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Cerveja Workshop OFF-Flavors e Análise Sensorial Ivan Tozzi - Jornalista e cervejeiro caseiro; - Vencedor do Reality Show Mestre Cervejeiro Eisenbahn 2017; - Avançado de Tecnologia Cervejeira - Weihenstephan pelo ICB (Instituto da Cerveja Brasil); - Off-flavors pela Bräu Akademie; - Harmonização de cervejas - Bräu Akademie; - Sommelier de Cervejas - ICB. Análise sensorial É a ciência usada para evocar, medir, analisar e interpretar as reações do organismo às características ou atributos de alimentos ou bebidas quando percebidos pelos sentidos. ● Visão ● Olfato ● Paladar ● Audição ● Tato Análise sensorial Na língua há por volta de 10.000 papilas gustativas e ainda há quantidades menores presentes na epiglote, esôfago, nasofaringe e na superfície interna da bochecha e dos lábios. Podemos perceber os seguintes gostos: doce, azedo, salgado, amargo, umami e gordura Ao contrário do sistema gustativo, o sistema olfativo é muito mais complexo. Podemos perceber por volta de 10,000 aromas com apenas 1,000 tipos diferentes de receptores. Gosto Aroma Análise sensorial Em adição ao aroma e sabor, temos a capacidade de detectar corpo, textura, temperatura, carbonatação, viscosidade, refrescância e picância. Através da inspeção visual é possível detectar opacidade, resíduos em suspensão, formação de espuma e com ajuda das escalas EBC (European Brewery Convention), Lovibond e SRM (Standard Reference Method) determinar a cor da cerveja. Sensação Visual Aroma Aproximadamente: 75% de ar 25% de compostos voláteis Aproximadamente: 25% de ar 75% de compostos voláteis Cheiro percebido pelas vias ortonasal e retronasal Flavor (Sabor) Sabor é o efeito produzido pelo resultado da combinação de três sentidos: Sabor = Gosto Aroma Sensações Análise sensorial Threshold ● 3 x threshold: detectam 90% da população ● 6 x threshold: detectam 99% da população ● Algumas pessoas são “cegas” para alguns aromas ● Identificamos alimentos pelo aroma e não pelo gosto ● 1g de etanol por 10L de água ● 1g de ácido butírico em 42.000L de água ● 1g de acetato de amila em 200.000 L de água ● 1g de metil-carptana em 50 milhões L de água ● 1g de mofo em 500 milhões de L de água Concentração mínima para que determinada substância possa ser detectada pelo olfato humano Flavors On-Flavors - diacetil - acetato de isoamila - acetaldeído - azedo - dulçor - CO2 - álcool - amargor Off-Flavors - diacetil - acetato de isoamila - acetaldeído - azedo - dulçor - enxofre - álcoois superiores - metálico Processos de fabricação - DMS - Grão - Ácido Butírico - Isovalérico - Adstringente - H²S (ovo podre) - Papelão - Acidez elevada - Diacetil - Clorofenol - Mofo - Terra - Ác. acético - Ác. láctico - Amargor Ruim Distribuição e PDV - Dulçor - Caramelo - Mofo - Medicamento - Papelão - Metálico - Urina de gato - Lightstruck Serviço chope - Diacetil - Acetaldeído - Mofo - Medicinal - Acético - Alcalino - Sulfuroso Fermentação Fermentação Lag Phase/Latência ● As células começam a consumir oxigênio, minerais e aminoácidos provenientes do mosto para a sintetização de proteínas. Caso não houver os aminoácidos necessários no mosto a levedura irá produzi-los ● A produção de etanol é mínima nesta fase, consequentemente não há produção de ésteres. ● A taxa de inoculação acima do adequado diminui o tempo gasto na fase de latência, porém a saúde da levedura pode ser afetada Fermentação Log Phase/Crescimento ● Há grande consumo de açúcares e a quantidade de células aumenta rapidamente, produzindo a maior parte do etanol e dos compostos aromáticos Estacionária ● A levedura já produziu a maioria dos componentes de aroma e sabor, porém a cerveja ainda está “verde”. Os compostos aromáticos ainda não atingiram um balanço adequado de aromas e sabores #Partiu flavors? Diacetil Termos associados: Manteiga, mel, Bala de manteiga, creme de leite, rançoso. Descrição: Presente em todas as cervejas. Se em excesso em alguns estilos é considerado off-flavor. Em alguns estilos é considerado aceitável, como Bohemian Pilsner e Stout. Causas: Um subproduto da levedura formado durante a fermentação, que é normalmente reabsorvida durante a fermentação secundária. Algumas causas são: Fermentação incompleta ou em baixa temperatura, fermento com baixa vitalidade, fraca oxigenação, floculação precoce da levedura, dosagem baixa de levedura, falta de FAN, alta temperatura no início da fermentação, uso de adjuntos. Outra causa é a bactéria grampositiva, Pediococcus Damnosus e outras bactérias ácidas. Thresshold: 0,04 mg/L Diacetil Célula Mosto/Cerveja piruvato ɑ-acetolactato vanila diacetil acetoína 2,3 butanodiol ɑ-acetolactato