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Sheila Prates – 93 Cirurgia II Princípios no Atendimento ao Paciente com Trauma Facial Fraturas • Mandíbula • Complexo Zigomático-Orbitário • Terço Médio • Terço Superior • Nasal – maior incidência dos traumas devido a protuberância do nariz Fratura Óssea – perda da integridade óssea com rompimento da sustentação dos tecidos moles adjacentes. Perde função e compromete a estética da estrutura óssea Com a fratura do assoalho da cavidade orbitária, pode ocorrer aprisionamento da musculatura extrínseca do olho, causando limitação do movimento ocular, dor e alteração de visão. As incisões devem ser em linhas de rugas da face para amenizar cicatrizes. Para avaliação de fraturas, é importante exames clínicos e conhecimento da anatomia. Etiologia • Acidente de trânsito • Agressão física • Acidente esportivo • Acidente de trabalho • Queda • Arma de fogo – causa fragmentação da estrutura óssea, sendo que quanto mais fragmentos, mais difícil o tratamento, tendo maiores dificuldades de originar o que havia antes do trauma, tanto de função quanto de estética. SUPORTE DE VIDA ATLS – Suporte Avançado de Vida no Trauma (estabelecer a hierarquia do atendimento, em qual especialidade e qual caso tem maior risco de vida) Princípios de Manutenção da Vida em Casos de Trauma Diagnóstico ➢ Avaliação clínica ✓ Anamnese – como foi o trauma, oclusão do paciente ✓ Inspeção – verificar assimetria, trauma em tecido mole ✓ Palpação – tocar em região de mandíbula, órbita. Ordem → de baixo para cima e depois posterior para anterior, seguindo o intrabucal ➢ Avaliação Imagem ✓ Convencional ✓ Tomografia Tratamento da Fratura ➢ Redução – reposição do fragmento em posição anatômica ➢ Imobilização – as placas só são removidas em casos de incômodo ao paciente e se dor foco de infecção. ➢ Técnica cirurgia – menos traumático possível ➢ Retorno da função – recuperar função mais rápido possível Sistema de fixação Diâmetro externo das roscas dos parafusos (mm) Quanto maior o diâmetro, maior a espessura da placa Onde há maior força mastigatória, ação muscular, deve-se usar materiais mais espessos. As placas são aplicadas em locais mais resistentes da face, em pilares (vertical) e arcos de reforço (horizontal) que são regiões de maiores espessuras ósseas, tornando a imobilização mais precisa. Arcos de reforçõs da face: pilares: canino, zigomático, da sutura fronto-zigomática, da sutura fronto-nasal. Arcos: infra orbitário, supra-orbitário e arco frontal. Na mandíbula há dois locais para fixação das placas: a placa superior é a placa de TENSÃO e a inferior, COMPRESSÃO. A placa na zona de tensão é inserida de maneira monocortical, ou seja, o parafuso só tem adesão da cortical vestibular para que as raizes dos dentes não sejam lesionadas enquanto que a placa na zona de compressão é inserida de maneira bicortical, tem adesão na cortical vestibular e na lingual. Parafuso na zona de tensão: 5 a 6 mm de comprimento Parafuso na zona de compressão: 12, 14 e 16mm de comprimento Parafusos no terço médio e terço superior: 5 a 6mm de comprimento Ao fazer tratamento de fraturas que envolvam a arcada dentária – mand/max -, deve-se primeiro fazer o bloqueio maxilo-mandibular para deixar a oclusão ajustada, que é feito somente no momento trans- operatório. Depois, insera a placa na zona de tensão e depois na zona de compressão na borda inferior da mandíbula. Depois da estabilização osteossíntese por placa e parafuso, bloqueio maxilo-mandibular é removido. Há uma restrição de dieta no pós-operatório devido a força da mastigação. Técnica da minimização dos segmentos fraturados Os segmentos são tratados isoladamente e posteriormente, é inserida uma placa no bordo inferior da mandíbula (placa de reconstrução 2.4) devido a fratura possuir vários segmentos, exigindo uma placa mais espessa. Classificação das Fraturas de Mandíbula ➔ Local Sínfise e Parasínfise: Sínfise na linha média entre os incisivos centrais e Parasínfise ocorre nas distais do canino direito até o canino esquedo. A fratura de sínfise única é mais rara, por isso é classificada como sínfase parasínfise por acomenter toda a região Corpo: distal do canino até distal do 2º molar Ângulo: corresponde um