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TRANSPORTE E DISTRIBUIÇÃO E-book 1 Rogério Dias Chaves Neste E-Book: INTRODUÇÃO ����������������������������������������������4 CONCEITOS E CÁLCULOS DE TRANSPORTES NOS PROCESSOS LOGÍSTICOS �������������������������������������������������� 5 CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÃO DOS MODAIS DE TRANSPORTE ���������������������� 7 TRANSPORTE RODOVIÁRIO ������������������� 9 TRANSPORTE FERROVIÁRIO �����������������15 TRANSPORTE AÉREO�������������������������������18 TRANSPORTE AQUAVIÁRIO (MARÍTIMO) �����������������������������������������������20 Transporte aquaviário doméstico (modal cabotagem) ���������������������������������������������������������� 23 TRANSPORTE HIDROVIÁRIO (MODAL FLUVIAL E LACUSTRE) ���������� 25 TRANSPORTE DUTOVIÁRIO �����������������27 CONCEITOS E TIPOS DE TRANSPORTE ���������������������������������������������28 SISTEMAS DE GESTÃO DE TRANSPORTES ������������������������������������������29 2 CONSIDERAÇÕES FINAIS �����������������������31 SÍNTESE ������������������������������������������������������� 32 3 INTRODUÇÃO Neste módulo, aprenderemos as definições dos mo- dais de transportes, ou seja, se o transporte é reali- zado pelo modal rodoviário, ferroviário, aéreo, aqua- viário, marítimo, fluvial e lacustre. Conheceremos também os conceitos e cálculos de transporte mul- timodal, ou a multimodalidade. Além desses pontos, este módulo abordará os softwares de gestão de transportes, como o Transport Management System (TMS). 4 CONCEITOS E CÁLCULOS DE TRANSPORTES NOS PROCESSOS LOGÍSTICOS O transporte é o principal fator dos processos logís- ticos, pois, além de ser o modo de distribuição mais utilizado nos processos logísticos dos participantes da cadeia de suprimentos, é o processo logístico que tem o maior impacto de custos no produto final, bem como o que demanda a maior disponibilidade de equipamentos e mão de obra para controlar as atividades inerentes à distribuição logística (KEEDI, 2011)� Basicamente, podemos definir transporte como o processo de conectar dois pontos, entregando mer- cadorias e bens, com o melhor nível de serviços e a melhor qualidade, no tempo certo e na quantida- de correta para que os fluxos logísticos não sofram rupturas em seus processos ao longo da cadeia de suprimentos (NOVAES, 2014)� Em outras palavras, transporte é o deslocamento de bens de um ponto a outro da rede logística, respeitan- do as restrições de integridade da carga e de confiabi- lidade de prazos� Não agrega valor aos produtos, mas é fundamental para que cheguem ao seu ponto de aplicação, de forma a garantir o melhor desempenho dos investimentos dos diversos agentes econômicos envolvidos no processo� 5 O transporte congrega diversos aspectos dos cus- tos logísticos e, por isso, precisamos considerar os vários fatores na composição da tarifa do frete: ● Distância percorrida (quilometragem)� ● Tipo de veículo� ● Mão de obra utilizada (ajudantes e outros)� ● Malha viária utilizada� ● Vias de acesso� ● Infraestrutura de transportes. ● Prazos de entrega. ● Tipo de modal a ser utilizado. Observe, na Figura 1, o modal de transporte rodoviário: Figura 1: Transporte rodoviário. Fonte: Pexels. 6 https://www.pexels.com/ CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÃO DOS MODAIS DE TRANSPORTE Existem outros fatores a serem utilizados na compo- sição do custo de frete dos transportes, que depen- dem exclusivamente de cada tipo de veículo, modal e mercadoria transportada (KEEDI, 2011)� Os transportes são divididos em modalidades de embarque, ou mais conhecidos como modais de transporte, que são: ● Modal Rodoviário (transporte via terrestre)� ● Modal Aéreo (transporte via aérea)� ● Modal Ferroviário (transporte via férrea e por trilhos)� ● Modal Aquaviário, que pode ser: ○ Marítimo ou Longo Curso (transporte via marítima internacional)� ○ Cabotagem (transporte via marítima nacional)� ● Modal Hidroviário, que pode ser: ○ Fluvial (transporte por rios)� ○ Lacustre (transporte por lagos)� ● Modal Dutoviário (transportes por dutos)� 7 Observe que cada modal tem custos e caracterís- ticas diferentes, os quais são mais adequados aos produtos transportados e vias de acesso� No entanto, todas as modalidades possuem suas vantagens e desvantagens em termos de serviços oferecidos, rotas disponíveis, capacidades dos veículos, segu- rança e riscos� Podcast 1 8 https://famonline.instructure.com/files/183537/download?download_frd=1 TRANSPORTE RODOVIÁRIO O transporte rodoviário é o modal mais utilizado no Brasil� A matriz de transportes é desequilibrada, pois o modal rodoviário possui mais material rodante (ve- ículos), mão de obra disponível, vias de acesso, mais investimentos e transportes porta a porta, além de ser um modal obrigatório de ligação entre outros, como o marítimo, ferroviário e aéreo� Há diversos fatores que influenciam no custo e na formação da tarifa de frete rodoviário: distância, vo- lume frete/peso, densidade da carga, tipo de carga, risco da mercadoria e da rota (Gerenciamento de risco — GRIS), manuseio do produto, sazonalidade, trânsito, carga-retorno, vias utilizadas, pedágio e fiscalização, tempo de carga e descarga e custos operacionais e administrativos� O Transporte Rodoviário é gerido pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que está sob o governo do Ministério dos Transportes no Brasil� A infraestrutura é controlada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e tem a legislação definida pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran)� É esse con- selho, por exemplo, que controla os pesos máximos autorizados, conforme indicado na Figura 2: 9 Figura 2: Pesos máximos autorizados pelo Contran. Fonte: Elaborado pelo autor (2019). O modal de Transporte Rodoviário tem a vantagem de ser adequado para curtas e médias distâncias, tem maior disponibilidade de vias de acesso, viabiliza o serviço porta a porta, realiza embarques e partidas mais rapidamente, tem menor exigência de emba- lagens de movimentação, favorece o embarque de pequenos lotes e facilita a substituição do veículo em caso de quebra e entregas mais rápidas� Entretanto, esse modal também tem suas desvan- tagens: gera o maior custo operacional e possui a menor capacidade de carga; é menos competitivo para longas distâncias; em épocas de safra, provoca congestionamentos nas estradas; causa alto impacto do custo no gerenciamento de risco, no desgaste prematuro da malha de infraestrutura rodoviária e no setor fragmentado; frota fica obsoleta e péssimo estado da malha rodoviária, bem como excessiva ocorrência de roubos de carga� Os tipos de veículo no modal rodoviário são: ● Veículos de carga seca: baú, bitrem, rodotrem, ro- meu e julieta, sider� 10 ● Veículo carga isotérmica: tanques� ● Veículo carga frigorífica (Reefer): refrigerado� ● Cegonheiras: específicos para transporte de automóveis� ● Boogies/Trailers/Chassis/Plataformas: apropriados para transporte de containers, geralmente de 20’ e 40’ (vinte e quarenta pés)� ● Treminhões: semelhantes às carretas, formados por cavalos mecânicos, semirreboques e reboques; são compostos de três partes, podendo carregar, por exemplo, dois containers de 20’. No entanto, não podem transitar em qualquer estrada, em virtude do seu peso bruto total (cerca de 70 toneladas)� As vantagens dos treminhões sobre os boogies, que podem transportar dois containers de 20’ sobre a plataforma para 40’, são maior segurança no trans- porte dos dois containers, suportados cada um por uma plataforma individual, capacidade para suportar um peso maior e facilidade na estufagem dos contai- ners separadamente, em plataformas de embarque nas quais não