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Fase Saneadora e Fase Probatória

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Processo Civil II 
Prof. Paulo Cavalcanti site: drpaulocavalcanti.com 
Com o encerramento da fase petitória ou postulatória, muitos aspectos da 
relação processual encontram-se definitivamente delineados. 
Atingindo a relação processual esse estágio, o juiz tem de tomar providências 
no sentido de regularizar o procedimento, completando o contraditório e mandando 
sanar eventuais irregularidades. Tais providências constituem a primeira etapa da 
fase de saneamento. 
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FASE SANEADORA E JULGAMENTO CONFORME O 
ESTADO DO PROCESSO 
Observação 
Cabe salientar que a atividade saneadora do juiz é permanente e tem por 
objetivo ordenar o processo para um julgamento válido, quando possível, seja com 
ou sem realização de audiência de instrução, ou extingui-lo quando verificar que 
não reúne os requisitos necessários para a composição definitiva da lide. 
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FASE SANEADORA E JULGAMENTO CONFORME O 
ESTADO DO PROCESSO 
Providências Preliminares 
 
As providências preliminares estão elencadas nos arts. 347 a 353 e consistem 
no seguinte: determinação às partes para especificação das provas, abertura de 
oportunidade ao autor para replicar sobre fato impeditivo, modificativo ou 
extintivo (art. 350) ou sobre preliminares arguidas pelo réu (art. 351). 
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FASE SANEADORA E JULGAMENTO CONFORME O 
ESTADO DO PROCESSO 
O saneamento, feito pelo despacho saneador, que na verdade não é despacho, 
mas sim decisão interlocutória, consiste num juízo positivo de admissibilidade 
relativamente à ação e a um juízo positivo no que tange à validade do processo. 
O que ocorre na fase denominada saneadora é o julgamento conforme o estado 
do processo (art. 354), que pode consistir na extinção do processo, com ou sem 
resolução do mérito; no julgamento antecipado do mérito; no julgamento 
antecipado parcial do mérito; ou no saneamento. 
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FASE SANEADORA E JULGAMENTO CONFORME O 
ESTADO DO PROCESSO 
Extinção do processo 
 
Ocorrendo as hipóteses dos arts. 485 e 487, II e III, o juiz julgará extinto o 
processo, com ou sem resolução do mérito, dependendo do caso. Trata-se de uma 
modalidade de julgamento conforme o estado do processo. 
A extinção pode dizer respeito a apenas parcela do processo. Isso pode ocorrer 
quando houver cumulação de pedidos ou quando o pedido for, por sua natureza, 
passível de decomposição. 
 
Exemplo: se em ação de divórcio o casal concorda com a extinção do vínculo, 
mas pretende discutir sobre a fixação de alimentos ou guarda dos filhos menores, 
nada impede que o juiz profira decisão que diga respeito a apenas parcela do 
processo. Nesse caso, a decisão, apesar de ter característica de sentença, será 
impugnável por agravo de instrumento (art. 354, parágrafo único). 
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FASE SANEADORA E JULGAMENTO CONFORME O 
ESTADO DO PROCESSO 
Julgamento antecipado do mérito 
 
O julgamento antecipado da lide, outra modalidade de julgamento conforme o 
estado do processo, sucede em duas hipóteses: quando não houver necessidade 
de produção de outras provas, ou quando ocorrer o efeito material da revelia e 
o réu não tiver comparecido em tempo oportuno para produção de provas (art. 
355, I e II). 
Na primeira hipótese (art. 355, I), pode ser que antes da prolação da sentença 
haja necessidade das providências preliminares, dependendo do que foi alegado 
pelo réu (por exemplo, se o réu arguiu fato impeditivo, modificativo ou extintivo 
ou as matérias elencadas no art. 337, as providências preliminares são 
indispensáveis). O que caracteriza a sentença que põe fim ao processo com base no 
art. 355, I, é o fato de a prestação jurisdicional ser entregue sem a realização da 
FASE INSTRUTÓRIA. 
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FASE SANEADORA E JULGAMENTO CONFORME O 
ESTADO DO PROCESSO 
Julgamento antecipado do mérito 
 