triângulo, sendo ápice do 3º molar (trígono) até a inserção do músculo masseter Ramo: limitação entre a região de incisura mandibular até inserção do m. masseter que limita a fratura de ângulo Côndilo Coronóide ➔ Extensão dos danos 1) Galho-verde – casos em que o osso seja mais resiliente, não ocorrendo deslocamento/separação desse osso, apena uma flexão do segmento ósseo. Mais comum em crianças 2) Simples ou fechada – há separação dos segmentos, não acomentendo área dentária (não há exposição intrabucal) e nem laceração interna ou externa de tecidos moles 3) Cominutiva – vários fragmentos ósseos 4) Composta ou exposta – ocorre entre os elementos dentários (exposição intrabucal) ou exposição pela laceração em tecido cutâneo em qualquer região ➔ Deslocamento • Movimento dos segmentos ósseos ✓ Favorável – quando o segmentos se separam ✓ Desfavorável – quando não há separação dos segmentos • Tratamento ✓ Favorável ✓ Desfavorável QUANDO O MOVIMENTO É FAVORÁVEL → TRATAMENTO É DESFAVORÁVEL (VICE E VERSA) Quando a fratura é favorável ao movimento, ela é desfavorável ao tratamento. Isso porque a linha/inclinação da fratura se movimenta em relação aos músculos quando estão em função (ex: contração do masseter e abaixadores da mandíbula). Esses movimentos causam a separação dos segmentos ósseos. Então, para o tratamento é desfavorável porque os segmentos ósseos são afastados. Em casos em que o movimento é desfavorável, o tratamento se torna favorável. Quando os músculos citados acima então em função, a resultante é a aproximação dos segmentos ósseo, isso torna o movimento desfavorável, mas favorável ao tratamento porque promove uma redução da fratura. Fratura de Mandíbula – Sinais e Sintomas ➢ Alteração da oclusão dental ➢ Parestesia nervo mentoniano (corpo, ângulo mandibular, sínfise e parasínfise) ➢ Dor ➢ Assimetria facial ➢ Dificuldade mastigatória ➢ Limitação abertura bucal ➢ Crepitação óssea – pequenos ruídos ➢ Otorragia (côndilo – afetando ao conduto auditivo. Sangramento no conduto auditivo) Leva em torno de 4 meses para consolidação óssea TRAUMA DIRETO – trauma origina fratura no local do impacto TRAUMA INDIRETO – trauma origina fratura em outro lugar não sendo no local do impacto Fratura de Côndilo Fratura alta ocorre na cabeça do côndilo, intracapsular, e não há tratamento porque não tem como fixar o segmento ósseo, sendo feito um tratamento conservador. Fraturas baixas ou subcondiliana são tratáveis com cirurgia. ➔ Cirurgia: acesso retromandibular externo, de 2 a 3 cm. Esse acesso pode acometer o ramo do nervo facial. ❖ Lesão no ramo mandibular: paralisia da rima bucal ❖ Lesão no ramo: paralisia no lado superior e comissura labial ❖ Lesão no ramo zigomático: paralisia nas pálpebras Pode ocorrer paralisia transitória devido aos afastamentos dos tecidos Fraturas abaixo do côndilo: desvio mandibular para o lado fraturado, contato prematuro dos dentes desse mesmo lado. Mandíbula diminui em altura Fraturas Desdentados Precisa de uma placa com maior espessura devida a intensidade de carga mastigatória. Placa 2.4 mínimo de 3 parafusos de cada lado Em dentição decídua: a placa só é colocada na zona de compressão mandibular, devido ao posicionamento dos germes dentários permanentes na porção superior de tensão. Deve -se colocar placa de contensão dentária para substituir a placa na zona de tensão. Fraturas do Complexo Zigomático-Orbitário Fratura Malar ou Fratura do Zigoma São fraturas que ocorrem em região de sutura: suturainfraorbitária, fronto-zigomática, zigomático-temporal. São áreas de maior fragilidade e geralmente associadas a fratura da cavidade orbitária. Se a fratura acometer o forame infraorbitário, causará parestesia do nervo infraorbitário (atinge lábio superior e tecido gengival da maxila) Dificilmente ocorre fratura do osso zigomático devido a espessura e resistência. Sinais e Sintomas • Parestesia nervo infra-orbital • Dor • Assimetria facial • Dificuldade mastigatória • Limitação abertura bucal • Crepitação óssea • Epistaxe – pelo rompimento da mucosa do seio maxilar, tanto anterior quanto posterior. Sangramento nasal • Diplopia – visão dupla devido ao deslocamento do globo oclular • Distopia – alteração vertical no posicionamento do globo ocular. Olho