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Identificação das classes de antipsicóticos e descrição do principal mecanismo de ação delas. Fátima Aline de Souza França 001201908381 Antipsicóticos de segunda geração Amisulprida - No Homem, a Amissulprida liga-se selectivamente, e com elevada afinidade, às subclasses de receptores dopaminérgicos D2/D3, e não apresenta afinidade para as subclasses D1, D4 e D5. Ao contrário dos neurolépticos clássicos e atípicos, a Amissulprida não tem afinidade para os receptores serotoninérgicos, α-adrenérgicos, histamínicos H1 e colinérgicos. Além disso, a Amissulprida não se fixa aos locais de ligação sigma. Em estudos animais, e em doses elevadas, a Amissulprida bloqueia os receptores da dopamina localizados nas estruturas límbicas, em preferência dos localizados no estriatumo. Em doses baixas, a Amissulprida bloqueia preferencialmente os receptores D2/D3 pré-sinápticos, produzindo um aumento da libertação da dopamina, responsável pelos efeitos desinibidores. Este perfil farmacológico explica a eficácia clínica da Amissulprida no tratamento dos sintomas positivos e negativos da esquizofrenia. Aripiprazol - Foi proposto que a eficácia do aripiprazol na esquizofrenia é mediada através da combinação de agonismo parcial nos recetores dopaminérgicos D2 e serotoninérgicos 5HT1a e antagonismo nos recetores serotoninérgicos 5HT2a. O aripiprazol exibiu propriedades antagonistas em modelos animais de hiperatividade dopaminérgica e propriedades agonistas em modelos animais de hipoactividade dopaminérgica. O aripiprazol exibiu in vitro grande afinidade de ligação para os recetores dopaminérgicos D2 e D3 e serotoninérgicos 5HT1a e 5HT2a e afinidade Página 02 moderada para os recetores dopaminérgicos D4, serotoninérgicos 5HT2c e 5HT7, alfa 1 adrenérgicos e histamínicos H1. O aripiprazol também exibiu afinidade de ligação moderada para os locais de recaptação de serotonina e afinidade não apreciável para os recetores muscarínicos.A interação com recetores para além dos subtipos dopaminérgico e serotoninérgico pode explicar alguns dos outros efeitos clínicos do aripiprazol.Doses de aripiprazol de 0,5 a 30 mg administradas uma vez ao dia a indivíduos saudáveis durante 2 semanas, produziram uma redução dose- dependente na ligação de 11C-raclopride, um ligando específico dos recetores D2/D3 aos caudados e putamen detetados por tomografia de emissão de positrões. Clozapina - A Clozapina demonstrou ser um agente antipsicótico diferente dos antipsicóticos clássicos. Em ensaios farmacológicos, o composto não induz catalepsia ou comportamento estereotipado induzido pela anfetamina ou apomorfina.Tem apenas fraca atividade bloqueadora dos recetores da dopamina D1, D2, D3 e D5, mas apresenta elevada potência para bloquear os recetores D4, adicionalmente a potentes efeitos anti-α-adrenérgico, anticolinérgico, antihistamínico e inibidor de reação de alerta. Demonstrou também possuir propriedades antiserotoninérgicas. Clinicamente, a Clozapina apresenta um efeito sedativo potente, de ação rápida e um potente efeito antipsicótico em doentes esquizofrénicos resistentes ao tratamento com outros fármacos. Em tais casos, a Clozapina demonstrou ser eficaz no alívio tanto dos sintomas positivos como negativos da esquizofrenia principalmente em ensaios a curto prazo. Num ensaio clínico aberto realizado em 319 doentes resistentes ao tratamento, medicados durante 12 meses, foi observada uma melhoria clinicamente significativa em 37% dos doentes na primeira semana de tratamento e em mais 44% ao final dos 12 meses. A melhoria foi definida como cerca de 20% de redução a partir do nível basal na Brief Psychiatric Rating Scale Score.Adicionalmente, foi descrita melhoria em alguns aspetos da disfunção cognitiva.E comparação com os antipsicóticos clássicos, a Clozapina produz menos reações extrapiramidais importantes, tais como distonia aguda, efeitos secundários tipo parkinsónico e acatisia. Em contraste com os antipsicóticos clássicos, a Clozapina não provoca ou provoca ligeira elevação da prolatina, evitando-se assim efeitos adversos tais Página 03 como ginecomastia, amenorreia, galatorreia e impotência. Uma reação adversa potencialmente severa causada pela terapêutica com Clozapina é a granulocitopenia e agranulocitose que ocorrem com uma incidência estimada de 3% e 