Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Saúde da criança e do adolescente II SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE II HIPOVITAMINOSES E DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO PROTEICA São compostos orgânicos, considerados micronutrientes essenciais, necessários em pequenas quantidades, geralmente obtidas através da dieta e tem papel fundamental na mobilização e no metabolismo da matéria e da energia. Classificadas em dois grupos, de acordo com a solubilidade: Lipossolúveis: A, D , E e K Hidrossolúveis: Vitaminas do Complexo B e Vitamina C. Fatores diretamente envolvidos com as necessidades de cada micronutriente: Fatores Fisiológicos Fatores Fisiopatológicos Biodisponibilidade. Erros inatos do metabolismo. Distribuição corpórea do micronutriente (capacidade de armazenamento). Doenças adquiridas (Sd má absorção). Fase do ciclo de vida (infância, puberdade, gravidez). Hábitos e estilo de vida que alteram a biodisponibilidade e/ou utilização dos micronutrientes e interação dos micronutrientes e interação com medicamentos, entre outros. Deficiência de Vitaminas Lipossolúveis e K DEFICIÊNCIA DE VITAMINA A XEROFTALMIA, SISTEMA VISUAL, IMUNE E METABOLISMO DO FERRO Saúde da criança e do adolescente II 6º Semestre SNUTRIÇÃO ENERGÉTICO PROTEICA , considerados , necessários em pequenas quantidades, geralmente obtidas através da dieta e tem papel fundamental na da matéria e Classificadas em dois grupos, de Complexo Fatores diretamente envolvidos com as necessidades de cada micronutriente: Fatores Fisiopatológicos Erros inatos do metabolismo. Doenças adquiridas (Sd má absorção). Hábitos e estilo de vida que alteram a biodisponibilidade e/ou utilização dos micronutrientes e interação dos micronutrientes e ração com medicamentos, entre outros. Deficiência de Vitaminas Lipossolúveis – A,D,E VITAMINA A VISUAL, IMUNE Termo genérico para componentes com atividade biológica do retinol. A vitamina A (retinol) é nutriente essencial, necessário em pequenas quantidades em humanos para o adequado funcionamento do sistema visual, crescimento e desenvolvimento, expressão gênica, manutenção da integridade celular epitelial, função imune, defesa reprodução. Em síntese: Metabolismo celular; Produção do metabolismo celular; Produção do pigmento retiniano (a rodopsina); Diferenciação de células epiteliais; Crescimento ósseo; Processos imunes; Metabolismo de Ferro O termo vitamina A refere-se a um compostos, que inclui (formas ativas) (um álcool que é absorvido e armazenado no fígado, sendo fonte útil nos períodos de deficiência), retinaldeído e ácido retinóico ponto de vista formal, o termo vit ainda os carotenóides, com atividade pró vitamina A, que atuam como precursores alimentares do retinol A vitamina A é fornecida na dieta sob a forma de vitamina A pré-formada (ésteres de retinila) de origem animal ou pró-vitamina vegetal (carotenóides). O retinol pode ser obtido diretamente dos alimentos ou ser convertido no organismo humano betacaroteno. A absorção dos ésteres de retinila é complexa, envolvendo hidrólise e formação de complexos com ácidos biliares na luz intestinal. Em quantidades fisiológicas, o retinol (70 a 90%) é mais eficientemente absorvido do que os carotenóides (20 a 50%). Deficiência de Vitamina A é definida como a concentração tissular baixa o suficiente para Termo genérico para componentes com A vitamina A (retinol) é nutriente essencial, necessário em pequenas quantidades em humanos para o adequado funcionamento do sistema visual, crescimento e desenvolvimento, expressão gênica, manutenção da integridade celular epitelial, função imune, defesa antioxidante e Produção do metabolismo celular; Produção do pigmento retiniano (a Diferenciação de células epiteliais; Metabolismo de Ferro. se a um grupo de , que inclui (formas ativas) retinol (um álcool que é absorvido e armazenado no fígado, sendo fonte útil nos períodos de retinaldeído e ácido retinóico. Do ponto de vista formal, o termo vitamina