existam equipamentos próprios para movimentação de containers� O Conhecimento Internacional de Transporte Rodoviário de Cargas (CRT), ou Carta de Porte Internacional, aprovado na 17ª Reunião de Ministros de Obras Públicas e Transportes dos Países do Cone Sul,em setembro de 1990 em Assunção (Paraguai), é um documento de emissão obrigatória, em três vias originais (uma para o exportador, outra acompanha 11 a mercadoria e a terceira para o transportador)� O CRT tem a função de contrato de transporte terrestre, recibo de entrega da carga e título de crédito� O avanço no embarque de cargas deu-se com a cria- ção do conceito de carga unitizada: a princípio, de forma mais rudimentar, por meio de amarrados, tam- bores, redes etc�; posteriormente, por meio da criação de pallets e sobretudo pela criação do container, eis o processo de unitização� Unitizar uma carga significa unir vários volumes fracionados em um único e maior, com o intuito de facilitar a movimentação, armazenagem e transpor- te� Isso possibilita que a transferência do ponto de origem ao destino final possa ser realizada tratando o total de volumes envolvidos em cada unitização como apenas um volume� É importante ressaltar que há diferença entre o que se denomina recipiente para unitização de carga e a unidade de transporte de carga� Enquanto o primeiro é um equipamento para unitização de pequenos vo- lumes, o segundo é o próprio veículo transportador, um recipiente no momento que está transportan- do granéis, líquidos e sólidos como uma só carga unitizada� Dentro do conceito de unitização de cargas, inclusi- ve porque os modais cada vez mais requerem este procedimento, várias são as vantagens resultantes, como redução do número de volumes a manipular, menor número de manuseio da carga, menor utili- zação do uso de mecanização, melhoria no tempo 12 de operação de embarque e desembarque, redução dos custos de embarque e desembarque, redução de custo com embalagens, diminuição das avarias e roubos de mercadorias, incentivo da aplicação do sistema door-to-door (porta a porta) e padronização internacional dos recipientes de unitização� O frete é normalmente composto da seguinte maneira: Frete básico é calculado sobre o peso ou volume da mercadoria e a distância percorrida, considerando: ● Taxa ad valorem: calculada sobre o valor FOB da mercadoria� ● Taxa de expediente: pode ser cobrada para co- brir despesas com emissão do Conhecimento de Embarque� É comum que o frete seja cobrado por unidade de transporte (carreta ou caminhão utilizado), ou seja, um frete global, fechado por viagem� Neste caso, po- de-se ou não cobrar a taxa ad valorem� Nesse modal, não há acordos de frete, devido ao grande número de transportadores, de maneira que a concorrência é bastante acirrada� Cálculo da Cubagem no Transporte Rodoviário de carga segue o modelo: ● Supondo um caminhão com a densidade ideal de 300 Kg/m3 que recebe uma mercadoria com as se- guintes medidas: ○ Largura (L): 2,60 m� 13 ○ Altura (A) = 2,70 m� ○ Comprimento (C) = 2,20 m� ○ Peso bruto = 516 Kg� ○ Volume = 2,60 x 2,70 x 2,20 = 15,44 m³. ○ Peso cubado = 300 kg/m³ x 15,44 m³ = 4.632 Kg. ○ Peso real = 516 Kg� ○ Peso Cubado = 4�632 Kg� O valor a ser considerado, para efeito de cobrança de frete, será então o peso cubado de 4�632 Kg� 14 TRANSPORTE FERROVIÁRIO O modal ferroviário de cargas é o transporte sobre tri- lhos cujas principais características são a movimen- tação de cargas em granel e de grandes quantidades, interligando modais terrestres a modais aquaviários e hidroviários, como fluviais e marítimos. Tem elevada eficiência energética por utilizar menos combustível para transportar mais mercadoria por quilômetro ro- dado� Com isso, é mais econômico do que o modal rodoviário� Os principais produtos transportados são os side- rúrgicos, grãos (soja, feijão