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1 Determinação da razão e/m do elétron Adriana Ikegame Caldeira RA: 98019 Juliana Aparecido do Carmo RA: 98075 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Licenciatura em Física e-mail: ikegamecaldeira@gmail.com e-mail: juli_carmo@hotmail.com Resumo – Este trabalho pretende investigar um procedimento experimental que foi realizado em meados de 1897 por J.J. Thomson, no Cavendish Laboratory, em Cambridge, Inglaterra. Esta experiência confirmou pela primeira vez a existência do elétron como partícula elementar de carga negativa e com massa bem definida. Palavra-chave: Experimento, Elétron, Thomson, carga. I. INTRODUÇÃO O ensino de física tem se desenvolvido cada vez mais para que o processo de aprendizado acompanhe as mudanças tecnológicas, de forma a viabilizar o entendimento dos fenômenos físicos, para isso a prática experimental é fundamental para o desenvolvimento da aprendizagem no estudo da disciplina da Física. Uma experiência, realizada J.J. Thomson, com raios catódicos demonstra que o elétron era uma partícula com massa e carga definida. Seu experimento baseava-se na produção de elétrons pela passagem de corrente elétrica em um filamento de Tungstênio e acelerados na direção do ânodo por uma diferença de potencial, conhecida entre o filamento e o ânodo, adquirindo assim uma energia cinética igual à carga do elétron multiplicada pela diferença de potencial. Esses elétrons entram numa câmara de vácuo na qual uma pequena quantidade de gás é injetada. Thomson submeteu os raios catódicos um campo magnético perpendicular aos raios, fazendo com que esses raios mudassem a sua trajetória, a partir disso, sabendo a força magnética e correlacionando-a uma força centrípeta e o campo magnético, foi capaz de encontrar a razão carga- massa do elétron. Os trabalhos efetuados por J.J. Thomson resultaram numa descoberta muito importante que concedeu o início de uma revolução na maneira de entender a estrutura da matéria, pois, se revelou mailto:ikegamecaldeira@gmail.com mailto:juli_carmo@hotmail.com 2 a existência do elétron. Desta forma, o objetivo dessa prática é mensurar o valor da razão carga- massa do elétron, similar ao usado por J.J Thomson. Um elétron de massa m e carga (q) ao mover-se num campo magnético uniforme (B) e num campo elétrico (E), a uma velocidade (v) terá a sua trajetória defletida, sendo que este movimento pode ser determinado a partir da Força de Lorentz, a qual determina uma força centrípeta a partículas carregadas em movimento quando sujeitas à ação de um campo magnético (HALLIDAY, et al, 1993). Utilizando as leis básicas da eletricidade e magnetismo, Thomson pode então calcular a razão entre a carga e a massa das partículas no feixe. II. DESENVOLVIMENTO O equipamento utilizado por Thomson, tubo de raios catódico, como era chamado, descrito na figura 1, consistia num tubo de vácuo que é aplicado uma diferença de potencial (V), passando por uma fenda no anteparo (A), formando um feixe estreito que passa por uma região carregadas positivamente e negativamente existentes do campo (E) e (B) cruzados, atingindo então uma tela fluorescente (T), produzindo um ponto luminoso, aplicando simultaneamente campos elétricos e magnéticos aos raios. Desta forma comprovou que os mesmos se comportavam como partículas negativamente carregadas, e que independentemente da substância estudada, possuíam a mesma característica. Figura 1: Aparato experimental utilizado para mapear o campo magnético de bobinas circulares. 