0.7%, respetivamente.Atendo a este risco a utilização de Clozapina deve ser limitar-se a doentes que sejam resistentes ao tratamento ou doentes com psicoses na doença de Parkinson quando outras estratégias falharam nos quais podem ser efetuados exames hematológicos regulares. Olanzapina - A Olanzapina é um novo antipsicótico eficaz contra os sintomas positivos e negativos da esquizofrenia, que tem poucos efeitos extrapiramidais quando comparada com outros neurolépticos. É uma droga antipsicótica de perfil farmacológico amplo, atuando através da ação em vários sistemas de recetores e agindo tanto na fase aguda das psicoses como na de manutenção do tratamento. É indicada inclusive onde os neurolépticos convencionais falham. A olanzapina é igualmente usada no tratamento de episódios de mania ou mistos no transtorno bipolar. É bem absorvida por via oral, atingindo concentrações plasmáticas máximas dentro de 5 a 8 horas. É metabolizada pelo fígado. A Olanzapina pertence à classe das tienobenzodiazepinas. Quimicamente é o 2- metil-4-(4-metil-1-piperazinil)-10H-tieno[2,3-b] [1,5]benzodiazepina. A fórmula molecular da Olanzapina é C17H20N4S e tem um peso molecular de 312,43. Apresenta-se como um sólido cristalino amarelo. Quetiapina - A quetiapina é um agente antipsicótico atípico. A quetiapina e o metabolito plasmático humano ativo, a norquetiapina, interagem com uma grande variedade de receptores de neurotransmissores. A quetiapina e a norquetiapina têm afinidade para os receptores cerebrais da serotonina (5-HT2) e da dopamina D1 e D2. Pensa-se que é esta associação do antagonismo de receptores com uma maior selectividade para os receptores 5-HT2 em relação aos receptores D2 que contribui para as propriedades farmacológicas antipsicóticas e para a tendência baixa para efeitos secundários extrapiramidais da quetiapina em comparação com os antipsicóticos típicos.Além disso, a norquetiapina tem uma afinidade elevada para o transportador da norepinefrina (TNE). A quetiapina e a norquetiapina também têm uma afinidade elevada para os receptores histaminérgicos e adrenérgicos α2 e receptores da serotonina 5- HT1A.A quetiapina não tem afinidade apreciável para os receptores colinérgicos muscarínicos ou para os receptores das benzodiazepinas. Página 04 Risperidona - A risperidona é um antagonista seletivo monoaminérgico com propriedades únicas.Tem uma alta afinidade para os recetores serotoninérgicos 5-HT2 e dopaminérgicos D2. A risperidona liga-se também aos recetores adrenérgicos alfa1 e, com menor afinidade, aos recetores histaminérgicos H1 e adrenérgicos alfa2. A risperidona não possui afinidade para os recetores colinérgicos. Embora a risperidona seja um antagonista potente dos recetores D2, o que é considerado melhorar os sintomas positivos da esquizofrenia, causa menos depressão da atividade motora e indução da catalepsia do que os antipsicóticos clássicos.O equilíbrio do antagonismo da serotonina e da dopamina a nível central pode diminuir a tendência para efeitos secundários extrapiramidais e ampliar a atividade terapêutica para os sintomas negativos e afetivos da esquizofrenia. Ziprasidona - A ziprasidona possui uma elevada afinidade para os recetores dopaminérgicos tipo 2 (D2) e uma afinidade substancialmente superior para os recetores da serotonina tipo 2A (5HT2A). Através da utilização da tomografia de emissão de positrões (PET) verificou-se que o bloqueio dos recetores, 12 horas após uma dose única de 40 mg, foi superior a 80 % para os recetores da serotonina tipo 2A e superiora 50 % para os recetores da dopamina tipo D2.A ziprasidona também interage com os recetores da serotonina 5HT2C, 5HT1D e 5HT1A, relativamente aos quais a sua afinidade é igual ou maior do que para os recetores D2.A ziprasidona tem uma afinidade moderada para os transportadores neuronais da serotonina e da noradrenalina.A ziprasidona apresenta uma afinidade moderada para os recetores alfa-1 e para os da histamina H(1).A ziprasidona demonstrou ter uma afinidade desprezível para os recetores muscarínicos M(1). A ziprasidona mostrou ser simultaneamente um antagonista dos recetores da serotonina tipo 2A (5HT2A) e dos recetores dopaminérgicos tipo 2 (D2).