Na segunda hipótese (art. 355, II), o que determina o julgamento antecipado é 
a ocorrência do efeito material da revelia. Em geral, deixando de contestar a ação, 
incide o réu nos efeitos da revelia, ou seja, os fatos alegados pelo autor são 
reputados verdadeiros, circunstância que autoriza o julgamento antecipado. É 
preciso, no entanto, se fazer uma ressalva: se mesmo revel o réu comparecer ao 
processo a tempo de requerer a produção de provas, contrapostas às alegações 
do autor, o juiz não julgará antecipadamente o mérito. Isso ocorre porque as 
partes têm assegurada a garantia constitucional à produção probatória (art. 5º, LVI, 
da CF). 
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FASE SANEADORA E JULGAMENTO CONFORME O 
ESTADO DO PROCESSO 
O saneamento e a organização do processo tomaram rumos distintos no 
Código de 2015. Anteriormente falava-se em audiência preliminar, na qual o juiz 
poderia sanear o processo após esgotar o juiz os meios suasórios para conciliar as 
partes. 
Como a audiência com vistas à conciliação não ocorre mais nesta fase, o juiz 
deverá, conforme o caso, adotar as seguintes providências (art. 357): 
 
 resolver as questões processuais pendentes, se houver; 
 
 delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, 
especificando os meios de prova admitidos; 
 
 definir a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373; 
 
 delimitar as questões de direito relevantes para a decisão do mérito; 
 
 designar, se necessário, audiência de instrução e julgamento. 
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SANEAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO 
Observação 
 
Intimadas as partes do despacho saneador, têm elas o direito de pedir 
esclarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo comum de cinco dias. Esse 
pedido não deve ser confundido com a interposição de embargos de declaração. A 
hipótese aqui aventada é mais ampla que a aludida modalidade recursal. Deve ser 
entendida, portanto, como simples petição que garante o amplo debate sobre a 
questão saneadora, evitando incongruências que possam, futuramente, impedir o 
efetivo exercício do contraditório. 
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SANEAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO 
Observação 
 
No mesmo prazo do pedido de esclarecimentos ou até antes do saneamento, as 
partes também podem apresentar ao juiz, para homologação, as questões de fato e 
de direito a que se referem os incisos II a IV (art. 357, §2º). Ou seja, autor e réu 
podem definir quais provas serão produzidas e como o ônus será distribuído. 
Trata-se de inovação que integra a relação consensual entre as partes e o juiz, 
diminuindo o protagonismo deste último e, sobretudo, permitindo a participação 
das partes na condução do processo. 
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SANEAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO 
Observação 
 
Se a causa for complexa, o juiz poderá designar audiência para que o 
saneamento seja feito em cooperação com as partes. Nesse caso, se o processo 
demandar dilação probatória, as partes que ainda não indicaram as testemunhas 
deverão fazê-la nesta audiência. Por outro lado, se desnecessária a realização 
desta audiência, as partes indicarão suas testemunhas em prazo comum não 
superior a QUINZE DIAS, CONTADO DA INTIMAÇÃO DO DESPACHO 
SANEADOR. 
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SANEAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO 
Observação 
 
