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P5 - ALEGAÇÕES FINAIS - PENAL

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EXELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CONCEIÇÃO DO AGRESTE/CE. 
Autos nº: (...) Autor: Ministério Público. 
Réu: JOSÉ PERCIVAL DA SILV A
JOSÉ PERCIVAL DA SIVA, já qualificado nos autos da Ação Penal promovida pelo Ministério Público do Estado do Ceará, processo em epígrafe, por seu advogado In fine assinado (procuração anexa), vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, nos termos do art. 403, § 3º do Código de Processo Penal, apresentar
ALEGAÇÕES FINAIS SOB A FORMA DE MEMORIAIS
Pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.
1. DOS FATOS
1.1 - O Ministério Público denunciou o réu JOSÉ PERCIVAL DA SILVA, vulgo “Zé da Farmácia” como incurso nas iras dos artigos 288 e 317, na forma do art. 69, todos do Código Penal.
1.2 – A resposta do réu foi analisada pelo o Exmo. Sr. Juiz da Vara Criminal da Comarca de Conceição do Agreste/CE que acatou parcialmente as teses por este arguidas e recebeu a denúncia apenas em relação ao delito de corrupção passiva (art. 317 do CP). No tocante à imputação de associação criminosa (art. 288 do CP), a denúncia foi rejeitada, nos termos do artigo 395, III do CPP, por ausência de justa causa para a ação penal. O Ministério Público recorreu da decisão, foram oferecidas contrarrazões de recurso em sentido estrito pelo réu, que foram acolhidas, negando provimento ao recurso em sentido estrito interposto, mantendo a rejeição da denúncia em relação à imputação de associação criminosa (art. 288 do CP).
1.3 – Assim que os autos retornaram da instância superior, o Promotor de Justiça Titular da Comarca de Conceição do Agreste/CE, juntou aos autos e anexou à referida denúncia, um termo de colaboração Premiada firmado entre o Ministério Público do Estado do Ceará e o então acusado João Santos. Neste, o acusado – colaborador João Santos, em depoimento prestado ao Ministério Público do Estado do Ceará, acompanhado de sua esposa, a dona de casa Laura Santos, em troca de uma futura redução em sua pena, admite a prática do crime de corrupção passiva que teve como vítima o Sr. Paulo Matos, afirmado que a existência do pagamento partiu, exclusivamente, do acusado Zé da Farmácia, autor intelectual da referida conduta criminosa.
1.4 - Recebida a denúncia em relação ao crime de corrupção passiva (art. 317 do CP), o réu foi citado pessoalmente para apresentar Resposta à Acusação. Ato contínuo, o MM. Juiz da Vara Criminal da Comarca de Conceição do Agreste/CE, concordando com os argumentos trazidos pelo réu, reconheceu a nulidade do Termo de Colaboração Premiada celebrado entre o Ministério Público e o Acusado João Santos, pro violação ao §15 do art. 40 da Lei nº12.850/13, uma vez que o colaborador não foi assistido por advogado em nenhum momento das etapas da negociação. Determinou-se o desentranha mento do referido acordo dos autos, como prevê o artigo 157 do CPP.
1.5 – Em seguida, designou-se Audiência de instrução e julgamento para o dia 19 de outubro de 2018, com o objetivo de proceder à oitiva das testemunhas de Acusação e Defesa, bem como para o interrogatório dos Réus. Na data designada, a audiência foi iniciada com o depoimento da vítima, o Sr. Paulo Matos, que prestou o compromisso previsto no artigo 203 do CPP.
1.6 – Desta forma, o Sr. Paulo Matos confirmou que no dia 03 de fevereiro de 2018 o Vereador João Santos, o “João do Açougue”, que exerce atualmente a função de Presidente da Comissão de Finanças e Contratos da Câmara de Vereadores do Município de Conceição do Agreste/CE, juntamente com os vereadores Fernando Caetano e Maria do Rosário, membros da mesma Comissão, exigiram de Paulo o pagamento de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para que sua empresa pudesse participar do referido procedimento licitatório, que estava agendado para o dia seguinte. Indagado pelo juiz se o réu “Zé da Farmácia” havia participado desta reunião, a vítima não só negou, como afirmou que a primeira vez que esteve com Zé, foi na Sessão em que ocorreram as prisões, mas que jamais chegou a ter qualquer conversa com ele, em relação a este ou a qualquer outro assunto. E, respondendo a uma pergunta feita pelo defensor do réu, respondeu não ter como afirmar que “Zé da Farmácia” estivesse envolvido no crime de corrupção praticado pelos demais réus.
Portanto, verifica-se que não há nenhuma prova capaz de imputar ao denunciado a prática do crime constante na denúncia.
2. DO DIREITO
2.1 - DA PREPARAÇÃO DO FLAGRANTE
O Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, de maneira unânime, concedeu a ordem de Habeas Corpus em favor do réu “Zé da Farmácia”, relaxando sua prisão, por concordar com a tese de que o flagrante foi preparado.
O flagrante preparado ocorre quando há uma indução, um estímulo, uma participação fundamental das autoridades estatais para que a situação fática causadora da prisão exista. Por outra forma, quando o agente, por meio de uma cilada, uma encenação teatral, é impelido à prática de um delito por um agente provocador, normalmente um policial ou alguém sob sua orientação.
Estando inteiramente sob o controle das autoridades que, inclusive, foram determinantes para a existência da situação fática, considera - se que o agente não possui qualquer chance de êxito em sua empreitada criminosa, já que em momento algum o bem jurídico tutelado é colocado em risco. 
