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Artigos comentados do Código Civil (1° ao 103°)

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Resumo da Prova de Direito Civil
Código Civil: art. 1 ao 39.
LIVRO I
DAS PESSOAS
TÍTULO I
DAS PESSOAS NATURAIS
CAPÍTULO I
Da Personalidade e da Capacidade
Art. 1 o Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. 
Comentário: Quando o artigo prescreve que toda a pessoa é capaz de direitos e deveres se refere à capacidade de aquisição, e não de exercício, que, como se verá adiante, não se confundem. 
Art. 2 o A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
Comentário: O nascimento com vida é o que dá início à personalidade. Note-se que não basta nascer. Deve nascer com vida, sendo a respiração a prova de vida. É de suma importância a verificação do início da personalidade, principalmente para efeito de sucessão hereditária, conforme se observa, v.g., pelo teor do art. 1.798, do CC. Devem ser respeitados os direitos do nascituro. O nascituro tem a chamada personalidade condicional, ou seja, depende justamente do nascimento com vida.
Art. 3 o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.
Comentário: A capacidade de que aqui se cuida é a de exercício pessoal dos direitos. Como se viu acima toda a pessoa é capaz de direitos e deveres, mas o exercício destes direitos e deveres pode não existir, pode existir parcialmente ou pode existir plenamente, conforme seja a pessoa incapaz, capaz parcialmente e capaz plenamente.
Art. 4 o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência)
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.
Comentário: Os relativamente incapazes são os que podem realizar atos da vida civil, mas que, para isso, devem ser assistidos pelos responsáveis. Os itens II e III necessitam de processo de curatela (ou interdição), casos em que os atos praticados deverão ter a assistência do curador. Os pródigos são os que dilapidam seu patrimônio. Neste caso a incapacidade será somente em relação aos atos que possam levar ao comprometimento do patrimônio. Há necessidade, também, de interdição judicial. Os indígenas (chamados silvícolas no CC anterior) têm sua capacidade regulada por lei especial. (Lei 6.001/73 – Estatuto do Índio - entre outros dispositivos legais e constitucionais.)
Art. 5 o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:
I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
Comentário: O caput do artigo estabelece a capacidade civil plena, que é alcançada aos 18 anos de idade. O parágrafo único preceitua os casos de emancipação, que pode ser legal (quando a incapacidade cessa por expressa determinação legal) ou voluntária (quando se dá por concessão dos pais ou sentença judicial). Com a emancipação não há a perda da condição de menor. Ao emancipado aplicam-se as regras do ECA e ele não deixa de ser, portanto, inimputável. O que ocorre é uma antecipação dos efeitos da maioridade civil. O emancipado não pode tirar carteira de motorista, comprar bebida alcoólica, cigarros, entrar em ambientes exclusivos para maiores de 18, etc. Não é possível reverter a emancipação. Com relação ao inciso I, a lei fala em concessão dos pais, ou seja, não exige a concordância do filho a ser emancipado. Mas deve-se averiguar se o objetivo não é espúrio, como, por exemplo, livrar-se da obrigação de sustento ao filho. Nestes casos a emancipação pode ser anulada judicialmente. Com relação ao inciso II se o casamento for anulado ou sobrevier separação, divórcio ou viuvez não retorna o emancipado à incapacidade. Com relação ao inciso III, o emprego público deve ser efetivo, não se enquadrando nesta hipótese o contratado a cargo comissionado. Com relação ao inciso IV, a emancipação é automática assim que o menor cola grau. Há um caso de emancipação por lei extravagante. Trata-se da hipótese prevista no artigo 73 da Lei 4.375/64, que prevê: “Para efeito do Serviço Militar, cessará a incapacidade civil do menor, na data em que completar 17 (dezessete) anos. ” O dispositivo, apesar de antigo, ainda se encontra em vigor.
Art. 6 o A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva.