O encerramento da fase saneadora pode significar duas coisas: ou os 
pedidos estão prontos para serem julgados ou eles ainda precisam ser 
submetidos à instrução probatória. 
Explico. 
Se a matéria a ser julgada for unicamente de direito ou, sendo de direito e 
de fato, este já se encontrar comprovado por documento, não haverá 
necessidade de se produzir qualquer outra prova. 
Todavia, se, no entanto, houver necessidade de prova oral, perícia ou inspeção 
judicial, o juiz somente julgará os pedidos quando essas provas forem realizadas. 
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SANEAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO 
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SANEAMENTO 
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FASE INSTRUTÓRIA OU PROBATÓRIA 
Se o processo chegou a essa fase é porque os elementos de prova, sobretudo 
documentos, apresentados na fase postulatória não foram suficientes para formar a 
convicção do juiz, a fim de que pudesse ele compor o litígio, com o acolhimento ou 
rejeição do pedido do autor. 
Sendo assim, urge conceder às partes oportunidade de provarem alegações, ou 
seja, o fato constitutivo do direito do autor, ou eventual fato impeditivo, 
modificativo ou extintivo, arguido pelo réu. 
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FASE INSTRUTÓRIA OU PROBATÓRIA 
Cabe às partes indicar, na petição inicial e na contestação, os meios de prova 
de que se quer utilizar para demonstrar suas alegações (arts. 319, VI, e 336). A 
rigor, na petição inicial, o autor apenas manifesta a intenção de produzir provas, 
sem indicação precisa dos meios. Faz-se um pedido, um protesto genérico. Ocorre 
que, ao propor a ação, o autor não sabe de quais provas vai necessitar para 
demonstrar a verdade dos fatos por ele alegados; aliás, pode ser que sequer vá 
necessitar de provas, como, por exemplo, na hipótese de ocorrência de revelia ou 
de reconhecimento da procedência do pedido. 
Os meios probatórios somente são individualizados no saneamento (art. 357, 
II), após o juiz delimitar as questões de fato sobre as quais recairá a atividade 
probatória. 
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FASE INSTRUTÓRIA OU PROBATÓRIA 
Pode ainda o juiz determinar as provas necessárias ao julgamento do mérito 
(art. 370), sem, no entanto, quebrar o princípio da isonomia. Nesse caso, seu poder 
de determinar a produção de provas de ofício restringe-se à complementação 
de provas produzidas pelas partes, como, por exemplo, a audição de testemunha 
referida e o esclarecimento sobre determinados aspectos da perícia. 
Saliente-se que a prova tem por objetivo formar a convicção do juiz. E 
para tanto, em princípio, serve a perícia, o documento ou o testemunho. Não 
estabelece o Código qualquer critério valorativo da prova. O nosso sistema é o 
do livre convencimento fundamentado ou da persuasão racional (art. 371), de 
forma que o depoimento de uma testemunha pode infirmar um documento ou 
uma perícia. 
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FASE INSTRUTÓRIA OU PROBATÓRIA 
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Audiência de instrução e julgamento 
Pela sistemática do Código, a audiência só será indispensável quando 
houver necessidade de prova oral ou esclarecimentos de perito e assistentes 
técnicos. 
Mesmo assim, na última hipótese dispensa-se a realização de audiência, uma 
vez que os esclarecimentos podem ser prestados por escrito. 
Quando se fizer necessária a audiência de instrução e julgamento, o momento 
adequado à sua designação pelo juiz é o despacho saneador (art. 357, V). 
Em regra, a audiência será pública (art. 368 do CPC e art. 93, IX, da CF), o 
que significa que qualquer um do povo poderá assisti-la. 
Será realizada a portas fechadas quando a DEFESA DA INTIMIDADE 
ou o INTERESSE SOCIAL o exigirem (art. 5º, LX, da CF), como, por exemplo, 
as causas que dizem respeito a casamento, separação de corpos, divórcio, 
separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes 
(art. 189, II). 
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Audiência de instrução e julgamento 
Como ato processual que é, a audiência realiza-se em dias úteis, das seis às 
vinte horas, podendo prosseguir além do horário limite quando iniciada antes (art. 
212 e § 1º). Realiza-se, de ordinário, na sede do juízo, mais precisamente na sala de 
audiências, no salão do júri ou em outro local do fórum destinado a tal fim. 
Pode ocorrer que parte da audiência, em razão de deferência, de interesse da 
justiça ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz, seja realizada 
fora da sede do juízo (art. 217). De qualquer forma, ainda que certas pessoas sejam 
ouvidas em outro local, não significa que a audiência, em razão de ser “una e 
contínua” (art. 365), tenha-se realizado fora da sede do juízo. 
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Audiência de instrução e julgamento 
A audiência poderá ser adiada por convenção das partes ou em razão do não 
comparecimento justificado das pessoas que dela deveriam necessariamente 
participar (art. 362, I e II). Há, ainda, possibilidade de adiamento quando houver 
atraso injustificado para o início do ato em tempo superior a trinta minutos do 
horário designado (inc. III). 
A falta de justificativa da ausência das partes, dos advogados e das 
testemunhas acarreta consequências diversas. 
Ausente a parte que deveria prestar depoimento pessoal, desde que 
pessoalmente intimada em razão de requerimento da parte contrária, o juiz lhe 
aplicará a pena de confissão (art. 385, § 1º). A mesma regra vale para a parte que 
comparecer ao ato, mas se recusar a depor. 
Ausente o advogado ou defensor público, sem justificativa, a audiência 
será realizada normalmente, podendo o juiz dispensar a prova requerida pela 
parte cujo advogado não compareceu. A regra também se aplica ao membro do 
Ministério Público (art. 362, § 2º). 
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Audiência de instrução e julgamento 
A ausência injustificada de testemunha geralmente não acarreta o 
adiamento da audiência, mas esta pode ser cindida (art. 365, parágrafo único). A 
audiência, aliás, o depoimento da testemunha faltosa só será adiado se ela 
estiver IMPOSSIBILITADA DE COMPARECER (Incapacidade de 
Locomoção) e não for possível designar dia, hora e lugar diversos para sua oitiva 
(art. 449, parágrafo único). 
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Audiência de instrução e julgamento 
Pode ainda a audiência ser antecipada, por conveniência do serviço 
judiciário ou a requerimento das partes. Nessa hipótese, o juiz deverá determinar 
nova intimação dos advogados ou da sociedade de advogados, dando-lhes ciência 
da nova designação (art. 363). 
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Audiência de instrução e julgamento 
Observação 
 