Assim, aplica-se a regra do crime impossível, prevista no art. 17 do Código Penal (CP): 
“Art. 17. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime”.
Então, não restam dúvidas de que tanto o flagrante preparado quanto o forjado são ilegais. Prova disso é o comando existente na Súmula 145 do STF: 
“Súmula 145 STF: Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”. 
Sob os fatos narrados em sede de defesa, nota - se que o MM. Juiz, durante a audiência de custódia, decretou a prisão preventiva de todos os envolvidos, sendo que a prisão em flagrante já configurava uma coação absoluta mente ilegal, de forma que a ilegalidade torna-se visível quando o delegado João Rajão provoca os vereadores João do Açougue, Fernando Caetano e Maria do Rosário, orientando Paulo Matos a corroborar com as suas condutas criminosas, agendando a entrega da quantia no momento em que policiais estariam de prontidão com o intuito de prender os envolvidos.
A ocorrência do crime só surge em razão da provocação daquele que pretendia utilizar a prisão em flagrante, é possível notar que a contribuição do agente policial à ocorrência do crime, munido de meios para efetuar a prisão, induz os autores à prática do crime, tornando-se inválida essa prisão em flagrante delito. 
Vejamos o que nos diz a esse respeito Nucci: 
“Ao mesmo tempo em que o provocador leva o provocado ao cometimento do delito, age em sentido oposto para evitar o resultado. Estando totalmente na mão do provocador, não há viabilidade para a constituição do crime. […] Ex.: policial disfarçado, com inúmeros outros igualmente camuflados, exibe relógio de alto valor na via pública, aguardando alguém para assaltá-lo. Apontada a arma para a pessoa atuando como isca, os demais policiais prendem o agente. Inexiste crime, pois impossível sua consumação”.
Dessa maneira, a conduta da autoridade policial, estimulando a prática da infração penal, importa para a não configuração do crime. Afinal, se atuação policial é tal que, mesmo sem estimular a conduta, faz com que o delito não tenha como se consumar, estará verificado o crime impossível, por ineficácia absoluta do meio ou impropriedade absoluta do objeto, dependendo do caso concreto.
Diante de todo exposto, com fundamento no art. 17 CP e Súmula 145 STF, em razão da atipicidade da conduta, requer a absolvição do réu.
No caso em tela, caso não haja o entendimento do MM. Juiz, torna-se incontestável então a necessidade de aplicação do princípio do in dúbio pro réu, uma vez que certa é a dúvida acerca da culpa a ele atribuída com relação à acusação de Corrupção Passiva (art.317 CP), pois o Réu não foi encontrado em atividade da referida conduta criminosa.
2.2 – DO DELITO DE CORRUPÇÃO PASSIVA (ART. 317 CP)
Com base nas informações dos autos percebe-se a ausência de qualquer prova de autoria por parte do acusado quanto ao crime a ele arguido.
	Em audiência de instrução realizada por este Douto Magistrado, através do depoimento do Sr. Paulo Matos, foi constatado que o denunciado “Zé da Farmácia” não havia participado da reunião. A vítima não só negou, como também afirmou que a primeira vez que esteve com Zé foi na Sessão em que ocorreram as prisões, mas que jamais chegou a ter qualquer conversa com ele em relação a este ou a qualquer outro assunto. E, respondendo a uma pergunta feita pelo defensor do réu, respondeu não ter como afirmar que “Zé da Farmácia” estivesse envolvido no crime de corrupção praticado pelos demais réus.
	Em face da insuficiência das provas, não há como imputar ao denunciado a autoria pela prática de Corrupção Passiva (art. 317 CP), de forma que, nos termos do art. 386, V e VII do CPP, o juiz deverá absolve-lo.
	Diante das provas trazidas aos autos, claramente ratificam somente o envolvimento dos demais denunciados, estando provado que “Zé da Farmácia” não concorreu de forma alguma para a prática do crime constante na denúncia.
	Então, havendo a insuficiência probatória que a acusação não conseguiu demonstrar que os fatos efetivamente ocorreram para que pudessem imputar a prática delituosa ao denunciado, não conseguindo consequentemente, demonstrar que fora a conduta do denunciado que causou a lesão ao bem juridicamente protegido, que ressai dos autos, a pretensão punitiva merece ser julgada improcedente.
	Assim sendo, o denunciado deve ser ABSOLVIDO, com fundamento no art. 386, inciso V do Código de Processo Penal, por não haver qualquer prova de que o Sr. “Zé da Farmácia” tenha concorrido para o crime de Corrupção Passiva.
	Se este não for o entendimento, que seja ABSOLVIDO nos termos do art. 386, inciso VII, do Código de Processo Penal, devida inexistência de provas suficientes que seja sua condenação pela figura do art. 317, caput, do CP.
3. DO PEDIDO
Diante de todo o exposto, requer Vossa Excelência digne-se de:
a) Absolvido o denunciado “Zé da Farmácia”, com fundamento no art. 17 CP e Súmula 145 STF, em razão da atipicidade da conduta;
b) Caso não seja o entendimento, que seja absolvido, por força do art. 386, inciso V do Código de Processo Penal, por não haver qualquer prova de que o senhor “Zé da Farmácia tenha concorrido para o crime de Corrupção Passiva;
c) Caso não seja este o entendimento, que seja absolvido por não existir prova suficiente para a condenação, com base no art. 386, VII, do CPP.
Nestes temos, pede deferimento
Conceição do Agreste/CE, data, (dia, mês, ano)
Advogado (...)
OAB (...)
Assinado digitalmente

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