Comentário: A morte põe fim à pessoa natural e é comprovada através da certidão/atestado de óbito. Com relação à morte presumida por ausência, o processo de sua decretação está previsto nos artigos 22 a 39 do CC e 744 e 745, do CPC e será visto adiante.
Art. 7 o Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
Comentário: O artigo 7º prevê as hipóteses de decretação de morte presumida sem todo o procedimento de decretação de ausência previsto nos artigos 22 a 39 do CC e 744 e 745, do CPC. Nestes casos é necessário um processo judicial onde o Juiz decretará a morte presumida, fixando a provável data da morte. Aliás, preceitua o art. 88 da Lei dos Registros públicos (Lei 6.015) que “poderão os juízes togados admitir a justificação para o assento de óbito de pessoas desaparecidas em naufrágio, inundação, incêndio, terremoto ou qualquer outra catástrofe, quando estiver provada a sua presença no local do desastre e não for possível encontrar-se o cadáver para exame”.
Art. 8 o Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
Comentário: Trata o artigo da hipótese de comoriência, ou seja, morte simultânea. A importância deste dispositivo se dá quando da discussão da transmissão dos direitos sucessórios. “Para efeitos de comoriência, não interessa que as mortes tenham se dado em locais diversos. A presunção legal de comoriência estabelecida quando houver dúvida sobre quem morreu primeiro só pode ser afastada ante a existência de prova inequívoca de Premoriência” (RT 639/62). 
Art. 9 o Serão registrados em registro público:
I - os nascimentos, casamentos e óbitos;
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público:
I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o restabelecimento da sociedade conjugal;
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação;
Comentário: Os registros públicos, cuja origem data do século XV, com as inscrições feitas pela igreja católica dos atos de batismo, casamento e falecimento, têm dupla função, quais sejam, de documentação e publicidade de atos. A forma como são feitos os registros está regulamentado naLei 6.015/73. Dois princípios regulam o registro civil e, segundo Arnoldo Wald, são eles: o da fé pública e o da continuidade. Nos artigos 9º e 10º o Código Civil relaciona os atos que devem ser inscritos e averbados no registro civil, lembrando que a averbação é a anotação à margem de registro já existente. Vale destacar que no caso do natimorto somente se registra o óbito, ao passo que se a criança respirou uma única vez deve-se assentar o nascimento e o óbito pois, como já vimos no art. 2º acima as situações são diferentes e geram efeitos diversos.
CAPÍTULO II
Dos Direitos da Personalidade
Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.
Comentário: A personalidade “consiste no conjunto de caracteres próprios da pessoa. ” Para Tartuce “os direitos da personalidade são, em suma, aquelas qualidades que se agregam ao homem, sendo intransmissíveis, irrenunciáveis, extrapatrimoniais e vitalícios, comuns da própria existência da pessoa e cuja norma jurídica permite sua defesa contra qualquer ameaça. ”
Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.
Comentário: “NEGATIVAÇÃO INDEVIDA. Correntista falecido. Fato ocorrido após a morte. Débito já pago pelos familiares. Demanda proposta pela filha do falecido. Dano moral próprio, reflexo ou em ricochete. Legitimidade decorrente do parágrafo único, do art. 12, do CC de 2002. Precedentes do STJ e desta Câmara. Caráter punitivo-pedagógico do dano moral. Impossibilidade de configuração, de per si, da violação moral. Imprescindibilidade da presença dos requisitos ensejadores da responsabilidade civil. Elemento punitivo que integra as diversas variáveis levadas em conta no momento da fixação do quantum. Negativação indevida. Dano moral in re ipsa. Verba bem fixada. Tese manifestamente improcedente. Recurso a que se nega seguimento. ” Esse dano ocorre quando a ofensa é dirigida uma pessoa, mas quem sente os efeitos dessa ofensa, dessa lesão é outra.
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial.
Comentário: Transplantes, mudança de sexo, etc.
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.