Na audiência, o juiz exerce o poder de polícia, competindo-lhe manter a 
ordem e o decoro, ordenar a retirada de pessoas inconvenientes, requisitar 
força policial quando necessário, tratar com urbanidade as pessoas que 
participem do processo e registrar na ata de audiência todos os requerimentos 
apresentados pelas partes (art. 360). Também compete ao juiz, logo depois de 
instalada a audiência, tentar conciliar as partes, ainda que o processo já tenha 
passado pela fase conciliatória. Para tanto, o juiz poderá determinar que sejam 
empregados outros meios de solução de conflitos, como a mediação e até a 
arbitragem (art. 359). 
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Audiência de instrução e julgamento 
Colheita de Prova em Audiência 
 
A colheita das provas em audiência seguirá, preferencialmente, a seguinte 
ordem (art. 361): esclarecimentos do perito e dos assistentes técnicos; 
depoimentos das partes, primeiro do autor e depois do réu; depoimento das 
testemunhas arroladas pelo autor e pelo réu. 
O termo “preferencialmente” não é em vão e quer dizer que, se houver a 
inversão da ordem na produção da prova, somente haverá nulidade se for 
comprovado o prejuízo para alguma das partes. 
Finda a instrução, passa-se aos debates orais. 
O juiz dará a palavra ao advogado do autor e ao do réu, bem como ao órgão 
do Ministério Público, sucessivamente, pelo prazo de vinte minutos para cada 
um, prorrogável por dez, a critério do juiz (art. 364). 
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Audiência de instrução e julgamento 
Observação 
 
Havendo litisconsorte ou terceiro, o prazo será de trinta minutos para 
cada grupo e dividido entre os integrantes do grupo, a menos que hajam 
convencionado de modo diverso (art. 364, § 1º). 
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Audiência de instrução e julgamento 
Quando a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o 
debate oral pode ser substituído por razões finais escritas, na forma doart. 364, 
§2º, que deverão ser apresentadas no prazo de quinze dias. 
Encerrado o debate ou oferecidas as razões finais, o juiz proferirá a sentença 
na própria audiência ou no prazo de trinta dias.

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