etc�), etanol, minérios, containers, entre outros� Atualmente, o sistema de transportes de cargas por via férrea é efetuado por empresas privadas que exploram as linhas sob con- cessão governamental desde 1996 (Tabela 1)� Malhas regionais Data do leilão Concessionárias Início da operação Extensão (Km) Oeste 05�03�96 Ferrovia Novoeste S�A� 01�07�96 1�621 Centro- Leste 14�06�96 Ferrovia Centro- Atlântica S�A� 01�09�96 7�080 Sudeste 20�09�96 MRS Logística S�A� 01�12�96 1�674 Tereza Cristina 26�11�96 Ferrovia Tereza Cristina S�A� 01�02�97 164 15 Malhas regionais Data do leilão Concessionárias Início da operação Extensão (Km) Sul 13�12�96 América Latina Logística do Brasil S�A 01�03�97 6�586 Nordeste 18�07�97 Companhia Ferroviária do Nordeste 01�01�98 4�238 Paulista 10�11�98 Ferrovias Bandeirantes S�A� 01�01�99 4�236 Total 25�599 Tabela 1: Empresas concessionárias do transporte ferroviário. Fonte: Antt. SAIBA MAIS Saiba mais sobre o modal ferroviário consultan- do o site da Agência Nacional de Transporte Ter- restre, disponível em: http://www.antt.gov.br/car- gas/arquivos_old/Ferroviario.html� Acesso em: 30 out� 2019� Este modal é controlado pelo Ministério dos Transportes e pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)� Suas vantagens são: capacidade de transportar grandes lotes de mercadorias, fretes baixos crescentes, de acordo com volume transpor- tado, baixo consumo energético e adequado para longas distâncias� 16 http://www.antt.gov.br/cargas/arquivos_old/Ferroviario.html http://www.antt.gov.br/cargas/arquivos_old/Ferroviario.html http://www.antt.gov.br/cargas/arquivos_old/Ferroviario.html Suas desvantagens podem ser: tempo de viagem demorado, necessidade de transbordos, elevando os custos, dependente de disponibilidade de material rodante, baixa flexibilidade de rotas e diferenças de bitolas no Brasil� O frete ferroviário baseia-se em dois fatores: ● Quilometragem percorrida (distância entre termi- nais de embarque e desembarque)� ● Peso da mercadoria� O frete ferroviário é calculado por meio da multi- plicação da tarifa ferroviária pelo peso ou volume, utilizando-se aquele que proporcionar o maior valor� Não incidem taxas de armazenagem, manuseio ou qualquer outra. Podem ser cobradas taxa de estadia do vagão� O modal ferroviário demanda altos investimentos em manutenção, modernização das linhas e infraestrutu- ra de sinalização, além da compra de equipamentos, treinamentos e material rodante (carros, locomotivas e vagões)� Desta forma, ainda está longe de ser a matriz de transportes mais utilizada no Brasil� Figura 3: Modelo de transporte ferroviário. Fonte: Pexels. 17 http://www.pexels.com TRANSPORTE AÉREO O aéreo é um modal de transporte ágil e recomenda- do para mercadorias de alto valor agregado, peque- nos volumes e encomendas urgentes� É competitivo, por exemplo, para produtos eletrônicos (computa- dores, softwares, telefones celulares e materiais de alto valor agregado) que precisam de um transporte rápido em função do seu valor, bem como de sua sensibilidade a desvalorizações tecnológicas� Trata- se de um modal adequado para viagens de longas distâncias e intercontinentais� Suas vantagens são: rapidez, agilidade, segurança, possibilidade de embarques de perecíveis em curto prazo, serviço prestado por profissionais bem treina- dos e capacitados� Suas desvantagens são: alto cus- to operacional, custo de manutenção de aeronaves, altas tarifas e taxas aeroportuárias, destinos limita- dos e baixa capacidade de pesos e volumes, além de ser proibitivo para certos produtos perigosos� No Brasil, os órgãos e empresas responsáveis pelo modal aéreo são o Ministério da Defesa – Comando da Aeronáutica, Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e Empresa de Infraestrutura Aérea Brasileira (Infraero)� 18 Figura 4: Modelo de transporte aéreo. Fonte: Pexels. 