Comentário: A hipótese mais comum de aplicação desse dispositivo é no caso de doação de órgãos pos morten. As já citadas leis 9.434/97 e 10.211/01 também tratam desse assunto. O artigo 4º da lei 9.434/97 prevê: “A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte. ” Firmou-se o entendimento no sentido de que a aplicação do dispositivo transcrito (artigo 4º) somente se dá em caso de silêncio do doador, em vida. Se ele deixa expresso que não é doador ou que é doador, a sua vontade tem que ser respeitada. Se silencia, cabe à família decidir. Ao artigo 14, além da doação de órgãos, pode-se enquadrar, por exemplo, o caso de uma pessoa com doença rara que decide doar seu corpo a cientistas para que possam descobrir detalhes sobre a moléstia. Deve-se ter em mente, no entanto, que a disposição deve ser gratuita, não se admitindo a venda do corpo.
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.
Comentário: Note-se que o dispositivo fala em risco de vida. Assim, entendo eu que transfusão de sangue, por exemplo, num menor filho de religiosos que não admitem a prática, pode ser feito mesmo sem a autorização dos pais, desde que o menor corra risco de morte se não fizer a alegada transfusão. O direito à vida, neste caso, sobrepõe-se a qualquer outro. 
Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.
Comentário: Estes artigos tratam do nome. Prenome é o nome individual, e o sobrenome, é o patronímico de família. Agnome seriam os complementos ao nome, como por exemplo júnior, neto, sobrinho, etc. O prenome é, em princípio, imutável, conforme art. 58 da Lei dos registros Públicos. A jurisprudência, no entanto, tem abrandado o rigor da lei, autorizando a mudança de nome em várias hipóteses, além daquelas legalmente permitidas, a saber: Erro gráfico evidente (art. 110, da LRP); no primeiro ano após a maioridade (art. 56, da LRP); Nomes exóticos ou ridículos (art. 55, parágrafo único, da LRP); Uso prolongado de nome diverso; Inclusão de apelido; Homonímia; Inclusão de sobrenome de ascendente ou de padrasto/madrasta (art. 57, § 8º, da LRP); Tradução de nome estrangeiro; Concubinato (art. 57, §§ 2º a 6, da LRP); Coação ou ameaça decorrente de colaboração com a Justiça (art. 58, parágrafo único, da LRP). O procedimento judicial de retificação de nome está previsto nos arts. 109 a 113 da Lei dos Registros Públicos. Exceção à regra da necessidade de procedimento judicial para a alteração no nome ocorre em caso de transgênero, que pode pedir a alteração diretamente no cartório de Registro de Pessoas, conforme Provimento 73 da Corregedoria Nacional de Justiça.
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. 
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.
Comentário: Os artigos 17 e 18 do novo Código Civil visam garantir o direito personalíssimo do nome dos abusos cometidos por terceiros, utilizando o nome alheio de forma que venha a atingir sua honra. Da mesma forma, o nome não pode ser usado em propaganda comercial, e nem em campanhas beneficentes, sem autorização do titular do nome. 
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
Comentário: As mesmas garantias do nome se estendem ao pseudônimo, lembrando que este, segundo o dicionário Aurélio Eletrônico, é o nome falso ou suposto, em geral adotado por um escritor, por um artista. E ao apelido (alcunha), se estenderiam as mesmas garantias do nome e do pseudônimo? Entendo que não. O nome e o pseudônimo são únicos (afora os casos de homonímia). O mesmo não ocorre com o apelido. Exemplo disso é a apresentadora Xuxa, que foi derrotada em demanda judicial onde buscava a alteração do nome de um bar chamado XUXA´S BAR. O proprietário do estabelecimento, já ancião, provou que desde tenra idade era conhecido como “Seu” Xuxa, conseguindo manter o nome de seu “boteco”. (vide TJ-RJ - APL: 4235 RJ 1992.001.04235, Relator: DES. C. A. MENEZES DIREITO, Data de Julgamento: 10/11/1992, PRIMEIRA CAMARA CIVEL, Data de Publicação: 24/09/1993)
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. (Vide ADIN 4815). Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
Comentário:O direito à imagem, à palavra e o direito autoral também estão protegidos pelo novo CC. Assim, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade. Dessa forma, pode o acusado de um crime que ainda não transitou em julgado impedir a publicação de sua imagem numa página policial. Deve-se estar atento, no entanto, que pode o Juiz liberar a publicação, independentemente de autorização ou não, se entender que tal publicação é necessária à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública. 