fica mais baixo • Enoftalmia – alteração horizontal do globo ocular (globo fica retroposicionado, olho mais profundo) Orientação ao paciente: não assoar o nariz e espirar de boca aberta se tiver fratura do seio maxilar, pois pode ocorrer extravasamento de ar para tecido mole a cavidade orbitária, promovendo enfisema, infecção. Duração de 1 mês. Nem todos os casos desse tipo de trauma precisa de tratamento cirúrgico. Pode -se fazer tratamento conservador desde que o deslocamento seja pequeno e que não tenha comprometimento estético ou funcional. Radiografia: PA de Water, Hirtz para arco zigomático Quando o arco zigomático é deslocado para lateral, é preciso fazer a fixação. Se não for corrigido, a projeção lateral será mantida não sendo capaz de retonar a sua posição de origem por conta própria. Fratura do Arco Zigomático Impacto na lateral da face que promove fratura em “V” ou “W” A maior queixa é a funcional porque o coronóide não se movimenta de forma adequada e gera dor durante abertura bucal máxima ou de lateralidade mandibular. Para o tratamento: redução da fratura, não necessitando de fixação. • Anestesia geral • Incisão em fundo de vestíbulo de no máximo 1cm • Introdução do descolador de Molt até o arco zigomático • Movimenta o segmento para lateral com o Molt, reduzindo a fratura. Classificação das Fraturas do Terço Médio – Maxila Le Fort I - trauma na região anterior da maxila, mais precisamente na região de espinha nasal anterior. Separa região de pilar canino, região anterior de seio maxilar, pilar do zigomático até a placa pterigóide, do septo nasal, sendo bilateral. Dificilmente a fratura é linear, podendo haver fragmento nos traços da fratura. Pode estar associada a fratura do complexo zigomático- orbitário. Não envolve cavidade orbitária Le Fort II – ocorre na região fronto-nasal, passa em direção da cavidade orbitária, rebordo infraorbitário, parede anterior de seio maxilar, placa pterigóide e pilar zigomático. Recebe o nome de Piramidal devido a sua conformação. Ocorre bilateralmente. Separa maxila e complexo nasal Le Fort III ou Junção Craniofacial – ocorre na região de sutura fronto-nasal, teto de órbita, sutura fronto-zigomática, arco zigomático e placa pterigóide. Separa o complexo naso-orbito-etmoidal, os zigomas e a maxila, da base do crânio, gerando a disjunção craniofacial. Fratura Le Fort II e II envolvem cavidade orbitária e podem comprometer a visão e movimentação ocular. Le Fort I, II e III podem estar associada a fraturas medianas e paramedianas da maxila. Sinais e Sintomas • Alteração da oclusão dental – mordida aberta anterior • Parestesia nervo infra-orbital direito e esquerdo • Dor • Assimetria facil / alongamento facial • Dificuldade mastigatória • Limitação aberta bucal • Crepitação óssea • Epistaxe • Diplopia – II e III • Distopia • Enoftalmia 1 E 2 SEMANA: ALIMENTAÇÃO LÍQUIDA 3 E 4: ALIMENTAÇÃO PASTOSA Recomendação de Alimentação - Pós-Operatório 5 SEMANA: ALIMENTAÇÃO LIVRE Fratura do Terço Superior • Osso Frontal • Teto de Cavidade Orbitária Sinais e sintomas • Parestesia nervo supra-orbital D e E • Assimetria facial • Crepitação óssea • Epitaxe Tratamento é estético e funcional Fratura Nasal • Fratura dos ossos próprio do Nariz Sinais e sintomas • Dificuldade respiratória (obstrução) • Epistaxe • Dor • Assimetria facial • Crepitação • Parestesia nervo infra-orbital (geralmente devido ao edema) o Anestesia local ou geral o Verificar laceração de tecidos moles o Fazer redução da fratura o Introduzir cadarço em cada narina – o cadarço (tampão nasal anterior) é uma fita embebida em pomada e promove a imobilização do osso – retirar após uma semana, mas não significa que ocorreru consolidação óssea, apena que o osso está em posição e pode ser removido. A consolidação leva em torno de 1 mês – 1 ½ mês. Fratura NOE – Tipo I (Naso-Órbito-Etmoidal) Fratura que envolve ossos nasais, cavidade orbitária e o osso etmóide Existe 3 tipos de fratua, sendo a Tipo I a que apresenta melhor prognóstico porque os fragmentos ósseos são de maior tamanho que permite a fixação. A fixação se instituie na região fronto nasal, rebordo orbitário e até no pilar canino, se a fratura for baixa.
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