consumidor necessita que a produção faça. Verifique que a resposta correta desses pontos indica a questão inicial a ser estudada para definir qual a melhor estratégia da produção. Neste processo de adequação dos planejamentos de uso da capacidade produtiva, Slack e colaboradores (2009) afirmam que precisamos analisar fatores como o volume a ser produzido, a variedade, a variação da demanda e a visibilidade, conforme mostra a figura 28. Observe como cada um desses elementos influencia as decisões no processo de planejamento operacional. Figura 28 – 4 V’s para o planejamento operacional Fonte: Slack e colaboradores (2009, p. 52). Complementando essa avaliação dos 4 V’s, para trabalhar o planejamento operacional de uma planta fabril, o gestor precisa determinar os seguintes pontos relacionados à produção: flexibilidade, velocidade e confiabilidade. Vamos detalhá-los a seguir. Todo o processo de planejamento operacional precisa de flexibilidade operacional, pois, dependendo do tipo de produto e do mercado em que a empresa atua, a possibilidade de mudança rápida dos processos produtivos pode ser crucial para o processo. 88 Gestão de Processos de Produção 88 Todo o processo de planejamento operacional precisa de flexibilidade operacional, pois, dependendo do tipo de produto e do mercado em que a empresa atua, a possibilidade de mudança rápida dos processos produtivos pode ser crucial para o processo. Moreira (2008) sugere que a flexibilidade pode ser avaliada pelo tempo de troca de produto na linha de produção e pela resposta ao mercado sobre necessidade do produto. Conforme Lustosa e colaboradores (2008), a flexibilidade pode estar relacionada ao mix de produção; à expansão da linha de produção; a volumes de produção; a produtos; a processo e operações; ao roteamento (mudança de máquinas produtivas, se ocorrer problema em um equipamento) e ao maquinário. Um sistema produtivo apresenta geralmente uma velocidade de produção determinada, influenciada principalmente pelo tipo de produto e sistema produtivo padrão utilizado pela organização. Assim, se compararmos duas empresas fabricantes de peças usinadas, dispondo a primeira de tornos convencionais, e a segunda somente tornos CNC’s, a velocidade de produção da primeira é muito menor do que a segunda, porém a flexibilidade da primeira é maior do que a segunda se considerarmos pequenos lotes de produção, conforme podemos verificar na figura 29. Figura 29 – Análise da variável custo e lote de produção para produção tornos convencionais e CNC Fonte: O autor. Como você pode verificar, o sistema de produção e os equipamentos utilizados influenciam significativamente a velocidade final de entrega de produtospela linha de produção. A figura 30 traz um comparativo da relação variabilidade de produção versus custos e flexibilidade da produção, que lhe permitirão comparar os diversos tipos de fabricação. 89 Gerenciamento da capacidade de produção, dos estoques e suprimentos 89 Capítulo 4 Figura 30 – Relação variabilidade de produção versus custos e flexibilidade da produção Fonte: Lustosa e colaboradores (2008, p.44). Atividade de Estudos: 1) Pesquise na internet os conceitos para produção contínua, produção de massa, produção por lote, produção por jobbing e produção por projeto. Se preferir, você poderá também encontrar esses conceitos nos seguintes livros: LUSTOSA, Leonardo et al. Planejamento e controle da produção. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. MOREIRA, Daniel Augusto. Administração da produção e operações. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008. SLACK, Nigel et al. Administração da produção.São Paulo: Atlas, 2009. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 90 Gestão de Processos de Produção 90 As principais variáveis que influenciam a velocidade dentro das linhas de produção são: • tecnologia de produção (máquinas e equipamentos mais novos); • ferramental; • sistema de troca rápida; • complexidade de fabricação dos produtos e dos processos; • treinamento da mão de obra; • sistema produtivo. O último ponto considerado é a confiabilidade do sistema produtivo. Quão confiável é o sistema produtivo em relação à qualidade do produto, à repetição do processo, à entrega do produto final para a expedição. Podemos entender melhor confiabilidade a partir de Martins e Laugeni (2005, p. 518): “a probabilidade de que um sistema (equipamento, componente, peça, software, pessoa) dê como resposta aquilo que dele se espera, durante um certo período de tempo e sob certas condições”. Verifique que tudo que você estudou até aqui nesta disciplina tem relação final com a confiabilidade do processo. Para Slack e colaboradores (2009), esta inter-relação de necessidades dentro da produção leva a determinar as necessidades primordiais da produção, ou seja: custo do produto (que o consumidor busca através do preço), rapidez de resposta ao mercado (velocidade), confiabilidade no que entregamos, flexibilidade para ajuste da produção e qualidade final do produto, conforme ilustra a figura 31. Figura 31 - Objetivos de desempenho da produção Fonte: Slack e colaboradores (2009, p. 70). As principais variáveis que influenciam a velocidade dentro das linhas de produção são: • tecnologia de produção (máquinas e equipamentos mais novos); • ferramental; • sistema de troca rápida; • complexidade de fabricação dos produtos e dos processos; • treinamento da mão de obra; • sistema produtivo. 