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TCC - Dupla Jornada da mulher negra em São Paulo

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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA
ETEC PROFESSOR BASILIDES DE GODOY
TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO
A DUPLA JORNADA DA MULHER NEGRA EM SÃO PAULO
SÃO PAULO
2019
2
1
Giovanna Batista Bernardes
Josiane de Souza Silva
Larissa Almeida Janzini de Lima
Larissa Cristina Vieira Benassi
Lucas Pereira Mateus
Rodrigo Mello de Oliveira Vicente
A DUPLA JORNADA DA MULHER NEGRA EM SÃO PAULO
Planejamento do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Administração da Escola Técnica Estadual Prof. Basilídes de Godoy (e suas extensões) como parte dos requisitos para a conclusão do módulo.
SÃO PAULO
2019
“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou sobre aquilo que todo mundo vê.” 
Arthur Schopenhauer
RESUMO
O trabalho realizado foi com o intuito de mostrar o que realmente acontece com as mulheres negras desde o começo do mercado de trabalho, até a atualidade. Demonstrando por meio de entrevistas e questionários a realidade da situação no mercado de trabalho. Mostrando que ser mulher no mercado é extremamente mais trabalhoso, e quando se é negra a dificuldade aumenta por terem que provar sempre o seu potencial, valor. Ser uma mulher negra em um mundo machista e racista não é fácil, e essa dificuldade é provada por meio de porcentagens, gráficos, estudos para que conscientize quem leia o trabalho a entender e apoiar está tão árdua jornada.
Palavras-Chave = Mulher Negra; Preconceito; Mercado de Trabalho 
ABSTRACT
The work carried out was in order to show what really happens to black women from the beginning of the labor market, until today. Demonstrating through interviews and questionnaires the reality of the situation in the job market. To show that the woman in the market is extremely more laborious, and when she is black the difficulty increases because she has to always prove her potential, value. Being a black woman in a sexist and racist world is not easy, and this difficulty is proven through percentages, graphics, studies to make those who read the work aware and understand and support it is so difficult.
Keywords = Black Woman; Prejudice; Job Market 
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO	7
1.1 Problema de Pesquisa	9
1.1	Hipóteses	11
1.2	Objetivos gerais	11
1.2.1 Objetivos específicos	12
1.3	Justificativa	12
1.4	Resultados esperados	13
2.	REFERÊNCIAL TEÓRICO	13
2.1. Mercado de trabalho	13
2.2 Feminismo	14
2.3 Mulher no Mercado de Trabalho	17
2.4 Mulher negra no mercado de trabalho	18
2.5 Comparação da dupla jornada da mulher branca e a mulher negra	24
3.	METODOLOGIA	25
3.1	Classificação	25
3.2 Objetivos de Pesquisa	26
3.3 Processos Metodológicos	26
3.4 População e Amostra	27
4.	ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS	27
4.1 Questionário	27
4.2 Entrevista	33
4.2.1 Entrevistada “A”	33
4.2.2 Entrevistada “B”	35
4.2.3 Entrevistada “C”	36
4.3 Conclusão da Análise e Discussão de Resultados	39
5.	CONSIDERAÇÕES FINAIS	39
6.	Referências Bibliográficas	41
1. INTRODUÇÃO
As mulheres negras se deparam, constantemente, com barreiras e obstáculos constituídos em meio a nossa sociedade. Um local de confrontante é o mercado de trabalho, onde tem como principais estorvos: diferentes qualificações e inserções no mercado de trabalho ou um diferencial salarial exorbitante. Onde existe diferença, existem indivíduos lutando pelos seus direitos e locais de fala. O Brasil se encontra em meio a retrocessos políticos e sociais, afetando conjuntamente o desenvolver saudável de uma sociedade para que esta seja livre de paradigmas que enfraquecem a evolução e crescimento individual das pessoas dentro de uma comunidade.
Ao entrar mais a fundo nos problemas gerados por essa má manutenção orgânica, observa-se o uso frequente da violência, fazendo alusão a uma concentração de poder na mão das milícias, falta de investimentos em pesquisas e projetos em conjunto também com a retomada à diminuição da figura feminina no contexto empresarial, político e social devido a comportamentos expressados pelos líderes da nação. No Brasil desde nossas origens sociais, sempre foram muito sexistas e com uma família muito patriarcal, onde desde nossa criação, o homem é criado a ser o líder da casa e a mulher a ser submissa ao homem, cuidado da casa, do filho, da comida, já o homem, tendo mais espaço que as mulheres, tanto no mundo social quanto trabalhista. Apesar do Brasil ter 207 milhões de habitantes, sendo 55% mulheres, e na cidade de São Paulo tendo 12 milhões a sociedade ainda insiste no erro da família patriarcal brasileira, porém com a mulher com mais espaço social e trabalhista. 
No Brasil e na América Latina sempre existiu a violação colonial, desde muito tempo, da parte de homens brancos contra as mulheres negras, pois, elas sempre foram vistas como escravas e até mesmo prostitutas. A escravidão no Brasil foi algo que durou muitos anos e suas consequências perpetuam até hoje, elas também sofreram grandes consequências por sua cor e raça. A divisão sexual do trabalho sempre foi apresentada de forma muito clara para os trabalhadores dentro do capitalismo contemporâneo, onde se acentua ainda mais a desigualdade salarial e de tratamento entre gêneros. Diante destas ações, campanhas e clubes em prol da defesa e conquista de direitos, destes grupos citados acima, estão sendo criados e colocados à frente do governo, como forma de oposição. Estes serão analisados em nosso projeto a fim de desenvolver uma visão mais empática com tais minorias existentes no país em questão.
As atividades que são atribuídas a sociedade feminina estão quase sempre ligadas à reprodução ou atividades domésticas, já as atividades ligadas ao crescimento e desenvolvimento social, aos homens. As diferenças biológicas também são levadas em conta quando o assunto é diferença nos trabalhos exercidos por estes, pois “as atividades desempenhadas pelos homens têm a representação do perigo e às desempenhadas pelas mulheres, da fragilidade, por causa unicamente de sua capacidade reprodutiva”. (HIRATA; KERGOAT apud OLIVEIRA, 1988, p. 26). A construção desta imagem feminina se dá nos registros de Freyre (1984), no qual é retratada a situação da mulher no período colonial.
Nota-se que mesmo quando se é conquistado o espaço da mulher no mercado de trabalho, ainda é necessário vencer este “preconceito” e conquistar o respeito de outros funcionários. No mercado de trabalho a mulher negra se encontra cada vez mais singular, como é citado no trecho abaixo:
 “[...] Até muito recentemente o trabalho das mulheres teve, em relação ao dos homens, um caráter complementar na sustentação da família, fazendo com que sua inserção fosse intermitente, em atividades de baixa qualificação e com consequente baixa remuneração” (AQUINO, MENEZES e MARINHO, 1995, p.2)
Percebe-se condições desfavoráveis no mercado de trabalho com a presença feminina, como a desigualdade salarial, e durante sua trajetória, é vista como uma dona de casa que quer sustentar seu lar e não realmente como uma mulher que deseja crescer em determinada profissão.
Muitas mulheres negras na atualidade continuam tendo que provar todos os dias seu potencial para serem enxergadas em suas vidas profissionais. Não é comum para a população brasileira ver uma mulher e ainda por cima negra ser vista em cargos de real destaque, tudo isso acontece por causa das tamanhas dificuldades dentro do mercado de trabalho, desde a contratação até a permanência dentro da empresa, sendo completamente desvalorizada e pouco remunerada.
“[...]o preconceito seria apenas a crença prévia (preconcebida) nas qualidades morais, intelectuais, físicas, psíquicas ou estéticas de alguém, baseada na ideia de raça. Como se vê o preconceito pode manifestar-se, seja de modo verbal, reservado ou público, seja de modo comportamental, sendo que só nesse último caso é tido como discriminação” (GUIMARÃES, 2004, p.18).
Com esta introdução, expõe-se um problema vigente em nossa atual sociedade, que tem estado passiva a hábitos inerentes de um caráter responsável,onde tem sido necessário diminuir cada vez a existência de minorias que estão sem voz para lutarem sozinhas por sua posição dentro da comunidade.
Portanto nos dias atuais nota-se que muita coisa mudou em relação ao passado, com as grandes revoluções feministas, mulheres vem conquistando seu espaço aos poucos dentro da sociedade e do mercado de trabalho, e mostrando cada vez mais que podem fazer tanto quanto um homem e que são capazes de fazer a mesma coisa e ainda melhor. Mas mesmo depois de tanto esforço e até com iniciativas do governo para mudar a situação de todas as mulheres, mesmo assim negras ainda sofrem preconceito e discriminação no meio atuante de relações comerciais e pelos usuários de seus serviços.
 