A inclui ainda os carotenóides, com atividade pró- vitamina A, que atuam como precursores A vitamina A é fornecida na dieta sob a forma (ésteres de retinila) vitamina A de origem vegetal (carotenóides). O retinol pode ser obtido diretamente dos alimentos ou ser convertido no organismo humano, a partir do A absorção dos ésteres de retinila é complexa, envolvendo hidrólise e formação de complexos s biliares na luz intestinal. Em quantidades fisiológicas, o retinol (70 a 90%) é mais eficientemente absorvido do que os Deficiência de Vitamina A é definida como a concentração tissular baixa o suficiente para Saúde da criança e do adolescente II 6º Semestre Victória Louise apresentar consequências adversas à saúde, mesmo sem evidências clínicas de xeroftalmia. A carência de vitamina A é a mais comum em crianças com idade inferior a 5 anos: deficiência na ingesta. A deficiência pode ser primária, por baixa ingestão, ou secundária a má absorção, parasitoses, hepatopatias, pancreatopatias, infecções e desnutrição. A deficiência de vitamina A (DVA) influencia o metabolismo do ferro com a diminuição da incorporação desse oligoelemento nas hemácias e redução na mobilização de seus depósitos hepáticos, além de dificultar a diferenciação das hemácias. Assim, a associação de DVA com anemia carencial ferropriva é extremamente grave, visto que a simples administração de ferro medicamentoso poderá não resultar em melhora efetiva da doença. Encontrada apenas nos alimentos de origem animal, principalmente: fígado, leite, manteiga, queijo e ovos. Nos alimentos de origem vegetal, são encontrados precursores da vitamina A, pigmentos carotenos, sendo o beta-caroteno o mais importante deles sua utilização não é tão eficiente como a do retinol. Manifestações oculares da Hipovitaminose A Outras manifestações Descamação da pele, acne (às vezes); Deficiência do crescimento, cessação do crescimento esquelético; Deficiência Reprodutiva. Diagnóstico e tratamento Todo paciente desnutrido grave deve receber uma megadose de acordo com a faixa etária Pacientes com Sarampo devem receber por dois dias. A deficiência de Zinco pode interferir no metabolismo da vitamina A, devendo ser corrigida concomitantemente. A deficiência de zinco pode interferir no transporte da vitamina A, por redução na produção da proteína transportadora, assim como na conversão de retinol em retinal, que requer a ação da retinol desidrogenase, dependente de zinco. Assim, vale ressaltar que as carências nutricionais podem frequentemente associar-se, ampliando e potencializando o espectro de efeitos deletérios determinados por uma carência de maneira isolada. Propostas de suplementação combinada de dois ou mais micronutrientes evidenciam maiores benefícios, como, por exemplo, no crescimento pôndero- estatural. DEFICIÊNCIA DE VITAMINA D A vitamina D (calciferol) é um pró-hormônio (secosteroide) com efeitos endócrinos, parácrinos e autócrinos. Sintetizada na pele, não sendo dieteticamente essencial, sob ação da luz solar. Saúde da criança e do adolescente II 6º Semestre Victória Louise A função mais conhecida está relacionada à saúde óssea, participando do metabolismo de cálcio e fósforo. Receptores da vitamina D foram encontrados em muitas células do organismo humano, responsáveis por várias outras funções da vitamina D, como metabolismo da glicose, imunidade, controle da pressão arterial e musculaturas vascular, esquelética e cardíaca. Principal complicação no lactente: raquitismo Doença causada pela desmineralização óssea inadequada, ossos frágeis e deformidade esquelética. Outras complicações Comprometimento do desenvolvimento do SNC; Comprometimentodo desenvolvimento renal; Desenvolvimento e implantação placentária; Maior risco cardiovascular, câncer, diabete, doença metabólica, doença inflamatória intestinal e artrite reumatoide; Convulsões hipocalcêmicas; Insuficiência cardíaca hipocalcêmica; Hipotonia; Atraso do desenvolvimento neuropsicomotor; Hipoplasia do esmalte dentário; Atraso