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.
Comentário: A proteção à vida privada é garantida no art. 21, não havendo, nestas hipóteses, as limitações previstas nos comentários ao artigo anterior. Assim, mesmo tratando-se de pessoa notória, a ninguém é dado invadir a vida íntima de outrem, respondendo por dano moral e/ou material se isso ocorrer, podendo, ainda, o ofendido valer-se de medidas judiciais para fazer cessar a invasão. Ex.: se se trata de pessoa notória; se se referir a exercício de cargo público; se procurar atender à administração ou serviço da justiça ou de polícia; se tiver de garantir a segurança pública nacional; se buscar atender ao interesse público, aos fins culturais, científicos e didáticos; se houver necessidade de resguardar à saúde pública; se obtiver imagem, em que a figura seja tão-somente parte do cenário, sem que se a destaque; se tratar de identificação compulsória ou imprescindível a algum ato de direito público e privado. O parágrafo único do artigo trata da legitimidade para propor ação de reparação de danos em caso de falecimento do titula do direito. Trata-se de uma quase repetição do art. 12, parágrafo único.
CAPÍTULO III
Da Ausência
Seção I
Da Curadoria dos Bens do Ausente
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes.
Art. 24. O juiz, que nomear o curador, fixar-lhe-á os poderes e obrigações, conforme as circunstâncias, observando, no que for aplicável, o disposto a respeito dos tutores e curadores.
Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.
§ 1 o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.
§ 2 o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.
§ 3 o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.
Seção II
Da Sucessão Provisória
Art. 26. Decorrido um ano da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão.
Comentário: Quando poderá ser aberta a sucessão provisória? 1 ano – curadoria; 3 anos – se o ausente deixou procurador. 
Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados:
I - o cônjuge não separado judicialmente;
II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;
III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;
IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.
Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido.
Comentários: efeitos = 180 dias depois de publicada; abertura do testamento; partilha de bens;
Art. 29. Antes da partilha, o juiz, quando julgar conveniente, ordenará a conversão dos bens móveis, sujeitos a deterioração ou a extravio, em imóveis ou em títulos garantidos pela União.
Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão garantias da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos.
§ 1 o Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia.
§ 2 o Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente.
Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína.
Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão representando ativa e passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas.
Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os outros sucessores, porém, deverão capitalizar metade desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente.
Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos.
Art. 34. O excluído, segundo o art. 30, da posse provisória poderá, justificando falta de meios, requerer lhe seja entregue metade dos rendimentos do quinhão que lhe tocaria.
Art. 35. Se durante a posse provisória se provar a época exata do falecimento do ausente, considerar-se-á, nessa data, aberta a sucessão em favor dos herdeiros, que o eram àquele tempo.
Art. 36. Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória, cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono.
Seção III
Da Sucessão Definitiva
Quando é aberto a sucessão definitiva? 10 anos após transitada em julgada a sentença da Sucessão Provisória; e se a pessoa já possui mais de 80 anos e está mais de 5 anos desaparecida;
Art. 37. Dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas.
Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.
Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverão só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo. Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal.
TÍTULO III
Do Domicílio
Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo.
Comentário: Aimportância de saber o domicílio das pessoas, física ou jurídica, é bastante grande para a definição de várias situações jurídicas. Exemplos: Artigos 46 e 48 do CPC, entre outros. Toda a pessoa, obrigatoriamente, tem que ter um domicílio, nem que seja ele presumido legalmente.
