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esse medicamento é produzido é necessário fazer a seleção dos medicamentos que vão ser disponibilizados, a programação, a aquisição, adequado armazenamento e distribuição dos medicamentos, então esse ciclo consiste na gestão técnica, e nós temos o utente (usuário do sistema de saúde) que vai passar por uma avaliação/diagnóstico dependendo do nível assistencial em que ele está inserido, pode ser no hospital ou na unidade básica, vai receber uma prescrição médica e um plano terapêutica e vai receber o medicamento através da dispensação e orientação, todas essas etapas referentes a gestão técnica da assistência farmacêutica, são feitas antes do uso do medicamento, então tudo que acontece com o medicamento antes do paciente utilizar. Assim a gente passa para a gestão clínica do medicamento, que seria durante o uso do medicamento. Fernanda Iachitzki ● Gestão clínica do medicamento- atividade assistencial fundamentada no processo de cuidado, relacionada com a atenção à saúde e os resultados terapêuticos efetivamente obtidos, tendo como foco principal o utente. Aqui o cuidado farmacêutico está diretamente inserido, estaremos diretamente conversando com o paciente para acompanhar o uso do medicamento e resolver potenciais problemas da farmacoterapia, ou problemas da saúde que tenham surgido em decorrência da farmacoterapia. Começa com a continuidade do cuidado e avaliações periódicas, nessa gestão clínicas temos que fazer indicações clínicas bem estabelecidas e os objetivos terapêuticos, tem que se avaliar pra que o paciente está utilizando aquele medicamento, e o que eu quero com aquele medicamento. Se pensarmos em um paciente que tem colesterol alto, por exemplo, e verificamos que ele tem uma prescrição de estatina, está adequado, mas qual é o meu objetivo terapêutico com essa estatina? Normalmente quando prescreve-se uma estatina, tem que avaliar o risco cardiovascular do meu paciente pra estabelecer esse objetivo terapêutico, dependendo do risco cardiovascular do meu paciente eu vou ter uma meta de LDL pra ele, então por exemplo, se é um paciente com baixo risco cardiovascular, a meta terapêutica vai ser o LDL abaixo de 130 mg/dL, se for um paciente com risco intermediário a meta vai ser abaixo de 100 mg/dL, risco alto abaixo de 70 mg/dL, e risco muito alto abaixo de 50mg/dL, então o objetivo terapêutico ele muda conforme a necessidade do paciente, por isso eu preciso conhecer além da indicação clínica o quanto eu preciso abaixar aquele LDL com o medicamento, podendo assim avaliar o quanto aquele medicamento está sendo efetivo ou não, se está sendo suficiente para o paciente ou não. É bem individualizado, por isso é preciso conhecer bem o paciente. Outro ponto importante que o farmacêutico deve avaliar na gestão clínica é a compreensão do utente e a adesão terapêutica, pq quando o paciente compreende o pq dele estar usando aquele medicamento, fica mais fácil dele concordar e aderir, o processo de adesão é fundamental, e a falta de adesão terapêutica pode ser voluntária ou involuntária então eu posso detectar um problema na adesão terapêutica não somente pelo fato do paciente não querer fazer o tratamento, mas por estar fazendo de maneira errada, isso também é uma falta de adesão.. A avaliação da efetividade e da segurança também é um passo importante da terapêutica. Efetividade não sinônimo de eficácia, quando falamos de eficácia, corresponde ao efeito do medicamento em condições de uso ideal, ou seja, adesão 100%, como em um ensaio clinico randomizado. Quando eu falo em efetividade, estou falando do uso do medicamento em condições de mundo real, aquela condição que as vezes o paciente esquece de tomar o medicamento por exemplo, então eu não tenho uma adesão 100%. Então a gente precisa avaliar se Fernanda Iachitzki essa terapêutica esta ou não sendo efetiva, se não está, o motivo, antes de pensar em mudar a dose ou adicionar um outro medicamento, eu tenho que verificar a adesão, e outro ponto importante também são as medidas não farmacológicas (dieta, exercício físico) devem estar junto do tratamento farmacológico. E também avaliar a segurança da terapêutica observando se o medicamento não está causando algum efeito nocivo para o paciente. Então aqui a gente pode mencionar 4 pilares para execução desse processo de cuidado em saúde do que a gente tem que avaliar em relação a farmacoterapia desse paciente, que seria : a necessidade, se o paciente utiliza todos os medicamentos que ele precisa, para todas as condições de saúde que ele apresenta e se não tem nenhum medicamento desnecessário, também a adesão terapêutica (voluntaria ou involuntária), efetividade, e segurança. E existe uma lista de problemas que podemos encontrar com a farmacoterapia desse paciente quando a gente faz essa gestão clínica do medicamento, e o nosso intuito é verificar quais são esses problemas e resolver. Exemplos de problemas: -Problema de saúde não tratado -Falha no acesso ao medicamento -Medicação não necessária -Desvio de qualidade do medicamento -Baixa adesão ao tratamento -Interação medicamentosa -Duplicidade terapêutica -Discrepâncias na medicação -Falta de efetividade terapêutica -Reação adversa ou toxicidade -Erro de medicação -Contraindicações -Outros... Assistência farmacêutica integrada ao processo de cuidado em saúde Como o farmacêutico reconhece as necessidades de saúde dos pacientes e realiza a gestão clínica do medicamento? Pelo cuidado farmacêutico, através dos serviços farmacêuticos. Atenção farmacêutica 1 Cuidado farmacêutico (Histórico e conceitos) Histórico ● 1860- Manufatura ● 1870- Manipulação (boticário: manipulação especifica para o paciente) -Criação da indústria farmacêutica, ainda tem- se a farmácia de manipulação, mas com os medicamentos prontos, o farmacêutico assume um novo papel no sistema de saúde. ● 1952- Fragmentação da profissão (farmacêutico que trabalhava no hospital, onde nasceu a farmácia clínica, e o farmacêutico na comunidade, nas farmácias comerciais. ● 1960- Começa a surgir o pensamento da atuação clínica do farmacêutico, e surge no âmbito hospitalar, surge ali a farmácia clínica e suporte a distribuição, então o farmacêutico além de atuar nas compras dos medicamentos, ele vai atuar diretamente com o paciente, fazendo revisão da farmacoterapia, resolvendo problemas relacionados a farmacoterapia desse paciente. E na comunidade, já se observa a atividade de dispensação com um aconselhamento, além da entrega da caixinha do medicamento propriamente dita, fazendo alguma orientação para esse paciente. ● 1990- Atenção farmacêutica- Hoje o farmacêutico clínico atua em vários níveis de atenção à saúde e em diferentes locais. Conceitos: Vários conceitos foram sendo aprimorados ao longo do tempo... “O cuidado que um dado paciente requer e recebe, o qual assegura o uso racional e seguro dos medicamentos.” (Mike et al, 1975) ↳Muito focado no medicamento, no produto em si, mas já começa a surgir a idéia da atuação clínica “Inclui a determinação das necessidades de medicamentos para um dado indivíduo e a provisão não somente do medicamento requerido, assim como também os serviços necessários (antes, durante e depois do tratamento) para assegurar uma terapia perfeitamente efetiva e segura.” (Brodie, 1980) ↳ Ampliação do conceito, e começando a trabalhar com o período anterior ao uso do medicamento “é uma relação baseada no acordo entre paciente e farmacêutico, na qual o farmacêutico realiza uma função de controle do uso de medicamentos, baseado na vigilância e buscando o interesse do paciente.” (Hepler, 1987) ↳Aqui tiramos toda a responsabilidade que era toda do farmacêutico e começa a compartilhar