19 http://www.pexels.com http://www.pexels.com TRANSPORTE AQUAVIÁRIO (MARÍTIMO) O transporte marítimo é o modal mais utilizado no comércio internacional ou longo curso, referente ao chamado transporte marítimo internacional (Figura 5)� Figura 5: Modal de Transporte Aquaviário – Marítimo de longo curso. Fonte: Pexels. REFLITA Os modais marítimo, cabotagem e ferroviário são modais mais eficientes e com custos mais bai- xos para movimentaçãode cargas. Por que então não são mais utilizados na matriz de transpor- te brasileira do que o transporte rodoviário, por exemplo? Suas vantagens são: altíssima eficiência energética, maior capacidade de carga, carrega qualquer tipo de carga e menor custo de transporte� Suas des- 20 https://www.pexels.com/ vantagens são: pressuposição da existência de por- tos, necessidade de transbordo nos portos, maior exigência de embalagens e menor flexibilidade nos serviços, bem como frequentes congestionamentos nos portos� O transporte marítimo (ou de longo curso) realiza- -se por navios em oceanos e mares� Trata-se de um modal que pode ser utilizado para todos os tipos de carga e para qualquer porto do planeta, sendo o único veículo de transporte que possibilita a remes- sa normal e regular de milhões de toneladas ou de metros cúbicos de qualquer produto de uma só vez� São categorias de transporte marítimo de cargas: ● Tráfego regular (transporte marítimo em linhas regulares): navios que atuam sistematicamente entre portos preestabelecidos e que são operados por armadores conferenciados ou independentes, navios Conferenciados e Independentes (outsiders), navios de carga geral (produtos manufaturados, se- mimanufaturados e alimentos) e navios em rotas permanentes� ● Tráfego não regular (transporte marítimo não regu- lar): navios que atendem portos de interesse dos em- barcadores em cada caso, constituindo um serviço eventual, granéis e neogranéis (commodities) e bolsas de afretamento ou navios que operam sazonalmente e em rotas variáveis� O cálculo do frete pode ser de forma fracionada, por metragem cúbica ou por tonelada, para cargas em 21 granel, em containers compartilhados e containers fechados. Há ainda cobranças das taxas portuárias, como capatazias, taxas de terminal, handling e taxas de emissão de Bill of Lading (B/L). Existem vários tipos de containers utilizados no trans- porte marítimo, mas os mais comuns são os de 20´ (20 pés) dry (para cargas gerais e secas) e 40´ High cube (HC – alta cubagem) 40 pés� São muito movi- mentados os containers refrigerados (reefers), os containers flat rack (aberturas laterais e superior) e open top (abertura superior)� No Brasil, o órgão de controle é a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e Ministério dos Transportes� O Conhecimento de transporte marítimo é o B/L, um documento que deve amparar o embarque da carga até o destino, além de servir como título de crédito, dependendo do termo de venda, recibo de entrega e contrato de frete de seguro entre o armador (dono da embarcação e containers) e a empresa embarcadora que aluga o espaço no navio� Podemos elencar os principais tipos de navio para esse modal: ● General Cargo Ship (carga geral), cargueiro ou convencional� ● Bulk Carrier (ou graneleiro) para granéis sólidos� ● Tanque para granéis líquidos� ● Roll-on/Roll-off para embarque de veículos� 22 ● Full Container Ship (ou porta-container) o mais comum para embarques de cargas� Transporte aquaviário doméstico (modal cabotagem) A cabotagem inclui todo o transporte marítimo rea- lizado ao longo da costa brasileira� No meio maríti- mo, ouve-se falar também em “grande cabotagem”, referente ao transporte marítimo realizado ao longo da costa até os países vizinhos. Em termos oficiais, contudo, quando se fala de cabotagem, refere-se ao transporte realizado ao longo da costa brasileira: do Rio Grande do Sul a Manaus� Tal