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Isabelle LAguilio Aula 2 Abdome Superior – Cavidade peritoneal, Peritônio, Diafragma, Esôfago abdominal, Estômago, Fígado, vias biliares Peritônio e cavidade peritoneal O peritônio é uma túnica serosa transparente, contínua, brilhante e deslizante. Reveste a cavidade abdominopélvica e recobre as vísceras. Consiste em duas lâminas contínuas: o peritônio parietal (reveste a face interna da parede abdominopélvica) e o peritônio visceral (reveste vísceras como o estômago e o intestino). Ambas consistem em mesotélio (lâmina de epitélio pavimentoso simples). ❖ O peritônio parietal possui a mesma vascularização sanguínea e linfática e a mesma inervação somática que a região da parede que reveste. Sensível a pressão, dor, calor, frio e laceração. Dor geralmente bem localizada. ❖ O peritônio visceral e os órgãos que ele recobre têm a mesma vascularização sanguínea e linfática e inervação visceral. É insensível a toque, calor, frio e laceração. É estimulado por distensão e irritação química. A dor provocada é mal localizada. A relação entre as vísceras e o peritônio é a seguinte: ❖ Os órgãos intraperitoneais são quase completamente recobertos por peritônio visceral, como o estômago e o baço. ❖ Os órgãos extraperitoneais, retroperitoneais (rins) e subperitoneais (bexiga urinária) também estão situados fora da cavidade peritoneal (externamente ao peritônio parietal) e são apenas parcialmente cobertos por peritônio. A cavidade peritoneal está dentro da cavidade abdominal e continua inferiormente até a cavidade pélvica. ❖ É composto por uma fina película de líquido peritoneal, que contém água, eletrólitos, leucócitos e anticorpos (combatem infecção). ❖ Sua função é permitir que as vísceras se movimentem umas sobre as outras sem atrito, além de colaborar nos movimentos de digestão. Nos homens a cavidade é completamente fechada, nas mulheres possui uma comunicação com o exterior do corpo através das tubas uterinas, cavidade uterina e vagina. Sendo uma possível via de infecção externa. Formações peritoneais Mesentério: é uma lâmina dupla de peritônio formada pela invaginação de peritônio por um órgão, e é a continuidade dos peritônios visceral e parietal. ❖ Têm um cerne de tecido conjuntivo que contém sangue e vasos linfáticos, nervos, linfonodos e gordura. O mesentério une um órgão intraperitoneal à parede do corpo (geralmente a parede posterior do abdome). Omento: é uma extensão ou prega de peritônio em duas camadas que vai do estomago e da parte proximal do duodeno até os órgãos adjacentes na cavidade abdominal. Ligamento peritoneal: consiste em uma dupla camada de peritônio que une um órgão a outro na parede do abdome. Órgãos intraperitoneais possam ser quase totalmente cobertos por peritônio visceral, todo órgão precisa ter uma área que não seja coberta para permitir a entrada ou saída de estruturas neurovasculares, são as áreas nuas. Prega peritoneal: é uma reflexão de peritônio elevada da parede do corpo por vasos sanguíneos, ductos e ligamentos formados por vasos fetais obliterados subjacentes. ❖ Um recesso ou fossa peritoneal é uma bolsa de peritônio formada por uma prega peritoneal, como o recesso inferior da bolsa omental entre as lâminas do omento maior e as fossas supravesical e umbilical entre as pregas umbilicais. Mesocolo transverso: (mesentério do colo transverso) divide a cavidade abdominal em um compartimento supracólico, que contêm o estomago, o fígado e o baço, e um compartimento infracólico, que possui o intestino delgado e os colos ascendente e descendente. Comunicação livre entre os compartimentos através dos sulcos paracólicos. Bolsa omental: é uma cavidade saciforme extensa situada posteriormente ao estômago, ao omento menor e as estruturas adjacentes. A bolsa omental permite o livre movimento do estômago sobre as estruturas posteriores e inferiores a ela. Sua comunicação com a cavidade peritoneal é realizada pelo forame omental. Diafragma É uma divisória musculotendínea, com dupla cúpula, que separa as cavidades torácica e abdominal. A face superior é convexa e fica voltada para cima e a face inferior é côncava e fica voltada para a cavidade abdominal. ❖ Principal músculo da inspiração, que realiza o movimento de descida nesse momento. O diafragma curva-se superiormente nas cúpulas direita e esquerda. ❖ A parte muscular do diafragma está situada na periferia com fibras que convergem radialmente na parte aponeurótica central trilaminar; o centro tendíneo. ❖ Os pilares do diafragma são feixes musculotendíneos que se originam das faces anteriores dos corpos