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Comentário: Poderá ser considerado como seu domicílio qualquer dos locais onde possua propriedade.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.
Comentário: O domicílio profissional é aquele onde são solvidas as relações diretamente ligadas ao exercício da profissão da pessoa natural.
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada.
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar. Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1 o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2 o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Comentário: 
· Incapaz – É o do representante ou assistente.
· Servidor Público – É onde exerce permanentemente suas funções	 
· Militar do exército – onde servir
· Militar da marinha ou Aeronáutica – Sede do comando onde estiver subordinado
· Marítimo – É o do local onde o navio estiver matriculado
· Preso – Onde cumpre a pena
Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve.
Comentário: É mais um caso de domicílio legal.
Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.
LIVRO II
DOS BENS
TÍTULO ÚNICO
Das Diferentes Classes de Bens
CAPÍTULO I
Dos Bens Considerados em Si Mesmos
Seção I
Dos Bens Imóveis
Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.
Comentário:
Os bens imóveis, “são aqueles que não se podem transportar, sem destruição, de um lugar para outro, ou seja, são os que não podem ser removidos sem alteração de sua substância”. Podem ser:
· Por natureza: Imóveis por sua natureza, que é o solo, o espaço aéreo e o subsolo
· Por acessão Física: inclui tudo o que o homem incorporar permanentemente ao solo, como a semente, a construção, etc
· Por acessão intelectual: que inclui os bens que podem ser mobilizados, mas que, em conjunto com os imóveis por natureza, ganham o status de bens imóveis. É o caso, por exemplo, de um trator que o agricultor utiliza em sua propriedade rural.
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II - o direito à sucessão aberta.
Comentário: Os imóveis ainda podem ser por determinação legal, como ocorre no artigo 80 do Código Civil, que prevê que são imóveis para efeitos legais os direitos reais sobre imóveis (vide artigo 1.225, do CC) e as ações que os asseguram e o direito à sucessão aberta.
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:
I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem removidas para outro local; 
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.
Comentário: verifica-se que a construção que, retirada do solo, conservar sua unidade, continua a ser considerada bem imóvel mesmo que removida para local diverso. O mesmo ocorre com os materiais retirados de um prédio para nele serem novamente reempregados. Assim, se uma casa for reformada e o telhado for retirado, continuará sendo ele bem imóvel, desde que seja reempregado na mesma construção. O diverso ocorre no caso de demolição, onde o material retirado volta a ser mobilizado.
Seção II
Dos Bens Móveis
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.
Comentário: Os bens móveis, ao contrário do que ocorre com os imóveis, são aqueles que podem ser removidos sem destruição ou que são suscetíveis de movimento próprio. Exemplo dos que tem movimento próprio são os animais, eis porque são chamados de semoventes.
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I - as energias que tenham valor econômico;
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
Comentário: Além destes móveis por determinação legal previstos no CC, temos outros dispositivos em leis esparsas que também criam imóveis por determinação legal. São eles: propriedade intelectual e direitos autorais
Art. 84. Os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da demolição de algum prédio.
Comentário: O art. 84, do CC, é exatamente o contrário do seu art. 81. Assim, se uma casa vai ser construída, todos os materiais que serão empregados na edificação, enquanto isso não ocorrer, são considerados bens móveis, passando a ser imobilizados com a construção da casa. De outro lado, após a demolição os materiais adquirem novamente a qualidade de móveis.