na dentição; Falência do crescimento; Irritabilidade; Dor óssea. Fatores de risco para deficiência de Vitamina D Pele escura; Ausência ou baixa exposição solar; Não suplementação durante a gestação; Aleitamento materno exclusivo prolongado e sem suplementação; Alto consumo de alimentos ricos em fitatos; Obesidade; Hepatopatias; Má absorção intestinal; Nefropatia crônica; Uso de drogas (fenobarbital, fenitoína, carbamazepina, corticosteroides, rifampicina). Diagnóstico e tratamento Raquitismo Características clínicas: Craniotabes; Alargamento das epífeses (punhos e tornozelos); Rosário raquítico; Deformidade torácica; Falência do crescimento; Atraso DNPM; Palidez; Sudorese; Irritabilidade; Atraso no fechamento das fontanelas; Atraso na erupção dentária, genu varum, fronte olímpica. Diagnóstico do Raquitismo Diagnóstico: Anamnese, exame físico, laboratorial. Redução do fósforo sérico; Aumento do paratormônio; Aumento da fosfatase alcalina; Alterações radiológicas (alargamento das epífeses (em taça), e linhas de Milkman- Looser (zonas densas e claras, Saúde da criança e do adolescente II 6º Semestre Victória Louise transversais, ao longo da diáfise), rosário raquítico. Linhas de Milkman- Looser Alterações bioquímicas nos diferentes estágios da deficiência de vitamina D Tratamento do Raquitismo DEFICIÊNCIA DE VITAMINA E Rara em humanos e quase nunca resulta da deficiência alimentar, tendo em vista a distribuição dos tocoferóis nos alimentos, especialmente óleos e gorduras. Sua ação fundamental no organismo é promover a redução da taxa de radicais livres e proteger a integridade das estruturas enzimáticas celulares. Causas: doenças genéticas, enfermidades que cursam com má absorção de gordura, doenças do pâncreas exógeno ou com redução de absorção intestinal. Quadro clínico: fraqueza muscular, problemas visuais, alterações do sistema imunológico, parestesia, transtornos na marcha, tremores , pobre senso de equilíbrio, ataxia, miopatias, ausência de reflexo profundos, sinal de Babinski positivo. Valor de referência de alfa-tocoferol plasmática < 6mcg/mL; Recomendação da OMS: 0,15 A 2 mg/Kg peso/dia; Tratamento: 25 a 50 mg/dia, VO, aumentando para 150 a 200mg/dia. DEFICIÊNCIA DE VITAMINA K A vitamina K compreende as vitaminas: K1- Filoquinona; K2- Menoquinona; K3- Menadinona; Compostos lipossolúveis das naftoquinonas. Triagem laboratorial: Tempo de protrombina (TAP) O alargamento do TAP tem baixa sensibilidade, tornando-se prolongado apenas quando a concentração de protrombina cai abaixo de 50%. Tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPA). Manifestações clínicas e diagnóstico na deficiência de Vitamina K Fenômenos hemorrágicos espontâneos ou provocados de intensidade variada. O sangramento decorrente da deficiência de vitamina K é confirmado por TAP e TTPA alterados e mais um dos critérios: Contagem de plaquetas normal ou aumentada, fibrinogênio normal e Saúde da criança e do adolescente II 6º Semestre Victória Louise ausência de produtos de degradação da fibrina; Normalização do TAP após administração de vitamina K; Doença hemorrágica no recém-nascido (DHRN). Tratamento da deficiência de Vitamina K Administração de Vitamina K1 – 5mg, dose única. Nos recém-nascidos, a filoquinona é preferível à medaquinona sintética (K3) em decorrência do risco de hemólise e Kernicterus. Profilaxia da DHRN: RN < 1500g : 0,5 mg, IM ou EV RN > 1500g : 1 mg, IM ou EV ,ou 1 a 2mg , VO, logo após o nascimento. Deficiência de Vitaminas Hidrossolúveis – Vitamina C e Vitaminas do Complexo B O Sistema nervoso é o mais dependente. Vitaminas do Complexo B: Tiamina (B1) Riboflavina (B2) Niacina ou Niacinamida (B3) Ácido pantotênico (B5) Piridoxina ou piridoxal (B6) Biotina (B7) Ácido fólico (B9) Cobalamina (B12) DEFICIÊNCIA DE VITAMINA C Funções: Antioxidante; Absorção do ferro; Síntese do colágeno; Biossíntese da carnitina e da epinefrina; Metabolismo da tirosina e dos hormônios peptídeos (TSH,LH e FSH). Manifestações clínicas na deficiência