É suposto que a atividade terapêutica seja mediada, em parte, através desta combinação de atividades antagonistas. A ziprasidona é também um potente antagonista dos recetores 5HT2C e 5HT1D, um potente agonista dos recetores 5HT1A e um inibidor da recaptação neuronal da noradrenalina e da serotonina. Zotepina - O efeito antipsicótico de deste medicamento é fundamentalmente mediado pela redução do efeito da dopamina do SNC por antagonismo dos recetores dopaminérgicos D1 e D2. Zotepina liga-se também a quatro subtipos da 5-hidroxitriptamina (5-HT), nomeadamente aos recetores 5-HT2A, 5-HT2C, e aos mais recentemente Página 05 descobertos 5-ht6 e 5-ht7. Zoleptil liga-se aos recetores a1 - adrenérgicos e H1 histamínicos, e inibe também a recaptação da noradrenalina, o que pode compensar em parte os efeitos antagonistas a1-adrenérgicos da Zotepina. Antipsicóticos de primeira geração Clorpromazina - A Clorpromazina atua como um antagonista (agente de bloqueio) em diferentes recetores post sinaticos e em recetores dopaminérgicos - (subtipos D1, D2, D3 e D4 - diferentes propriedades antipsicóticas em sintomas produtivos e improdutivos), sobre os recetores serotonérgicos (5 - HT1 e 5 - HT2, com ansiolíticos, antidepressivos e propriedades antiagressivas bem como uma atenuação de efeitos colaterais extrapiramidais, mas também conduz a aumento de peso, diminuição da pressão sanguínea, sedação e dificuldades de ejaculação precoce), em recetores histaminérgicos(recetores-H1, sedação, antiemese, vertigem, queda da pressão arterial e aumento de peso), recetores alpha1/alpha2 (propriedades anti- simpaticomiméticas, redução da pressão arterial, taquicardia reflexa, vertigem, sedação, hipersalivação e incontinência, bem como disfunção sexual, mas também pode atenuar no pseudoparkinsonismo - controverso) e finalmente nos recetores muscarínicos (colinérgicos) M1/M2 (causando sintomas anticolinérgicos, como boca seca, visão turva, obstipação, dificuldade / incapacidade de urinar, taquicardia sinusal, mudanças no ECG e perda de memória, mas a ação anticolinérgica pode atenuar os efeitos extrapiramidais). Além disso, a Clorpromazina é um inibidor fraco pré-sinático da recatação de dopamina, o que pode levar a ação antidepressiva (leve) e efeitos antiparkinsonianos.Esta ação também poderia ser responsável por agitação psicomotora e amplificação de psicose (muito raramente observados no uso clínico). Flufenazina - A flufenazina apresenta-se como o éster do ácido decanoico (decanoato).Quimicamente, a flufenazina é o 4-(3-[2-(trifluormetil)- fenotiazina10-il]propil)-1- piperazina, um derivado fenotiazínico. A flufenazina atua a todos os níveis do sistema nervoso central, bem como sobre Página 06 múltiplos sistemas de órgãos. O mecanismo de ação não é conhecido, contudo, pode estar relacionado com as ações antidopaminérgicas da flufenazina.Com a exceção da duração da ação, os efeitos de base do decanoato de flufenazina não são aparentemente diferentes dos do cloridrato de flufenazina.A esterificação da flufenazina prolonga marcadamente a duração do efeito do fármaco. Flupentixol - O Flupentixol é um neurolético do grupo dos tioxantenos. É composto por uma mistura de dois isómeros geométricos, o cis(Z)-flupentixol ativo e o trans(E)-flupentixol, aproximadamente numa proporção de 1:1. O efeito antipsicótico dos neurolépticos está relacionado com o seu efeito bloqueador dos recetores da dopamina mas possivelmente o bloqueio dos recetores 5-HT (5-hidroxitriptamina) contribui também para tal. O cis(Z)-flupentixol tem uma elevada afinidade in vitro e in vivo para os recetores da dopamina D1 e D2, enquanto a flufenazina é praticamente seletiva para os recetores D2 in vivo.O antipsicótico atípico clozapina apresenta, à semelhança do cis(Z)-flupentixol, equiafinidade para os recetores D1 e D2, tanto in vitro como in vivo.O cis (Z)-flupentixol apresenta uma afinidade elevada para os adrenorecetores a1 e recetores 5-HT2, embora inferior à do clorprotixeno, fenotiazinas e clozapina em elevadas doses, mas nenhuma afinidade para os recetores muscarínicos colinérgicos. Apresenta apenas ligeiras propriedades anti-histaminérgicas e nenhuma atividade bloqueadora dos adrenorecetores a2.O cis (Z)-flupentixol provou ser um neuroléptico potente em todos os estudos de comportamento relativos à atividade neuroléptica (bloqueio dos recetores da dopamina). É encontrada correlação entre os modelos de teste in vivo, a afinidade para os locais de ligação aos recetores dopaminérgicos