Seção III
Dos Bens Fungíveis e Consumíveis
Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
Comentário: O artigo 85, do CC, é preciso quando estabelece que os bens fungíveis são os móveis que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Sacas de soja, por exemplo, são bens fungíveis. Ao contrário, infungíveis são os bens que não se podem substituir por outro da mesma espécie, qualidade e quantidades. Exemplos: Um quadro de um pintor famoso, um vaso antigo e exclusivo. Por vezes, o mesmo bem pode ser fungível ou infungível, dependendo da vontade das partes. Arnoldo Wald exemplifica dizendo que se um livro é emprestado por alguém para simples leitura, este é infungível. Contudo, se o mesmo livro é emprestado a um livreiro, para que seja vendido, é ele fungível. Washington de Barros Monteiro, por seu turno, coloca a seguinte situação: um boi é emprestado para serviços de lavoura. Neste caso, é infungível. O mesmo boi é emprestado para abate. Nesta hipótese é fungível.
Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também considerados tais os destinados à alienação.
Comentário: Juridicamente falando consumíveis são os móveis de utilização única, ou seja, que em um só ato/uso se acabam. Ao contrário, inconsumíveis são os bens de uso prolongado, mesmo que, com o tempo, venham também a se exaurir. Exemplo do primeiro são os gêneros alimentícios, e do segundo são as roupas.A parte final do artigo 86 diz que são considerados bens consumíveis os destinados à alienação. De fato, um sofá, para quem compra, é bem inconsumível, mas para a loja que vende é consumível, pois num único ato some do estoque. Este fenômeno é o que Maria Helena Diniz chama de consuntibilidade jurídica. Exemplo da importância de saber se uma coisa é ou não consumível colhe-se do artigo 1.392, § 1o, do CC.
Seção IV
Dos Bens Divisíveis
Art. 87. Bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.
Comentário: bens divisíveis: se fracionam sem alterar sua substância, perder valor, ou prejuízo do uso. Ex.: carreta de areia, dívida, saco de feijão. Bens indivisíveis: não se fracionam porque perdem valor, alteração na substância e prejuízo. Ex.: carro, celular, etc.
Art. 88. Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes.
Comentário: por determinação da lei: a lei não permite; por vontade das partes: contrato.
Seção V
Dos Bens Singulares e Coletivos
Art. 89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos demais.
Comentário: As coisas singulares podem ser simples ou compostas. As simples são aquelas cujo os componentes do bem fazem parte do bem pela própria natureza. Composta são aquelas cujo os componentes fazem parte do bem pelo trabalho do homem. As coisas simples ou compostas podem ser materiais ou imateriais.
Art. 90. Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação unitária. Parágrafo único. Os bens que formam essa universalidade podem ser objeto de relações jurídicas próprias.
Comentário: O artigo é claro e estabelece, por exemplo, que uma biblioteca, uma coleção de quadros, um rebanho, constituem uma universalidade de fato e podem ser objeto de relação jurídica própria.
Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico.
Comentário: Se o artigo 90 prevê o que é uma universalidade de fato, o artigo 91 preceitua o que seria a universalidade de direito conceituando-a como complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico. Exemplos, de Maria Helena Diniz, seriam o patrimônio e a herança.
CAPÍTULO II
Dos Bens Reciprocamente Considerados
Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência supõe a do principal.
Comentário: Começa o código conceituando o que é bem principal, que, para o legislador, é aquele que existe sobre si, abstrata ou concretamente. O exemplo clássico é o solo. Bem acessório, como parece óbvio, é aquele cuja existência supõe a do principal. Uma árvore plantada ao solo é acessório em relação a este. Interessante observar que uma casa, por exemplo, é acessório em relação ao solo, mas é principal em relação às portas e janelas que nela se empregam.
Art. 93. São pertenças os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro. 
Comentário: O artigo 93 define o que são pertenças, classificando-as como bens que não fazem parte do principal, mas nele são empregados, de modo duradouro, como forma de facilitar seu uso o aformoseá-los. Os móveis utilizados em uma casa, v.g., são pertenças em relação a ela. Pertenças não se confundem com partes integrantes. As partes integrantes, segundo Maria Helena Diniz, "são acessórios que, unidos ao principal, formam com ele um todo, sendo desprovidas de existência material própria, embora mantenham sua identidade”. Ex.: Janelas, portas e lustres em relação à casa. 