 1.1 Problema de Pesquisa
Nas últimas décadas, o mercado de trabalho tem sofrido as influências e os impactos da globalização, surgindo daí desafios em relação aos processos de exclusão dos grupos vulneráveis, notadamente em relação à trabalhadora negra. Mesmo após a abolição do período escravista, as mulheres negras continuam a enfrentar problemas simplesmente por sua cor de pele, passam por diversas dificuldades no cotidiano, seja ouvindo piadinhas racistas em determinados lugares ou até mesmo no trabalho. um Em à sociedade onde se perpetua estereótipos relacionados a seus antepassados, tentar crescer e evoluir socialmente parece impossível por conta da melanina. O movimento feminista depois de muitas lutas, conseguiu conquistar alguns direitos e quebrar algumas barreiras sociais, porém, a atual situação das mulheres negras, ainda não sofreu muitas alterações significativas. 
No mercado de trabalho, as mulheres ainda ocupam cargos inferiores em relação aos homens. As mulheres são discriminadas no mercado de trabalho quando, apesar de igualmente qualificadas, recebem pagamento inferior no desempenho da mesma função e/ou recebem salários menores porque tem acesso apenas a ocupações mal remuneradas. No primeiro caso, a discriminação é salarial, e no segundo caso, temos a discriminação ocupacional, onde a variável de seleção é o sexo. Segregação ocupacional implica não apenas que homens e mulheres estejam segregados em diferentes ocupações, mas também que as ocupações nas quais as mulheres se concentram sejam pior remuneradas. Ainda em desigualdade quando em comparação entre mulheres negras e brancas (se tratando de cargos de alto nível) mulheres brancas predominam mais do que as mulheres negras. Mesmo com toda a desigualdade da mulher negra no mercado de trabalho em diversas áreas, ainda temos a desigualdade salarial das mesmas, um homem negro ganha 40% a mais que uma mulher negra, uma mulher branca ganha 70% a mais que uma mulher negra segundo o “Instituto de pesquisa econômica aplicada - IPEA (2014)”.   
As mulheres negras são a parcela mais pobre da sociedade brasileira, as que possuem a situação de trabalho mais precária, têm os menores rendimentos e as mais altas taxas de desemprego. São também as que têm maior dificuldade de completar a escolarização, além de possuir chances ínfimas de chegar a cargos de direção e chefia, a maioria delas tem de levar uma jornada dupla em sua vida onde além de ter que trabalhar diariamente, ela tem que fazer seu "serviço doméstico" (lavar as roupas, fazer a janta, cuidar do filho, lavar a louça etc.) ocorrendo assim uma sobrecarga com tais mulheres, fazendo com que elas não consigam ser enxergadas e também com que seu sucesso seja ofuscado por qualquer outra pessoa. 	
A falta de inserção e o preconceito sofrido por essas mulheres carecem de atenção, apesar de serem maioria em nossa país ainda são a parte mais pobre em se tratando do mercado de trabalho, as chances de qualificação são baixas e suas oportunidades são limitadas e minadas. Infelizmente são as que se encontram em estados precárias, geralmente tem mais filhos, nenhum cônjuge com relação mais formal (ou são viúvas), falta de saneamentos básicos e sua formação escolar é inferior a de uma mulher branca da mesma idade. Todos esses fatores e muitos outros que não propiciam uma vida igualitária a essas mulheres, que além de se preocuparem com suas casas, devem se preocupar também com seu trabalho para desempenhar uma boa função em seu ofício.  A problemática gira em torno da influência da dupla jornada da mulher negra em sua vida profissional, levando em conta a comparação entre sua vivência e a do homem, tendo como exemplo a oportunidade de estudo, já que a mulher depois de seu trabalho terá que focar em trabalho doméstico enquanto na maioria das vezes seu parceiro vai estudar ou desenvolver alguma outra atividade, sendo a principal questão: Como a dupla jornada da mulher negra afeta na sua vida profissional? 
 
1.1 Hipóteses
Hipótese 1: Há diversas hipóteses que podem contribuir para que as mulheres negras tenham suas dificuldades na vida profissional. Entre essas hipóteses, a questão do preconceito é a primeira a ser escolhida para avaliar-se no decorrer do trabalho, havendo uma verificação no problema. Por haver um pré-conceito, muitas só são aceitas em cargos baixos, sem pretensão de evolução profissional nas organizações.
Hipótese 2: Embasado neste questionamento, esta consiste na ideia de que mulheres negras, nos dias de hoje não conseguem uma evolução profissional digna dentro do trabalho, pois empresas impõem regras e inserem-nas no mercado feminino. 
1.2 Objetivos gerais
O objetivo geral desse trabalho é mostrar que a dupla jornada da mulher negra no mercado de trabalho é extremamente difícil.
1.2.1 Objetivos específicos
 
