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Doenças Imunológicas Doença Celíaca Conceito → DOENÇA CELÍACA – é uma doença autoimune causada pela intolerância permanente ao glúten e se expressa por enteropatia mediada por linfócitos T em indivíduos geneticamente predispostos → GLÚTEN – principal fração proteica presente no trigo, no centeio, na cevada, malte e aveia Prevalência da DC → Atinge pessoas de todas as idades, mas compromete principalmente crianças de 6 meses a 5 anos de idade → Frequência maior em pacientes do sexo feminino, na proporção de duas mulheres para cada homem → Caráter hereditário torna imprescindível que parentes em primeiro grau de celíacos se submetam ao teste para sua detecção → Três formas de apresentação clínica: ⦁ Clássica ou típica ⦁ Não clássica ou atípica ⦁ Assintomática ou silenciosa Possíveis causas ⦁ Alterações na quantidade e qualidade do glúten ingerido ⦁ Padrões de alimentação infantil ⦁ Espectro de infecções intestinais – pessoas que tiveram infecção alimentar podem apresentar maior risco ⦁ Colonização da microbiota intestinal – disbiose Fisiopatologia → Fatores ambientais, genéticos e imunológicos → Fator indutor = GLÚTEN ↳ Proteína existente em diversos cereais, constituída por prolaminas e gluteninas. ⦁ As prolaminas tóxicas encontram-se no trigo (gliadina), cevada (hordeina) e centeio (secalina). ⦁ Resistentes à digestão pelas enzimas gástricas e pancreáticas e alcançam a lâmina própria do intestino delgado, possivelmente em consequência de aumento da permeabilidade intestinal ⦁ O glúten parcialmente digerido pela pepsina, tripsina, elastase e quimiotripsina dá origem à gliadina ↳ Zonulina = aumenta permeabilidade intestinal ↳ Danos aos enterócitos e atrofia das vilos ⦁ A gliadina reage com o receptor CXR3 no enterócito e isso resulta na produção de zonulina ⦁ Começa a produção de anticorpos anti-TTG ⦁ Tudo isso resulta na atrofia das vilosidades e as deixam mais fibrosas → Anticorpos antigliadina – atrofia dos vilos, desorganização epitelial e infiltração linfóide da mucosa do intestino delgado → Estimulação das NK (células exterminadoras) a agredirem o tecido da mucosa gastrintestinal → Como resultado, os enterócitos têm diminuídas capacidade de absorção e a secreção de secretina e colecistoquinina → DIAGNÓSTICO: é feito pela sintomatologia, pela dosagem do anticorpo antigliadina e por biópsia intestinal Forma clássica ou típica → Presença de diarréia crônica, em geral acompanhada de distensão abdominal e perda de peso ↳ Pode variar em desnutrição e obesidade – devido à substitutos alimentares de má qualidade; não tem glúten, mas contêm muito açúcar e gordura, por exemplo → Outras manifestações ⦁ Diminuição do tecido celular subcutâneo ⦁ Atrofia da musculatura glútea ⦁ Falta de apetite ⦁ Alteração de humor (irritabilidade ou apatia) – apatia devido à má absorção de nutrientes ⦁ Vômitos e anemia → Crise celíaca, retardo no diagnóstico e na instituição de tratamento adequado primeiro e o segundo anos de vida, sendo frequentemente desencadeada por infecção ↳ Esta complicação potencialmente fatal se caracteriza pela presença de diarréia com desidratação hipotônica grave, distensão abdominal por hipopotassemia e desnutrição grave Forma não clássica ou atípica → Manifestações digestivas ausentes ou, quando presentes, ocupam um segundo plano → Manifestações isoladas ⦁ Baixa estatura ⦁ Anemia por deficiência de ferro refratária à reposição de ferro por via oral ⦁ Anemia por deficiência de folato e vitamina B12 ⦁ Osteoporose ⦁ Hipoplasia do esmalte dentário ⦁ Constipação intestinal refratária ao tratamento ⦁ Atraso puberal ⦁ Irregularidade do ciclo menstrual ⦁ Manifestações psiquiátricas (depressão, autismo, esquizofrenia) ⦁ Úlcera aftosa recorrente ⦁ Elevação das enzimas hepáticas sem causa aparente ⦁ Perda de peso sem causa aparente ⦁ Edema de surgimento abrupto após infecção ou cirurgia ⦁ Dispepsia não ulcerosa Forma assintomática ou silenciosa → Caracteriza-se por alterações sorológicas e histológicas da mucosa do intestino delgado compatíveis com DC, na ausência de manifestações clínicas → Comprovada entre grupos de risco para a DC – parentes em 1° grau de pacientes celíacos, e vem sendo reconhecida com maior frequência nas últimas duas décadas, após o desenvolvimento dos marcadores sorológicos para a doença → A dermatite herpetiforme, considerada DC da pele, que se apresenta com lesões cutâneas do tipo bolhoso e intensamente pruriginoso, se relaciona também com intolerância permanente ao glúten