91 Gerenciamento da capacidade de produção, dos estoques e suprimentos 91 Capítulo 4 Atividade de Estudos: 1) Faça uma avaliação em relação às três variáveis que influenciam a produção na organização em que você trabalha: flexibilidade, velocidade e confiabilidade da linha de produção. a) Flexibilidade: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ b) Velocidade: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ c) Confiabilidade: ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Antes de tratarmos do último foco de ação do gestor, que tal aprofundarmos nossos estudos acerca do planejamento da manufatura? Boa leitura! DESENVOLVIMENTO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE MANUFATURA Não existe uma forma padronizada para se elaborar o Planejamento Estratégico de Manufatura que se adapte a qualquer companhia, com qualquer passado, com quaisquer características e operando em qualquer meio. Dessa forma, qualquer lista de 92 Gestão de Processos de Produção 92 passos se reveste meramente de um caráter sugestivo e deve sofrer modificações competentes, caso a caso. A sequência abaixo é uma adaptação daquilo que foi proposto por Meredith e Gibbs (1984) como roteiro de desenvolvimento do Planejamento Estratégico de Manufatura: • escrever a estratégia de manufatura e as ações correspondentes de forma clara, evidenciando como isso será uma arma competitiva para a empresa; • estabelecer necessidades de restrições sobre a produção, derivadas da estratégia da empresa como um todo, das políticas de mercado e de finanças, da tecnologia e do meio econômico onde se insere a empresa; • determinar as implicações dessas necessidades e restrições sobre as principais variáveis da produção, tais como nível de investimento, riscos, tempos de espera de matérias-primas e de entrega de produtos, programação e controle de produção, estoques, flexibilidade, qualidade, força de trabalho, etc., bem como sobre os principais departamentos e funções; • estimar um prazo para a reavaliação da estratégia da manufatura; • estabelecer quais operações deverão ser desempenhadas especialmente bem na produção, para suportar a estratégia, e como isso difere do usual até o momento; • definir os padrões (custo, qualidade, produtividade, etc.) pelos quais será julgado o desempenho da produção; • identificar as ações mais difíceis de serem cumpridas e seus principais impedimentos; • verificar e detalhar se alguma medida de desempenho deverá sofrer ajustes e controles temporários para que ações necessárias sejam cumpridas; • identificar elementos dentro do sistema de produção que apresentem as maiores possibilidades de falhas, de maneira que recebam atenção especial. O roteiro acima pode ser completado com algumas observações contidas em outro trabalho do professor Skinner, este de 1984. Segundo Skinner, podem aparecer alguns impedimentos maiores à mudança na estratégia de manufatura. Sem a remoção dessas restrições, quaisquer mudanças ficam ameaçadas. Como um primeiro empecilho mais grave cita-se o ponto de vista de curto prazo da área financeira, focalizando em resultados imediatos e restrições aos investimentos em capital. Além disso, muitas vezes a alta gerência vê a área de produção como uma espécie de “máquina de produtividade” em vez de uma arma competitiva 93 Gerenciamento da capacidade de produção, dos estoques e suprimentos 93 Capítulo 4 e um recurso estratégico potenciais. A produção deve deixar de ser um meio de melhorar o desempenho financeiro para tornar- se uma fonte de força diante dos competidores. Finalmente, é preciso consertar a própria casa: os gerentes de produção precisam se tornar melhores em planejamento em longo prazo e desenvolver habilidades para colaborar efetivamente em reuniões de planejamento estratégico. Fonte: MOREIRA, D. A. Administração da produção e operações. 2. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2008.p. 15. c) Controle da produção O controle da produção é um elemento importante para o processo de planejamento industrial, pois ele permitirá ao gestor analisar se os objetivos traçadosestão sendo alcançados ou não. Conforme Megginson, Mosley e Pietri Júnior (1998, p. 466), controle pode ser entendido como o “processo de assegurar que os objetivos organizacionais e administrativos sejam alcançados”. Para Gomes e colaboradores (apud LUSTOSA et al., 2008, p.202): […] o diagnóstico de resultado indesejável em um processo é sempre um inconveniente. Para conduzir um bom gerenciamento, primeiro é preciso aprender a localizar os problemas e então aprender a resolvê-los. Assim, um sistema de controle de processo consiste em três ações fundamentais: • estabelecimento da diretriz de controle; • manutenção do nível de controle; • melhoria do nível de controle. Trabalhar o controle de forma organizada e estruturada se tornou fundamental para o gestor profissional, podemos, inclusive, afirmar que não existe gestão sem um controle efetivo do processo. Conforme Gomes e colaboradores (apud LUSTOSA et al., 2008, p.203), as atividades do controle de gestão podem ser definidas como: a) Comparar os resultados com os planos principais. b) Coletar e avaliar os resultados parciais ou finais contra os padrões de desempenho. c) Criar os meios efetivos para medir as operações. d) Comunicar quais são os meios de medição e parâmetros básicos. e) Transferir dados detalhados de forma que revelem as comparações e as variações. O controle da produção é um elemento importante para o processo de planejamento industrial, pois ele permitirá ao gestor analisar se os objetivos traçados estão sendo alcançados ou não. 94 Gestão de Processos de Produção 94 f) Sugerir e implantar ações corretivas que sejam necessárias. g) Informar os membros responsáveis sobre as interpretações. h) Reajustar o controle de acordo com os resultados aferidos. Na figura 32, temos um exemplo prático de controle de atividade, contudo, os objetivos traçados no exemplo não estão sendo atingidos pela produção real. Figura 32 - Controle do desempenho da produção Fonte: O autor. Conforme podemos ver na figura 32, as pressões de ajuste devem ser realizadas o mais cedo possível para evitar desvios indesejados entre o planejado e o realizado pelo processo. Para Megginson, Mosley e Pietri Júnior (1998, p. 470), o acompanhamento e o controle antecipado “tentam prever problemas ou desvios do padrão antes de ocorrerem” e, assim, permitem ajustar ações para voltar ao foco planejado. Na figura 33 apresentamos diversos tipos de controle propostos por Gomes e colaboradores (apud LUSTOSA et al., 2008, p.204), que podem ser utilizados nas indústrias: Figura 33 - Tipos de técnicas de controle do desempenho Fonte: Gomes e colaboradores (apud LUSTOSA et al., 2008, 204). . As pressões de ajuste devem ser realizadas o mais cedo possível para evitar desvios indesejados entre o planejado e o realizado pelo processo. 95 Gerenciamento da capacidade de produção, dos estoques e suprimentos 95 Capítulo 4 O controle pode ser trabalhado em todas as frentes de trabalho de que tratamos neste tópico, desde as questões de produção, de gestão da demanda, planejamento do negócio, planejamento operacional, planejamento de recursos, máquinas, mão de obra, financeiros, matéria-prima, capacidade de produção, necessidade de investimentos, áreas para estocagem, movimentação, etc. Atividade de Estudos: 1) Faça uma avaliação dos sistemas de controle existentes na organização em que você trabalha. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ Um dos pontos relacionados à questão do controle nas organizações está na questão do tempo de desenvolvimento das atividades pelos gestores. Na figura 34, temos uma distribuição média do tempo despendido pelos gestores industriais em seus afazeres normais nas empresas. Essa distribuição foi levantada pelo autor em suas diversas consultorias, realizadas nos mais diversos tipos de empresas. Compare com as suas atividades dentro da empresa. Figura 34 - Tempo médio gasto pelos gestores industriais em suas atividades Fonte: O autor. 96 Gestão de Processos de Produção 96 O gestor da produção, conforme ilustra a figura 34, usa somente 8% de seu tempo nas atividades de controle em uma organização, o que é relativamente pouco, devido ao seu grau de importância para o acompanhamento e ajustes da linha de produção. O tipo de controle e outras atividades importantes desenvolvidas nas organizações estão, muitas vezes, relacionados ao tipo de liderança desenvolvido pelos seus gestores. Assim, é importante revermos os estilos de liderança mais comuns. O texto a seguir aborda a liderança. Leia-o, faça uma análise sobre o seu estilo de liderança e procure aplicar suas conclusões a sua vida profissional, pois, para sermos bons gestores, também precisamos ser bons líderes. ESTILOS DE LIDERANÇA NO TRABALHO Uma forma de conhecer o tipo de liderança e seus estilos é observar a atuação do gerente junto ao grupo de trabalho. Liderança Coercitiva: caracteriza-se pelo exercício do poder coercitivo. Nas estruturas organizacionais que adotam essa metodologia o trabalhador é tido como mera “peça” de engrenagem, sem direito à voz, apresentando baixo índice de produtividade. Liderança Controladora: apoia-se num poder centralizador moderado, embora use, eventualmente, o poder de coerção. Nesse tipo de liderança as pessoas ficam limitadas às ordens determinadas pelo líder, cumprindo mecanicamente as funções que lhes são atribuídas. Liderança Orientadora: tende a incentivar a cooperação, permitindo livre integração entre os subordinados, o que facilita