· Analisar como é a dupla jornada da mulher negra;
· Identificar as dificuldades que as mulheres negras passam atualmente;  
· Explicar que o sexismo e o racismo está muito presente na vida das mulheres negras;  
· Identificar o porquê dessas dificuldades existirem; 
1.3 Justificativa
O preconceito da mulher negra além de ser histórico pelo fato de a mesma ser vista na época somente como a escrava “dona de casa” que só serve para cuidar de crianças, fazer comida, lavar as roupas e etc. ofuscando então o seu potencial, não foi somente sendo levado e arrastado até os tempos atuais aonde mulheres negras não são vistas tais como “a melhor opção” e sim os homens. Isso também pode ser visualizado a partir da diferenciação de salários dentro das empresas e da clara diferença na quantidade numérica de homens que estão na liderança, fazendo com que as mulheres se esforcem cada vez mais para mostrar o seu potencial e para poder concorrer com alguns homens que muitas vezes faz o mesmo serviço ou nem mesmo a metade.
A desigualdade, a cada dia que se passa, tem ficado cada vez mais nítida na sociedade, pois ela vem aumentando a cada vez mais, mesmo com toda a imposição que a mulher tem nos dias de hoje em comparação aos tempos antigos. porem mesmo com toda essa “imposição”, onde foi criado o “movimento de mulheres do Brasil” que é um dos movimentos mais respeitados do mundo através de pesquisas feitas, e referência fundamental em certos temas do interesse das mulheres. É também um dos movimentos com melhor performance dentre os movimentos sociais do país. Porém, mesmo com todo esse poder, a mulher ainda assim, não perdeu o título de “dona de casa” ou até mesmo a falta de importância que possuem dentro das empresas em comparação aos homens, pois o preconceito continua presente mais do que nunca em nossa sociedade.
Continuando a análise às possíveis soluções, ênfase ao histórico cultural vivido por estas. Devido a este fator, na maioria das vezes, mulheres negras possuem uma mão de obra menos qualificada se comparada as outras, por conta da falta de acesso a um ensino eficaz e também pela ausência de tempo para aprimoramento educacional, atingindo assim baixos cargos nas organizações ou obtendo empregos com baixa remuneração. Com isso, constata-se que é importante ser feita a análise de como funciona a dupla jornada da mulher negra para que essa não fique oculta e sim que ganhe cada vez mais visibilidade para estimular a mudança das empresas em relação a capacitação dasmulheres negras em suas respectivas funções. 
1.4 Resultados esperados
Espera-se apresentar quais são as causas que levam as mulheres negras terem tantas dificuldades no mercado de trabalho. Conceder as pessoas uma visão amplificada de como as dificuldades podem interferir na vida profissional, mostrando que as mulheres negras são capazes e isso não pode ser desperdiçado pelo preconceito. Contribuir para que a visão racista/sexista patriarcal imposta na nossa sociedade possa ser modificada.
2. REFERÊNCIAL TEÓRICO
2.1. Mercado de trabalho 
O mercado de trabalho é uma expressão utilizada para qualquer forma de trabalho que possa ser remunerada, seja ele de forma intelectual ou manual. É o responsável por abastecer e movimentar o dinheiro de um determinado país. (de acordo com Wellington Souza Silva do Centro Universitário Fundação Santo André, 2014) O mercado de trabalho se apoia na demanda e na oferta, sendo assim, a quantidade de vagas disponíveis dentro das empresas. Fazendo com que se cria-se a lei da oferta e procura que visa diminuir os preços quando há muita oferta, e quando há muita procura por um produto e o mesmo estiver em escassez, os preços sobem.
Também pode ser definido como um lugar que reúne aqueles que oferecem vagas de emprego e aqueles que buscam as oportunidades propostas. Fazendo parte disso diversos profissionais com uma variedade de conhecimentos e formações em uma competição pelas vagas que atendam seus objetivos estipulados (de acordo com Fia Fundação Instituto De Administração. Mercado de Trabalho, 2019)
O sistema é chamado “mercado de trabalho” pois existe a relação entre pessoas que oferecem força de trabalho e pessoas que desejam contratá-las, e também onde há uma negociação para definir os preços. O trabalho na pré-história era a luta constante para a sobrevivência, e a necessidade de obter abrigo e alimentação fez com que se desse início aos primeiros trabalhos agrícolas, dando assim, início as civilizações e acabando com a era nômade. Onde a mulher somente era associada a fertilidade. O trabalho na antiguidade era a relação de escravizador e escravo. Onde todo trabalho era realizado por escravos e existiam artesãos, mas não tinham patrões definidos. A mulher era muito valorizada ainda pelo domínio da fecundação dando a ela o poder de escolha de marido e como teriam seus filhos. O trabalho na idade média era a relação de senhor-servo, onde existia o vassalo (servo) e o suserano (senhor). Onde o vassalo recebia abrigo e terras do seu suserano e em troca disso oferecia fidelidade e proteção. A mulher nessa época passa a exercer certos ofícios, mas nunca com o destaque necessário e sim sendo sempre discriminada e sendo considerada aprendiz. (de acordo com Âmbito Jurídico. História do trabalho da mulher, 2007).
O trabalho na idade moderna, período onde se teve início a revolução industrial, que consistiu no surgimento de mecanização dentro das fábricas. Onde operários se juntaram para exigir melhores condições e remunerações no trabalho. (de acordo com Juliana Bezerra. Toda Matéria). A mulher neste período as mulheres ocupam novos cargos que antes era exercidos por homens dando assim início a disputa entre mulheres e homens. Mesmo a mulher tendo a mão de obra mais barata, produzia menos por conta de afazeres domésticos. 
O trabalho na idade contemporânea após a revolução industrial, pessoas começaram o oferecer seus serviços como moeda de troca. Dando início ao modelo de trabalho que conhecemos hoje, onde os trabalhadores passam a receber salários fixos. (de acordo com Wilson Teixeira Moutinho. Cola Da Web) As mulheres na atualidade ainda lutam para ter igualdade em relação ao homem no mercado de trabalho, mesmo com seu trabalho ainda sendo explorado.
2.2 Feminismo 
O movimento feminista tem como foco principal a luta pelos direitos e a participação das mulheres na nossa sociedade, porém essa não é uma luta atual, é uma luta antiga que continua até os dias atuais. No passado a construção da figura das mulheres foi a de uma pessoa que deveria ficar em casa cuidando dos afazeres domésticos, casar e ter filhos, tanto que as meninas eram educadas assim desde cedo e vamos ser sinceros, esse pensamento não está tão distante do que algumas pessoas dizem atualmente. As mulheres que se “rebelavam” pelas condições que as eram impostas, na maioria das vezes eram assassinadas.
Um dos exemplos disso foi em 1789 que durante a Revolução Francesa, quando o documento denominado “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão” foi contrariado pela escritora feminista Olímpia de Gouges, que escreve outro documento denominado “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã”. Neste documento ela argumentava sobre uma necessidade de equiparação nos direitos dos homens e das mulheres e apenas por isso ela foi executada no dia 3 de novembro de 1793, porém felizmente o seu posicionamento se tornou um marco, servindo de inspiração para futuros movimentos feministas.
O surgimento dos movimentos feministas no Brasil, foram muito inspirados em novas perspectivas e ideias anarquistas vindas da Europa, através de imigrantes. Através disso as mulheres passaram a ter mais presença e mais voz por meio de manifestações. Um dos primeiros movimentos que marcou o feminismo no Brasil foi o de Bertha Lutz uma bióloga de grande importância pois foi ela que iniciou a luta pelo voto da mulher. Junto com outras mulheres fundou-se a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino, essa organização fez uma campanha pública pelo voto. Em 1927, um abaixo-assinado foi levado ao Senado, pedindo a aprovação do Projeto de Lei, de autoria do Senador Juvenal Lamartine, que dava o direito de voto às mulheres e em 1932 todo esse esforço fez com que esse direito fosse conquistado e a lei foi promulgada ao Novo Código Eleitoral brasileiro. 
Mas aí aparece a seguinte questão: Onde as mulheres negras entram nisso? Elas não entram. Segundo o site QG Feminista, através de seu homônimo, “Mulheres, Raça e Classe (1981), Angela Davis, uma filósofa e ativista norte-americana diz que os movimentos feministas da época, eram essencialmente racistas e elitistas. Deste modo, visavam a ascensão feminina branca, em detrimento da total libertação e aquisição de direitos por afro-americanos. “As mulheres brancas – incluindo as feministas – demonstraram uma relutância histórica em reconhecer as lutas das trabalhadoras domésticas. Elas raramente se envolveram no trabalho de Sísifo que consistia em melhorar as condições do serviço doméstico. Nos programas das feministas “de classe média” do passado e do presente, a conveniente omissão dos problemas dessas trabalhadoras em geral se mostrava uma justificativa velada – ao menos por parte das mulheres mais abastadas – para a exploração de suas próprias empregadas.” (DAVIS, Angela. Mulheres, Raça e Classe. pg. 110/111)