Art. 94. Os negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.
Comentário: No artigo 94, entretanto, preceitua o Código que os negócios jurídicos envolvendo o principal não incluem as pertenças, salvo se o exposto for ajustado entre as partes, resultar da lei ou das circunstâncias do caso. Adquirida, assim, uma casa, os móveis somente estarão incluídos no negócio se tal estiver previsto no contrato.
Art. 95. Apesar de ainda não separados do bem principal, os frutos e produtos podem ser objeto de negócio jurídico.
Comentário: Fruto é a produção normal e periódica de alguma coisa. Os frutos, pois, se renovam. Dessa forma, o café pode ser negociado mesmo antes de colhido. Os frutos podem ser naturais, civis e industriais. Podem ser também pendentes, percebidos, percipiendos ou colhidos. Produtos são utilidades retiradas de uma coisa e que lhe diminuam a quantidade vez que não se renovam com o tempo (uma mina de carvão, por exemplo). As pedras preciosas, mesmo antes de extraídas, podem ser vendidas.
Art. 96. As benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
§ 1 o São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor.
§ 2 o São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem.
§ 3 o São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore.
Comentário: Benfeitorias são obras ou despesas efetuadas numa coisa para conservá-la, melhorá-la ou, simplesmente, embelezá-la. Podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias. 
São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais agradável ou sejam de elevado valor. Exemplos de benfeitoria voluptuária são a construção de uma piscina ou de uma quadra de esportes em uma casa.
São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem. Exemplos de benfeitorias úteis são a construção de uma garagem ou a reforma de uma cozinha, tornando-a mais moderna.
São necessárias as que têm por fim conservar o bem ou evitar que se deteriore. Exemplos de benfeitorias necessárias são restauração de um telhado que ameaça desabar ou construção de um muro de proteção em volta da casa.
Art. 97. Não se consideram benfeitorias os melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do proprietário, possuidor ou detentor.
Comentário: O art. 97 regula as hipóteses de acessão natural, que, por óbvio, não podem ser consideradas melhorias.
CAPÍTULO III
Dos Bens Públicos
Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem.
Comentário: Os bens, segundo a classificação que deflui do texto legal acima, podem ser divididos em públicos e particulares. Públicos são os que pertencem às pessoas jurídicas de direito público interno, quais sejam, “I - a União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III - os Municípios; IV - as autarquias; V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.” (art. 41, do CC). Bens particulares são, de outro lado, todos os que não sejam públicos, não interessa a quem pertencerem.
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.
Comentário: Bens de uso comum são aqueles que podem livremente ser utilizados por qualquer pessoa, desde observadas as normas administrativas; os bens de uso especial são os edifícios e terrenos utilizados a serviço das pessoas jurídicas de direito público interno; bens dominicais são os que constituemo patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades; 
Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.
Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.
Comentário do art. 100 e 101: Enquanto permanecerem afetados a determinado serviço ou finalidade, os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial não podem ser alienados. Não só a alienação, mas todo e qualquer ato de disposição fica proibido. Ou seja, não podem ser doados, permutados, dados em garantia, etc. Nada impede, entretanto, que tais bens sejam previamente desafetados, perdendo essa sua qualificação jurídica, tornando-se, então, bens dominicais passiveis de alienação (art.101 do CC).
Art. 102. Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.
Comentário: Usucapião é o direito que o indivíduo adquire em relação à posse de um bem móvel ou imóvel em decorrência da utilização do bem por determinado tempo, contínuo e incontestadamente. Em caso de imóvel, qualquer bem que não seja público pode ser adquirido através da usucapião.
Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
Comentário: Pode ser gratuito ou pago. Nada impede que se cobre pela utilização do bem público. Ex.: pedágios.

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