D2 in vitro e as doses diárias médias orais de antipsicóticos.Os movimentos periorais em ratos são dependentes da estimulação dos recetores D1 ou do bloqueio da população de recetores D2.Os movimentos podem ser evitados pelo cis(Z)-flupentixol. De igual modo, os resultados de experimentação em macacos indicam que a hipercinesia oral está mais relacionada com a estimulação dos recetores D1 e, num grau inferior, com a hipersensibilidade aos recetores D2. Tal conduz à sugestão de que a ativação dos recetores D1 é responsável por efeito semelhante no homem, i.e. discinesia.Por conseguinte, o bloqueio dos recetores D1 deve ser vantajoso. O Flupentixol prolonga o período de sono induzido pelo álcool e pelos barbitúricos em ratinhos apenas em doses muito elevadas, indicando uma ação Página 07 sedativa muito fraca em termos da utilização clínica.À semelhança da maioria dos restantes neurolépticos, o Flupentixol aumenta o nível de prolactina sérica de uma forma dependente da dose. Haloperidol - O haloperidol é um potente neurolético derivado da butirofenona.Estudos em animais mostraram que o haloperidol provoca um bloqueio dos recetores de dopamina, reduzindo assim o efeito transmissor da dopamina.O haloperidol tem uma grande afinidade com os recetores de D2. A administração crónica pode dar origem a hipersensibilidade dos recetores de dopamina em certas regiões (‘hiper-regulação’). O efeito nos recetores de serotonina e alfa-adrenoceptores é menos acentuado que o efeito antagonista da dopamina.Em altas doses o haloperidol isolado tem um efeito anticolinérgico e anti-histamínico.O perfil clínico de atividade é caracterizado por efeitos antipsicóticos (redução de alucinações, distúrbios de personalidade e de raciocínio, inibição psicomotora e agitação catatónica, tensão afetiva e estados de espírito maníacos, e aumento do comportamento impulsivo). O haloperidol tem também um efeito sedativo e é terapeuticamente benéfico em certas síndromes hipercinéticas e discinéticas.Tem igualmente um efeito antiemético. Perazina - Como todas as fenotiazinas, a perazina bloqueia o receptor D2 e, além disso, os receptores de noradrenalina e histamina. Perfenazina - Liga-se aos recetores da dopamina D1 e D2 de dopamina e inibe a sua atividade.O mecanismo do efeito anti-emético é predominantemente devido ao bloqueio dos recetores de neurotransmissores dopamina D2 na zona de gatilho quimiorrecetora centro e vómitos. Perphenazine também liga-se ao recetor alfa adrenérgicos.Ação deste recetor é mediada pela associação com proteínas G que ativam um sistema de segundo mensageiro do fosfatidilinositol-cálcio. Pimozida - A capacidade de pimozidapara suprimir os tiques motores e fónicos no Síndrome de Tourette pensa-se ser principalmente uma função da sua atividade bloqueadora dopaminérgica. Pimozida liga-se e inibe o recetor de dopamina D2 no SNC. Página 08 Zuclopentixol - O zuclopentixol é um neuroléptico do grupo dos tioxantenos. O efeito antipsicótico dos neurolépticos está relacionado com o efeito bloqueador dos recetores da dopamina mas possivelmente é também devido ao bloqueio dos recetores 5-HT (5-hidroxitriptamina). In vitro, o zuclopentixol possui alta afinidade para ambos os recetores da dopamina D1 e D2, para os adrenoreceptores a1 e para os recetores 5-HT2 mas não possui afinidade para os recetores colinérgicos muscarínicos. Possui fraca afinidade para o recetor da histamina (H1) e não possui atividade bloqueadora dos adrenoreceptores α2. In vivo, a afinidade para os locais de ligação D2 é superior à afinidade para os recetores D1. O zuclopentixol provou ser um potente neuroléptico em todos os estudos comportamentais para a atividade neuroléptica (bloqueio do recetor da dopamina). Verificou-se uma correlação entre os modelos de ensaio in vivo, a afinidade para os locais de ligação da dopamina D2 in vitro e as doses diárias orais médias de antipsicóticos. Tal como a maioria dos outros neurolépticos, o zuclopentixol aumenta o nível sérico de prolactina. Estudos farmacológicos mostraram um efeito pronunciado 4 horas após administração parentérica do acetato de zuclopentixol em base oleosa. Foi registado um efeito um pouco mais marcado no período de um a três dias após a injeção. Durante os dias seguintes o efeito declinou rapidamente.
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