 	Apenas em 1987, mulheres feministas negras juntam-se para fundar grupos sociais que deu ênfase a luta pela ocupação das mulheres negras numa sociedade totalmente machista e racista, esse foi o início do movimento feminista negro. Dito isso, umas das primeiras associações de feministas negras foi o Coletivo “Combahee River”, fundado por Barbara Smith, uma ativista humanitária, onde atuou durante 1974 à 1980 com uma sede localizada em Boston e é relembrado principalmente pelo seu posicionamento contra a opressão patriarcal, racial e de classe. Em 1990, o feminismo negro ganhou ainda mais voz quando Anita Hill, uma professora, ativista e advogada, denuncia um assédio sofrido por Clarence Thomas, um candidato a Supremo Tribunal dos EUA. Mesmo não tendo ganhado o processo, após um ano ele confessou o que tinha feito e isso fez com que muitas mulheres da época fossem ingressadas no Congresso e uma delas era Carol Mosely-Braun, que futuramente se tornaria a primeira mulher negra eleita senadora nos EUA. 
No Brasil, o Feminismo Negro inicia-se no final da década de 70, antes já existiam movimentos negros e comunidades religiosas negras, porém após diversas denúncias de sexismo e invisibilidadeda mulher negra nos movimentos feministas, ocorre um recorte e o Feminismo Negro brasileiro entra em ação. Acredita-se que foram duas teóricas que serviram de inspiração e que já discutiam sobre a questão da participação da mulher negra em sociedade, sejam elas: Lélia Gonzales e Sueli Carneiro. Lélia Gonzalez que foi uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado e do Grupo Nzinga, que produziam diversos artigos e obras demonstrando qual era o pensamento feminista negro e Sueli Carneiro que fundou o Geledés - Instituto da Mulher Negra, uma das primeiras organizações feminista negra para combater o racismo no Brasil. 
Atualmente, nota-se que muitas mudanças significativas ocorreram socialmente, porém a situação da mulher ainda é muito precária e por isso a luta ainda prevalece. Acredita-se que a situação da mulher negra continua ainda a mais difícil do que a da mulher branca em diversas questões, que foram ditas através do texto, mas o Feminismo Negro está aí para ajudá-las nessas questões. Enfim, o feminismo (no geral) tem um papel importante para que a luta das mulheres não seja em vão, para que elas possam ser ouvidas e fazer com que os direitos sejam iguais para todos.
2.3 Mulher no Mercado de Trabalho 
Com o início das Guerras mundiais, mulheres foram convocadas para assumirem cargos importantes no mercado de trabalho, durante a consolidação de um mundo capitalista no século XIX. Com o decorrer dos anos, notaram-se mudanças relevantes com a criação do movimento feminista, que buscava uma equiparação de mulheres e homens. Algumas dessas mudanças pode-se destacar a conquista do uso de calças, o direito ao voto, direito ao divórcio, entre outras mais, onde pesquisas demonstram que existem mais mulheres que homens no Brasil (em 1980, havia 753 mil mulheres a mais do que homens no Brasil, hoje já são 4,5 milhões, em 2060 serão 6,3 milhões.) Outros dados de 2003, indicam que as mulheres representavam 43%, da PEA (População Economicamente Ativa) no país. 
O mercado de trabalho nacional tem crescimento constante, mas continua regado de diferenças entre homens e mulheres de acordo com o estudo Diferença do Rendimento do Trabalho de Mulheres e Homens nos Grupos Ocupacionais - PNAD 2018, 20,5% menos que os homens em todo o Brasil. Já entre mulheres pobres e com menor escolaridade, a situação encontra-se inferior a de mulheres mais escolarizadas, que apontam enorme diferença até entre mulheres de classes sociais distantes. Ao redor do mundo, a existência do desemprego entre mulheres e afrodescendentes sempre foi constante, expondo que, tal taxa é sistematicamente distinta a de homens e brancos, onde a taxa de desemprego de mulheres negras chega bem próximo ao dobro da de homens brancos. Pesquisadores afirmam que há a permanência de um preconceito, que atrasa e desmerece a carreira profissional, mantendo o salário femininos menores que os masculinos. A empresa Catho mostrou que diretoras, recebem 22,8% menos que seus colegas de trabalho. De modo geral as mulheres ganham apenas 61% da remuneração dos homens. Dessa forma, afetam-se carreiras que possuem um pagamento menor, onde quando ocorre a qualificação, ocorrendo um ajuste de acordo com o talento das mulheres que o conquistaram. 
Isso demonstra que mulheres, sejam brancas e negras, ganharam por meio do feminismo sua voz ativa, mas este movimento não significa que as mulheres beneficiadas se diminuem pelo simples fator de seu gênero, onde provam que conseguem alcançar tudo o que almejam por meio de seu próprio mérito, mostrando sua real força, poder e determinação. Tudo isso demonstra um papel incessantemente ativo e mutável da mulher para com a sociedade, onde num passado não tão distante, sua atuação era limitada. Atualmente, o movimento feminista, renomeado como pós-feminista, busca intermitentemente a inserção justa da mulher dentro do mundo laboral, para que exerçam dignamente suas profissões, tendo reconhecimento por sua dedicação. 
A busca pela igualdade e a tentativa cessante em combater as desigualdades de gênero têm sido pautas principais em diversas reuniões. De acordo com a Organização Mundial do Trabalho (OIT), a chance de uma mulher trabalhar foi 26% inferior à de um homem, em 2018, crescendo assim, somente 1,9% em relação à 1991. Fora a condenação que ainda sofrem por conta da maternidade, são atribuídas diversas “desvantagens” em contratar uma mulher para algumas organizações, por exemplo a de serem as que normalmente assumem o papel de cuidado da casa e das pessoas que nela residem. Segundo um levantamento feito pelo IBGE, em 2018, mulheres seguem recebendo um salário inferior aos homens. As trabalhadoras geralmente ganham 20,5% menos que trabalhadores no Brasil. Essas têm lutado, desde o início do século XIX em combate contra opressão e discriminação das mulheres, ocupando atualmente, altos cargos em organizações conhecidas e sendo reconhecidas, em um lento processo, a partir de suas lutas. 
2.4 Mulher negra no mercado de trabalho 
A escravidão deixou muitas marcas na população negra, o preconceito e desrespeito causado a parcela da população mais retinta tem suas marcas refletidas até hoje em nossa sociedade. Preconceito é uma ideia criada sem a devida experiência com relação aquela situação, um pré-julgamento antecipado sobre devido assunto por tanto, não há relação com fatos autênticos, a obra a seguir nos fala mais sobre: 
“[...]o preconceito seria apenas a crença prévia (preconcebida) nas qualidades morais, intelectuais, físicas, psíquicas ou estéticas de alguém, baseada na ideia de raça. Como se vê o preconceito pode manifestar-se, seja de modo verbal, reservado ou público, seja de modo comportamental, sendo que só nesse último caso é tido como discriminação” (GUIMARÃES, 2004, p.18 apud GOMES, RENAN, 2018 542).  
O preconceito e a discriminação é algo que acontece corriqueiramente em nossa sociedade, cada ser humano possui sua singularidade nossas características físicas ou intelectuais que nos tornam diferentes e únicos, essas diferenças podem nos unir e separar em grupos, ocasionando uma inclusão exclusão exacerbada de vários povos e etnias. O racismo nada mais é que a exclusão de um povo ao outro, o preconceito que se tem ao concluir que outras raças são superiores a outras e que um grupo deve ser melhor tratado que outros. O período do Brasil colonial é um grande exemplo a ser usado, os indígenas que aqui estavam antes de Pedro Álvares Cabral pisarem nessas terras e os negros tirados de suas terras, obrigados a se adaptarem a culturas e religiões que não eram as suas, foram utilizados como mão de obra escrava para extração de matéria prima, não eram vistos como seres humanos. Os homens trabalhavam prejudicando seus corpos, trabalhando até cessar e falecer e as mulheres levadas e usadas como escravas sexuais, ama de leite, cozinheiras e faxineiras também trabalhavam arduamente até não terem mais serventia, vistas como nada além de mão de obra escrava. A abolição da escravatura veio como uma salvação para os negros que almejavam a tão sonhada liberdade, no entanto não houve qualquer política de reparação por parte do governo, sem políticas de integração sem auxílio, ocasionando na marginalização desse povo, as amarras já não estavam em seus pulsos, mas o julgamento e preconceito por parte desse povo ainda permanecia. 
 