3 Quando um campo magnético de intensidade (B) é efetuado perpendicularmente à direção de movimento de partículas carregadas, elas passam a se mover em trajetória circular. Desta maneira, tem-se que as forças, magnética e centrípeta são equivalentes. Onde, (m) sendo a massa do elétron, (r) o raio do círculo de seu movimento, (v) a velocidade do elétron dentro do tubo, (U) a diferença de potencial e (B) o campo magnético produzido pelas espiras de Helmholtz. Quando o elétron se move dentro de um campo magnético ele será defletido pela Força de Lorentz. Figura 2: Experimento ministrado pelo professor durante a aula Deve-se ressaltar que o campo magnético produzido pelas espiras de Helmoholtz é dado pela equação: ( ) Sendo N o número de voltas das espiras de Helmholtz, μ0 a constante de permeabilidade magnética (4πE-7), I a corrente que passa pelas espiras e o raio das espiras de Helmholtz, determina-se a razão carga massa do elétron, demonstrando que a razão carga-massa se dá por: N = número de espiras 130 cada, sendo um total = 260 r = raio da bobina 4 I = corrente elétrica (1,6 A) ( ) ( ) ( ) ( ) Para cada valor de tensão, mensurou o raio do feixe do elétrons alinhando a cabeça com o feixe, podendo ser vista na escala espelhada do aparato. Tomando, assim vários valores de tensão e seus respectivos raios. Repetiu-se a tomada de dados para uma corrente fixa de 1,6 A. Se o elétron se move dentro de um campo magnético ele será defletido pela Força de Lorentz, desde que essa força seja perpendicular ao movimento dos elétrons e as linhas de força (é um produto vetorial), o movimento resultante será um circulo de raio r. Nesse movimento, a força centrípeta será igual, mas de sentido oposto da força de Lorentz. Valor da força magnética de Lorentz: ∑ ⃑ ⃑⃑ ⃑⃑ 5 *( )+ √( ) ( ) ( ) ( ) Não podemos apontar precisão devido ao fato de utilizarmos apenas um ponto na equação, faremos apenas uma relação, a fim de verificarmos mais pontos permitidos, apresentando-se da seguinte maneira: ( ) ( ) A tangente de é uma constante, assim: Y = cte x + cte reta ( ) ( ) 6 III. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL No experimento um bulbo de vidro é preenchido com Helio a uma pressão de 10^-2 mmHg. No interior do bulbo encontra-se um canhão de elétron e placas defletoras. O bulbo é posicionado entre duas bobinas de Helholtz (numero de espiras e raio). As bobinas quando percorridas por uma corrente elétrica (I), cria no seu interior um campo magnético. Quando o canhão de elétron é energizado com uma diferença de potencial, elétrons são arrancados do catodo movendo-se em direção ao anodo com velocidade. Os materiais utilizados para o experimento são: Osciloscópio didático; Bobinas de desvio; Fontes de Alimentação de Corrente Contínua; Multímetro Digital (Voltímetro, Amperímetro); Cabos (banana/banana). Figura 3: Montagem do experimento para a determinação da razão carga/massa do elétron. Primeiramente verificou-se a posição da chave “toggle switc”, no painel de controle, para o experimento “e/m measure”. O botão de ajuste da corrente para as espiras de Helmoholtz foi desligado. As fontes de tensão e corrente, juntamente com os multímetros, foram conectadas conforme o esquema da figura (2), e ajustadas em níveis: Filamento da lâmpada heater: 6,3 VC A ou CC; Eletrodos: 150-300 V CA; Bobina de Helmholtz: 6 - 9V CC. Em seguida lentamente o 7 potenciômetro de ajuste da corrente no sentidohorário foi girado, realizando a leitura do amperímetro, certificando-se que a corrente não ultrapassasse 1,6 A. Com cuidado, no intervalo de 150 – 300 V a tensão dos eletrodos foi variada em passos de 10 V e com o auxilio da escala graduada, medindo o radio do feixe de elétrons. A cortina de pano preto foi encaixada no aparato experimental para facilitar a observação do feixe de elétrons dentro do tubo. O foco teve de ser ajustado para afinar o feixe, e assim aprimorar a visualização da trajetória do mesmo. O amperímetro deve estar na função amperímetro de corrente continua 20 amperes. Iniciou-se o experimento aplicando uma corrente de 9 volts na fonte de baixo, nesse momento a leitura do amperímetro se manteve zerada, conforme foi girando o potenciômetro a corrente aplicada foi aumentando, chegando a 1.6 Ampere. O processo de deflexão do feixe de elétron iniciou-se numa voltagem de 2 volts, subindo para 3 volts até chegar a 6 volts, aguardando esperando 30 segundos entre cada aumento para não aquecer e romper o filamento de corrente alternada. Aos terminais cátodo e ânodo, foram aplicadas voltagens, onde a diferença de potencial entre o cátodo e ânodo começa em 150 e vai até 300 volts. Conforme aplicou-se a voltagem foi possível observar o aumento de filamento no escuro com um brilho alaranjado