qual o modal maríti- mo, o órgão responsável pelo controle e fiscalização é a Antaq� O transporte via cabotagem tem suas motivações, pois o Brasil tem uma vocação natural para o trans- porte aquaviário: são 8�500 km de costas; 80% da população vive em até 200 km da costa, bem como possui 32 portos ao longo de seu território (Figura 6)� A cabotagem brasileira movimenta granel sólido ligado a mineração, agricultura, petróleo e deriva- dos e químicos� Os pontos fortes deste modal são a segurança da carga, menor nível de avarias, menor custo unitário, melhor controle sobre a distribuição� Quanto aos pontos fracos são a frequência, tempo de viagem, economia de escala/pouco flexível e falta de regulamentação� 23 Figura 6: Portos de cabotagem. Fonte: JP Logística. 24 http://jplogistica.com.br/wp-content/uploads/2019/05/Cabotagem-mapa-1024x935.jpg TRANSPORTE HIDROVIÁRIO (MODAL FLUVIAL E LACUSTRE) Hidrovias, aquavias, via navegável, caminho marítimo ou caminho fluvial são sinônimos utilizados para designar esta modalidade de embarque comum no Brasil por possuir rios navegáveis� A hidrovia tem um destaque especial, pois designa as vias navegáveis interiores que foram balizadas e sinalizadas para uma determinada embarcação, isto é, aquelas que oferecem boas condições de segurança a embar- cações, cargas e passageiros ou tripulantes e que dispõem de cartas de navegação� São designações do modal hidroviário (fluvial e lacustre): ● Embarcação: designação de um veículo provido dos meios necessários para a navegação aquática, isto é, de transporte de pessoas ou carga, ou para fins especiais. ● Automotor: embarcação autopropelida� ● Comboio: embarcação formada por um empurrador e um conjunto de chatas ou barcaças� É a embarca- ção mais comumente usada na navegação fluvial. ● Boca: largura da embarcação� ● Calado: parte da embarcação que fica embaixo d’água� 25 Os modais não estão integrados no Brasil, e poucas são as hidrovias brasileiras que têm acesso direto aos portos marítimos de grande calado� A direção preponderante das hidrovias é Norte Sul e existem incertezas decorrentes dos aspectos ambientais e das questões judiciais associadas� Observe que há uma ausência de políticas claras no sentido da integração das obras públicas de in- fraestrutura, especificamente na relação energia X transportes, com prejuízos permanentes para o setor hidroviário� Suas vantagens são maior eficiência energética e maior capacidade de concentração de cargas; me- nor consumo de combustível e, por consequência, menor emissão de poluentes (alterações climáticas e efeito estufa), congestionamento de tráfego, custo da infraestrutura, acidentes por custos operacionais, impactos ambientais e emissão de ruído� No Brasil, o órgão responsável por controlar os embarques hidroviários é a Agência Nacional de Transportes Aquaviários, órgão ligado ao Ministério dos Transportes� 26 TRANSPORTE DUTOVIÁRIO O Transporte dutoviário refere-se à modalidade em que o veículo utilizado compõe a própria infraes- trutura construída (dutos), permitindo a remessa de produtos a longas distâncias� São considerados transporte dutoviário os oleodutos que transportam petróleo, derivados e petroquímicos� Os gasodutos transportam e distribuem gás natural� Já os minerodutos transportam minérios em suspen- são e soluções aquosas� Suas vantagens são alta capacidade de atendimento a demandas, possibilidade de embarque em navios graneleiros, alto rendimento, garantia de ressupri- mento a qualquer momento� Suas desvantagens são descontinuidade de processos (em se tratando de químicos), portos de acesso restritos e distâncias das origens dos produtos até os portos de destino� O transporte dutoviário é controlado no Brasil pela Agência Nacional de Transportes Terrestres� 27 CONCEITOS E TIPOS DE TRANSPORTE Os transportes são divididos nos seguintes