“[...]Não houve uma preocupação em preparar o negro para a liberdade. Não existiu uma política de integração social por meio da qual houvesse ofertas de empregos, acesso a educação e à moradia. O resultado foi que os negros ficaram à margem da sociedade, o que subsiste até hoje”. (Marcelino, Marcia, 2017, p. 105) 
 
A inclusão da mulher negra vem sendo cada vez mais discutida e questionadas, a discriminação sofrida por essas mulheres possui inúmeros fatores, a escravidão deixou marcas que perduram até os dias de hoje, o preconceito que causaram a marginalização  levou ao longo dos anos exercerem profissões historicamente inferiores para sobreviver, trabalhavam como cozinheiras, vendedoras, lavadeiras entreoutras profissões que outrora eram exercidas por escravos, como o passar do tempo este estigma histórico permaneceu enraizado e acomete as mulheres que mesmo qualificadas são descartadas profissionalmente, fazendo que tenham que provar seu valor a todo custo que não servem apenas para os antigos serviços que forneciam. Esses trabalhos aos quais teve que se submeter para sua sobrevivência fizeram com que elas vivessem as piores condições e, com a abolição da escravatura nada mudou, não houve alguma intervenção ou auxílio para essas mulheres, que tiveram que se virar a sua maneira que com suas únicas experiências continuaram a exercer as mesmas profissões, a falta de oportunidade e inclusão fizeram com que carregassem esse estereótipo. 
No período da revolução Industrial mulheres que não pertenciam a uma classe social mais elevada, o trabalho nas fábricas foi quase uma condição para a sua sobrevivência. Apesar de continuar a ouvir a fábula de que nasceram para ser mães, as mulheres foram forçadas a abandonar os filhos à própria sorte ou levá-los junto para o trabalho, diante da necessidade de passar o dia inteiro nas indústrias têxteis, onde deixaram sua juventude, trabalhando de forma insalubre, de 10 a 12 horas diárias, com água até o joelho, já que o vapor movia as máquinas. O trabalho em tais condições, em turnos seguidos, fez surgir inúmeros problemas sociais, como a mortalidade materna e infantil. Quando tinham seus filhos, de 10 a 15 dias após o parto já eram chamadas novamente para a labuta na fábrica, impossibilitando uma recuperação adequada e a amamentação. Uma prática comum das mães nessa época foi dopar suas crianças para que pudessem trabalhar. A incorporação de mulheres e crianças no processo industrial também representou maiores lucros aos patrões, pois recebiam salários menores, reduzindo, consequentemente, também os salários masculinos. Assim, a saída da mulher para o mercado de trabalho, que poderia proporcionar sua emancipação, virou sinônimo de opressão e superexploração, impondo uma dupla jornada de trabalho e uma duplicação de sua alienação enquanto trabalhadora. Trabalhavam de 10 a 14 horas por dia, em péssimas condições de higiene e sob grande controle disciplinar. Além disso, os salários eram baixos, estavam constantemente sujeitas ao assédio sexual e não existia qualquer legislação trabalhista capaz de protegê-las de tal exploração. Somente a partir da década de 1930, depois de inúmeras manifestações operárias em todo o mundo, a legislação brasileira proporcionou garantias trabalhistas às mulheres. A entrada da mulher operária no movimento sindical aconteceu no país principalmente através das trabalhadoras da indústria metalúrgica no ABC paulista entre o final da década de 1970 e início dos anos 1980. Com o início do processo de abertura política e redemocratização do país, as mulheres começaram a envolver-se em greves, reivindicando melhores salários, equiparação salarial, fim da discriminação no trabalho e mecanismos de controle, acesso a creches para os filhos, direito à saúde. Algumas dessa demandas foram incorporadas à Constituição de 1988, que avançou na garantia de direitos, como a fixação de 44 horas semanais de trabalho, remuneração não inferior a um salário mínimo, licença-maternidade de 120 dias e fixação de limites distintos de idade para a aposentadoria para mulheres e homens. Se para a mulher o capitalismo poderia ter representado uma forma de libertação, na medida em que ela pode participar do espaço público e ter maior autonomia financeira, é também sob esse sistema econômico que ela conhece uma exploração nunca antes vivenciada. Entretanto, as operárias de hoje e as trabalhadoras em geral encontram inúmeras possibilidade de lutar por mudanças, participar de sindicatos e movimentos políticos, mobilizando-se pela efetivação e garantia de seus direitos enquanto mulher e trabalhador. 
Nas universidades e nas empresas os números de mulheres negras são inferiores à das mulheres brancas com a mesma idade e formação. Sem contar que o fato de as mulheres negras constituírem uma pequena minoria nas universidades brasileiras vêm dificultando o desenvolvimento da pesquisa acadêmica sobre a mulher negra em um censo realizado em 2018 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) as mulheres representam 10,4%. Elas sofrem intercorrências encontradas ao longo de suas trajetórias pessoais, formação acadêmica, espaços de formação Inter e/ou trans institucional, experiências, frustrações e preconceitos sofridos na caminhada até chegar ao exercício das atividades de ensino em faculdades e/ou universidades. 
As mulheres negras apresentam as taxas mais elevadas relativamente aos demais grupos, indicando que esse segmento continua apresentando maior dificuldade de inserção ocupacional. A comparação da situação da mulher negra em relação ao homem não negro revela o extremo da desigualdade por raça/cor e sexo, com o desemprego atingindo mais o primeiro segmento. Em 2010, na Região Metropolitana de Salvador, a taxa de desemprego das mulheres negras (21,6%) era mais que o dobro da taxa dos homens não negros (DIEESE, 2011, p.4 apud Abreu, Maria, 2014 p.9).
São fases de intercorrências durante o processo de construção de identidade dessas mulheres em circunstâncias conflituosas com as identidades de seus colegas brancos, homens e mulheres. Não poderia deixar de levar em conta uma terceira variável: as relações de classe que é importante para uma boa formação acadêmica. Em país nascido da miscigenação é no mínimo estranho que mulheres não consigam alcançar altos cargos dentro das empresas com a desigualdade por gênero e raça, não há novidade sobre o fato das mulheres negras ganham menos que os homens em todos os estados brasileiros e em todos os níveis de escolaridade. Elas saem do mercado mais tarde, se aposenta em menores proporções que os homens e há mais mulheres negras idosas que não recebem nem aposentadoria nem pensão. Isto reflete as condições em que estas mulheres estão no mercado brasileiro. Essa desigualdade de rendimentos se mantém em todos os estados e regiões, e em todas as classes de anos de estudo: tanto as mulheres com grau de escolarização igual ou inferior a 3 anos de estudo, ganham menos que os homens com o mesmo grau de escolaridade. Ainda de acordo com o sendo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2018, o rendimento médio mensal das pessoas ocupadas brancas foi 73,9% superior ao das pretas ou pardas. Os brancos com nível superior completo ganhavam por hora 45% a mais do que os pretos ou pardos com o mesmo nível de instrução. Apesar do crescimento das taxas de escolaridade para todos os segmentos, as mulheres negras ainda apresentam taxas menores que as mulheres brancas. 
Isto impacta uma entrada mais igualitária no mercado de trabalho, principalmente no que se refere ao rendimento. As negras sofrem ainda com o forte peso do racismo, pois mesmo quando analisamos o mesmo nível de escolaridade elas ganham menos que as brancas. A constante necessidade de provar seu valor profissional e sua luta pela igualdade ocasiona um sobrepeso, o que com a dupla jornada que essas mulheres também enfrentam as fazem estar a passos atrás de mulheres brancas. Os obstáculos que as impedem criados desde sua formação ao ambiente de trabalho fazem com que sejam levadas a terem cargos pouco valorizados e salários mal remunerados, ainda que com ensino superior. Essas discussões têm sido ultimamente analisadas e percebidas nos dias de hoje, mas elas acontecem a muito tempo desde a escravidão. Porém era um assunto naquela época totalmente “desinteressante” e poucos procuravam saber o que realmente era a história da mulher negra. Por conta dos racismos, preconceitos e injustiças é assim que começa para que nós, que estamos fora conheça um pouco mais sobre o sofrimento que elas passam ou seja, todo esse problema e assunto já é conhecido por nós a muito tempo. O nosso foco é mostrar a jornada que uma mulher com essa luta pode chegar, pois com tantas dúvidasvai tornar-se mais corajoso há ela quebrar essas barreiras e ser cada dia mais uma mulher negra com todo orgulho, já não tiveram um passado fácil e muito menos que facilitassem algo então realmente é gratificante ver elas fazendo a sua jornada merecida. 
As mulheres em geral têm um jeito especial para comandar seus negócios e para exercer cargos executivos nas empresas, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2012, havia cerca de 23,1 milhões de pessoas no comando de seus negócios. Desse total, cerca de 7,2 milhões (31%) eram mulheres e 15,9 milhões (69%) homens.  As mulheres demonstram na sua maneira de ser, maior sensibilidade, percepção aguçada, afetividade, bom relacionamento interpessoal e flexibilidade. Ultimamente as organizações e o mercado estão dando mais atenção para isso. A pesquisa do IBGE ainda nos mostra que as mulheres possuem nível escolar superior ao dos homens, e que representam 55,1% dos universitários de todo Brasil. Dos estudantes que concluem os cursos as mulheres também são maioria, 58,8%. Na pós-graduação elas também superam os homens, sendo 53,5% dos alunos. 
A mulher cada vez mais vem ganhando espaço e importância nas organizações, na sociedade e na economia brasileira. Pesquisa da Boston Consulting Group – BCG demonstrou que em 2014 a renda das mulheres alcançaria US$15,6 trilhões, número superior ao PIB dos cinco países dos Brics, de US$11 trilhões. Baseado nestas informações pode-se afirmar que os resultados obtidos pelas mulheres vêm cada vez mais impactando positivamente a economia, investimentos e educação no Brasil e no mundo. Embora cada vez mais a mulher ganhe importância e destaque na sociedade brasileira e mundial, muitos avanços ainda são necessários. No mercado de trabalho que as diferenças de gêneros e raça tornam mais evidentes. 
Estruturalmente, os negros ocupam uma posição desprestigiada, pois se situam nos grupos menos favorecidos e com menor acesso à educação formal. As mulheres pretas, pardas e indígenas predominam no trabalho doméstico com 35,53%, enquanto a mulher branca representa 15,69% (dados do IBGE/PNAD, 2002). Em um outro estudo feito pela Unifem (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher) demonstrou que o salário da brasileira é, em média, 30% inferior ao do homem, chegando a 61% essa diferença, se a mulher for negra. Através dos dados apresentados é possível perceber que as negras permanecem na margem da sociedade tendo que provar seu valor e sendo vista apenas como corpos para propagandas e nunca em cargos altos como juízas, médicas, engenheiras 
 	Precisamos reconhecer que sem as mulheres negras e seu pensar ativo não teremos o pleno exercício de nossos direitos. Ser mulher negra é enfrentar a dor, enfrentar a luta cotidiana, tentar sobreviver e seguir mais adiante. A dor não vai passar, mas a mulher negra se levanta generosamente para lutar de forma que outras não experimentem o que ela viveu.
2.5 Comparação da dupla jornada da mulher branca e a mulher negra 
Atualmente as mulheres negras do nosso país tem passado por diversas dificuldades no cotidiano, seja ouvindo piadinhas racistas em determinados lugares ou até mesmo no trabalho, onde são discriminadas por sua cor. Dentro de uma estimativa, 21% das mulheres negras são empregadas domésticas e 23% delas têm carteira assinada - contra 12,5% de mulheres brancas que são empregadas domésticas, sendo que 30% delas têm registro em carteira de trabalho. A renda média das mulheres negras no Brasil, segundo a última pesquisa nacional de amostra por domicílio, do IBGE (PNAD 2003) é de R$ 279,70 - contra R$ 554,60 para mulheres brancas, R$ 428,30 para homens negros contra R$931,10 para homens brancos. Essa pesquisa mostra o quanto a desigualdade ainda é presente no nosso país. As mulheres negras, além de sofrerem diversos preconceitos no dia a dia, ao chegarem em suas casas, elas têm que fazer seus “serviços domésticos” como: lavar as roupas, fazer a janta, cuidar dos filhos, lavar a louça, varrer o chão, passar pano, limpar a casa e etc. Contando que (75,1% das mulheres negras são mães solteiras e isso só na Bahia) o que torna tudo um pouco mais difícil para elas.
 Olhando por outro lado, a mulher branca, tem também suas dificuldades porém é 50% mais leve para elas pois em média, elas têm o salário maior, sofrem menos com o desemprego, são a maioria dentro da sociedade que terminam o ensino médio e frequentam o ensino superior, e sob todas essas coisas, elas não tem que aguentar o fardo de serem julgadas/discriminadas por sua cor pois elas são vistas, pela sociedade racista, como “pessoas normais”. A desigualdade, infelizmente, a cada dia que se passa, tem se intensificado cada vez mais e tem também ficado muito visível perante todos dentro da nossa sociedade pois ela vem crescendo a cada dia que se passa. Mesmo com inúmeros protestos, ainda existe desigualdade na maioria dos lugares, sejam eles profissionais, públicos ou particulares.
  
