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Peça Penal I

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EXCELENTISSIMO SENHOR DR. DES. PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ.
Processo nº
FULANO DE TAL, advogado, brasileiro, inscrito na OAB/CE sob o nº 000.000, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro no artigo 5º, inciso LXVIII, da Constituição Federal, e nos artigos 647 e 648, inciso I, do Código de Processo Penal, impetrar, HABEAS CORPUS C/C PEDIDO LIMINAR, em favor de JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, brasileiro, casado, vereador do Município de Conceição do Agreste/CE, residente e domiciliado na Rua 2, nº123 – Centro, contra ato ilegal praticado pelo MM. Juiz da 00 Vara Criminal da Comarca de Conceição do Agreste/CE, pelas razões de fato e fundamentos:
I - DOS FATOS.
O paciente foi cerceado de sua liberdade em 04 de fevereiro de 2018 ao ter a prisão preventiva decretada em decorrência de um flagrante delito mal interpretado pelo Dr. Juiz de Direito da Comarca de Conceição do Agreste/CE, por supostamente ter cometido o delito de corrupção passiva, ocorrido na Câmara de Vereadores do Município de Conceição do Agreste/CE, 
Ocorre que, por ironia do destino, o vereador José Percival da Silva, popularmente conhecido na cidade como “Zé da Farmácia”, que atualmente exerce o cargo de Presidente da Câmara dos Vereadores do Município de Conceição do Agreste/CE, resolveu, no dia do flagrante, assistir à Sessão de Comissão de Finanças e Contratos da Câmara Municipal, que é atualmente presidida pelo vereador João Santos, junto aos vereadores Fernando Caetano e Maria do Rosário, membros da mesma comissão, para verificar se ela estava realizando seu trabalho de maneira correta e eficaz.
Desta forma, ocorreu que no dia da prisão em flagrante, os vereadores membros da Sessão de Comissão e Finanças exigiu do Sr. Paulo Matos, o pagamento em propina no valor de 100.000,00 R$ (cem mil reais) para que sua empresa pudesse participar do procedimento licitatório da Câmara Municipal.
Ocorre que, não tento ciência da exigência de vantagem indevida cometida pelos vereadores membros da sessão, o paciente estava somente presente no Plenário da Câmara no momento da operação policial, e acabou também sendo preso em flagrante, acusado de participar do esquema criminoso.
Apresentados ao Delegado de Polícia, o Sr. João Rajão, este lavrou o respectivo auto de prisão em flagrante delito e o encaminhou a Autoridade Judiciária, que determinou a apresentação do Sr. José Percival da Silva juntamente com os outros presos para audiência de custódia, em que o MM. Juiz acatou o pedido do Ministério Público, convertendo a prisão em flagrante em prisão preventiva. 
Ocorre Nobre Julgador, que a decretação da prisão preventiva do paciente não encontra qualquer respaldo no ordenamento jurídico, motivo de sua ilegalidade.
II - DO CABIMENTO DO HABEAS CORPUS.
Consoante dispositivo da Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso LXVIII:
“Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer lesão ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. ”
No mesmo sentido, dispõe o art. 647, do Código de Processo Penal:
“Dar-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar na iminência de sofrer violência ou coação ilegal na sua liberdade de ir e vir, salvo nos casos de punição disciplinar. ”
Portanto, diante de ato coator cometido pela autoridade impetrada, consubstanciada em manifesta ilegalidade, tem-se por devido e cabível o presente pedido.
III - DO RELAXAMENTO DE PRISÃO.
Dispõe no art. 5º, inciso LXV, da Constituição Federal:
“A prisão será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária”.
No caso em questão, é de rigor o relaxamento da prisão em flagrante, como será demostrado a seguir.
Registre-se, embora ocioso, que a situação exposta não enseja o auto de prisão em flagrante delito nos moldes do artigo 302 do Código de Processo Penal.
É notória a ilegalidade desta prisão, tendo em vista que o vereador Zé da Farmácia estava apenas assistindo à Sessão de Comissão de Finanças e Contratos da Câmara Municipal, com a intensão de verificar se estavam realizando seu trabalho de maneira correta e eficaz.