tipos: ● Transporte unimodal: é o transporte por um único meio de transporte, em que cada transportador emite o próprio documento de transporte (conhecimento de transportes)� ● Transporte combinado: é o transporte de carga em um único carregamento ou veículo por uma combi- nação de modais� ● Transporte segmentado: quando a prestação de serviços for realizada por mais de um meio de trans- porte, emitindo cada transportador o conhecimento de transporte� ● Transporte intermodal: é o transporte de carga por vários meios de transporte em que um único trans- portador organiza todo o transportedesde o ponto de origem, via um ou mais pontos de interligação, até o ponto ou porto final, neste caso, diferentes tipos de documentos são usados� ● Transportes sucessivos: quando a mercadoria, a fim de chegar ao destino final, necessita ser trans- bordada para prosseguimento em veículo da mesma modalidade de transporte e regido por um único contrato� ● Transporte multimodal: quando o transportador que organiza o transporte assume inteiramente a responsabilidade pelo transporte porta a porta e emite um conhecimento de embarque de Transporte Multimodal� 28 SISTEMAS DE GESTÃO DE TRANSPORTES Um Transport Management System (TMS), ou Sistema de Gestão de Transportes, permite obter o custo mínimo de operação, pois possibilita a visua- lização do controle de todos os custos inerentes à gestão de transporte, bem como controlar a qualida- de dos serviços realizados interna e externamente ou por terceiros e estabelecer metas de qualidade conforme as necessidades� O TMS também aumenta a disponibilidade da frota, prevendo alguns possíveis problemas que possam vir a ocorrer nas partes mecânica e elétrica do veículo, além de informações detalhadas e de fácil acesso que permitem uma rápida tomada de decisão� Voltado à gestão de transporte rodoviário, o TMS é uma ferramenta de fundamental importância na gestão da operação logística, uma vez que auxilia o planejamento, execução, monitoramento e con- trole das atividades relativas à coleta e à entrega de mercadorias consolidadas ou não em container, emissão de documentos e rastreabilidade da frota e de mercadorias� O custo de um TMS varia de acordo com as necessi- dades da empresa e sua área de atuação, já que os módulos são independentes� É interessante lembrar que se pode encontrar uma variedade de soluções no mercado, sendo preciso ainda avaliar a real de- 29 manda de determinados recursos disponíveis nos programas de TMS� Um TMS é uma solução que, se bem implementada, proporciona economias e um maior controle de re- cursos materiais, humanos e monetários na gestão do transporte, reduzindo assim os custos logísti- cos relacionados ao transporte, o qual representa uma parcela significativa de custos dentro da cadeia logística� Para se ter uma ideia da importância da aplicação do TMS dentro de uma empresa, é preciso saber quanto representa o custo do transporte� Em uma indústria, o custo do transporte é, em geral, o segundo maior, ficando apenas atrás do custo de produção. Os en- cargos com transporte variam entre um terço e dois terços do total dos custos logísticos que englobam abastecimento, movimentação, armazenagem e distribuição� Assim, um TMS é uma solução para três grandes grupos de empresas: ● Empresas de transporte (transportadoras, opera- dores logísticos); ● Empresas que usam transporte próprio como apoio ao seu negócio; ● Empresas que utilizam transportes de terceiros� Podcast 2 30 https://famonline.instructure.com/files/183538/download?download_frd=1 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste módulo, estudamos as formas de cálculos e custos de transportes, além de cada modal de trans- porte praticado nos processos logísticos, suas carac- terísticas e particularidades� Também abordamos as principais vantagens e desvantagens de sua