3. METODOLOGIA
3.1 Classificação 
As Variáveis Qualitativas são as características que não possuem valores quantitativos, mas, ao contrário, são definidas por várias categorias, ou seja, representam uma classificação dos indivíduos. E de acordo com o tema do nosso TCC escolhemos a Classificação Qualitativa pois essa é a melhor maneira de comprovar que os fatos do nosso tema ainda estão muito presentes em nosso dia a dia e fazer com que o nosso TCC tenha um resultado melhor em nosso questionário.
3.2 Objetivos de Pesquisa 
O nosso objetivo de pesquisa contara com um estudo exploratório que tem como o conceito esclarecer nossas ideias. A jornada da mulher negra no mercado de trabalho é um tema com problemas explícitos envolvendo o quão difícil uma mulher negra tem seu desenvolvimento bem sucedido no mercado de trabalho, principalmente envolvendo a cor de sua pele que se trata de racismo e os preconceitos.
 A mulher em si já tem sua história difícil por conta de padrões que se colocaram com o passar do tempo e o quão difícil foi a luta por todos os direitos e os quais elas ainda estão lutando e construindo para que os direitos sejam justos e que elas possam ter a mesma qualificação ou posição que qualquer um no mercado de trabalho. Para isso levantaremos pesquisas, entrevistas e um questionário com pessoas que tiveram experiências com o problema.
3.3 Processos Metodológicos 
Os processos metodológicos é a maneira como vamos aplicar a nossa metodologia e nosso trabalho envolve diversas questões complicadas, mas nada que não possa ser discutido. O nosso ideal seria trabalhar em campo essas questões, porém não vai ser possível devido a situação atual. Dito isso os processos metodológicos que escolhemos são: Questionário e Entrevista. 
O questionário foi escolhido pois devido não termos como conversar com as pessoas pessoalmente, é uma das alternativas que temos de chegar perto da nossa população e para provarmos nossas hipóteses. Nosso questionário será semiestruturado devido ter mais opções de resposta para diferentes opiniões e assim conseguirmos perceber se as respostas se encaixaram ou não com o nosso tema. 
A entrevista foi escolhida para termos um contato mais direto com mulheres que sofreram com a dupla jornada, podendo assim fazer perguntas mais profundas para alcançar nossos objetivos. Por conta da pandemia as mulheres entrevistaram serão integrantes da família de alunos que estão realizando este projeto. O tipo de entrevista escolhido foi o estrutural, fazendo com que tenhamos perguntas já planejadas e objetivas com o intuito de ver como cada mulher reage com as mesmas perguntas.
3.4 População e Amostra
A população escolhida para retirada da amostra serão mulheres trabalhadoras, brancas e negras das classes BCD que trabalham e moram na cidade de São Paulo. O intuito com essa análise é entender quantas dessas mulheres trabalham em altos cargos dentro da empresa, e se há alguma diferença quando comparamos mulheres com mesmas funções, mesma idade, mas com tons de peles distintos e ainda se a dupla jornada tem alguma influênciasobre esses dados, para que com isso possamos mostrar se as hipóteses e o problema de pesquisa do nosso trabalho estão de acordo com essas análises. O intuito inicial era realizar essa pesquisa com cerca de 50 a 60 pessoas, ao final foram obtidas 52 respostas. 
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE RESULTADOS 
Após realizarmos a metodologia e definirmos como vai ser a nossa pesquisa de campo, chegou o momento de analisar as respostas e chegarmos a uma conclusão delas e vermos se ela está de acordo com as hipóteses que elaboramos. 
4.1 Questionário 
O questionário é composto de 12 questões foi aplicado via plataforma virtual através do Google Forms durante 1 semana, com uma meta de 60 repostas. Foram obtidos um total de 52 respostas das quais 51,9% de pessoas que se declararam negras sendo então a maioria dos respondentes, seguido pelas pardas, brancas e outras. O principal foco para a formulação deste questionário era buscar entender quantas mulheres possuem uma dupla jornada, se já foram cometidas por algum tipo de preconceito no ambiente corporativo e se há alguma influência pela cor de sua pele. 
 