Ocorre que durante o flagrante dos policiais, foram flagrados em posse da vantagem indevida, somente os vereadores, João do Açougue, Fernando Caetano e Maria do Rosário, os mesmos, no momento do ato ilícito, mantiveram o vereador Zé da Farmácia distraído com assuntos relacionados a Câmara dos Vereadores, para que não percebesse a entrega do valor em propina paga pelo Sr. Paulo.
Conforme anotado alhures, nenhuma das quatro hipóteses legais do artigo 302, do Código de Processo Penal se encontra presentes neste caso, quais sejam, estar cometendo a infração penal, acabá-la de cometê-la, ser perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer do povo, em situação que faça presumir ser autor da infração, ou ser encontrado, logo após, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser que o vereador fez parte da infração penal.
Ressalte-se, ainda, conforme disposto no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal, ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória.
No decorrer do processo criminal, se houver, será provada a inocência do vereador Zé da Farmácia.
Pede-se, contudo, o imediato relaxamento dessa prisão ilegal, nos termos do art. 310, I, do Código de Processo Penal, uma vez que não se caracterizou a situação de flagrância dos termos do artigo 302, incisos I, II, III e IV, do Código de Processo Penal.
IV - DA ILEGALIDADE DA REVERSÃO DA PRISÃO EM FLAGRANTE EM PREVENTIVA.
De forma cautelar, destaca-se ainda a inviabilidade de transformação de prisão em flagrante em prisão preventiva, pois ausentes os requisitos legais, nos termos do art. 321 do Código de Processo Penal.
“Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, imponto, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 (...)”
Ou seja, a prisão preventiva será mantida somente quando presentes os requisitos e não for cabível a sua substituição por outra medida cautelar, conforme clara a redação do art. 282, §6º do Código de Processo Penal.
No entanto, não há na prisão em flagrante qualquer elemento que evidencie a manutenção da prisão preventiva do vereador Zé da Farmácia. Afinal, a gravidade abstrata do delito não ostenta motivo legal suficiente ao enquadramento em uma das hipóteses que cabível se revelaria à prisão cautelar.
A prisão preventiva tem caráter cautelar diante da manutenção das circunstâncias que a fundamentam, previstas no art. 282 do Código de Processo Penal.
“As medidas cautelares previstas neste Título deverão ser aplicadas observando-se a:
I - Necessidade para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais;
II - Adequação da medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado.
(...)
§ 5º O juiz poderá, de ofício ou a pedido das partes, revogar a medida cautelar ou substituí-la quando verificar a falta de motivo para que subsista, bem como voltar a decretá-la, se sobrevierem razões que a justifiquem. ”
Tais requisitos devem estar presentes não somente no ato da prisão, mas durante todo o lapso temporal de sua manutenção.
Todavia, o vereador Zé da Farmácia não permanece qualquer risco à investigação ou instrução criminal, desfazendo-se qualquer periculum libertatis que pudesse fundamentar a continuidade da prisão, conforme leciona o Supremo Tribunal de Justiça:
“Sabe-se que o ordenamento jurídico vigente traz a liberdade do indivíduo com regra. Desse modo, antes da confirmação da condenação pelo Tribunal de Justiça, a prisão revela-se cabível tão somente quando estiver concretamente comprovada a existência do periculum libertatis, sendo impossível o recolhimento de alguém ao cárcere caso se mostrem inexistentes os pressupostos autorizadores da medida inexistentes os pressupostosautorizadores da medida extrema, previstos na legislação processual penal.” (HC 430.460/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, DJe 16/04/2018).
Trata-se da aplicação do princípio da provisionalidade, conforme desta respeitável doutrina, de forma esclarecedora:
“Nas prisões cautelares, a provisionalidade é um princípio básico, pois são elas, acima de tudo, situacionais, a medida em que tutelam uma situação fática. Uma vez desaparecido o suporte fático legitimador da medida e corporificado no fumus commissi delicti e/ou periculum libertatis, deve cessar a prisão. O desaparecimento de qualquer uma das “fumaças” impõe a imediata soltura do imputado, na medida em que é exigida a presença concomitante da prisão. ” (LOPES JR, AURY. Direito Processual Penal. 15ª ed. Editora Saraiva jur, 2018. Versão Kindle, P 12555).