no canhão de elétrons, conforme foi aumentando o feixe de elétrons foi mudando a forma, ficando circular, a 105 volts, sendo possível o fenômeno de circunferência do feixe de elétrons. Para cada valor de tensão foram obtidas algumas medidas de raios. O tubo de vidro foi girado entre 0° e 90°, observando o que ocorre com o feixe neste movimento. IV. ANÁLISE DOS DADOS No primeiro momento do experimento realizamos o mapeamento do campo magnético nas bobinas circulares, observando os parâmetros; raio das bobinas e o número de espiras N = 130. Os elétrons foram arremessados com grande velocidade V no sentido do cátodo para o ânodo, criando uma configuração energética que é igual: U = energia potencial; e = carga elétrica; V = voltagem; K = energia cinética e m = massa. 8 Aplicando-se eletricidade ao cátodo e ao ânodo cria-se uma configuração energética potencial, os elétrons que são catapultados por esta armadilha escapam do ânodo com uma velocidade v e energia cinética mv². √ √ Precisa-se utilizar um ajuste linear para encontrar um valor para a razão e/m. Sabendo que o ajuste linear tem sua função sendo: , , então: ( ) ( ) Conforme tabela (1), para cada valor de diferença de potencial (V), tem o um raio para o feixe de elétrons em metros. Tensão nos Eletrodos (V) Raio em mm Raio em m Raio em m² 150 37 mm 0,037 m 0,001369 160 39 mm 0,039 m 0,001521 170 41 mm 0,041 m 0,001681 180 43 mm 0,043 m 0,001849 190 44 mm 0,044 m 0,001936 200 45 mm 0,045 m 0,002025 210 47 mm 0,047 m 0,002209 220 48 mm 0,048 m 0,002304 230 49 mm 0,049 m 0,002401 240 50 mm 0,050 m 0,0025 250 51 mm 0,051 m 0,002601 260 52 mm 0,052 m 0,002704 270 53 mm 0,053 m 0,002809 9 150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 260 270 280 290 300 0 50 100 150 200 250 300 350 r² m² Tensão nos eletrodos ( V) 280 54 mm 0,054 m 0,002916 290 55 mm 0,055 m 0,003025 300 56 mm 0,056 m 0,003136 Tabela 1: Medida de raio do feixe de elétrons sobre influência da força de Lorentz. De acordo com os dados obtidos, o gráfico (1), apresenta as medida da relação entre o raio ao quadrado do feixe de elétrons dado em metros ao quadrado e a voltagem da tensão aplicada dada em volts. Gráfico 1: Medidas da relação entre o raio ao quadrado do feixe de elétrons Com os dados obtidos nos cálculos anteriores, foi possível calcular a tangente de θ, obtendo o seguinte valor: O feixe de elétrons sofre desvio, devido à força magnética que age sobre ele; o feixe e a força magnética formam entre si um ângulo de 90. Quanto maior a corrente das bobinas, maior o campo magnético e maior o desvio de feixe. Assim temos que a razão carga massa apresentada é: ( ) ( ) ( ) 10 ( ) ( ) ( ) ( ) V. DISCUSSÃO A razão entre a carga e massa dos elétrons é determinante e proporcional as voltagens aplicadas nas placas do canhão de elétrons e inversamente proporcional ao quadrado do raio. Ao calcular a razão carga massa foi possível calcular o desvio percentual do valor encontrado por Thomson, com o cálculo: Comparando o resultado experimental com a literatura fornecida sendo, ( ) temos um percentual de erro de 31%, sendo um erro relativamente baixo. VI. CONCLUSÃO O valor da razão carga-massa foi satisfatório, entretanto, deve se ressaltar que a posição do observador e o alinhamento do tubo é muito importante para os resultados. Portanto, com base no princípio da experiência de J.J Thomson, que verificou a razão entre a carga e a massa das partículas presentes nos raios catódicos, esta prática permitiu verificar esta razão, com erros satisfatórios perante o experimento e a teoria. 11 VII. REFERÊNCIAS Disciplina de Laboratório de Física Moderna, aula experimental ministrada pelo Prof. Dr. Anderson Reginaldo Sampaio – Curso de Licenciatura em Física – UEM, 19/09/2020. HALLIDAY, David, RESNICK, Robert. Fundamentos de Física, vol 3, 3ed., Editora S.A Livros Técnicos e Científicos: Rio de Janeiro, 1993. p.115-125. PASCO SCIENTIFIC. Instruction Manual and Experiment Guide for the PASCO scientific Model SE-9638. TIPLER, P.A., Física Moderna. Editora LTC – Livros Técnicos e Científicos S.A., Rio de Janeiro.
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