Gráfico 3 - As mulheres foram a maioria dos respondentes, com um total de 90% e os homens representaram 13, pois, o foco são as mulheres, mas homens também podem ser testemunhas em situações de racismo ou preconceito com gêneros.
Gráfico 4 - Dentre as respostas 50% acreditam que seu trabalho se assemelha mais ao operacional, ou seja, cargos como Auxiliar de limpeza, Vigilante e Operador de caixa. Com esses dados já é possível relacionar as informações outrora encontradas, que apesar dos anos passarem as mulheres negras ainda são a maioria em nível operacional, e geralmente são trabalhos que antes da escravidão eram exercidos por escravos. 
Gráfico 5 - Os resultados apresentaram que 25% Não conhecem mulheres negras em posição de liderança ou chefia. O nível mais baixo apresentou uma taxa de 4% representando a questão “sim, 2 mulheres”. Demonstra assim que as mulheres ainda permanecem com dificuldades para chegar em cargos de alto nível a falta de oportunidade pode ser um dos fatores já que de acordo com o IBGE as mulheres possuem nível escolar superior ao dos homens, e que representam 55,1% dos universitários de todo Brasil. Dos estudantes que concluem os cursos as mulheres também são maioria, 58,8%. Na pós-graduação elas também superam os homens, sendo 53,5% dos alunos. Um elemento que pode entrar na equação é o preconceito. 
Gráfico 6 - A próxima questão era pra saber se já sofreram algum tipo de preconceito para assim averiguar, descartando ou confirmando as hipóteses. O resultado foi 50% que afirmaram “Não. Porém conheço vítimas”. Nesta questão fica evidente que apesar de não ser vítima, a maioria dos respondentes conhecem alguém que já foi e que ainda, as mulheres são as mais acometidas por preconceitos de gênero. 
Gráfico 7 - O resultado apresentou que 67,3% Não se sentiram prejudicados pela sua cor de pele ou por gênero, sendo assim pelo nosso foco 23,1% sofreram por essa questão. Dos respondentes apenas 38,5 sofreram algum tipo de preconceito por gênero ou etnia em ambiente de trabalho sedo assim a minoria. 
Gráfico 8 - O Resultado apresentou que 71,2% já se sentiu injustiçada pelo seu gênero ou conhece alguém próximo que já passou pela situação.
Gráfico 9 - Os resultados apresentaram que 67,3% Não se consideram em dupla jornada. A partir dessa amostra é saber que a grande maioria das mulheres negras, respondentes do questionário não trabalham em dupla jornada apenas 26,9% trabalham e afirma que se influencia entre si.
Gráfico 10 - Os Resultados apresentados foram que em uma escala de 1 à 5, a taxa maior foi de 27,7% ou seja os respondentes se consideram todos iguais, sendo 6,4% a taxa de inferioridade, ou seja os respondentes sentem que ainda há desigualdade mas a maioria afirma que se sentem iguais com relação aos colegas do gênero masculino.
Gráfico 11 - Os resultados apresentaram que a taxa de 25% foi o equilíbrio entre o nível 1 á 5 e que a taxa de 23,1% foi o empate entre se sentirem muito inferior e iguais. Aqui nesta questão houve um empate, algumas se sentiram muito inferiores ou iguais, tanto que a opção 3 que seria o meio termo entre muito igual e muito desigual foi a opção mais escolhida.
 
 
Gráfico 12 – É possível notar que 7,7% ganham concordam com o que ganham. Descordando de alguns dados por exemplo da pesquisa da Unifem (Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher) que demonstrou que o salário da brasileira é, em média, 30% inferior ao do homem, chegando a 61% essa diferença, se a mulher for negra.
 
4.2 Entrevista 
A entrevista foi feita com três pessoas, especificamente a três mulheres negras que já possuem o conhecimento do assunto pois passam por isso na pele todos os dias, para sabermos suas opiniões sobre essas perguntas. O roteiro das perguntas é o seguinte: 
 
1. Em toda a sua vida, na procura de um trabalho etc. Você sente que já foi prejudicada por conta de seu gênero ou pela sua cor, ou até mesmo pelos dois?
2. Você possui ou já possuiu uma dupla jornada? Se sim, foi difícil pra você conseguir administrar tudo isso?
3. Você acredita que existe uma dificuldade para a mulher chegar a um cargo maior em seu trabalho devido a empresas no geral ser "dominada" pelos homens? E em relação a mulher negra, você acredita que é ainda mais difícil?
4.2.1 Entrevistada “A”
A entrevistada é uma mulher negra chamada Luciene, tem 55 anos de idade e trabalha num banco a 35 anos. Segundo a entrevistada esse não foi seu primeiro emprego, ela já trabalho em mais outros três e não teve tanta dificuldade para entrar. Ela teve diversos cargos nesse banco e hoje em dia ela trabalha como assistente de gerência. Quando é se diz a respeito da pergunta número 1 e 3, a entrevistada diz a falta de dar a oportunidade é o principal fator que leve a essa dificuldade. 
“Antigamente tinha muita essa questão de a “loirinha bonitinha” estar na frente, independente do grau de estudo que a gente tinha, a mulher branca tinha muito mais oportunidade que a gente (mulher negra)” 
“... eu acho que assim, a mulher negra tem que se destacar mais, se ela ficar de igual para igual com mulheres brancas, eles pegam a branca e deixam a negra de lado... e muitas vezes ela sendo melhor ela é deixada de lado para o preconceito e colocam a branca no lugar ” 
 
Ela completa essas questões dizendo que atualmente melhorou bastante, devido a aceitação da mulher negra do jeito que ela é, mas que o preconceito infelizmente ainda existe.
“Acredito que melhorou bastante porque a mulher negra começou a se olhar e perceber que ela pode, porque o que acontecia, pelo fato de ela não ter cabelo liso e olho claro, as vezes ela se retraia. Hoje em dia não ela assumiu o cabelo, ela se gosta, ela se olha no espelho e ela gosta dela, porque a partir do momento que você se gosta, você vai à luta”
“... falar pra você que é perfeito, ainda não é, porque se você é negra e entrar numa loja, as pessoas vão te olhar diferente” 
 
Quando se diz a respeito da questão de posição da mulher e do homem dentro de uma empresa, se eles são tratados de forma igualitária em relação ao respeito, ela diz que as mulheres não são tratadas da mesma forma e isso dificulta a subida de cargo da mulher 
“Existem homens com o mesmo cargo e eles tem muito mais valor que a gente (mulheres) ... as vezes você sabe e conhece muito mais, mas o cara é homem e por ele ser homem ele já está na frente “a não o cara é melhor, a mulher não dá conta desse tipo de coisa” eles não te dão oportunidade”
 
E por fim ela responde com a questão 2 dizendo que teve sim uma dupla jornada pois trabalhava de noite e tinha uma filha pequena, mas não teve tanta dificuldade já que ela teve a ajuda de seu marido. 
“Eu trabalhava a noite, então a noite ela ficava com o meu marido deixava comida pronta, deixava tudo pronto porque ela ficava o dia inteiro na escola e a noite ficava com ele (marido), a gente quase nem se via, porque no outro dia de manhã eua levava pra escola e não tinha condições de ficar com ela por conta do horário”
“...isso que eu ainda tinha a ajuda do meu marido, muitas mulheres são apenas elas e os filhos, elas têm que pedir pra alguém ficar, pagar pra alguém ficar, então é difícil”
 
4.2.2 Entrevistada “B”
A entrevistada é uma mulher negra de 20 anos, chama-se Josiane e trabalha atualmente numa empresa de cosméticos. Ao responder a primeira pergunta, a entrevistada diz que não sente que foi prejudicada e que acredita que a inclusão, atualmente, vem sendo maior. 
 
“Sinceramente não sinto que fui prejudicada, de fato acredito que fui contratada no meu atual emprego justamente pelo oposto disso. Atualmente sinto que há uma onda de inclusão maior e as empresas estão buscando diversidade entre seus funcionários, a instituição que trabalho tem reputação justamente pela inclusão da diversidade em seu quadro de funcionários”
 
Quando vamos para a segunda pergunta, ela diz que teve até mesmo uma tripla jornada e que era bastante difícil e cansativo e como isso afetava sua vida.
“Sim, já possui uma tripla jornada pra ser mais sincera e foi bem difícil conciliar as três, já que trabalhava pela manhã, fazia curso e ia para faculdade no período da noite, haviam dias que chegava esgotada nas aulas por trabalhar bastante ou estava cansada pelas aulas que tive a noite, o transito que me fazia demorar a chegar em casa e com isso perdia horas de sono. Com toda certeza afirmo que as jornadas afetavam umas às outras tinha dias que eu tinha que decidir aonde meu rendimento seria focada ou eu ia mal nas aulas ou no trabalho, foi um período bem difícil”
Por fim, ao responder a última questão, diz que ainda é difícil, principalmente para as mulheres negras. 
 
