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Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 445 – Pinheiros - São Paulo/SP - CEP: 05415-030 Brasil Telefone:(+55 11) 3726-8418 e 3726-4468 Os quatro paradigmas de atenção à pessoa com deficiência Primeiro Paradigma: exclusão Modelo: rejeição social Época: da antiguidade até o século XIX O primeiro paradigma historicamente registrado de atenção às pessoas com deficiência é o paradigma da exclusão. Esse paradigma é marcado pela rejeição social, isto é, as pessoas nascidas com alguma deficiência ou que adquiriam depois do nascimento eram rejeitadas pela sociedade e excluídas do convívio social. Uma das principais marcas do paradigma da exclusão é a sua longa duração no tempo. Dar-se conta disso é fundamental para entender o tratamento reservado às pessoas com deficiência até hoje. Durante uma boa parte da idade moderna, as pessoas com deficiência foram consideradas sem valor. Vem dessa concepção o nome “inválidos”. Por serem consideradas sem valor, as sociedades, os estados, os governos e mesmo as famílias não consideravam necessários grandes dispêndios de energia para o atendimento das pessoas com deficiência. Portanto, não existem práticas voltadas para a educação desse público. Assim, o isolamento foi uma das práticas mais comuns reservadas a esse público sob o paradigma da exclusão. A forma desse isolamento variou historicamente. Isolamento espacial, quando as pessoas eram removidas do território, isolamento social, quando não eram consideradas dignas de participação plena na sociedade, isolamento físico, quando eram colocadas em lugares à parte. De fato, a longa duração dessa forma de tratamento, a exclusão, deixou marcas que se arrastaram muito tempo pela história. Segundo Paradigma: segregação Modelo: institucionalização/assistencialismo Época: tem início no século XIX até o início do século XX, mais especificamente décadas de 10 a 40 do século XX Já no período relativo ao paradigma da segregação, havia locais onde as pessoas com deficiência viviam isoladas. Aproximadamente a partir da década de 1910, esses espaços começaram a se tornar instituições “oficiais”, particulares ou estatais, onde as pessoas com deficiência podiam ser internadas. Isso significa que a Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 445 – Pinheiros - São Paulo/SP - CEP: 05415-030 Brasil Telefone:(+55 11) 3726-8418 e 3726-4468 sociedade desenvolveu formas organizadas de lidar com as pessoas com deficiência, ainda que essas formas mantivessem a característica do isolamento, uma vez que a pessoa com deficiência era encerrada em uma instituição durante toda a sua vida. Diferente da completa exclusão, o modelo social do paradigma da segregação era o assistencialismo. Assistencialismo aqui, deve ser entendido como a prática de prestar assistência e de dar auxílio. A assistência recebida era bastante incipiente e, por vezes, precária. A educação estava incluída no rol de práticas de assistência, mas as referidas instituições, em sua maioria situadas em locais isolados, ofereciam um ensino mínimo – quando ofereciam. Como a perspectiva era de tratamento, dependendo do seu “grau de desenvolvimento”, as pessoas com deficiência tinham acesso a noções iniciais do estudo da língua praticada no país e a rudimentos de matemática, que não passavam das quatro operações básicas. Mas as consideradas inaptas a aprender não tinham acesso a qualquer tipo de educação. São desse momento as oficinas protegidas de trabalho, cujo objetivo era ocupar o tempo das pessoas com deficiência. Na maioria dessas oficinas, as pessoas trabalhavam de maneira precária, sem os mesmos direitos de outros trabalhadores, em troca de uma cobrança menor de produtividade. As empresas, por vezes, subcontratavam a produção das oficinas protegidas de trabalho. Para pensar: Será que este paradigma já foi superado? Será que ainda podemos encontrar situações em que ele determine a forma de atenção às pessoas com deficiência? Terceiro Paradigma: integração Modelo: médico da deficiência Época: início dos anos 40, mais especificamente nas décadas de 50 a 80 do século XX Em meados do século XX, imperava uma visão bastante linear de saúde e da medicina. A medicina era vista como quase estritamente uma prática para curar doenças que acometem o organismo. Uma doença contamina o indivíduo, o paciente passa por um tratamento e esse tratamento leva à melhora dos sintomas ou à cura da doença. Esse mesmo modelo foi adotado para lidar com as deficiências. Como se o indivíduo “acometido” por uma deficiência, precisasse de tratamento, cura, resolução do “problema”. Tratamento para reduzir os efeitos da deficiência, para reabilitar, ou seja, tornar a pessoa mais hábil, adequada, à vida em sociedade. Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 445 – Pinheiros - São Paulo/SP - CEP: 05415-030 Brasil Telefone:(+55 11) 3726-8418 e 3726-4468 As pessoas com deficiência eram atendidas em centros de reabilitação. Os serviços oferecidos nesses centros, pelo Estado ou organizações privadas, tinham como objetivo melhorar a escolarização e a futura inserção no mercado como força de trabalho. Ou seja, ainda era vigente a concepção de que quem deve mudar é a pessoa e não a sociedade. Sob o paradigma da integração, surgem as primeiras classes especiais dentro das escolas comuns. Os estudantes com deficiência estudavam na escola comum, mas em salas separadas. Na maioria dos casos, com formas de trabalho completamente desconexas das praticadas nas salas de aula regulares com estudantes de mesma idade cronológica. Muitas vezes, até mesmo o currículo comum era desconsiderado. Em algumas situações, os estudantes migravam da sala especial para a sala comum. O critério era a capacidade de se adaptar a um padrão estabelecido pela escola. Trata-se de uma das principais características deste paradigma: na integração, os alunos devem se moldar à escola que, por sua vez, continua a mesma, com valores e modos de organização baseados numa noção homogênea do coletivo discente, concebendo a diferença como exceção. Neste período, não havia uma compreensão desenvolvida sobre as múltiplas inteligências e a inteligência lógico-matemática era mais valorizada que as demais. Os testes de QI ainda eram levados em consideração e muitas vezes impediam a matrícula de estudantes com deficiência na sala de aula regular. E os que eram matriculados, realizavam atividades paralelas, a partir de adaptações curriculares específicas – redução do conteúdo para alguns estudantes sob a alegação de que não teriam condições de acessar o currículo comum como os demais. Quarto Paradigma: inclusão Modelo: social da deficiência Época: 80 mais especificamente da década de 90 do século XX até o presente Ao contrário do que faz o modelo médico, o modelo social não compreende a deficiência como uma característica negativa. Assim, a pessoa com deficiência não é entendida como alguém que tem menos valor do que a pessoa sem deficiência. Sob o paradigma da inclusão, entende-se que o problema da exclusão está na sociedade, e não na pessoa. A deficiência passa a ser entendida não como uma característica da pessoa, mas como resultante da relação entre as características pessoais e o ambiente em que ela se encontra, trabalha, estuda, vive. Por exemplo, a experiência de redução de Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 445 – Pinheiros - São Paulo/SP - CEP: 05415-030 Brasil Telefone:(+55 11) 3726-8418 e 3726-4468 mobilidade é muito diferentena Avenida Paulista, que tem calçadas largas, pisos retos e regulares, rampas de acessos, e em Ouro Preto, com suas ruas de paralelepípedo e calçadas com subidas e descidas íngremes por causa do relevo da região. As dificuldades que sujeitos com deficiência podem enfrentar são fruto da relação entre os impedimentos das pessoas e as barreiras existentes no ambiente. Por Ouro Preto ser um patrimônio histórico, não é possível que sejam realizadas obras que contemplem a acessibilidade, no entanto, é necessário encontrar meios de garantir o direito das pessoas com deficiência e/ou com mobilidade reduzida a transitar com segurança e autonomia em todos os espaços. Assim, considerando que os impedimentos da pessoa podem ser de longo prazo ou permanentes, o que impede sua participação plena na sociedade são as barreiras que se encontram na arquitetura das ruas da cidade e dos edifícios, na comunicação, na atitude das pessoas, no transporte, nas metodologias de ensino e de trabalho, etc. Enfim, a fonte de dificuldade são essas barreiras, que estão na sociedade e, portanto, é a sociedade que deve mudar, e não o contrário. No Brasil, no final dos anos 70, com a grande efervescência política que precede a queda da ditadura, o movimento das pessoas com deficiência também começa a se organizar. Ao longo dos anos 80, esse movimento intensifica seus debates e sua pressão ao conjunto da sociedade, e passa a se organizar para exigir seus direitos. Essa exigência toma forma principalmente na cobrança de políticas públicas por parte do Estado que ampliem o acesso a direitos elementares para as pessoas com deficiência. A partir dos anos 90, inicia-se a discussão sobre uma nova forma de se pensar e fazer a educação. Fruto da luta e da pressão dos movimentos organizados, estudantes com deficiência passam a ser matriculados na escola comum e isso inicia a transição para a educação inclusiva. Passa-se a buscar a equiparação das oportunidades educacionais em contextos escolares comuns. Porém, esse é um caminho que a sociedade começou a trilhar ainda muito recentemente. Por isso, infelizmente, ainda é muito comum encontrar escolas que negam matrícula a crianças, jovens e adultos com deficiência, e profissionais da educação, em diversos níveis – educadores, gestores, profissionais de apoio –, que não estão abertos a essa nova proposta. Da mesma maneira que é a sociedade que deve se adequar para acomodar as pessoas, a escola deve se adequar ao estudante, e não o estudante à escola. Afinal, a escola existe para o estudante. Na perspectiva inclusiva compreende-se que os estudantes não são um grupo homogêneo e nem devem ser forçados a se tornar um. Pelo contrário, as diferenças enriquecem as experiências do processo de ensino- aprendizagem. Por isso, considerando a realidade da maioria das escolas, a implementação da educação inclusiva exige uma profunda reformulação dos princípios e das práticas que regem as atividades pedagógicas do cotidiano escolar. Mas isso não acontece de Mobile User Mobile User Mobile User Mobile User Rua Dr. Virgílio de Carvalho Pinto, 445 – Pinheiros - São Paulo/SP - CEP: 05415-030 Brasil Telefone:(+55 11) 3726-8418 e 3726-4468 uma hora para outra. Trata-se de um processo gradativo, contínuo e contextual, que demanda ações relacionadas a: políticas públicas, gestão escolar, estratégias pedagógicas, famílias e parcerias. Mobile User
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