Buscar

Aula 1 - Elementos da compra e venda

Prévia do material em texto

CONTRATOS – COMPRA E VENDA AULA 1 (481-532)
1. Introdução histórica, conceito e considerações gerais:
O contrato de compra e venda, surgiu com o advindo da moeda, em que a troca se tornou compra e venda, pois, existia a entrega de uma coisa por um preço.
Contrato pelo qual uma das partes se obriga a transferir a propriedade de uma coisa para a outra, que, em contra partida, obriga-se a dar o preço (Dinheiro, título de crédito, etc.). (481)
Comprador entrega o preço e o vendedor entrega a coisa.
O contrato de compra e venda gera direitos obrigacionais, obrigação de entrega e obrigação de pagamento.
2. Natureza jurídica
a) Bilateral perfeito; obrigações reciprocas, senão houvesse seria doação;
b) Consensual; se convalida com o consenso, acordo de vontades, independente da entrega da coisa; (482), exceção: compra e venda de imóvel, em que a lei exige a escritura e registro (108)
c) Oneroso; gera obrigação e proveito a ambas as partes;
d) Comutativo; as partes sabem o que vão receber e vão pagar.
OBS: Requisitos de contrato de compra e venda deve ter Consentimento, Preço e Coisa;
3. Elementos da compra e venda
Por sua natureza, exigem 3 requisitos, coisa, preço e consentimento, (res, pretium e consensus) são esses requisitos de existência e validade.
a) Consentimento:
Pressupõe-se capacidade das partes para vender e comprar; 
Obs.: Capacidade civil das partes;
Deve ser livre e espontâneo, sem vícios como coação, requisito que recai sobre a coisa e o preço.
Será nulo também quando haja erro sobre as qualidades essenciais do objeto ou erro sobre o objeto principal. (139) ex. quero comprar determinada pintura em razão de ser antiga, não uma réplica.
Ex. o vendedor acha que está vendendo uma coisa e comprador acha que está comprando outra. Aluguel da casa de Cuiabá e da casa de chapada.
Além da capacidade civil, ao vendedor, exige-se a capacidade para alienar, poder do proprietário em dispor da coisa. (Qualidade de proprietário, não pode vender bem alheio)
O consentimento pode ser de terceiro, ex. (496) e anulável a venda de ascendente para descendente. Temos outros exemplos, como a venda de condomínio sem anuência dos condôminos. (504) (Quando duas pessoas são proprietárias de bens indivisíveis)
b) Preço:
Elemento essencial a compra e venda, sem sua estipulação a venda é nula, não se admite indeterminação absoluta. “Pagará o que quiser”. 
O preço é determinado pela vontade das partes, convencionado. (489) (Tem que haver um acordo entre as partes)
Se não for de já determinado, deve ser determinável, mediante critérios estabelecidos anteriormente entre os contratantes. (486)
Terceiro pode fixar o preço (485), não exige capacidade especial, apenas um arbitro. Se assim desejarem, com a incumbência de estabelecer o preço atrelada a terceiro, tacitamente as partes renunciaram ao direito de impugnar o preço apresentado. 
É permitido a demanda do contrato por dolo, quando entende que o arbitro privilegiou uma das partes, estipulando preço não razoável. (Exemplo: Garagista estabelece o preço do veículo muito abaixo do valor de mercado e descobre-se que o garagista é amigo do comprador)
O arbitro, levará em conta o valor atual da coisa, não da época do contrato, e o estado que a mesma se encontra.
O preço deve ser pago em dinheiro/título de crédito (481), se for entrega de coisa por coisa, temos contrato de troca, se for em contrapartida da prestação de um serviço, temos contrato inominado.
Caso haja determinação em dinheiro + coisa, determinará se é compra e venda, quando o valor em dinheiro foi maior que a metade do montante total. Ex. caminhonete + 1.000.000,00. Pouco efeito prático, apenas duas exceções (533)
(Quando o valor em dinheiro for maior ou igual que o valor do bem, será compra e venda, se o valor em dinheiro for menor do que o bem será contrato de troca)
O preço deve ser sério e real, a estipulação de valor viu ou fictício não configura compra e venda e sim doação. Ex. venda de um prédio por R$ 1,00.
c) Coisa:
Coisa, entenda-se produto (art. 3º §1º CDC) – qualquer bem móvel ou imóvel, material ou imaterial.”
O objeto deve cumprir requisitos como, existência, individualização e disponibilidade.
c.1) Existência da coisa:
É nula a venda de coisa inexistente. Ex. capa de invisibilidade do Harry Potter. 
No entanto aceita a potencial existência do bem, como safra futura, filhote que vier a nascer, carro que vier a ser construído.
Caso não venha a existir, o contrato não surte efeitos (483) a menos que o consentimento do contrato tenha sido no sentido de um contrato aleatório, onde prevalecerá o art. 458/459
São suscetíveis de venda as coisas atuais e futuras, corpóreas e incorpóreas. (483)
A venda de coisa incorpórea, ex. crédito em herança, é chamada de cessão de crédito, mas é vedada a cessão de herança de pessoa viva. (426)
c.2) Individualização da coisa:
Deve ser determinado ou sucessível a determinação.
Admite-se a venda de coisa incerta, qualificada ao menos pelo gênero e pela quantidade (243) que será determinada pela escolha, assim como a venda alternativa que cessa com a concentração (252)
Admite-se também venda por amostra, protótipo ou modelo, que se compromete a entregar coisa similar ao modelo. Ex. natura, MK, Avon
Quando se fala em quantidade da coisa, necessário especificar o peso ou a medida, não sendo determinado, prevalece o costume do local do negócio.
c.3) Disponibilidade da coisa:
A coisa deve estar disponível, isso é, dentro do comercio. Isso é.
Disponíveis de forma NATURAL: não posso vender a lua;
Disponibilidade LEGAL: n posso vender a uma praça (lei); ou indisponibilidade em razão de contrato ou decisão judicial, exempli, penhorado ou cláusula de inalienabilidade.
São inalienáveis também os direitos da personalidade (11) assim como os órgãos do corpo (199, §4º CF)
A venda de coisa alheia é vedada, salvo se o vendedor estiver de boa-fé e adquirir a propriedade posterior da coisa (venda anulável) 
Ninguém pode adquirir o que já é seu, mesmo que desconheça.

Mais conteúdos dessa disciplina