Manifestações → NÃO MALIGNAS ⦁ Osteoporose ⦁ Esterilidade ⦁ Distúrbios neurológicos e psiquiátricos – exemplo: autismo → MALIGNAS ⦁ Adenocarcinoma de intestino delgado ⦁ Linfoma e carcinoma de esôfago e faringe → O risco das manifestações está associado com a inobservância à dieta isenta de glúten e ao diagnóstico tardio, como nos sintomas neurológicos → É mais comum em DM tipo 2, síndrome de Down Conduta nutricional → DIETA SEM GLÚTEN – excluir da alimentação tudo o que contenha trigo, centeio, cevada, aveia e malte, por toda a vida ↳ A aveia não tem glúten, mas é processada no mesmo local que o trigo e pode ser contaminada a nível industrial → ALIMENTOS QUE CONTÊM GLÚTEN ⦁ Pães ⦁ Bolos ⦁ Biscoitos ⦁ Doces ⦁ Massas ⦁ Cereais ⦁ O trigo é frequentemente usado como aglutinante em muitas sopas, molhos e molhos, delicatessen, carnes, embutidos, revestimento de carnes, aves e peixes ⦁ A maior parte do molho de soja é à base de trigo e o malte de cevada é usado na preparação da cerveja → Aumento de sobrepeso e obesidade devido aos substitutos alimentares de má qualidade ↳ Estudo retrospectivo publicado em 2006 relatou que quase 40% dos pacientes com DC estavam acima do peso no diagnóstico, com 13% deles caindo na faixa de obesos → Ingestão calórica = população geral ↳ Não exige restrição, a conduta é para MANTER o estado nutricional → CARBOIDRATOS: 45 a 65% VCT ↳ Arroz integral, arroz selvagem, trigo sarraceno, quinoa, aveia, amaranto, milho, sorgo → PROTEÍNAS: 10 a 35% VCT ↳ Feijões e legumes secos, nozes e sementes, peixe, cortes magros de aves, carne bovina e suína, laticínios sem gordura ou com baixo teor de gordura e pseudo-grãos como amaranto e quinoa → GORDURAS: 20 a 35% VCT ↳ AG saturados menos de 10% do VCT e AG poliinsaturado deve contribuir com pelo menos 5 a 10% da ingestão calórica total, gordura trans 1% VCT = 5g/dia → FIBRAS: 25 a 35g/dia ↳ A constipação é comum nesses indivíduos pois muitas vezes os substitutos não contêm quantidade adequada de fibras Macronutrientes na DC → É comum a população aumentar o consumo energético com alimentos com alto teor de gordura (saturada), açúcar (alto IG) e calorias → Dieta isenta de glúten = a atrofia das vilosidades melhora e leva à resolução da má absorção, corrigindo as deficiências vitamínicas? ↳ Nem sempre, devido as fontes alimentares: ⦁ Deficiência de folato (B9) – muito poucos cereais matinais sem glúten foram fortificados com folato em comparação com a prática comum de fortificação em cereais à base de trigo ⦁ Tiamina (B1) – fortificação obrigatória de tiamina na farinha de trigo para pão comum, o que não é o caso de equivalentes sem glúten ⦁ B1 e B9 – não tem nos alimentos substitutos pois a fortificação é feita na farinha de trigo. ⦁ Focar em vitamina D, B6, B12, ferro, cálcio, magnésio, zinco e selênio Hipersensibilidade → DIETA TOTALMENTE SEM GLÚTEN = normalização da mucosa intestinal e das manifestações clínicas → Se houver diagnóstico tardio pode haver alteração da permeabilidade da membrana intestinal por longo período de tempo e a absorção de macromoléculas poderá desencadear quadro de hipersensibilidadealimentar, resultando em manifestações alérgicas Terapia nutricional → Deficiências nutricionais decorrentes da má-absorção dos macronutrientes e micronutrientes – deficiência de ferro, ácido fólico, vitamina B12 e cálcio ↳ Diagnosticadas e tratadas → Dano nas vilosidades da mucosa intestinal ↳ Promove deficiência na produção das dissacaridases (intolerância temporária a lactose e sacarose) – pode ter intolerância à lactose pois a enzima lactase é produzida lá e se o intestino está atrofiado, não haverá produção Dieta de qualidade → Uma dieta isenta de glúten naturalmente saudável é rica em: ⦁ Frutas e legumes ⦁ Grãos integrais sem glúten e produtos feitos a partir deles ⦁ Legumes e feijões secos ⦁ Fontes de proteína magra ⦁ Nozes e sementes ⦁ Laticínios com pouca gordura ⦁ Gorduras saudáveis, incluindo ácidos graxos ômega-3 Substitutos alimentares – bebidas → BEBIDA VEGETAL DE ARROZ ⦁ Hipoalergênica ⦁ Não contém glúten ⦁ Pequeno teor de gordura e poucas calorias → BEBIDA VEGETAL DE QUINOA ⦁ Bom perfil de proteínas ⦁ Fonte de vitaminas do complexo B e fibras → BEBIDA VEGETAL DE ARROZ E AMÊNDOAS ⦁ Amêndoas são oleaginosas ricas em proteínas e em ômegas 3 e 6 ⦁ Não contêm colesterol ⦁ Alto teor de vitamina E Substitutos alimentares – cereais ⦁ Farinha de milho ⦁ Farinha de mandioca ⦁ Farinha de arroz ⦁ Farinha de coco ⦁ Polvilho
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