de Vitamina C (Escorbuto) Má cicatrização; Gengivite; Hemorragias perifoliculares, equimoses e petéquias; Letargia; Fadiga; Dores ósseas; Hemorragias subperiosteais; Icterícia; Neuropatia, hiperpirexia, convulsões e óbito. Diagnóstico laboratorial e Tratamento na deficiência de Vitamina C (Escorbuto) VITAMINAS DO COMPLEXO B DEFICIÊNCIA VITAMINA B9 Ciclo do Ácido Fólico (B9) Quadro clínico: decorrentes da instalação da anemia; Astenia, glossite, anorexia, taquicardia e esplenomegalia. Saúde da criança e do adolescente II 6º Semestre Victória Louise SNC: Déficit de memória, irritabilidade, distúrbios do sono e ataxia Defeitos do tubo neural. Tratamento da deficiência Vitamina B9 Correção de eventuais carências dietéticas; Substituição ou interrupção de drogas anti-folato; Uso do ácido fólico (1 a 5 mg/dia). VITAMINA B12 Diagnóstico e Tratamento da deficiência Hemograma – índices hematimétricos; Dosagem B12 < 200 ng/L - deficiência; Correção alimentar; Reposição B12 de acordo com a deficiência, peso e idade. DESNUTRIÇÃO ENERGÉTICO- PROTEICA (DEP) A DEP ocorre em razão de desequilíbrio entre o suprimento de energia e nutrientes e a demanda do organismo para garantir sua manutenção, crescimento e funções metabólicas. Classificação quanto à origem Primária: quando não há outra doença associada, relacionada à insegurança alimentar. Secundária: quando há uma doença associada decorrente da baixa ou inadequada ingestão alimentar, alteração na absorção dos alimentos, aumento das necessidades nutricionais e/ou maior perda de nutrientes. Quanto à gravidade (critérios clínicos e laboratoriais): Marasmo; Kwashiorkor; Kwashiorkor - marasmático. KWASHIORKOR Acomete crianças acima de 2 anos. Pele: lesões hiprcrômicas, hipocrômicas ou descamativas; Cabelo: textura, coloração, facilidade de soltar do couro cabeludo; Hepatomegalia por esteatose, ascite; Edema de MMII e/ou anasarca. Geralmente é bilateral e simétrico começa nos pés (edema 1+), progride para as pernas e as mãos (edema 2+) e, em casos graves, pode envolver a face (edema 3+). MARASMO Acomete crianças menores de 12 meses. Emagrecimento acentuado, baixa atividade, irritabilidade, atrofia muscular e subcutânea, desaparecimento da bola de Bichat, fascies senil ou simiesca, costelas visíveis e nádegas atróficas. Raramente cursa com hepatomegalia. Diagnóstico Avaliação antropométrica (peso, estatura e IMC) Valores abaixo de -2 escores Z para qualquer um dos três índices são indicativos de comprometimento nutricional. Exame físico: emagrecimento intenso visível, alteração dos cabelos (mais secos, finos, alteração da pigmentação para tons de marrom/vermelho, falta de brilho, alopecia). Exame físico: Hipo ou hiperpigmentação, manchas ásperas (hiperqueratose), estomatite angular e glossite com perda de papilas, diminuição do músculo na região glútea e perda de gordura subcutânea. Tratamento Avaliar a presença de complicações clínicas que justifiquem internação hospitalar: Hipoglicemia; Desidratação; Hipotermia;Saúde da criança e do adolescente II 6º Semestre Victória Louise Anemia grave; Sinais de Infecção. Dez passos, segundo Ministério da Saúde e OMS, para o manejo do desnutrido grave hospitalizado: 1. Tratar e prevenir a hipotermia; 2. Tratar e prevenir a hipoglicemia; 3. Tratar a desidratação e o choque séptico; 4. Corrigir os distúrbios hidroeletrolíticos; 5. Tratar infecção; 6. Corrigir as deficiências de micronutrientes; 7. Reiniciar a alimentação cautelosamente; 8. Reconstruir os tecidos perdidos (fase de reabilitação ou de crescimento rápido); 9. Afetividade, estimulação, recreação e cuidado; 10. Preparar para a alta e o acompanhamento após a alta. Quanto ao manejo , pode-se dividi-lo em três fases: Primeira fase: Fase de estabilização. Tratar os problemas que ocasionem morte, corrigir deficiência nutricionais específicas, reverter anormalidades metabólicas e iniciar alimentação. Após a estabilização hemodinâmica, hidroeletrolítica e acidobásica, inicia-se alimentação.
Compartilhar