utiliza- ção e como funciona o controle desses modais no país, além de um breve panorama sobre os modais nos processos logísticos no Brasil� A área de transportes é uma parte sensível nos cus- tos finais logísticos e, ao estudá-los com maior acu- rácia, bem como buscar as soluções e alternativas de infraestrutura, podemos descobrir possibilidades de redução de custos e melhorias nos níveis de ser- viços ofertados� 31 SÍNTESE Neste tópico, demonstramos o conceito básico de como os cálculos de transportes interferem nos custos gerais dos processos logísticos, bem como de que forma são basicamente formados e qual é a relação entre os custos de transportes e custos logísticos. Conceito e cálculo dos transportes nos processos logísticos Neste item, analisamos e apresentamos os modais de transportes de cargas, suas principais funções e os principais veículos utilizados, formas de movimentação, regulamentação, vantagens e desvantagens de cada modal. Apresentados ainda os modais aéreo, rodoviário, ferroviário, aquaviário (marítimo de longo curso e cabotagem), hidroviário (fluvial e lacustre) e dutoviário com suas características básicas. Classificação e definição dos modais de transportes Neste tópico, definimos transportes em tipos: transportes unimodal, sucessivos, intermodal e multimodal, contemplando a forma de movimentação de cargas que demandam a utilização de dois ou mais tipos de modais, muitas vezes para movimentar uma carga do ponto de origem ao ponto de destino. Verificação e entendimento dos conceitos do transporte multimodal Neste item, demonstramos a importância do Sistema de Gestão de Transportes, que colabora com planejamento, execução, monitoramento e controle das atividades relativas à coleta e à entrega de mercadorias, custos logísticos, emissão de documentos, além da rastreabilidade da frota e de mercadorias. Conceito de Sistemas de Gestão de Transportes Neste módulo, apresentamos o tema de Transportes, Modais e Sistemas de Transportes. O módulo foi dividido em 4 itens correlatos aos tipos, modais e sistemas de transportes: Transporte e Distribuição Referências Bibliográficas & Consultadas BERTAGLIA, P� R� Logística e Gerenciamento da cadeia de abastecimento� 2� ed� São Paulo: Saraiva, 2013 [Minha Biblioteca]� BALLOU, R� H� Gerenciamento da cadeia de Suprimentos: logística empresarial� 6� ed� São Paulo: Bookman, 2012� CAIXETA-FILHO, J. V. Gestão logística do transpor- te de cargas, In: CAIXETA-FILHO, J. V.; MARTINS, R. S� (Orgs�)� Gestão logística do transporte de car- gas� São Paulo: Atlas, 2014 [Minha Biblioteca]� CASTIGLIONI, J� A� M� Transporte e distribuição� São Paulo: Ética, 2014 [Minha Biblioteca]� KEEDI, S� Transportes, unitização e seguros inter- nacionais de cargas� 5� ed� São Paulo: Aduaneiras: 2011� NOGUEIRA, A� S� Logística empresarial: um guia prático de operações logísticas� 2� ed� São Paulo: Atlas, 2018 [Minha Biblioteca]� NOVAES, A� G� Logística e Gerenciamento da ca- deia de distribuição: Estratégia, operação e avalia- ção� 6� ed� São Paulo: Elsevier, 2014� VALENTE, A� M�; NOVAES, A� G�; PASSAGLIA, E�; VIEIRA, H� (Orgs�)� Gerenciamento de transporte e frotas� 3� ed� São Paulo: Cengage Learning, 2016 [Minha Biblioteca]� WANKE, P� F� Logística e Transportes de cargas no Brasil: produtividade e eficiência no século XXI� 3� ed� São Paulo: Atlas, 2013 [Minha Biblioteca]� INTRODUÇÃO CONCEITOS E CÁLCULOS DE TRANSPORTES NOS PROCESSOS LOGÍSTICOS CLASSIFICAÇÃO E DEFINIÇÃO DOS MODAIS DE TRANSPORTE TRANSPORTE RODOVIÁRIO TRANSPORTE FERROVIÁRIO TRANSPORTE AÉREO TRANSPORTE AQUAVIÁRIO (MARÍTIMO) Transporte aquaviário doméstico (modal cabotagem) TRANSPORTE HIDROVIÁRIO (MODAL FLUVIAL E LACUSTRE) TRANSPORTE DUTOVIÁRIO CONCEITOS E TIPOS DE TRANSPORTE SISTEMAS DE GESTÃO DE TRANSPORTES CONSIDERAÇÕES FINAIS Síntese
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