das três vértebras lombares superiores, do ligamento longitudinal anterior e dos discos intervertebrais. ❖ Os pilares direito e esquerdo e o ligamento arqueado mediano fibroso, que se une a eles enquanto se curva sobre a face anterior da aorta, formam o hiato aórtico. ❖ A face superior do diafragma (torácica) é irrigada pelas artérias pericarcofrênica e musculofrênica, ramos da artéria torácica interna, e pelas artérias frênicas superiores, ramos da parte torácica da aorta. ❖ A face inferior do diafragma (abdominal) é irrigada pelas artérias frênicas inferiores. As veias que drenam a face superior são as veias pericardicofrênica e músculofrênica. As veias que drenam a face inferior são as veias frênicas inferiores. Os plexos linfáticos nas faces superior e inferior do diafragma comunicam-se livremente. Toda a inervação motora provém dos nervos frênicos direito e esquerdo. ❖ As aberturas do diafragma (forames, hiatos) permitem a passagem de estruturas (vasos, nervos e linfáticos (entre o tórax e o abdome. O forame da veia cava é uma abertura no centro tendíneo basicamente para a VCI. O hiato esofágico é uma abertura ovalpara o esôfago no músculo do pilar direito do diafragma no nível da vértebra TX. O hiato aórtico é a abertura posterior do diafragma para a parte descendente da aorta. Pequena abertura, o trígono (forame) esternocostal, entre as inserções esternal e costal do diafragma. Esôfago Tubo muscular que conduz alimento da faringe para o estômago. Constrições normais do esôfago: constrição cervical (esfíncter superior do esôfago), constrição broncoaórtica (torácica) e constrição diafragmática. O esôfago está fixado às margens do hiato esofágico no diafragma pelo ligamento frenicoesofágico. ❖ A parte abdominal do esôfago vai do hiato esofágico no pilar direito do diafragma até o óstio cardíaco do estômago, alargando-se à medida que se aproxima em posição anterior e à esquerda a sua descida. A face posterior é coberta por peritônio da bolsa omental. ❖ A linha Z é uma linha irregular em que há mudança abrupta da túnica mucosa esofágica para a túnica mucosa gástrica, como a junção. Imediatamente acima dessa junção, a musculatura do pilar direito do diafragma que forma o hiato esofágico funciona como um esfíncter esofágico inferior extrínseco que contrai e relaxa, geralmente em conjunto com um revestimento muscular espessado de modo variável em torno do óstio cardíaco do estômago. Irrigação arterial, drenagem e inervação da parte abdominal do esôfago: ❖ Artéria gástrica esquerda, um ramo do tronco celíaco ❖ Artéria frênica inferior esquerda ❖ A drenagem venosa das veias submucosas dessa parte do esôfago se faz para o sistema venoso porta, através da veia gástrica esquerda, e para o sistema venoso sistêmico, pelas veias esofágicas que entram na veia ázigo. ❖ A drenagem se faz para os linfonodos gástricos esquerdos. ❖ O esôfago é inervado pelo plexo esofágico, formado pelos troncos vagais e pelos troncos simpáticos torácicos por meio dos nervos esplâncnicos maiores e plexos periarteirais ao redor das artérias gástrica esquerda e frênica inferior. Estômago Possui a principal função de digestão enzimática. É dividido em quatro partes: cárdia (abertura superiordo estômago), fundo gástrico (onde está localizada a incisura cárdica), corpo gástrico (parte principal do estômago) e parte pilórica (região afunilada de saída do estômago). O piloro é a região esfincteriana distal da parte pilórica que controla a saída do conteúdo gástrico através do óstio pilórico (abertura inferior do estômago) para o duodeno. O estômago tem uma curvatura menor e uma maior. Quando contraída, a túnica mucosa gástrica forma estrias longitudinais denominadas pregas gástricas. O estômago é recoberto por peritônio. Irrigação arterial: ❖ Origem no tronco celíaco e em seus ramos. ❖ A maior parte do sangue provém das artérias gástricas direita e esquerda, e ao longo da curvatura maior pelas artérias gastromentais direita e esquerda. ❖ O fundo gástrico e parte superior do corpo gástrico recebem sangue das artérias gástricas curtas e posteriores. ❖ As veias gástricas direita e esquerda drenam para a veia porta; as veias gástricas curtas e as veias gastromentais esquerdas drenam para a veia esplênica, que se une à veia mesentérica superior (VMS) para formar a veia porta. A veia gastromental direita drena para a VMS. Uma veia pré-pilórica ascende sobre o piloro até a veia gástrica direita. ❖ VEIA ESPLENICA + VEIA MESENTERICA SUPERIOR = VEIA PORTA Inervação parassimpática provém dos troncos vagais anterior e posterior e de seus ramos, que entram no abdome