diacetil Reações químicas espontâneas Lightstruck Termos associados: Gambá, mofo, borracha queimada Descrição: Na cerveja engarrafada, moléculas de ⍺-ácidos na presença de luz ultravioleta se altera unindo-se a compostos sulfúricos. Produz sabor rançoso. Causas: Fermentador com parede clara ou transparente. Garrafas com parede clara, verde ou transparente. Luz Fluorescente no ponto de venda. Transporte aberto. Exposição ao sol. Cervejas com garrafa transparente usam um tipo de lúpulo chamado Tetrahidro-iso-⍺-ácido que torna a cerveja mais estável à luz. Thresshold: 4 ng/L Mercaptano Termos associados: Drenos, vegetais podres, esgoto, gás natural. Descrição: Composto pela substância mercaptano de etila ou etanotiol. Aceitável em pequenas concentrações. Compõe o perfil sulfúrico da cerveja. Confundido Mercaptano de Meti ou Metanotiol, que tem aroma similar, porém lembra um pouco mais repolho. Causas: Formado primariamente por bactérias durante fermentação. Também produzido por autólise das células durante a fermentação e maturação da cerveja. Thresshold: 0,001 mg/L Metálico Termos associados: Metal, tinta, sangue, ferrugem. Descrição: Geralmente sentido no retrogosto. Quando detectado tem um efeito sobre a percepção da marca. Pode remeter a sabores de envelhecimento ou de oxidação e afetar a qualidade da espuma. Causas: Ocorre quando cerveja ou matérias-primas entram em contato com canos ou máquinas de metal de má qualidade. Através de latas de metal com revestimentos de resina de baixa qualidade. Raramente também pode ser introduzido por tampas de metal em garrafas de cerveja. Notas metálicas pode ser transmitidas por produtos de oxidação de lipídios. Thresshold: 1 mg/L Papelão Termos associados: Papelão, papel molhaddo, cereja, fruta podre, abacaxi. Descrição: Relacionado ao envelhecimento da cerveja. Presença de oxigênio. Acelerada pela temperatura. Causas: Aeração na transferência se usado fermentador para maturação. Ar na cerveja envasada. Armazenamento e transporte em altas temperaturas. Aeração do mosto durante a mosturação. Thresshold: 0,05 mg/L Clorofenol Termos associados: Medicinal, desinfetante bucal, antiséptico, esparadrapo Descrição: Um flavor de aroma bem intenso e facilmente identificável pelo consumidor. Lembra aroma medicinal. Causas: Causado por resíduos de cloro nas águas de mosturação e/ou lavagem. Enxágues ineficientes em tanques, encanamentos e linhas de serviço. Pode ser gerado também por contaminantes. Thresshold: 0,005 mg/L Acético Termos associados: Vinagre, acético Descrição: Encontrado em todas as cervejas em baixas concentrações. Off-flavor se em altas concentrações. Desejável em estilos Sour Ales. Causas: Produzido normalmente durante o processo de fermentação. Produzido por contaminação e leveduras selvagens, principalmente acectobacter. Falha de sanitização nas linhas de chopp. Thresshold: 130 mg/L Sulfítico Termos associados: Ovo podre, fósforo queimado, esgoto, dióxido de enxofre, alho, cebola, borracha queimada Descrição: Em baixas concentrações promove frescor nas cervejas. Indesejável em altas concentrações. Muito volátil de acordo com a temperatura. Mais presente em lagers. Causas: Produzido pelo fermentona presença de sulfitos provenientes do malte. Fácil evaporação. Na fermentação: sob pressão, baixa oxigenação, queda brusca de temperatura, autólise. Adição de SO2 (enxofre) na cerveja com a finalidade de conservantes e antioxidante Por alguns contaminantes: Zynomonas, Pectinatus, Megasphera. Thresshold: 7 mg/L DMS Termos associados: Milho cozido, vegetais cozidos, molho de tomate Descrição: DMS (Dimetil Sulfeto) é um dos sabores mais comuns entre os off-flavors. Pode ser considerado como uma característica aceitável de algumas cervejas claras, mas geralmente visto como um off-flavor quando presente em concentrações elevadas. Causas: Proveniente de maltes de coloração clara. Formado e evaporado durante a fervura. Também é produzido a partir de bactérias que conseguiram contaminar a cerveja. Thresshold: 0,25 mg/L Butírico Termos associados: Rançoso, vômito de bebê, pútrido Descrição: Butírico é um off-flavor de fácil percepção. Por isso representa uma ameaça para o produto acabado e para a marca da cerveja. Butírico é facilmente confundido com Isovalérico. Ambos têm fortes sabores de queijo. É acentuado na presença de Diacetil. Causas: Produzido por bactérias durante a mosturação e/ou clarificação. Durante estocagem de xaropes de açúcar (candi sugar). Na cerveja envasada por bactérias como Clostridium, Pectinatus, Megasphera. Thresshold: 3 mg/L Acetaldeído Termos associados: Maçã verde, uvas verdes, solvente Descrição: Está presente em todas as cervejas. Se em excesso é considerado como off-flavor. Em alguns estilos e em baixa concentração, pode ser considerado on-flavor como Light American Lager, Standard American Lager e Premium American Lager. Causas: Formado e consumido durante a fermentação. Algumas causas são: fermentação incompleta ou em baixa temperatura, fermento com baixa vitalidade, fraca oxigenação, floculação precoce do fermento. O2 na cerveja envasada. Contaminantes como Acetobacter. Thresshold: 15 mg/L Mofo Termos associados: Adega antiga, úmida, terroso, mofo, beterraba, cogumento Descrição: É rapidamente reconhecido pelo seu aroma e sabor. Mofo preto de pão e míldio pode crescer tanto em mosto quanto na cerveja. Causas: Geralmente causado pela contaminação das matérias-primas por mofos e fungos ou equipamentos de produção com falhas de sanitização. Estocagem. Thresshold: 25 ng/L Acetato de Isoamila Termos associados: Frutado, Banana, Pêra Descrição: É um éster presente em todas as cervejas. Algumas cepas produzem em níveis perceptíveis se tornando um on-flavor. Ex: Trigo e estilos belgas. Causas: On-flavor de uma cepa específica. Proveniente de Underpitching. Resultado de fermentações a elevadas temperaturas. Mostos com alta OG e fraca oxigenação. Thresshold: 1,4 mg/L Geraniol Termos associados: Rosas, Floral, algumas frutas cítricas Descrição: Provê um sabor floral e lupulado à cerveja. Características mais para os lúpulos nobres e florais. Aliado com o linalool contribui para flavor cítrico. Causas: Colocado na cerveja através de adição de lúpulo. Cada variedade tem uma concentração. É um óleo essencial, portanto, muito volátil. Pode ser introduzido na fervura, whirlpool ou dry hopping. Thresshold: 1/3 população => 18 μg/l. Demais => 350 μg/l. Isovalérico Termos associados: Queijo, queijo podre, suor, chulé, lúpulo velho. Descrição: É um off-flavor em todas as cervejas. Grande presença nas cerveja muito lupuladas (IPAs). Facilmente confundido com Butírico. On-flavor em Geuzes. Causas: Derivado de quebra dos a-ácidos isomerizados presentes na cerveja envasada. Ou pelo uso de lúpulo já oxidado antes da fabricação da cerveja. Pode raramente ser produzido por leveduras selvagens como Brettanomyces. Thresshold: 1 mg/L Hexanoato de Etila Termos associados: Esterificado, Maçã Vermelha, Anis Descrição: Hexanoato de Etila está presente em todas as cervejas. Em pequenas concentraçõe são aceitáveis. Porém se torna um off-flavor se em grandes quantidades. Causas: A produção desse flavor pode ser aumentada com mostos de alta OG ou baixa aeração. Também encontrada em fábricas de cerveja que também engarrafam refrigerantes devido à má lavagem das linhas no momento de troca de envase. Thresshold: 0,2 mg/L Butirato de Etila Termos associados: Abacaxi, Manga, Frutas Tropicais Descrição: Um flavor proveniente de ésteres encontrados em toda cerveja. Proveniente de fermentação. Em pequenas quantidades é aceitável. Porém, em grandes concentrações é considerado off-flavor. Causas: Produzido pela levedura dependendo da composição do mosto, cepa utilizada e condições de fermentação. Pode vir de falta de higiene na sala de brassagem que pode trazer ácido butírico ao mosto. Thresshold: 0,4 mg/L Catty Termos associados: Maracujá, urina de gato, folha de groselha e planta de tomate Descrição: Característica positiva em alguns tipos de cerveja. Sabor fora dos padrões em altas concentrações. Causas: Causado pela contaminação de matérias primas ou através de determinados tipos de lúpulos que naturalmente trazem esse aroma. Risco = migração da tinta de pintura de pisos / paredes para o malte ou mosto / cerveja. Thresshold: 10 ng/L Caprílico Termos associados: Cabra, cera, sebo, sabão de côco Descrição: Pode ser um on-flavor em algumas lagers, contribuindo para aroma e sabor. Pode ser aumentada com aumento da OG. Causas: Produzido pelo fermento durante longas maturações. Altas concentrações podem ser liberadas através da autólise das leveduras (estocagem inadequada da cerveja pronta). Thresshold: 6 mg/L Gramíneo Termos associados: Grama recém cortada, folhas amassadas Descrição: Esse é um aroma desejável se em pequenas em cervejas cujos estilos requerem aroma e/ou sabor de lúpulo. Aroma proveniente da substância Cis-3-hexanol. Dá para a cerveja a sensação de frescor. Causas: Principalmente de acordo com a escolha do lúpulo. Proveniente também de fervuras muito intensas. Também gerado pelo processo de envelhecimento da bebida. Dry Hop prolongado. Thresshold: 15 mg/L Resumo Isso é tudo, Pessoal! Beba menos, beba melhor! Muito obrigado! Ivan Tozzi
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