“Acredito que sim, ainda permanecem as dificuldades de contratação ou promoção de mulheres e fica ainda mais difícil para mulheres negras pois, infelizmente, o racismo ainda permanece em nossa sociedade”
 
4.2.3 Entrevistada “C” 
A terceira e última entrevistada chama-se Meiramar, tem 50 anos de idade, atualmente é desempregada, mas já trabalhou 3 anos em educação infantil, 15 anos em auxiliar e líder em produção, 8 anos em operadora de telemarketing. Quando é feita a primeira pergunta, a entrevista diz que já passou por isso e relata como percebeu. 
 
“Sim, em uma empresa de distribuidora de medicamentos, eu percebi que somente os negros trabalhavam em serviço braçal, enquanto os brancos ficavam com os serviços considerados mais leves”
 
Na segunda pergunta, ela diz que sua dupla jornada começou muito cedo e explica como foi sua trajetória até os dias atuais 
“Desde sempre, minha dupla jornada começou muito nova, em 1982 no Piauí, desde quando eu tinha 12 anos quando eu estudava, e cuidava de crianças para ajudar minha mãe com as despesas; quando eu tinha 16 anos comecei a trabalhar fora, fazer estágio do curso de magistério, estudava a noite realizando assim a minha tripla jornada.”
“Aos 28 anos comecei uma nova dupla jornada, que foi ser mãe e trabalhar fora; aos 32 anos com a chegada da minha segunda filha foi quando não consegui mais administrar minha segunda jornada, por questão de saúde dela tive que abandonar meu emprego, e por decisão do casal, meu marido continuaria trabalhando e eu cuidaria da casa; aos 40 anos voltei a trabalhar e cuidar das minhas filhas; aos 50 estou atualmente desempregada por conta da pandemia, e pensando em voltar a estudar e retornar ao mercado de trabalho.
Para finalizar, ela responde a última questão dizendo que ainda é difícil para a mulher, devido mercado ainda ser “dominado” por homens e apresentando um fato que comprova sua fala. 
“Sim, pois como o mundo empresarial ainda majoritariamente é masculino eles acreditam que a mulher não tem a mesma capacidade, forçando que a mulher mostre mil vezes mais o seu potencial para ser considerada "aceitável" por eles, e pelo machismo eles preferem uma loira ao comparado com uma mulher negra, que tem que buscar mais ainda seu espaço para ser reconhecida, se esforçando muito mais.” 
“Eu sou casada com um homem branco, temos o mesmo nível de escolaridade, trabalhávamos na mesma empresa e mesmo assim o salário dele era mais do que o dobro do meu.”
De acordo com as entrevistas é possível perceber as situações de cada entrevistada e as semelhanças entre elas. Quando se diz a respeito da primeira pergunta, ambas entrevistadas “A” e “C” dizem ter passado por esse preconceito na hora de conseguir um emprego e a “B” diz que não sente que já foi prejudicada por esse fator. Essas respostas mostram que as mulheres passam por isso em suas vidas devido ao machismo e racismo presente em nossa sociedade e as mulheres pretas, pardas e indígenas é ainda mais difícil, pois de acordo com estudos realizados pelo IBGE (2018), elas são as que mais predominam no trabalho doméstico e isso pode ser um dos motivos de elas não conseguirem um emprego mais amplo. Dados do IBGE (2020) também mostram que no Brasil tem mais de 11,4 milhões de famílias formadas por mães solteiras, sendo que a grande maioria delas é negra (7,4 milhões). 
Essa situação mostra que devido a maioria dessas mulheres possuem uma dupla jornada devido terem que trabalhar e chegar em casa e cuidar do filho ainda, mas não é só isso que gira em torno da dupla jornada, dito isso, na segunda pergunta ambas as três entrevistadas dizem que possuem uma dupla ou até mesmo uma tripla jornada, comprovando que essa dupla jornada não é motivada apenas por esse fator, mas que mesmo assim ela é presente na vida de mulheres negras. Tratando-se da terceira e última pergunta, referindo-se a questão da dificuldade de mulheres, principalmente as negras, de chegarem em altos cargos e ambas dizem que ainda existem essa dificuldade devido diversos fatores, como a falta de oportunidade e até mesmo a questão do salário, pois, segundo pesquisas do IBGE, em 2018, mulheres seguem recebendo um salário inferior aos homens, de acordo com as respostas, conseguiremos perceber se isso segue até os dias atuais.
4.3 Conclusão da Análise e Discussão de Resultados 
A partir das 3 entrevistas e o questionário percebemos que por mais que as situações sejam diferentes, a dificuldade da mulher negra no mercado de trabalho ainda é muito grande devido a dois principais fatores: Racismo e Machismo. Por mais que estamos sempre em processo de transformação no nosso país e no mundo, sejam por meios de manifestações pedindo que parem de matar negros, que a justiça feita, pedindo que a mulher seja mais valorizada em sua carreira, nada melhorou 100% e por isso é importante continuarmos lutando. Para finalizar eu deixou uma fala “traduzida” de uma entrevista que foi feita com Viola Davis, uma artista negra talentosa, mas que ainda passa por uma questão de não ser valorizada e até mesmo ser comparadas com artistas brancos, mostrando assim o como é difícil até mesmo quando você é uma negra que é premiada, evidenciando o racismo na indústria e a falta de oportunidade. 
 
“Eu tenho Oscar, Eu tenho Emmy, Eu tenho dois Tonys, Eu já fiz Broadway, Eu já fiz fora da Broadway, Eu fiz TV, Eu fiz filmes, Eu já fiz tudo isso, Eu tenho uma carreia provavelmente comparável ao de Meryl Streep, Julianne Moore, Sigourney Weaver, todas elas vieram de Yale, Elas vieram de Julliard, Elas vieram de NYU, Elas tiveram o mesmo caminho que eu tive e mesmo assim, Eu não estou nem perto delas, nem perto de dinheiro, nem perto de oportunidades de emprego, nem perto disso, mas eu tenho que atender o telefone e ouvir as pessoas dizerem “Você é a Meryl Streep negra””
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Para finalizar, chega-se nas considerações finais a respeito da dupla jornada da mulher negra na cidade de São Paulo, cujo seu objetivo é dar ênfase em certos pontos, responder se o problema de pesquisa foi respondido e observar se as hipóteses estavam se acordo. A mulher, principalmente a mulher negra, passam por diversas dificuldades em seu cotidiano, sendo muitos deles apresentados ao decorrer desse estudo, através de pesquisas etc. e no mercado detrabalho isso fica evidente devido a maioria dele ser “dominado” por homens.
Como foi apresentado no problema de pesquisa, a principal questão girava em torno de como essa dupla jornada influenciava na vida profissional da mulher negra e pode-se dizer que ela foi respondida ao decorrer desse estudo, de acordo com o referencial teórico e análise e discussão devido apresentarem certos pontos através de dados e pesquisas sobre o índice de mulheres negras mães solteiras etc. Tratando-se das hipóteses, elas também foram respondidas, devido aos mesmos motivos da problemática.
Observa-se com essa pesquisa como é a realidade da jornada da mulher negra, como a desigualdade, o preconceito, o racismo e o machismo estão presente na vida dessas mulheres desde sempre e como o período da escravidão ainda influencia muito em suas vidas atualmente, seja na dupla jornada ou até mesmo na tentativa de conseguir um emprego, que a falta de oportunidade faz com que isso vire uma barreira.
Nossa sociedade passa por diversas transformações mas essa questão infelizmente prevalece, lutas devem ser feitas para que as mulheres negras consigam seus direitos e saírem dessa situação, o mundo atualmente possui em diversos avanços em algumas coisas, mas em outras prevalece da mesma maneira, precisa-se evoluir o pensamento das pessoas e não deixar que coisas como essa prorroguem, pois se não estaremos apenas retrocedendo. 
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