através do hiato esofágico. Inervação simpática proveniente dos seguimentos T6 a T9 da medula espinal, segue para o plexo celíaco por intermédio do nervo esplâncnico maior e é distribuída pelos plexos ao redor das artérias gástricas e gastromentais. Fígado ❖ Maior glândula do corpo e, depois da pele, o maior órgão. ❖ É responsável por armazenar glicogênio e secretar bile, que sai do fígado pelos ductos biliares- ductos hepáticos direito e esquerdo- que se unem para formar o ducto hepático comum, que se une ao ducto cístico para formar o ducto colédoco. ❖ Localizado no quadrante superior direito do abdome, onde é protegido pela caixa torácica e pelo diafragma. ❖ Ocupa a maior parte do hipocôndrio direito e do epigástrio superior e estende-se até o hipocôndrio esquerdo. ❖ O fígado tem uma face diafragmática convexa e uma face visceral relativamente plana, ou mesmo côncava. Face diafragmática: é lisa e possui forma de cúpula, é coberta por peritônio visceral, exceto posteriormente na área nua do fígado, onde está em contato direto com o diafragma. Existem recessos subfrênicos (direito e esquerdo separados pelo ligamento falciforme) que são extensões superiores da cavidade peritoneal(entre o diafragma e as faces anterior e superior da face diafragmática do fígado). O recesso hepatorrenal (bolsa de Morison) é a extensão posterossuperior do recesso sub-hepático. Face visceral: também é coberta por peritônio, exceto na fossa da vesícula biliar e na porta do fígado. Omento menor: encerra a tríade portal (ducto colédoco, artéria hepática e veia porta). Ligamentos: Ligamento coronário, ligamento triangular direito, ligamento falciforme, ligamento redondo do fígado, ligamento venoso. Fissuras: Fissura sagital direita, fissura umbilical (sagital esquerda), fissura do ligamento redondo, fissura do ligamento venoso. ❖ O fígado é dividido em dois lobos anatômicos e dois lobos acessórios pelas reflexões do peritônio a partir de sua superfície. O lobo hepático esquerdo é grande e o direito é muito menor. Os dois lobos acessórios (são parte do lobo hepático direito): lobo hepático quadrado anterior e inferiormente e lobo caudado posterior e superiormente. Irrigação ❖ Possui uma irrigação dupla (vasos aferentes): uma venosa dominante e uma arterial menor. A veia porta traz 75 a 80% do sangue para o fígado. ❖ A veia porta do fígado, curta e larga, é formada pela união das veias mesentéricas superior e esplênica, posteriormente ao colo do pâncreas. ❖ A artéria hepática, um ramo do tronco celíaco, pode ser dividida em artéria hepática comum e artéria hepática própria. O fígado é um importante órgão produtor de linfa, e 25% a 50% da linfa recebida pelo ducto torácico provém do fígado. Os vasos linfáticos superficiais drenam para os linfonodos hepáticos. Inervação: ❖ O plexo hepático é formado por fibras simpáticas do plexo celíaco e fibras parassimpáticas dos troncos vagais anterior e posterior. Ductos biliares Conduzem bile do fígado para o duodeno. Após deixar a porta do fígado, os ductos hepáticos unem-se para formar o ducto hepático comum, que recebe no lado direito o ducto cístico para formar o ducto colédoco (parte da tríade portal extra-hepática do omento menor), que conduz a bile para o duodeno. ❖ DUCTO CÍSTICO + DUCTO HEPÁTICO COMUM = DUCTO COLÉDOCO. ❖ A irrigação arterial do ducto colédoco provém da artéria cística, artéria hepática direita e artéria pancreaticoduodenal superior e artéria gastroduodenal. ❖ A veia pancreaticoduodenal superior posterior drena a parte do ducto colédoco e esvazia-se na veia porta ou em uma de suas tributárias. ❖ Os vasos linfáticos do ducto colédoco seguem até os linfonodos císticos perto do colo da vesícula biliar, o linfonodo do forame omental e os linfonodos hepáticos. Os vasos linfáticos eferentes do ducto colédoco seguem até os linfonodos celíacos. Vesícula biliar ❖ Situa-se na fossa da vesícula biliar na face visceral do fígado. ❖ É composta por três partes: fundo, corpo e colo. ❖ O ducto cístico une o colo da vesícula biliar ao ducto hepático comum. ❖ A irrigação arterial da vesícula biliar e do ducto cístico provém principalmente da artéria cística. ❖ A drenagem venosa do colo da vesícula biliar e do ducto cístico flui pelas veias celíacas. ❖ O nervo frênico direito (fibras aferentes somáticas) carreia os impulsos de dor causados pela inflamação da vesícula biliar. ❖ A veia porta do fígado é o principal canal do sistema venoso porta. Em aproximadamente um terço dos indivíduos, a VMI une-se à confluência das veias mesentérica superior e esplênica: portanto, as três veias formam a veia porta.