A conversão em prisão preventiva é cabível somente diante dos requisitos dos arts. 312 e 313 do Código de Processo Penal, nesses termos que o MM. Juiz decretou a prisão preventiva do paciente com o fundamento da garantia da ordem pública, tento em vista a gravidade e a repercussão do crime.
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício suficiente de autoria. 
Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 282, § 4º). 
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão preventiva: 
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 (quatro) anos; 
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; 
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência; 
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida
Situações que não estão mais presentes no presente caso, uma vez que o acusado tem bons antecedentes, é uma figura conhecida no Município de Conceição do Agreste/CE. O acusado não apresenta indícios de que em liberdade ponha risco a ordem pública, a instrução criminal ou coloque em risco a ordem econômica.
Portanto, considerando que ausentes os requisitos que pudessem motivar a conversão em prisão preventiva, não subsistem motivos à manutenção da prisão cautelar do vereador Zé da Farmácia.
Motivos pelos quais, requer o provimento do presente pedido de liberdade provisória.
V - DOS BONS ANTECEDENTES, ENDEREÇO CERTO E EMPREGO FIXO.
Dos obstante a preliminar arguida, importa destacar que o Réu é Vereador do Município de Conceição do Agreste/CE, trata-se de pessoa íntegra, de bons antecedentes e que jamais respondeu a qualquer processo criminal conforme certidão negativa juntada em anexo.
Possui ainda endereço certo na Rua 2, nº123 – Centro, onde reside com sua família nesta Comarca, trabalha na condição de Vereador Municipal na empresa Câmara de Vereadores de Conceição do Agreste/CE conforme comprovantes em anexo.
As razões do fato em si serão analisadas oportunamente, no devido processo legal, não cabendo, neste momento, um julgamento prévio que comprometa sua inocência, conforme precedentes sobre o tema:
EMENTA: HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO E FURTO QUALIFICADO TENTADO. PRISÃO PREVENTIVA. SUBSTITUIÇÃO POR MEDIDAS CAUTELARES ALTERNATIVAS MENOS GRAVOSAS. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE VIOLÊNCIA OU GRAVE AMEAÇA. PACIENTE PRIMÁRIO, DE BONS ANTECEDENTES E COM RESIDÊNCIA FIXA. ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA. – A prisão preventiva é medida excepcional que deve ser decretada somente quando não for possível sua substituição por cautelares alternativas menos gravosas, desde que presentes os seus requisitos autorizadores e mediante decisão judicial fundamentada (§ 6º, artigo 282, CPP)- No caso, considerando a ausência de violência ou grave ameaça e, ainda, as condições pessoais favoráveis do paciente (primariedade, bons antecedentes e residência fixa, a substituição da prisão por medidas diversas mais brandas revela-se suficiente para os fins acautelatórios almejados. (TJ-MG – HC: 10000180115032000 MG, Relator: Renato Martins Jacob, Data de Julgamento: 15/03/2018, Data da Publicação: 26/03/2018).
Neste sentido, Julio Fabbrini Mirabete em sua obra, leciona:
“Como, em princípio, ninguém deve ser recolhido à prisão senão após a sentença condenatória transitada em julgado, procura-se estabelecer institutos e medidas que assegurem o desenvolvimento regular do processo com a presença do acusado sem sacrifício de sua liberdade, deixando a custódia provisória apenas para hipóteses de absoluta necessidade. ” (Código de Processo Penal Interpretado, 8ª edição, pág. 670)
Em vista do exposto, requer-se a consideração de todos os argumentos acima com o deferimento do presente pedido.
VI - DO PEDIDO.
Em vista do exposto, requer-se a V. Exa. que seja concedida ao paciente a ordem, para:
a) Seja recebido o presente Habeas Corpus.
b) Seja reconhecidos os motivos acima dispostos, com a concessão da ordem e consequente expedição do competente alvará de soltura ao paciente.
Termos em que pede deferimento.
Conceição do Agreste/CE, 06 de fevereiro de 2018.
Advogado
OAB

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